Se Vira Ribeirão

22 de maio de 2012
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Em atitude histórica, população organiza Virada Cultural Independente no interior

Por Henrique Costa

Procurei no Aurélio e realmente não encontrei nenhuma definição que relacionasse espaço físico, mega construções ou área construída à cultura. Talvez, a prefeitura de Ribeirão Preto também não tenha encontrado e por isso resolveu vetar a Virada Cultural deste ano. Alegando que “Ribeirão não tem espaço”, a gestão municipal decidiu pela não realização do evento. Uma decisão radical diante de uma iniciativa tão nobre. Cidade, população e a arte perderiam com tal veredicto. Perderiam, não fosse o movimento Se Vira Ribeirão organizado por uma multidão sedenta de arte, cultura e democracia.

No momento do anúncio da não realização da Virada Cultural em Ribeirão Preto, duas outras ações movimentavam a mídia da cidade: o Movimento Pró-Arena e o Movimento Panelaço. O primeiro tinha por objetivo conseguir a reforma do Teatro de Arena da cidade que estava abandonado pelo poder público. Já o Panelaço lutava contra o aumento exorbitante do salário dos Vereadores. Nascia em ambos, o primeiro sinal de se desenvolver uma Virada Cultural Independente.

Foto: Nathali Magalhães
“Usando a internet e as mídias sociais como ferramenta de comunicação, convocamos uma reunião na Praça 7 de setembro. Foi o ponta pé inicial”, explica um dos organizadores da Virada Alternativa, José Elias Domingos. O engajamento da população e a vontade de mostrar que a cidade era capaz receber a Virada Cultural culminaram em 34 horas ininterruptas de shows, apresentações teatrais, saraus, rodas de conversa, intervenções, malabares, cursos livres e aulas públicas em mais de 10 pontos da cidade. Estranho pensar que disseram por aí que uma cidade com mais de 600 mil habitantes não tem capacidade pra receber cultura!

“De maneira pacífica e visando apenas as manifestações culturais, ocupamos a baixada central, um lugar historicamente desprezado pelo poder público e que virou um espaço repleto de pessoas de diferentes tribos curtindo o evento. Quem imaginaria um evento deste num dos lugares mais ‘perigosos’ e abandonados da cidade?”, se questiona Domingos. Durante as 34 horas de intervenção cultural não foi registrada nenhuma ocorrência policial, nenhum furto, nenhuma briga e principalmente: nenhum sinal de corrupção.

Aberto a todos os cidadãos interessados e prezando pela democracia, o evento teve em seu efetivo mais de 400 pessoas – de jovens secundaristas a aposentados – numa organização horizontal que por meio de vendas de canecas, ajuda dos voluntários e shows nos semáforos levantou verba para o sucesso da realização. “Esta ação é de crucial importância. Demonstramos de forma concreta que é possível os cidadãos se mobilizarem para realização de eventos e manifestações”, destaca Domingos. Para a Se Vira Ribeirão, todos os envolvidos, tanto na organização quanto nas atrações, o fizeram de forma gratuita. Mostraram que a sociedade não se cala diante de decisões egoístas dos políticos.

SE VIRA RIBEIRÃO, 2012 É ANO DE ELEIÇÃO!


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