Ser TÃO na praça

31 de outubro de 2011
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Texto e Foto por Gabriela Passy

22/10
Praça da Paz, 19:30h

Eu estava chateada. Chateada com o clima, com a correria, com o meu cabelo. Chateada porque o meu lanche estava demorando pra sair. Porra, já fazia quanto tempo? Chateada também porque odeio comer sozinha. Sentada numa mesa da Praça da Paz, com os pés apoiados na cadeira em frente à minha.

Quando eu era criança, gostava de imaginar como as pessoas e os lugares eram antes de conhecê-los. Sempre errava. E agora, pelo menos dez anos depois, gosto de perceber como as pessoas e os lugares mudam depois que eu os conheço.

Mudança. Foi isso o que aconteceu na Praça da Paz naquela noite. Enquanto esperava pela minha janta, percebi uma movimentação diferente. Duas pessoas estavam dançando uma espécie de coreografia irlandesa no meio da praça. Davam pulinhos e rodavam soltando as pernas. Sem figurino, sem música, sem nada, só dançando. Pelo menos foi o que eu pensei que eles estivessem fazendo.

A dança irlandesa transformou-se num aquecimento teatral, um velho conhecido dos meus tempos de balé. Os caras eram do teatro, não da dança. A curiosidade quase escorria, líquida, pela minha pele. Nunca tinha visto nada parecido com aquilo. A Praça da Paz é lugar de comer lanche e comprar jogos pirateados, e não de assistir a uma peça de teatro.


Joguei os planos que tinha para cima; eu precisava ver aquela peça. Não sabia quem eram os atores, não sabia o nome da peça e muito menos o da companhia que a produzia. E de que isso importava? Era diferente, caramba. Era teatro de rua, dos tradicionais, daqueles que passam o chapéu no fim da apresentação, como eu viria a descobrir mais tarde.



20h

Histórias do sertão, água fervendo em um mini fogão. Um violão discreto fazendo o som ambiente. Algumas pessoas sentadas em cadeiras de plástico dispostas em forma de roda. Começa o riso de um, depois o de outro. É contagioso: de repente, todos estão sorrindo. O café fica pronto, e – quem diria – é servido para quem estivesse lá e quisesse. Eles olham nos olhos da gente. “Tava bom o café?”, pergunta a atriz que o fez.

Quem fica parado é poste. Com as malas nas costas, eles estão indo embora do sertão, e nós vamos junto com eles. Todos nós migramos em busca de uma vida melhor: é o sonho brasileiro. Os mais de mil quilômetros entre o nordeste e o sudeste são resumidos em alguns passos entre um lado e outro da praça.

Quando chegamos à cidade grande, a imensidão e as luzes nos assustaram. Acabamos alojados em terra de ninguém. Tentaram nos tirar de lá, mas fomos mais fortes. Construímos nossos barracos, nossas vidas. Vivíamos lá, trabalhávamos, ganhávamos os nossos humildes salários. Casávamos, fazíamos festas, chamávamos a galera pra dançar; tínhamos o nosso lugar. Somente alguns percebiam que, uma hora ou outra, seríamos forçados a desocupar a nossa terra.

De repente, uma ordem de despejo. Para todos, sem exceção.

Foi ao olhar para trás, para ver as ordens de despejo serem distribuídas, que eu percebi que a platéia tinha crescido. Bastante, mesmo. A galera estava curtindo; não eram obrigados a estarem ali, não tinham pagado por nada. Estavam ali porque se sentiram atraídos, porque gostaram do rolê, assim como aconteceu comigo.


Eu vi Se esta rua fosse minha, Uma casa muito engraçada e Se você pensa que cachaça é água virarem música de protesto. Eu vi a crítica social sendo vomitada pelas bocas dos atores. Eu vi as gerações de migração do sertão para o sudeste, e vi também as populações das favelas e das COABs. Vi a Praça da Paz se transformando em palco para tudo isso. Eu vi os olhos das crianças, com bexigas nas mãos, brilhando ao ver a arte tão de perto. E acho que elas viram os meus olhos brilharem também.


Nota:
Foi só no último minuto da peça que descobri que quem fez da minha noite diferente foi o grupo de teatro de rua Buraco D’Oráculo, de São Paulo. A peça foi baseada em histórias reais, relatadas por moradores de favelas. O nome? “Ser TÃO Ser – Narrativas da outra margem”, e não consigo pensar num outro que fosse melhor do que esse para uma peça tão... Marginal.

“Se o povo soubesse o valor que ele tem, não aceitava desaforo de ninguém”.

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E quem disse que falta o vocal?

Fotos por Bianca Dias 
Texto por Luana Rodriguez

Gosto não se discute. Para quem gosta de música instrumental, a noite de quarta feira do Shiva foi um prato cheio. Para quem não curte música sem vocal, o ambiente estava mais para “festa estranha”. A noite estava quente na cidade sem limites, e o som da primeira banda a se apresentar, a bauruense The Almighty Devil Dogs era ouvido a quarteirões de distância. Com duas guitarras, um baixo e uma bateria, além de uma base de FX, o grupo empolgava o público em alguns momentos, que vez ou outra ensaiava alguns passos de dança.






Arrisco-me a dizer que a melhor música da banda foi a última. Com “modo foda-se”, e uma explicação do tipo “quando tudo dá errado a gente aperta o botãozinho...”. Os músicos conseguiram a atenção da galera mais dispersa, que se voltou ao palco para curtir o último som grupo. Galera, aliás, que estava em número bem mais reduzido do que de costume, o que deixava o ambiente (geralmente aconchegante do Shiva) bem mais vazio. 

Quando a segunda banda entrou, os argentinos da Falsos Conejos que já tocaram na cidade, pouca coisa mudou. O rock experimental e instrumental dos gringos, que se apresentavam pela segunda vez em Bauru, e entre batidas harmoniosas e agitadas, que uniam o rock a um cool jazz, o público começava a ir embora.

Entre os lustres que balançavam sobre o bar e as luminárias que criavam uma atmosfera mais intimista, era possível ouvir comentários contraditórios em relação ao que iam desde “não colocaria no meu Ipod” e “não tocaria no meu aniversário” até “adoro essa banda”.



Passava das duas da manhã quando, num português arranhado, foi anunciado a saidera. A galera que permaneceu no local aplaudiu o trio formado por bateria, guitarra e baixo, que abusava da intensidade marcante do som. E, no final, quem ficou, gostou.




Captação e Edição por Diogo Azuma 
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Cheiro de tinta

25 de outubro de 2011
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Texto e Fotos por Bianca Dias

Cheiro de tinta. Acho que é o que descreve bem a segunda edição do Compacto.Arte que aconteceu no último domingo (23/10), no Jack Music Pub. O espaço para pintar era confortavelmente pequeno e todos que passavam por lá absorviam arte de todos os modos: os olhos se enchiam de cores, o nariz sentia logo na entrada o cheiro dos sprays e os ouvidos escutavam o barulho das latas. Sinestesias. Comendo tinta com os olhos, sentindo cores por todos os lados e o calor das paredes trazendo inspiração e a ânsia para ver o resultado final do conjunto.



Uma tarde inteira imersa em criação onde os artistas LG Martins, Comics Crew (Celso e Sérgio) e Ilustrutura (Hass e Xavi), cada um com seu estilo diferente, dialogaram entre si com realismo, personagens, caveiras, stencil ou o que a mente de cada um quiser interpretar. Apenas Arte, sem mistificação.

Trocas de imagens e palavras, experiências e tudo se completando; o local que é a área de fumantes do bar aos poucos foi ficando mais colorida e preenchida de novas informações, desenhos que falam nas paredes.

Satisfação no rosto de todos: tanto dos que permaneceram lá o dia todo, quanto dos que apenas passaram para olhar e também dos próprios artistas. A sensação de que algo novo está surgindo na arte – não só de rua – em Bauru, mas creio que ainda seja cedo para definir exatamente o que é. Vontade coletiva de produzir e mudar.

O bate papo no final da tarde marcou muito bem isso com as idéias que foram compartilhadas. Interpretações e pontos de vista diferentes, mas com o mesmo objetivo e vontade de criar e recriar! Transformar espaços, levar a arte a novas fronteiras e aumentar seu acesso.

Difícil finalizar esse texto, até porque acredito que isso tudo seja apenas o começo; o Compacto Arte mostrou a que veio e ganha mais força a cada nova edição, unificando artistas e fortalecendo cada vez mais um novo elo na Arte. Uma nova fase e, sem dúvida, uma vanguarda acontecendo aqui e agora entre nós.




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Liberando os Demônios

Texto e fotos do slide por Bianca Dias
Fotos por Luís Germano

A minha ideia era apenas fotografar, mas no decorrer da noite percebi que também teria que escrever pra tentar passar a energia do que foi o show (e nem sei se assim ainda será possível).

22 de outubro, sábado à noite, tudo bem tranquilo, confesso que no início nem parecia um FDE ao extremo mesmo, até que a Nastcut começou a tocar. A timidez foi sumindo aos poucos e logo na segunda música o caos já tomava conta: muito stage dive, circle pit e dancinhas de todos os tipos.



A banda se empolgava cada vez mais com o ânimo da galera e isso só fazia melhorar o ambiente. “O organizador escolheu as pessoas certas pra estarem aqui hoje!” foi a frase do vocalista que mostrou o quão recíproca estava a satisfação pelo show. Sons próprios, covers improvisados, e até o pessoal da banda Artigo DZ9? que estava lá pegaram o microfone pra cantar umas 2 músicas junto com eles.

Foi muito legal ver que todos ali se conheciam e estavam se divertindo juntos. Eu tentei o máximo que pude captar isso com os olhos da câmera, mas chegou uma hora que percebi que também precisava me juntar, larguei as fotos por alguns minutos e também resolvi correr um pouco para liberar os demônios!

E depois de um tempo de descanço – que foi necessário por sinal – a Mugo já entrou trazendo todo o ânimo de novo e fazendo todo mundo bater cabeça! Cada um do seu jeito mas na mesma sincronia, e continuaram os festivais de stage dive e correria.



A cada música o ânimo aumentava mais e a banda quebrava tudo! Sintonia entre banda e público. No final da noite todos estavam satisfeitos (e cansados), sorrisos mostrando que a noite tinha sido muito boa. E uma saideira pra finalizar.
























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Noite Fora do Eixo #21

24 de outubro de 2011
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Fotos por Rafael Kage



Captação de imagens e edição de vídeo por Marcella Azevedo




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Campeonato de Xadrez

20 de outubro de 2011
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Tire sua camisa xadrez do armário, vem pro Jack, o show já vai começar. Tire seus eixos do trilho, essa é a 20ª Noite Fora do Eixo em Bauru. Coloque sua calça skinny e se prepare pra dançar. Esqueça o Google Tradutor. As músicas são em inglês, e é hora de treinar os anos de cursinho que seu pai pagou. Essa sexta foi dia do indie tirar Bauru pra bailar. Mas será que Bauru escolheu as bandas Riverbreeze e Monndo pra embalar sua noite?

Goianos en passant
Por Aline Ramos

Perdoem o trocadilho, mas Riverbreeze passou como uma brisa pelo Jack e também foi um rio, um turbilhão de emoções. Apesar de Bauru ter tirado do armário o seu calor, [novidade], o xadrez estava limpo. Indies de boutique, façam-me o favor de suar a camisa pra nicotina impregnar.

Riverbreeze é jovem, bem vestida e no estilo. O som estava sujo, mas o que mais vocês podem nos dar? Bauru tem essa coisa de brasilidade. Saia rodada e samba no pé em qualquer refrão que pegar. Nós também gostamos de indie, mas o que mais vocês tem para nos mostrar? Não me diga que são só guitarras sujas e distorcidas.

Obrigada. Entenderam nosso recado. Nós queríamos mais e fomos correspondidos. Um baixista boca suja, um vocalista e um guitarrista de costas para nós numa ode ao bateirista. Frenesi, corpos se mexendo. Banda se expremendo, cantando com o sorriso, tocando com emoção. Opa, estou no ar. Ou seria no mar que o indie pode nos levar? Mais tarde eles viriam dizer que foi o show mais frenético da turnê.

Agora sim, as camisas estão sujas, mas ainda há quem vá se apaixonar.

Roque mundano
Por Ana Beatriz Assam

A Riverbreeze acabou de sair do palco. Descem dois caras de xadrez, sobem mais três. Até eu estou de xadrez. Hoje é dia de Indie rock, bebê.

Logo de cara já deu pra perceber: o som da Monndo é um pouco mais pegada que o anterior. Gostei. Riffs legais, banda animada. O público está um pouco tímido. Tem um ou outro dançando. Aqui na frente, só as e-colabers.

Mas... peraí! Tem uma coisa que eu só to reparando agora. Esse vocalista estava aí o tempo todo? Com esse jeito de dançar e essas expressões faciais? Muito cool. Como que eu não tinha visto ele antes?

Eles estão ficando cada vez mais animados. A timidez da platéia tá um pouco insistente, a da banda já foi pro saco faz tempo. Nos 5 minutos que me perdi em devaneios, a galera em cima do palco começou a pirar. O público ainda não tá muito animado, mas nem precisa. Os caras tão fazendo o show por si só. Parece que eles sentem a música. Arrebentou a corda da guitarra e ninguém percebeu. E eu me incluo nesse meio. Fiquei sabendo disso só depois, no camarim. Loucura.

E cadê a galera? O bar já não tava lá essas coisas e agora tá esvaziando... Como assim?! Chuva? Feriado? Alguém explica! Bauru tem umas que eu realmente não entendo. Isso porque já faz 21 anos. Sou especialista nesse módulo. Vou ficar sem entender.

E o vocalista anuncia o fim. Já? É, uma hora ia ter que acabar. Então tá. Termino por aqui eu também. Xeque mate!


Fotos por Ana Beatriz Assam, Maria Eduarda Gomes e Jéssica Mobílio

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Cine Ouro Verde - Dia das Crianças

13 de outubro de 2011
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Captação de imagens por Marcella Azevedo e Patrícia Fassa
Edição por Marcella Azevedo


Não me dou o luxo de assistir muito filmes por enfileirar todas as outras tarefas e prazeres antes dessa. Não tenho muito tempo principalmente pra assistir filmes infantis. Não que não considere este um dos meus grandes prazeres - acho que não sei mesmo priorizar as coisas.

Entre as bolinhas de gude e os meninos espalhados pelo chão, rolava um esconde-esconde, um corre-corre. Dois carros fecharam a rua e no estacionamento do supermercado, um telão. Cadeiras no asfalto, crianças do outro lado da calçada.

Pirulitos redondos, balas sabor abacaxi, pipoca, coca-cola.

Dia qualquer, não! Apresentados à um documentário sobre o próprio Ouro Verde, depois as crianças se deixaram levar pela casa suspensa por balões e pelo humor do ranzinza de "Up - Altas Aventuras". O mais incrível dos filmes infantis é que o limite é sempre onde a imaginação pode te levar.





Fotos por Marcella Azevedo e Patrícia Fassa
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10 Anos de Noisecore Fest!

11 de outubro de 2011
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10 anos de Noisecore Fest!

Porra cara! Dez anos!
Dez anos de Noisecore Fest!
A comemoração não poderia ser diferente... Foi completamente caótica! Seguindo a tradição...

Trator BR


Foi uma noite linda... Vimos punks, metaleiros e skins lado a lado! Batendo suas cabeças e perdendo a noção!

A primeira banda foi a bauruense (brasileira!) Trator BR.
Os caras tacaram fogo no palco! Literalmente...
Cantaram nosso Brasil: verde, amarelo, azul e preto!
E mandaram um 'pau no cu' dos americanos.
Foi foda.


Logo em seguida, começaria um dos momentos mais insanos da noite.
Aquele em que sentimos toda a essência 'sociopata' do ser humano.
Sim, os Sociopatas! Botando mais lenha na fogueira!
Fizeram um barulhão do caralho!

Caótico memo!

Tanto que a próxima banda seria a Prey of Chaos!
Os caras vieram lá de Araraquara!
Mandaram um grind muito doido! Intenso demais...
Caos, caos... E mais caos!

Sociopata


E a fumaceira não parava lá na área de fumantes em...
E nem bebedeira no bar...

Um amigo chegou com uma bebida vermelha...
- O que é isso, é sangue?
- Não, mas experimenta aí...

Porra, o bagulho é forte em!

A banda que fechou a tampa do caixão foi a ‘Pulmonary Fibrosis’...
Eles vieram lá da França...
Bom, na real, acho que eles vieram diretamente do inferno... Isso sim, viu.
É a segunda vez que eles caem pra Bauru.
Tocaram no Noise Core 8!
Um trio insano! Porra, a galera pirou de vez!

Mas que maravilha...
Dez anos de pancadaria!
Que venham mais dez mil!

Aqui tem uma página muito doida sobre a história do evento com fotos e tals...
É noise memo!
Por Joey Paloso?


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Almighty Convida #1 - The Mullet Monster Mafia

10 de outubro de 2011
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Canil Coletivo apresenta:
Almighty Convida #1 com a banda The Mullet Monster Mafia - Piracicaba/SP.



skatista: Wolnei dos Santos
captação de imagens: Caio Rosa e Diogo Azuma
edição: Diogo Azuma
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Um terço pesado pra chuva descer

6 de outubro de 2011
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Fotos por Diogo Zambello
Texto por Jayme Rosica


Tardes de domingo. Faustão na TV? Jogo no bar? Passar o dia dormindo? Assistir o tiozão texano um dia denominado “Axl Rose” fazendo seu show de horrores no Rock in Rio?

Não!
Nunca!
Somos muito mais do que isso.

O domingo é na Tijuca, no maracatu, com o Maracatu Pedra de Raio, de São José do Rio Preto.



Antes da apresentação a chuva caia. Cada pingo d’água que se esparramava pelo chão moldava o terreno que abrigaria uma expressão artística de impressionar. A chuva não durou muito, passou rápido.

O céu se abria. Um arco-íris de formava. Presságio? Energia Positiva? Sei lá. Só sei que por uma boa parte de tempo ninguém mais olhava para o chão.

A atenção se voltava para o céu. O céu em aquarela. O céu que encantava. O céu que fazia com que alguns escalassem a república com o intuito de registrar essa cena. Câmeras voadoras surgiam por todos os lados. O céu. Esse sim é o nosso limite. O limite do nosso imaginário.



Aos poucos o arco-íris sumia. Aos poucos entrava pelo corredor o Maracatu Pedra de Raio. Percussão ressoando. Os tímpanos recebiam com conforto toda a batida.

Com diversos sons da Nação de Porto Rico, o Pedra de Raio assumiu as rédeas da tarde úmida. E botou a Tijuca pra dançar.

Danças por todos os lados.

Eis que de repente começa uma roda. Uma roda que vira um caracol. Uma roda que toma os fundos da Tijuca. O espaço ficou pequeno. Todo mundo na mesma energia. Fluidos que emergiam do grande caracol humano.
























Por toda a apresentação foi assim. Até o seu encerramento com trechos do Cordel do Fogo Encantado. “Choveu que amorrotou, foi tanta água que meu boi nadou” Nadamos nos braços do maracatu. Nos braços de Recife. Nos braços de uma tarde chuvosa de domingo. Nadamos em um dia que ainda ficará marcado por muito tempo na idéia de quem arriscou uma saída de emergência para o seu domingo.


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La buena onda

5 de outubro de 2011
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Sábado, 1 de outubro, Noite Fora do Eixo #20  


Samanah, El Principio

Fotos por Pamela Morrison
Texto por Jéssica Mobílio

Pés no Shiva. E o jogo lúdico daquele lugar me agrada, a substancialidade daquelas paredes, os tijolos rústicos e a iluminação que se borra em vermelho, do palco se vê, se ouve e se absorve calor. Essa tal cor tem relevância, soa estranho, mas é só uma impressão. Aquele ambiente das sensações mais efêmeras e dos sons mais enérgicos (ou não) estava cheio e o bar lotado. As mesas estavam aos pares, pessoas bebem, se apoiam  deixam objetos, e se levantam, todas inquietas. Chega meia noite.

Pessoas de tribos diversas com muita ou pouca roupa, dos pés atravessados. O puro calor bauruense e as chuvas de 15 minutos, bem peculiar. O contraste do reggae vivo e as notas melódicas do rock amoroso deveriam ter excitado o sábado, e foi? Entra em cena a Samanah, já sabia que os bauruenses iriam agradar. O público da banda se dividiu entre as mesas, absorveu o som, uns amigos ao pé do palco e outros no bar, mandavam um aplauso.

A sonoridade era limpa, se o propósito era acertar as batidas, funcionou. O reggae leve, da sintonia fina parecia roçar os ouvidos, mas se dissipava nos rostos mais distantes e evasivos. O grupo escolhe Bob Marley “i know a place” e chama os corpos de quem se perdia no tempo. E vêm aí, uns passos a ‘La Bob’, dos braços jogados. Era a deixa para continuar a tocar composições de autoria própria, como ‘Mariana Berenice’. E logo depois, reconheço a entrada de ‘time’ do Pink Floyd, envolvente.

E a Samanah fazia poesia, a calmaria do “barzinho e violão”, sintetizava a atmosfera. Sem nenhum reflexo mais agressivo, só o reggae mais o groove, identidade musical até intimista com cheiro de tinta fresca. Os meninos iniciavam a noite, mas era só o prelúdio. Sabem aquelas viradas de última hora, e foi mais tarde. Desce Samanah, a discotecagem alimenta o Shiva, as conversas cotidianas circulam mais uma vez.
































Soco chileno
Fotos por Eduardo Kenji
Texto por Aline Ramos


Costeletas andando pelo Shiva detectadas! Esse só poderia ser o chileno que iria se apresentar em mais uma Noite Fora do Eixo. Carinhosamente, eu e uma amiga o apelidamos de vampiro. Onde estavam os dentes caninos do Angelo Pierattini? Procuramos quando ele sorriu. MENTIRA! Ficou no Chile.

Nós bem achávamos que continuaríamos a noite no ritmo “um barzinho e um violão”. Com músicas “água com açúcar” como a saga “Crepúsculo”. Ufa! Ainda bem que o Angelo fez questão de mostrar que estávamos todos enganados. Não haviam dentes afiados e muito menos vampiros brilhando a luz do sol. O que vimos e ouvimos foi o bom rock’n roll.



O álbum “Vampiros” (2010) inspirado no terror sueco “Deixa-me entrar” (2008) – que teve sua versão hollywoodiana gravada em 2010 – é o segundo trabalho solo do cantor. Com a aceitação chilena, a divulgação da turnê no Brasil enfatizou ser esse o seu trabalho de destaque. O MySpace nos apresentou “Vampiros”, já o Angelo o seu mais recente trabalho, “Pierattini III” (2011).

Angelo possui uma carreira musical de 15 anos. Antes, era só o guitarrista da banda Weichafe. Hoje é um artista solo que grava um disco atrás do outro – um em 2009, 2010 e 2011- e totalmente diferentes entre si. Sob o maior selo de música independente do Chile, Oveja Negra, desponta como um dos destaques na música nacional chilena.

Convenhamos que isso não seja pouca coisa no Chile. Um país repleto de artistas que produzem trabalhos com qualidade e que não conquistam somente o espaço local, mas que tem lançado seus álbuns em países na Europa e Estados Unidos. No começo do ano, o jornal espanhol El País, publicou ampla reportagem nomeando o Chile como “o novo paraíso do pop”.



Porém, eu acreditava que o que eu via no palco era “Vampiros” com uma pegada mais forte. Achava que Angelo estava plainando sobre nós quando balançava sua guitarra freneticamente. E que tudo ali, era um jogo de sedução. Não era, mas quem estava no Shiva não só foi seduzido, como arrastado para perto do palco.
Os olhares se entrecruzavam e diziam “você está vendo o mesmo que eu?”. Enquanto as luminárias sob o bar balançavam, símbolo de aprovação da galera da casa, éramos levados a uma viagem sentimental e visceral.

Vibramos quando uma bandeira do Brasil surgiu nas mãos de Angelo misteriosamente. E este logo fez o favor de usá-la em sua guitarra. Vibramos com cada nota e com cada movimento do trio. Enquanto alguns ficavam anestesiados com o charme latino de Angelo, há quem tenha fritado na bateria. “PORRA BATERISTA, É ISSO AÍ, MANDA VER”.

Já estávamos extasiados com aquela expressão de “caralho” estampada em nossa cara quando Angelo fez uma garrafa de Original, os seus dedos. Não me pergunte como, mas ele estava tocando a guitarra com uma garrafa de cerveja.  Um, dois, TRÊS celulares em frente ao palco. É, já sentíamos falta antes mesmo de acabar.


“Uno más, uno más, uno más”, foi o nosso pedido de bis. Eles levaram a sério. O palco tremia com a bateria. A guitarra e o baixo pareciam conversar entre si. Espera aí, o que ele está fazendo? ELE ESTÁ ESFOLANDO O PEDESTAL NA GUITARRA!!! NOSSA, É ISSO MESMO, ELE ESTÁ TOCANDO A GUITARRA COM O PEDESTAL DO MICROFONE!!!

Sem mais.

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Correndo com os Lobos

4 de outubro de 2011
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A molecada foi chegando de skate. É, parece que tem gente que leva skate pra balada. 
Mas não é por qualquer motivo... o lançamento do Canil tinha convidado ilustre. Dono da marca internacional “Alterna”, Wolnei dos Santos foi representar. Junto com o skate vinha um outro acessório indissociável do visual: o boné.

Fazendo as regalias da casa, The Almighty Devildogs abriu a noite instrumental, introduzidos por Guilherme De Buenas (Canil) e Laís Bellini (Enxame), marcando também a força de dois coletivos trabalhando em conjunto.

A Almighty amadureceu.



E “Corre!” Me lembro que essa foi a 1º música que ouvi do Almighty. Tenho a impressão de que é a primeira vez que estou vendo essa cachorrada tocar, mas lá se vão 1 ano desde a SEDA do ano passado. E na surf night, surfistas de balada na frente do palco; enquanto lá atrás, surtado, na função do sampler, tocando loucamente diversos instrumentos imaginários nosso saudoso colaborador, Devildog e Canil, Abadá.

A surf music tem um poder sobre as pessoas. Um poder de possuir corpos e almas que, apoiadas sobre os pés que pouco saem do lugar, dançam incessantemente no ar.

Foi uma das poucas vezes que eu senti que o rock instrumental valia a pena e era completo. Deixe ser enfeitiçado. Deixe se enfeitiçar. A casa já esteve bem mais cheia. Acho que em determinado momento, só ouvia a bateria e o trompete. Seria isso possível? A bateria é muito forte. 

Deixe que os impulsos te controlem.

Deixe os skatistas tomarem conta da casa, da cidade, deixe tomarem tudo. Deixe também que tomem conta dos que não são. Os skates estão andando sozinhos, andando quase paralelamente uns com os outros, andando sozinhos. Alguém, por favor, controle os skates! E gente ia pulando em cima dos skates e passando para o próximo antes de perderem o controle. Vide o Enxame neste momento...

Momento em que você recebe a prova de que nem sempre reuniões festivas com um público menor, fora-do-padrão-tijucano-instalado-no-rolê-local são miadas. E de repente a banda se tornou som, trilha sonora que comandava o movimento ali na frente. O foco mudou.

De repente já tinha torcida, skatistas e rodinha punk rolando ao mesmo tempo. Abortem seus skates. Tudo foi dominado pelas incessantes moléculas aos Mullet’s graus. 

Seria essa então a fórmula mágica de estrear
Uma lembrança de uma noite há quase dois anos atrás?

Mais gente aderiu à rodinha do que a fileirinha de trás dos que apenas ouviam a banda.
No meio de toda a confusão, impassível a tudo ao seu redor, um garoto grande, encostado em um dos pilares, transcendendo em seu próprio espaço.

Skatista que é roqueiro (ou é o contrário?), no fim do show joga o skate no pé do palco.

O fim da balada foi aplausos. Não só as bandas foram aplaudidas. Aplausos, Canil, pela primeira de uma série de noites maravilhosas (de surf music). Aposto que teve muita gente que se divertiu naquela noite, como há muito não se divertia. E, no final, ficou claro que os canis essa noite uivaram para guiar seu caminho, porque é sabido no mundo que “quem não sabe uivar não encontrará sua matilha”, como poetizou Charles Simic.

Vida longa às surf nights.


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A tal da Cobertura Colaborativa

3 de outubro de 2011
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Muita curiosidade e dúvida ainda gira em torno da "tal da cobertura colaborativa" que vem ganhando espaço, mas que pouca gente entende seu significado e funcionamento. A empresa júnior de jornalismo da Unesp, a Jornal Jr., falou com a nossa colaboradora Laura Luz pra entender um pouco mais sobre a cobertura colaborativa, tomando o E-Colab como exemplo. A matéria é de Bárbara Belan e foi vinculada pelo Boletim Olhar, da Jornal Júnior.

E-Colab em ação no Grito Rock 2011, foto de Herbert Bruggner Neto



Na moda da Cobertura Colaborativa
Possibilidades dessa nova maneira de cobrir eventos ganham cada vez mais colaboradores, 
público e espaço nas mídias digitais

Por Bárbara Belan

A cobertura colaborativa está se tornando cada vez mais comum e procurada na nova era dos meios de comunicação digitais. Mas o que é e como participar dela? 

Cobertura Colaborativa é uma produção multimídia onde várias pessoas de diferentes áreas se unem para cobrir um evento. As redes sociais digitais são o espaço para a veiculação da informação, o que proporciona maior variedade de leitores e opiniões. Graças à flexibilidade da internet, o conteúdo pode também ser veiculado em diferentes formatos, tais como texto, foto, vídeo e aúdio. Os repórteres e editores dessas coberturas, podem fazer parte de uma equipe estruturada com equipamentos para coberturas ao vivo para um site específico, ou pode também ser o próprio público de um evento, que é estimulado a escrever sobre o que viu e veicular seu produto no site da equipe. Assim, cada vez mais pessoas são agregadas e as possibilidades de coberturas aumentam.

Laura Luz é diretora de comunicação da Empresa Júnior de Jornalismo da Unesp de Bauru, a Jornal Júnior, e participa do e-Colab, um projeto de cobertura colaborativa na cidade. Ela acredita que a principal diferença
entre essas coberturas e as demais é a falta de hierarquia no sentido repórter – editor. “Todo mundo tem a liberdade de escrever e corrigir. Eu acho isso muito interessante porque sempre escolhemos o que vamos fazer e o que vamos cobrir”, explica.

Ela garante que, apesar de existir essa liberdade e a falta de obrigatoriedade, nunca falta gente disposta a cobrir os eventos. “A gente recebe e-mails pelo grupo com sugestões de eventos e coberturas. Quem se interessar, tanto por produzir o texto como o produto audiovisual, avisa que estará disponível. Apesar de não termos obrigações, nunca falta gente”, explica Laura.

Laura conta que entrou para a equipe graças a uma parceria que o e-Colab fez com a Jornal Júnior na Semana de Audiovisual do ano passado. Essa parceria deu certo e, além de entrar para a equipe fixa, ela continua valorizando a parceria, que acontece até hoje.

Para participar do e-Colab é muito fácil: basta entrar em contato com um dos integrantes da equipe fixa ou entrar no blog www.e-colab.blogspot.com, e fazer o cadastro para fazer parte do grupo de e-mails da equipe.


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Abel, o Grande

2 de outubro de 2011
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Quinta-feira, 29 de setembro.
O média-metragem "Abel Contra o Muro", produzido como produto de TCC (e que se tornou algo muito maior) dos alunos de Rádio e TV da Unesp, Alexandre Borges e João Guilherme Perussi, teve sua estréia no SESC, dia 30 de agosto; a partir daí Abel correu em turnê por cidades como São Paulo, Sorocaba, Itu, Campinas e São Carlos, sendo visto por mais de mil expectadores. De volta pra casa, "Abel" teve direito à sua própria sala no Alameda Quality Center para uma sessão de cinema. Digno. De volta pra casa, "Abel" continuou a repercutir e dissipar seu sucesso entre o público.

Por Louise Akemi

Diante de cerca de 80 olhares anciosos, uma telona em alta qualidade de exibição, "Abel Contra o Muro" cativou ainda mais pessoas com sua história libertadora. Foi a vez do Alameda receber o filme e um público cordial e jovem, ao mesmo tempo. Amantes de cinema, jovens, amigos dos artistas e produtores, famílias, casais de todas as idades. A noite estava farta, com muita diversidade cheia de respeito e admiração pelo trabalho de toda a equipe.

Os olhares anciosos acompanharam atentamente toda emoção da descoberta e conquista do "Abel" durante as cenas. E conforme elas passaram e os créditos, enchiam a tela, uma salva de palmas toma a sessão, parabéns vão para filme, para os artistas, para equipe de produção, colaboradores, apoiadores e mais que isso, junto com essas palmas uma apreciação à arte, ao cinema e a iniciativa de produção independente.

Após uma excelente turnê, "Abel Contra o Muro" não poderia ter encerrado melhor, com direito a Making Of no final da sessão e crianças improvisando o divertido refrão da música de encerramento - Coroné da banda Pé de Macaco - e uma fala orgulhosa do Diretor, dizendo que com essa sessão, alcançam aproximadamente 1300 telespectadores do filme. Dá-lhe Abel!



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