Bastidores de um sábado na OAB

31 de maio de 2012
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Por Jaderson Souza
Foto: Renan Simão

Quando estava descendo a rua de casa em direção à sede bauruense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para acompanhar a visita do ministro do Esporte Aldo Rebelo, duas coisas me passavam pela cabeça: o que um ministro fazia em uma cidade de interior em pleno sábado à tarde e onde estavam as pessoas que fariam o protesto contra o novo Código Florestal? (Código esse que sofrera 12 vetos da presidente Dilma Rousseff, segundo anúncio feito no dia anterior). 

Na entrada da OAB, várias pessoas já estavam à espera do evento: advogados (obviamente), políticos, jornalistas e esportistas. Em um canto, estavam algumas atletas de futebol do Palmeiras. Anne Barros, uma das jogadoras, conta que o time veio saber do ministro a respeito da possível organização, com parceria do governo federal, de um campeonato de futebol feminino para o segundo semestre. Quando pergunto sobre a esperança que elas têm de que isso aconteça, algumas suspiram com um ar de desilusão. Daqueles de quem já escutou esse tipo de promessa, mas que não a viu cumprida. 

Assim como as meninas palmeirenses, todos que estavam ali provavelmente tinham algum tipo de interesse, seja ele de natureza nobre ou não. Até aquele momento, nenhum sinal de Aldo Rebelo e nem dos manifestantes. 

Como o ministro não chegava, fui para a rua. Perguntei a duas jovens se elas sabiam de algo sobre o protesto. Elas respondem que vieram justamente para o ato, mas que ainda não haviam encontrado ninguém. Foi quando o celular de uma delas tocou; do outro lado da linha, alguém avisando que a concentração de manifestantes estava na Praça da Paz. Eram pouco mais de 10 pessoas pintando faixas, fazendo cartazes e construindo cornetas a partir de garrafas plásticas. Como já foi dito, o ato seria um protesto contra o novo Código Florestal cujo relator do projeto de lei foi o próprio Rebelo, quando ainda era deputado. 

Antes da chegada do ministro, uma cena emblemática: já na frente da OAB, duas senhoras se dirigem a uma manifestante e perguntam a razão do protesto. Mal ouve o motivo do ato, uma delas responde de forma arrogante: 

- Mas os ambientalistas que eram contra o código ficaram satisfeitos com os vetos. 

- Não é bem assim – explicou a moça. 

- E outra coisa, o Aldo veio pra Bauru pra falar sobre a Copa – desconversou a distinta senhora. 

Antes que a moça pudesse responder, a senhora foi embora deixando a jovem falando sozinha. Não sem antes dar uma baforada no rosto da manifestante e jogar sua bituca de cigarro e seu copinho vazio de café no chão. Nas entrelinhas, parece que ela queria dizer: “ambientalistas, olha o que eu penso de vocês”. Realmente, já sabemos o que ela pensa. 

Com uma hora e meia de atraso em relação ao horário anunciado (16 horas), Aldo Rebelo chega à OAB e é “recepcionado” pelos manifestantes. Ele veio à cidade para falar sobre a Copa do Mundo de 2014: como anda o cronograma das obras, o tal legado que a competição trará ao país e aquela conversa que você já deve ter visto na televisão. Essa visita tem mais a ver com a pretensão de Bauru em ser uma subsede durante a Copa: durante a competição, uma seleção participante poderia se instalar por aqui. Pensando bem, a Copa também poderia ser uma fonte para protestos. Não se esqueça das obras atrasadas e de valor superfaturado. O ministro não é um cara de sorte. Sai de um problema para cair em outro. 

No final do evento, foi servido um pequeno coffee break para os presentes. Na verdade, para mim, era uma refeição farta se for considerada a fome. O momento da comida é legal porque é a hora em que todas as pessoas se igualam, desde a esnobe madame até o pobre estudante (quem será esse cara hein?). Enquanto isso, o ministro conversava com as jogadoras do Palmeiras, aquelas citadas no início do texto. Talvez ele estivesse esclarecendo a história do campeonato de futebol feminino, talvez ele estivesse fazendo promessa mesmo. 

Saindo do OAB, Aldo percebeu que o grupo de 10 manifestantes tinha aumentado. Mais pessoas chegaram para protestar e de forma mais veemente (no total, eram pouco mais de 20 pessoas protestando). Nessa hora, o ministro é “ovacionado” por um dos presentes. Para quem ainda não sabe da história, um dos manifestantes tentou atirou três ovos na direção de Rebelo. Ele errou todas as tentativas e a passagem de Aldo em terras bauruenses ganhou os jornais. Realmente, o ministro não é um cara de sorte. Para alguns tantos, talvez não a mereça ter.

  1. Não se faz uma revolução atirando ovos!Você está fazendo isto errado meu chapa! só evidencia a falta de intelectualidade e ignorância do povo!Não há como mudar a política se não for com a política!Crie um partido ou filia se em um , se querem realmente salvar nosso pais vocês tem que estar no lugar deles politica também é uma arte e quando bem feita é talvez a mais bela porque salva vidas e constrói uma nação!

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