“Troca o disco!”

20 de dezembro de 2012
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Último Clube do Vinil de 2012 dá canseira na vitrola 

Texto e fotos por Higor Boconcelo

Entre os recém chegados, é grande o número que estranha o clima da cidade de Bauru. Também, é comum a situação climática se tornar pique deserto por aqui: faz aquele frio de manhã, manhã que parece durar até às dez horas quando o calor começa pra valer. E que calor. Em época de final de ano, geralmente é seguido de chuva.

Embora irrite um pouco não só aos que aqui estão de passagem, assim como quem aqui pertence, o clima bauruense não impediu que fosse realizado ontem a última edição do Clube do Vinil do ano, uma parceria entre o Enxame e o ateliê Miscelânea. 

Discotecagem livre
Entre ameaças de chuva e apocalipse, os convidados deveriam trazer seus vinis, como sempre, e em seguida montar uma playlist colaborativa que iria badalar o ambiente a noite inteira. 

Aliando a estrutura aconchegante do lugar e uma vitrola funcionando perfeitamente, tudo o que era necessário para o bom fluxo da noitada acontecer, que a princípio parecia ser difícil, mas logo mostrava-se o contrário, era escolher uma faixa dentre milhares de vinis de artistas de todos os segmentos. De coletâneas estilo Som Livre à The Who, Ramones e Fagner. 

Em poucos minutos o quintal do ateliê já estava tomado tanto por quem queria curtir a noite de quarta-feira, quanto pelo som daquele aparelho oriundo da década de 50, cuja qualidade era comprovadamente superior às fitas cassetes e compact discs. 

A certeza irrefutável era que este seria o último do ano, mas há quem se intrigasse com a hipótese de ser o último da existência humana. “Mas e aí, quais são seus planos para o dia 21 de dezembro?”, ouço perguntar um visitante. “Ô mundo bom de acabar!”, ouve-se em alto e não tão bom som. Enquanto a música rolava e o mundo na boca dos visitantes acabava, era de se notar de que a melhor maneira de isso acontecer deveria ser em festa. Ou, este era somente mais um dos pensamentos jogados ao ar que se misturava às ondas emitidas pela vitrola e pela caixa.

De qualquer maneira a noite valera aos presentes e à vitrola, que hoje devem desfrutar de uma boa ressaca, seja no trabalho ou em qualquer cômodo da casa. E o calor que se dane. 


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Comunicação de Valores

15 de dezembro de 2012
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Foi num SampaPé (sob garoa) e muitas estações de trêm e metrô depois que chegamos até o Capão Redondo pro 6º dia de Preliminares - festival que ocupa diferentes regiões de São Paulo levando em sua programação atividades e debates sobre comunicação e cultura. Entre a experiência de olhar pra cidade, proposta pelo Grupo SampaPé, e entre a de estar em um grupo de quase 40 pessoas no percurso Casa Fora do Eixo São Paulo até a Agência Solano Trindade, coube sair pela cidade para conhecer novos espaços dentro dela, procurando debater uma outra forma de comunicação que se fizesse um retrato mais fiel.

A Agência Popular Solano Trindade propõe ações culturais na Zona Sul de São Paulo e o fomento da economia criativa (a entidade tem sua moeda complementar, intitulada “solano”), com o objetivo de viabilizar a cadeia produtiva artística da região.

Pra isso, é importante, segundo Raphael, da Solano Trindade, trazer as lutas populares pra pauta do dia a dia e organizar a comunidade. “Porque a gente acredita que só vai conseguir mudar as coisas de fato quando estiver decidindo também e não sendo apenas coadjuvante dessas decisões”, expõe. O intuito é a contrução de uma nova sociedade em que não se discuta só a partir do que é dito por segundos ou terceiros, mas de uma sociedade que reflita, tenha voz e seja ouvida.




Faltando espaço pro diálogo nas mídias tradicionais, cada vez mais grupos tem se utilizado da comunicação comunitária para potencializar ações como às da Agência Solano para expor narrativas das realidades.

Na construção desse cenário de mídias independentes e de comunicação comunitária, mostra-se importante agregar valores em suas mudanças e se utilizar da arte como instrumento político para abrir caminhos e transformar. “A comunicação de hoje não constrói valores. Ela adestra pessoas”, coloca Raphael.

Entre os debates levantados, foi colocado pensar não só projetos sociais, mas projetos pra sociedade pensando na formação das novas gerações e ajudar também as comunidades a se articularem com pequenas ações para a construção de uma vida digna dentro da sociedade, trabalhando suas conquistas diárias.

E como falar de igual pra igual numa sociedade tão díspare? “A gente tem várias semelhanças, várias diferenças e o que a gente consegue através de conversas como essas é propor campos de potencialialização de troca em cima das somas das diferenças e não do afastamento delas”, comenta Filipe Peçanha, midialivrista do Fora do Eixo.

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Sobre coisas passageiras que nunca se esquece

10 de dezembro de 2012
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Por Pâmela Antunes
Fotos por Jessica Mobílio


Depois de receber Noites Fora do Eixo, Clubes do Vinil, Pós TVs entres outras atividades especiais e diárias durante pouco mais de dois anos, o Enxame Coletivo se despede de sua sede. Foi no último sábado (08), em uma noite quente e com poucas estrelas no céu, aconteceu a Noite-Despedida da Sede do Enxame.

Mesmo com poucas pessoas no início da noite, o Dj Don Caboclo já estava mandando seu som; a decoração estava caprichada, a Banquinha já estava montada e o bar preparado com a cerveja gelada só esperando a galera chegar. Depois de uma hora e meia que a sede foi aberta o clima já era de festa, alguns dançavam, outros cantavam, acompanhando o que o DJ mandava. 



A sala da sede foi transformada em palco, onde a primeira atração foi o Chimpanzé Clube Trio, grupo de rock paulistano (ou melhor Rock instrumental) formando por Felipe Crocco (guitarra e baixo) Luiz Miranda (guitarra e baixo) Angelo Kanaan (bateria). Felipe e Luiz revezam entre baixo e guitarra sem nenhum problema ou perda da qualidade do som. O show começou as 1h31 e a sala que tinha poucas pessoas se encheu rapidamente e logo foi contemplada por um rock que também mistura ritmos como reggae, blues e soul. Em cada integrante da banda podia se perceber o domínio sobre seu instrumento, que fez o publico não apenas ouvir as músicas que estavam sendo tocadas mais sentir cada nota, cada acorde. O show acabou 2h40, mas ainda tinha muito som para rolar.

Enquanto o Trio Chimpanzé Clube tiravam seus instrumentos para a apresentação do outro grupo, as atenções foram voltadas ao quintal. A galera foi chamada, pois era vez de Bauru mostrar que estava presente e bem representada. Coruja BC1 e MC JF marcaram presença mandando suas rimas. Coruja BC1 improvisou rimou e o publico gostou MC JF cantou e animou.

Para fechar a noite com chave de ouro foi a vez do Duo Finlandia composta pelo brasileiro Rapahel Evangelista (violoncelo) e o argentino Mauricio Candussi (acordeão, piano e programações). Com seu som folclore eletrônico onde misturam ritmos brasileiros e argentinos como tango e baião e encantam por onde passam, e, em Bauru, em sua segunda passagem pela cidade, não foi diferente. Com sua sonoridade latina fez todos que estavam presentes serem contagiados pelo som quente que saiam do acordeão e do violoncelo não podendo ficar parado.



E nessa noite instrumental, foi em grande estilo que o Enxame Coletivo se despediu de sua sede, fechando mais um ano de intensas atividades. 

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Garotas Suecas e BigBang

28 de novembro de 2012
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Por Camilo Solano
Fotos por Paulo Infante



Quarta tem música no SESC... Sempre, ou quase sempre. Já faz parte da minha programação semanal ir toda quarta ver o que tá rolando. Acho que muita gente também faz isso, porque é garantida a qualidade musical que irá se encontrar por lá nas quartas já tradicionais.

Nem sempre eles acertam, mas na maioria das vezes eu saio de lá com uma energia muito boa e com a alma lavada.

Entrei no site do SESC pra ver que som que ia rolar por lá na última quarta (21/11). Garotas Suecas e BigBang (Noruega). E eu não me liguei que eram duas coisas. Achei que o Garotas Suecas seria acompanhado por esse BigBang que imaginei ser um Big Band (ou li correndo errado).

Eu e um amigo chegamos mais cedo pra comprar ingresso do show da Orquestra Imperial que vai ser na próxima quarta. Ainda não tinha começado, não tinha muita gente nem nada. Peguei uma senha e esperei para ser atendido. 15 minutos depois ainda esperando para ser atendido, eis que começa lá longe a banda tocar.

"Pesado, hem?"
"Pra caramba..."

Fico me mordendo de vontade de ir logo lá ver.
Finalmente sou atendido e pego os ingressos e corro pra ver o som do Garotas Suecas com a Big BanD.
Pois é, me surpreendi.

Era um trio de loiros destruindo tudo.
Era BigBang e eles estavam explodindo no palco. Sem o Garotas Suecas.

Cheguei a me arrepiar com a pegada do som que eles tiravam dos instrumentos.
O último trio de loiros que eu lembro era os Hanson... E não era uma boa memória...

Então vi que BigBang é essa banda de rock'n'roll da Noruega que tem uma pegada tradicional, mas que mesmo assim ainda é muito moderno.

"Girl in Oslo" é sua música de maior sucesso. E é uma música muito boa, realmente...
Assim que o show acabou fui correndo comprar o CD - pois é, às vezes, ainda vale a pena comprar CD.


Uns minutos depois entra a turma do Garotas Suecas. Som bem diferente do primeiro, uma levada meio Jovem Guarda misturando com um ou outro batuque, mas sinceramente, achei que faltou alguma coisa. É um som gostoso de ouvir, e eu ouviria tranquilamente se fossem só eles tocando. Mas o BigBang antes já havia me atingido e eu não tirava aquele som da cabeça.

Garotas Suecas foi bom, mas faltou pegada. Eu tava muito na onda dos outros caras ainda. Se tivesse sido um show só do Garotas Suecas, tenho certeza que seria diferente a minha sensação final. Mas o BigBang realmente foi a Grande Explosão.

Saí do SESC com a alma estraçalhada em milhões de partes.

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Trip Hop

26 de novembro de 2012
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O encontro especial da Pé de Macaco e a estreia oficial da Le Blanche

Por Laís Semis
Fotos por Paulo Infante

Sagui, Fer e Brisa

Vagando entre as nostalgias e as novidades, a noite contou com uma representação feminina de peso pra balancear a energia masculina no palco de mais ou menos de 7 caras que participaram do show.

Fernanda Barban ecoa entidades como Amy Winehouse e Adele para a estreia da Le Blanche nesse último sábado no palco do Jack. Ou, pelo menos, a “oficial”, porque há quem já tenha visto Sagui (guitarra), Brisa (guitarra), Fulvio (teclado), Montinho (bateria), Thales (baixo) e Fer (vocal) reuninos fazendo um som por aí. Embora essa reunião seja recente, eles já apresentam algumas composições próprias: “Trip Hop”, “Nude Beach” e “Por Liberdade” (ganhadora do prêmio de 4º lugar do Festival de MBP), dando uma amostra do potencial da banda. 

- Pra quê meditação, pra quê yoga se gritar está me fazendo tão bem? - diz ao microfone Fer, se soltando entre uma faixa e outra, ganhando força com os aplausos e a empolgação da galera. Ela vem dançando, abandonando a timidez e ganhando as pessoas.

Uma pena que as músicas tenham voado pelo relógio, correndo na noite e se entregando tão rápido às lembranças.

“Incenso” se espalha na sequência.

A noite hoje é especial: um dia nostálgico para aqueles que deram há quase 1 ano seu tchau à Pé de Macaco. Há quem diga que uma vaga profecia foi dada no grito final da banda prevendo hoje (mesma data em que Romio estralçalhou sua guitarra neste palco no último show da Pé) - quero dizer, a esperança está nos olhos de quem lê e nos que sentem saudade da macacada.

E a gaitada conhecida vem do Pudim, mas não, não - ainda não é PAC, a das antigas Noites Fora do Eixo e festinhas de repúblicas por aí. Uma nova estrofe ganha vida nos vocais de Brisa, com a doce, leve e sensata composição “Anita”. “Quando a felicidade não contenta, tem que psicanalisar, sei lá. Quem sabe assim não cai a tua venda e fecho pra balanço, pra dançar.” Integrando uma série de 4 novas composições apresentadas nessa noite, ele vem reafirmando seu dom enquanto letrista.

Mas os convidados não pararam por aí, Mijão e Pink, da Projeto Homem Bomba, Marco Escrivão, da banda Mulambo Tu também marcaram presença. Uma sequência de flashs, deixa a platéia cega. Pra fechar a noite, um cover do Mercado de Peixe cheio de identificação com a platéia que dançava incansavelmente, tirando os pés do chão no refão dos que moram na entrada do “Brasil Novo”. E, como já diria a “Música da Naty” o auditório, como de costume à Pé de Macaco: pronto pra aplaudir.

Os convidados Mijão e Marco Escrivão


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Encontro Moçambique



Numa viagem de pesquisa de quatro dias pelo Brasil, 6 docentes de Moçambique vieram à Unesp Bauru para conhecer um pouco mais das pesquisas relacionadas à cultura realizadas pela Universidade. Embora atraídos pela pesquisa acadêmica, o grupo acabou encontrando no último sábado no SESC alguns outros projetos criativos práticos que vem se desenvolvendo na cidade fora das salas de aula.

Ligadas pelo envolvimento com a cultura, responsabilidade social, atividades na cidade, Artur Faleiros apresentou a Rede Fora do Eixo, um circuito cultural com cerca de 200 coletivos espalhados pelo país e seu organograma com as principais frentes de atuação; Vanderlei Oliveira contou um pouco das ações realizadas pela ONG Periferia Legal, instalada no Mary Dota - o maior conjunto habitacional da América Latina -, prestando serviços de diferentes espécies, como cultura, esporte, saúde e assistência jurídica quinzenalmente. O terceiro projeto, representado pelo presidente do Instituto Cultural Oloroke, Laércio Simões, também do Instituto de Cultura Afrobrasileira de Bauru, tinha um fundamento espiritual, que foi apresentado através do vídeo documental do Instituto Cultural Oloroke Cultura Yoruba e Camdomblé.

 

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Sentindo a batida

22 de novembro de 2012
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Por Pâmela Antunes
Foto por Conrado Dacax

A 2° Semana Municipal de Hip Hop rolou do dia 11 de novembro até o último domingo, 18. Foi com uma programação muito intensa, com saraus, shows, oficinas, entre outras atividades que ocuparam 17 pontos da cidade de Bauru. 

Um desses pontos foi a sede do Ponto de Cultura Acesso Hip Hop, que recebeu algumas das oficinas da semana. Entre elas, a de beatmaker (criação de batidas) que aconteceu na sexta-feira (16). Quem comandou a oficina foi o Mc e beatmaker Felipe Fonseca ou melhor Felipe Canela como é conhecido.



A oficina foi direcionada para um público que já entende do assunto. Felipe disse que já fez outras atividades para a galera conhecer como se produz um beat, dessa vez a oficina foi para quem já manja do assunto. O programa usado por ele foi o fruity lopops. Ele começou falando sobre a criação de pattern (caixa onde fica o som de cada instrumento) um dos instrumentos essências para criação de beat é a bateria, ressalta ele. Com termos muito técnicos, que não foi problema para os participantes que entendiam do assunto, ele explicou passo a passo para a criação de um beat a partir das coisas mais simples, como a harmonia até mínimos detalhes. A troca de experiência rolou solta, o clima estava muito agradável e o bom humor não faltou. Ele criou beats na hora e também mostrou alguns já prontos. Mais que uma oficina, foi uma tarde de bate papo, troca de ideias e de aprendizado. 

Para finalizar, abriu espaços para as dúvidas, deu dica sobre programas e sites para baixar. Com muito domínio, desenvolveu a oficina e fez todos que estavam presentes sentir as batidas.

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Ernesto Hip-Hop

19 de novembro de 2012
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II Semana Municipal do Hip-hop invade o Geisel no feriado

Texto e fotos
 por Higor Boconcelo

“Em pleno feriado, meio dia, o cara me passa com essa música no último?”, reclama Gu, quando, como de costume, um carro qualquer corta a Alziro Zarur com o som “estourando”. Não que ele tivesse muita coisa contra Demi Lovato, mas aquele definitivamente não era dia para a música pop no Geisel, já que a II Semana Municipal de Hip-Hop tomava o bairro como palco para as atividades de seu quarto dia de programação.

Du é um dos grafiteiros escalados para exercer sua arte no muro da biblioteca ramal do bairro. Já estava fazendo seu trabalho havia quase meia hora quando o carro passou, o distraindo. Enquanto isso, o outro artista responsável pela grafitagem continuava a manejar a tinta spray. Paulistano, Sergio Oliveira atua na arte há mais de sete anos. Ambos experientes, porém jovens, estavam trabalhando em uma nova “cara” para a biblioteca, atividade que fazia parte da programação do evento. 

E ainda bem que o fazia. A obra não estava nem metade pronta e já arrancava elogios dos moradores que cruzavam por lá. “Isso nem parecia uma biblioteca! Olha como uma pinturinha já muda tudo”, comentou uma senhora do outro lado da rua. Não houve sequer uma criança que passasse em frente ao ramal sem voltar sua atenção para os jovens que grafitavam. 

Poucas horas depois, as palavras Biblioteca Ramal já ganhavam seus retoques finais pelos sprays de Sergio, e a obra de Du também estava quase pronta. 



Mas se essa rapidez podia ser aplicada ao grafite dos garotos, certamente não era o caso para o que logo ia começar a rolar a poucos metros dali, no Bosque da Comunidade do Geisel. Lá, “o baguio ia estourar a tarde inteira”. Com o grafite já finalizado, ambos foram convidados pela organização à pintar um largo muro do bosque. Se estivessem pensando que seu trabalho estava chegando ao fim, certamente estariam se enganando.




A selva tomada

Um palco, duas caixas de som e uma lona por cima formavam uma espécie de tenda, onde iriam subir vários MC’s durante a tarde. O Projeto Ensaio no Bosque estava marcado para começar às 15h, e se dependesse de público, poderia começar até antes. 

Em meio às árvores do local havia todo o tipo de morador para prestigiar o evento. Crianças, famílias com seus cães, jovens e a dupla de grafiteiros, que já reiniciava sua arte nos muros da selva urbana. 

O primeiro a mandar as rimas e as batidas foi o MC Vurto, abrindo a tarde de apresentações. A quadra de basquete onde o palco estava montado logo começou a ser preenchida de gente, vinda ora do próprio bosque (diga-se de passagem, grande), ora das próprias ruas do bairro. 

Em cima de um tapete quadriculado, os adeptos da dança break não paravam de rodar. Meia dúzia jogavam basquete na outra metade livre da quadra. As cabeças reagindo de maneira positiva às rimas que se propagavam. 

Era assim com cada MC que subia naquele palco para executar suas próprias rimas. O rap independente mostrava naquela tarde a sua força – a maioria do público conhecia as letras compostas pelos artistas que, há alguns minutos atrás, também estavam curtindo outro MC rimar. 

Seguiu rimando o MC Thigor, dando lugar depois para Betim. Após, foi a vez do Rap Nobre emendar rimas que protestavam contra a futilidade presente nas músicas comerciais e nos costumes da sociedade em geral.

Já conhecido do público, Coruja BC1 subiu ao palco junto do parceiro Dom Black e da dupla Além da Rima, em duas apresentações que mexeram com a galera presente. Ao fim da tarde, subia ao palco mais uma vez para rimar suas composições.



Mais de nove atrações mandaram suas rimas, beats e pensamentos para o público presente no bosque. Os rappers saldaram seus parceiros que vieram os assistir de vários bairros de Bauru, como também de outras cidades. A família do rap comemorou estar reunida novamente, e além disso, a realização da Semana pela prefeitura. Abrir espaço para uma festa de rap independente mostra que os artistas não estão trabalhando em vão, e mesmo que o preconceito ainda exista, os MCs continuam fazendo sua voz subir mais alto que ele. Tão alto que até Geisel deve ter ouvido.

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2ª Semana Municipal de Hip Hop

13 de novembro de 2012
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Por Laís Semis


Abandonada, a Estação Ferroviária bauruense é um espaço lindo, mas que mantém suas portas fechadas na maior parte do tempo. No entanto, nas ruas vazias do domingo, é ela quem assume o papel de fazer barulho. É o primeiro espaço que a 2ª Semana de Hip Hop de Bauru ocupa dos 17 pontos que receberão atividades pela cidade neste ano.

Organizada pelo Ponto de Cultura Acesso Hip Hop, a semana visa apresentar a cultura Hip Hop e trazer pra roda discussões como gestão de carreira independente e a mulher no movimento. O Sarau Literário abriu a grade de programação; poesias foram distribuídas e os presentes convidados a declamá-las. Com o microfone aberto, teve bastante gente que se sentiu a vontade pra declamar suas próprias linhas ou as de quem admiravam e, de cor, citavam. Depois do recital de poesias, um tempo pra um som; e quem conhece sabe que é difícil a música rolar e o corpo de alguns não se entregar ao break.

Atacando rimas, a batalha do conhecimento colocou os MCs pra competirem suas habilidades do improviso; numa lousa uma série de palavras (que iam de “luta”, “revolucionário” a “helicóptero” e “feijão e arroz”) tinham que se fazer presentes no desenrolar dos 45 segundos que cabiam a cada MC.



Até a próxima segunda (17), o Hip Hop toma em peso as ruas de Bauru em uma série de atividades que envolvem breaking, exposições, rodas de conversa, shows, palestras, sessões audiovisuais e oficinas, se atente à programação.

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Rap, cururu, chorinho, cordel, rock, afro-beat: as múltiplas facetas do Curau

7 de novembro de 2012
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Por Jaderson Souza

Quem foi no Largo dos Pescadores em Piracicaba no último sábado (03) conferir as apresentações do Festival Curau (Cultura Regional e Artes Urbanas) percebeu que as rimas se espalhavam pelos diversos estilos apresentados no dia: do rap ao cururu, passando pelo cordel e chegando ao afro-beat.

Conhecido na região de Piracicaba, o cururu é o desafio de rimas feito com acompanhamento de violas. Lembra muito os desafios com repente do Nordeste e as batalhas de MCs. Um dos cururueiros piracicabanos mais conhecidos é Moacir Siqueira. Ele canta há mais de 40 anos por cidades do interior paulista e esteve presente no Curau para um “duelo” com rappers da cidade. E, pelo jeito, Seu Moacir gostou da ideia: “Deu pra brincar bastante com os meninos. Se pudesse, ficaria mais”. Ele conta que não ensaia previamente seus versos, eles são feitos no momento. Quando conversávamos, ele até improvisou uma rima sobre as mulheres que estavam no Largo dos Pescadores curtindo a festa. O artista tem três jovens (parentes) que o acompanham durante as cantorias feitas pelo interior e deseja se apresentar em Bauru qualquer dia desses. A receita para continuar na ativa depois de tanto tempo? “Tem que fazer com amor”. 



A rima improvisada é o que une o cururueiro piracicabano com o rapper de Bauru Coruja BC1 que considera o free-style (outra alcunha para a rima improvisada) um momento único, pois, além de não estar necessariamente em algum disco, a rima vai sempre se referir a alguma particularidade da cidade onde o músico está. O free-style feito em Pira será diferente daquele que será feito em Bauru.

Pela primeira vez na cidade, Coruja achou que os piracicabanos estavam bem frios no começo do show, mas depois o público acabou se soltando. Apesar de gostar quando o público já começa o show agitado, o rapper também curtiu “esse lance da conquista”, uma vez que a galera acabou se envolvendo com a apresentação. 

A identificação entre público e artista também rolou. Prova disso é que enquanto falava com ele, várias pessoas interrompiam educadamente a conversa para parabenizar o rapper. Um homem chegou até ele e disse que se emocionou quando Coruja cantou a música “Saudade”, dedicada a seu pai, já falecido. O homem também perdera seu pai seis meses antes.

Matheus, um menino de apenas quatro anos, ensaiava vários passos de dança na frente do palco como se fosse um autêntico b-boy (ele tentou até moinho de vento). Coruja acha que essa é “a prova de que o hip hop vai permanecer”. Em seguida, Coruja chamou Matheus e mais três meninos para dançar no palco acompanhado de Pixaim, MC piracicabano que tinha se apresentado anteriormente e participou do show de Coruja.

Coruja está com a sua agenda de shows para o final de 2012 quase fechada. Por trás do artista, estão pessoas que o ajudam: produtor, rappers de apoio e demais parceiros. É com e por eles é que Coruja vai para estrada cantar seus versos. E isso tem sido bem proveitoso, pois o rapper diz que a cena hip hop está ficando cada vez mais forte no estado de São Paulo.

Além do rap e do cururu, se apresentaram no sábado o Grupo de Choro Regional Caipira, de Piracicaba, e a banda Cataia que trouxe para o Curau a sua mistura de rock e batidas africanas com pitadas de forró que deixou o público bem agitado no fim da noite. Ah, antes da Cataia, uma poeta recitou versos de literatura de cordel como uma espécie de introdução para a entrada da banda, mas talvez esses versos tenham sido mais do que isso. Foram a síntese do lema e da sigla do festival: trazer para o mesmo palco as culturas regionais e as artes urbanas.

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Muito além do curau e da pamonha

5 de novembro de 2012
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Esse texto foi originalmente publicado no site do Circuito Paulista de Festivais Independentes (CPFI)

Por Jaderson Souza
Fotos por Fora do Eixo

Realizado pela primeira vez em Piracicaba, o Festival Cultura Regional e Artes Urbanas (Curau), tem, como uma de suas características, a diversidade. Reunindo diferentes gerações para acompanhar as apresentações no Largo dos Pescadores, às margens do Rio Piracicaba. Mas as manifestações culturais não se resumem apenas à música e à dança.

A gastronomia é um elemento cultural importante dentro do festival. Entrando na cozinha, pode-se conferir a variedades de bebidas e comidas servidas ao público, mostrando que Piracicaba vai além do curau e da pamonha, já largamente difundidos. Tem risoto verde, panqueca de berinjela e o charuto, prato árabe que leva arroz, soja, cenoura, cebolinha, salsinha e molho de tomate, envoltos por uma folha de repolho. Os ingredientes do charuto (e das outras comidas) são orgânicos, cultivados sem a utilização de fertilizantes, pesticidas ou agrotóxicos. Fazem parte de um modelo de agricultura diferente do famigerado agronegócio.

“As pessoas, às vezes, não sabem como está difícil conseguir cultivar todos esses alimentos”, diz Morgane Retière, uma francesa que está há três anos trabalha com agricultura no Brasil. O cultivo de cana de açúcar e o crescimento da cidade são fatores determinantes para que a plantação de outros alimentos se torne mais escassa. Ainda assim, Morgane ressalta que a intenção é produzir os pratos com o máximo de alimentos cultivados na região de Piracicaba, dando oportunidade para que o Festival fortaleça não apenas às apresentações, mas a cidade como seu todo.

Para fazer crescer a agricultura familiar local é preciso de apoio. É isso que faz a Rede Guandu, uma ONG que incentiva o consumo de alimentos de forma sustentável. O projeto funciona como uma ponte entre pequenos produtores rurais e consumidores. Mayra, uma das voluntárias do projeto, fala que a intenção é mostrar às pessoas que o alimento veio de um lugar; existe um processo que se inicia no cultivo e termina na aquisição do alimento pelo consumidor.



A cachaça piracicabana também se faz presente com uma aquarela de sabores. Além da branquinha, tem a pinga com carvalho, cabreúva, sucupira, carqueja (a mais ardida), anis, entre outras.

Flávia é uma das pessoas que ajudam na produção e comercialização das bebidas. O negócio, também feito em regime de agricultura familiar há seis anos e tem caráter artesanal. A família mora em um sítio na cidade vizinha de Charqueada onde eles têm todos os ingredientes e equipamentos para produzir as pingas.

Por essas, a gastronomia se torna um elemento especial da tradição piracicabana. Toda uma cultura de produção do alimento que não fica restrita somente ao consumo e nem apenas ao curau e à pamonha.


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Rima de roda, roda de rima

30 de outubro de 2012
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Por Pâmela Antunes


No último domingo (28) aconteceu a 3° edição do Rima de Roda no parque Vitória Régia. A tarde estava ensolarada com a temperatura acima de 35° graus, mas o calor não atrapalhou ninguém. O parque estava cheio de famílias, casais de namorados, o pessoal dos malabares e a galera que veio para curtir o evento foi chegando aos poucos.



O Rima de Roda é um projeto totalmente independente é uma realização do grupo de rap Fábrica de Rima, que é composto por Jack One, Luiz Felipe, Valter Fernandes, Thiago Zone, Renan Pedrolo, Adriano Magri, Fabio Guerra e João Vitor. Objetivo principal é relevar novos talentos bauruenses, mas também a troca de conhecimento entre os artistas e o publico a interação cultural e o entretenimento.  “A gente estava vendo que em Bauru tem bastante projetos, mas nada constantes que o pessoal podia se organizar e  dizer o dia que vai ter o evento, então todo mundo da Fábrica de Rima criou esse projeto”, disse Mc Thiago Zone, integrante do grupo. "Quinzenalmente, a gente vai pra algum lugar daqui, e hoje a gente escolheu o Vitória Régia por ser um local mais acessível para todo mundo - ainda mais sendo algo sem apoio filantrópico ou de alguma ONG”.

Para acompanhar o MC’s e os rappers, havia dois violões e a galera fazendo beat box. A roda estava aberta para quem quisesse mostrar seu trabalho, podia ser um rap pronto ou uma rima improvisada. Durante a tarde, passaram vários artistas pela roda, um deles foi Dom Black, com seu som que acabou de sair do forno, a música “Artista Independente”. O grupo Fábrica de Rima também se apresentou e mandaram seus raps “Os tempos mudaram”, “Rap Forte”, entre outros.



O momento que mais animou foi a batalha de MC’s - foram sete batalhas incluindo a final. A criatividade rolou solta e não tem essa de "ser amigo", o que vale é ter a melhor rima. Para participar cada Mc colaborou com R$ 2,00 e o vencedor ficou com a grana arrecadada. A final foi entre Da Brisa e New onde o Da Brisa levou a melhor e o dinheiro.

A falta de apoio, caixa de som, palco e microfones não foi problema, pois galera estava em peso mostrando que em Bauru o rap tem força. Para quem não pode fortalecer e comparecer, daqui 15 dias tem de novo. O Rima de Roda sempre acontece no Vitória Regia do lado direito do parque embaixo das árvores, para ficar por dentro quando vai ser a próxima é só curti a pagina do grupo no Facebook onde eles criam o evento e divulgam.

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#Contato - Cidades em Transição

24 de outubro de 2012
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Por Laís Semis
Fotos por Fora do Eixo

“Quem vive, gera lixo. Quem tá vivo, tá dentro”, resume Djalma, que na Pós-TV do Contato Verde, apresentou o GIRO (sigla de Gestão Integrada de Resíduos Orgânicos). A necessidade desse debate surge em São Carlos por ser uma cidade a produzir diárias 160 toneladas de lixo, sendo que mais da metade são resíduos orgânicos, que acabam se misturando com outros resíduos. Como a capacidade do aterro foi atingida e a situação do aterro novo ainda não foi legalizada, o lixo faz viagens diárias para outra cidade.

Quem recebeu a #Pós-TV do Contato Verde foi o espaço da Rádio UFSCar!


Além dos gastos com transporte, acontece o desperdício do potencial do lixo orgânico. Entrando com uma solução, projeto GIRO traz uma proposta descentralizadora de gestão de resíduos através da criação de diversos pontos de compostagem espalhados pela cidade, num trabalho de educação e sensibilização, se tratando de um projeto que não funciona sem as pessoas.

Já foram elencados três pontos da cidade, sob a ideia de sensibilizar a região ao entorno, distribuir baldes plásticos com instruções do que podem ou não entrar nessa coleta. O caráter pedagógico de serem pontos dentro da cidade é o fato das pessoas conviverem com a realidade de que somos todos produtores de lixo.

Marcos "Ninguém" roda o Brasil espalhando a permacultura


A Pós-TV trouxe outros dois convidados, conectando temas que envolvem futuro sustentável; um deles apresentando todo o processo de construção da Geodésica (que durante o Festival se tornou um espaço de encontro e debate), enquanto Marcos “Ninguém” tratou da permacultura. O permacultor e bioconstrutor ressaltou a importância de que as práticas sustentáveis estejam ao alcance de todos, com tecnologias fáceis de replicar. “Ninguém” apresentou também o projeto “Transition Towns”, movimento criado pelo inglês Rob Hopkins, que se faz presente em 14 países do mundo e em mais de 300 cidades, trazendo uma metodologia de organização para que juntas as pessoas desenvolvam sua capacidade de planejar suas cidades. “Esse novo mundo se forma na prática”, diz o bioconstrutor. “O que eu to fazendo com o meu lixo? Se eu não consigo nem tomar conta dele...”

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#Contato - Rede de Cultura Solidária

23 de outubro de 2012
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Por Laís Semis
Fotos por Fora do Eixo



O debate sobre Finanças Solidárias e Moedas Sociais do 6º Festival Contato apresentou as experiências de quatro grupos que trabalham com economia solidária em São Carlos. Contando com Cláudio Oliveira (Agência Solano Trindade), Fernanda Martucci (Rede Fora do Eixo), Mariana Martins (Festival Contato) e Wendy Palo (Instituto Cultural Janela Aberta), a mesa expôs o funcionamento das moedas sociais e a potencialização de seu uso em rede visualizando a sustentabilidade e a sistematização das trocas de serviços e produtos, criando uma relação com o mercado.

Complementar ao real, a moeda social ou solidária sistematiza as trocas de serviços e produtos, criando uma rede de trocas e estimulando o desenvolvimento local. A sistematização dessas trocas através da moeda social física acontece de diferentes maneiras dentro dos empreendimentos, ela pode ter prazo de validade ou mesmo nem existir.

O Contato, por exemplo, adotou em 2010 o sistema solidário visando garantir a sustentabilidade do Festival, potencializando e estimulando as trocas dos convidados e equipe, podendo ser usada dentro da rede estabelecida ali. A moeda evita o desperdício, permite o direcionamento do consumo, pra ser usada dentro da cidade e dos estabelecimentos que integram a rede de economia local. Levando o nome de $Contato, a moeda é física e com prazo de validade do ano de realização e podendo ser usada apenas nos dias que o Festival Contato acontece.

Dentro do Fora do Eixo, o card costuma ser computado através de planilhas online e alguns de seus coletivos já trabalham com a moeda física. Em São Carlos, o $Marciano circula pela rede local. Outra moeda física complementar que roda pela cidade é o $Conto, sob organização do Instituto Cultural Janela Aberta. A economia solidária são carlense reúne 30 empreendimentos e vem se desenvolvendo há 10 anos, ao lado de entidades como o Departamento de Apoio à Economia Solidária da Secretaria de Trabalho, Emprego e Renda da Prefeitura Municipal.

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Construindo a Matriz 4D

19 de outubro de 2012
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Por Laís Semis
Fotos por Fora do Eixo



Sob as instruções de Lala Deheinzelin, especialista mundial em Economia Criativa & Desenvolvimento Sustentável, os presentes da Oficina do 6º Festival Contato, em São Carlos, se depararam a imaginar um projeto-sonho, baseado em seus bancos de estímulo e traçar os passos de como viabilizá-los.

Entre espaços públicos mais coletivos, escolas com salas reduzidas e voltadas para novas formas de aprender, transformar a universidade em uma formadora de gestores de economia criativa possibilitando a passagem desse conceito para novas gerações, repensar a cidade e sua ocupação, os participantes da Oficina “Economia Criativa, Sustentabilidade e Possibilidades de Futuro” elencaram cinco projetos para trabalhar: moradia e ofício, outro aprender, cidade para pessoas, ativismo visual e a universidade como difusora de uma nova economia.

Trabalhando em grupos para que os recursos disponíveis pudessem ser somados e levando em conta recursos que não costumam ser considerados propriamente como recursos sócio políticos, sócio culturais, tecno-naturais e monetário-solidários (chamados de 4D - 4 dimensões da sustentabilidade), os participantes mapearam estruturas, espaços e equipamentos, porque “é preciso estudar os capitais pra poder convergir para a prática”, explica Lala. 

“A matriz 4D é uma lente através das quais podemos compreender, monitorar, avaliar e criar fluxos de trocas entre essas 4 dimensões” e qualquer um pode se utilizar da matriz. “Acreditar que é possível é a primeira coisa para viabilizar que aconteça”, continua. Observar os hardwares e softweres que estão disponíveis a níveis individuais e coletivos e reconhecer o valor do que é local e próprio, levar em conta o diferencial do que se está sendo produzido e se utilizar do que está a disposição são essenciais para se chegar aos resultados. “Recursos são potenciais e estes potenciais devem ser ativados para que possam gerar resultados”, Lala lembra, “e a palavra que mais é chave de futuro é colaborativo”.

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“O interior também tem voz”

18 de outubro de 2012
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Texto Giovanna Diniz
Foto: Arquivo Pessoal/ Thigor MC

Uma brincadeira de um amigo gerou o apelido de Thiago Luiz da Silva, o Thigor. Com apenas 26 anos, Thigor possui uma carreira musical que vem desde os seus 12 anos de idade. Seu primeiro contato com a música aconteceu através do pai capoeirista, que lhe mostrou o samba. Aos 15 anos começou a escrever letras de rap e mais tarde, em 2005, ajudou a formar o grupo de Rap Gospel Guerreiros da Luz. Um ano depois foi lançado o primeiro CD do grupo, Caminhando na fé.

Divergências dentro do Guerreiros da Luz levaram a separação de Thigor do grupo. Apesar de não ter em mente um trabalho solo antes de sair do grupo, o rapper lançou recentemente o CD A Caminhada Continua, referência ao primeiro CD do seu antigo grupo. 



A estreia do álbum aconteceu em maio deste ano no Teatro Municipal de Bauru, contando com a presença de amigos e convidados de Thigor. Para ele, foi um grande prazer dividir o palco com colegas que ajudaram e participaram na sua carreira. O CD, produzido por Kleber Gaudêncio, é fruto de um trabalho de dois anos, com várias contribuições de amigos, inclusive para financiá-lo, já que Thigor não possui vínculo com nenhuma gravadora. 


A Caminhada Continua mostra a preocupação do rapper em mostrar sua história de superação, além de deixar claro que existem alternativas para a situação de violência e drogas vividas por jovens da periferia. “Sou um cara meio calado”. Apesar de se definir assim, Thigor diz que foi na música que encontrou o caminho para poder se expressar e passar sua mensagem. Além disso, foi no Rap que conseguiu encontrar uma forma de contar e fazer poesia, conseguindo incluir no seu trabalho detalhes que não poderiam ser encontrados de outra forma. Thigor também cita Apocalipse 16, Lito Atalaia, MV Bill, Lauren Hill e Sérgio Saas como suas principais influências.

Recentemente o rapper trabalhou em parceria com Dom Black no documentário A Praga do Século, ainda em fase de produção. O documentário surgiu após a criação da música de mesmo nome e foi filmada na Casa de Apoio Efrain, onde o rapper esteve buscando informações sobre a recuperação e a realidade de jovens envolvidos com drogas. O objetivo foi mostrar o que Thigor passa em suas músicas, que é relatar o problema para poder mostrar que há alternativas de superação, além de “libertar antes”, já que é mais difícil “tirar os que já estão dentro da droga”.



O rapper também trabalha na Zika Zuka Produzsons com o produtor musical Felipe Canela e no projeto Wise Madness, – Sábia Loucura em inglês que leva arte e cultura para jovens com o objetivo de mostrar um caminho “fora das ruas” e transformar a vida deles. Como Thigor contou, ele é o exemplo vivo de que a música e as artes podem transformar a vida das pessoas. Ele também falou sobre o Ponto de CulturaHip Hop que dá apoio a artistas que trabalham nessa área e também para quem se identifica com essa cultura. Nesse sentido Thigor acredita que iniciativas como rodas de rima e festivais que dão espaço para a cultura local são importantes para dar a voz a quem não teria essa chance.

Ouça as Músicas do Thigor MC!
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Piratas na Moradia

15 de outubro de 2012
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Por Keytyane Medeiros



- Capitão Willian Will Obbel, você está sendo convocado pela marinha britânica!

- Capitão Willie William Will o’Well!

- Que seja! – grita o comodoro britânico bem em meio ao pátio do MIS, Museu de Imagem e Som de Bauru.

O oficial já combateu o pirata William o’Well antes e quase perdeu, ganhou, perdeu de novo e por ora está por cima novamente, mas tudo isso por quê? Sem moradia ou emprego e fugindo de impostos abusivos, os piratas da Grã-Bretanha tentam fundar uma Federação Pirata, numa ilha distante da rainha sob o comando do atrapalhado o’Well.

A peça faz parte do primeiro FACE (Festival de Artes Cênicas de Bauru) e levanta a questão da moradia, do imperialismo inglês e da clandestinidade de forma bem humorada e inusitada com a Companhia Coletivo de Galochas, de São Paulo.

Nada de dramas ao falar de um pirata doidão que está preso e condenado à morte. Não, não! O lance aqui é divertido, apesar de tratar de um tema sério, como os movimentos de ocupação e o direito à moradia, que todos os cidadãos têm. A apresentação foi dinâmica, utilizando todo o espaço disponível no MIS, desde o pátio, até as ferrovias do antigo trem da cidade.

Boa parte da comédia se deve às desavenças e confusões dos bucaneiros durante as cenas, em especial na hora de escolher o sistema de governo da Federação. Todos se julgam filhos de um pirata antigo e aventureiro, talvez um rei ou até mesmo um imperador dos piratas! Como saída contra o autoritarismo dos antigos monarcas, elegeu-se um papagaio mudo para o cargo de presidente. E é claro que o esperto Willie o’Well se torna o porta-voz do bichinho. Mesmo assim, a Federação é um sucesso e começa a preocupar a Coroa Britânica.

Há mais de um ano, os Piratas de Galocha ocupam o Edifício Prestes Maia, no bairro da Luz em São Paulo. O prédio é o maior espaço de ocupação da América Latina, e a escolha pelos piratas diz respeito ao domínio da violência por parte do Estado contra os cidadãos “desviados” da sociedade britânica da época, tal qual acontece hoje, na capital paulista, diante da higienização do centro histórico de São Paulo. Em entrevista à revista Caros Amigos, o diretor da peça, Rafael Presto, defende a escolha pelos personagens ficcionais “pois pirata é a pessoa que não aceita o monopólio da violência do Estado e defende a violência para saquear, os piratas queriam continuar independentes. É como o movimento de ocupação, é um uso de violência perante as leis do Estado, porém uma violência necessária para fazer valer o direito à moradia, garantido pela Constituição e quem não tem o direito e o acesso à cidade, só ocupando”.

Como se vê, o tema é sério, mas a dinâmica não. Trata-se de uma estratégia para manter o público atento em plena noite de sábado (como se um bando de piratas correndo desajeitados pelos pátios e trilhos da Antiga estação ferroviária não fosse algo intrigante). O comodoro da marinha britânica tenta convencer os bucaneiros a abandonar a clandestinidade, lhes oferecendo emprego, salário e perdão político. Muitos cedem com medo do poder de fogo das tropas inglesas, mas o Capitão Willian Obell (Willie William Will o’Well !!!) resiste e enfrenta o comodoro inglês, representante das indústrias que fomentam o ataque à Federação bucaneira. 


No fim, todos (os que se renderam e os que resistiram) acabam enforcados pela Coroa britânica. Para os piratas, bem como os cidadãos brasileiros que carecem de moradia, ocupar é preciso. É um dos direitos fundamentais do homem e não pode ser tratado como um problema isolado em nossa sociedade, como uma Federação de Piratas pronta para ser desmoronada.

Confira mais fotos aqui.

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Documento apresenta pontos para a construção da "Faculdade Que Queremos"

Com o objetivo de elencar pontos considerados essenciais para a gestão dos próximos anos da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp Bauru (FAAC), o e-Colab ao lado dos Centros Acadêmicos e outros projetos de extensão se reuniram para discutir ensino, extensão, estrutura física, participação estudantil e gestão da Faculdade. 

Intitulado de "Faculdade Que Queremos", o documento contempla pontos das cinco áreas discutidas na assembleia visando uma gestão participativa, criando espaços de debates e garantindo um processo democrático e plural e que gere integração entre os cursos de Jornalismo, Rádio e TV, Relações Públicas, Arquitetura, Design e Artes.

As duas chapas candidatas à Diretoria estiveram presentes no evento. O documento foi apresentado aos alunos dos diferentes cursos que se manifestaram num abaixo-assinado do "Faculdade Que Queremos", apoiando os pontos colocados. 

Carbone e Nilson, eleitos para a gestão da FAAC


Nilson Ghirardello e Marcelo Carbone, da chapa "Experiência, Participação e Planejamento", foram eleitos no dia 11 de outubro e devem assumir o cargo no final de novembro. A chapa ganhadora também se mostrou favorável a ação e assinaram o documento, se comprometendo a cumprir os pontos.

Confira as propostas elencadas pela Assembleia do dia 04 de outubro de 2012, pelos Centros Acadêmicos de Comunicação (CACOFF), Arquitetura (Cafca) e Design (CADUNESP), pelos projetos de extensão e-Colab, grupo PET, Web Jornal e CineShot e pelo Prof. Dr. José Xaides de Sampaio Alves, do Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo (em parecer enviado por escrito à pedido dos discentes).

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Vamô que “Vamô Vovó”

12 de outubro de 2012
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Por Pablo Marques

A banda “Vamô Vovó”, que venceu o Festival Interunesp MPB de Ilha Solteira desse ano, chegou com a banca de big band e botou todo mundo para dançar, pular e enlouquecer ao som da música “Balada Niilista Freudiana”. Nomes poucos usuais, composições bem humoradas e muita coisa legal para falar. Os caras dominaram a platéia e conquistaram os jurados. Guito Giordano, um dos vocalistas, representou a banda em uma entrevista para o Ecolab.

Como surgiu o nome da banda?
Nós começamos com o nome “Badtrip soul funk”. Foi com esse nome que a gente foi para Ilha pela primeira vez. A nossa música “Loucos Futebol” tinha um rife que parecia dizer “Vamo vovó”. Daí o Daniel Vajani começou a brincar de falar "vamo vovó" e resolvemos colocar esse nome.

Quantos integrantes a “Vamo Vovó” tem hoje?
A banda começou com 6 e hoje são 9 fixos e mais uns três são convidados às vezes. São amigos meus ou dos meninos, que chamamos quando a gente precisa de alguém pra cantar ou de um coro maior. No caso da apresentação de Ilha Solteira eu chamei três amigos que tocam comigo em outro projeto o “Clodô e os Afinadores de Pianos”. Juntamos todo mundo, já que eles também fizeram UNESP, e fomos para o festival.
Existe dificuldade de se locomover e de conseguir infra-estrutura?
A dificuldade é absurda, até para ensaiar. Normalmente ensaiamos pouco e sempre antes do show. Todo mundo sabe o repertório e cada um ensaia na sua casa. Para se locomover é pior ainda. Além do cachê para cada, tem passagem, alimentação e hospedagem. Por isso é difícil conseguir show fora de Assis, às vezes o cara não concorda em pagar tudo o que precisa.

A banda surgiu só para o festival Interunesp de MPB?
A banda surgiu o ano passado para o festival de ilha, mas ficou tão legal que resolvemos continuar. Tem dado certo e a galera gosta muito. A música é bem dançante não temos papas na língua, a gente fala o que quer, e até recita umas poesias.

Como chamam as músicas que foram apresentadas no festival em 2011?
Tinha uma que chamava “Chora Ariel Chora”, que era sobre cocaína. A outra era “Louco de Futebol”, que é sobre essa doidera que é o futebol. Deixa o pessoal pobre enquanto os jogadores milionários só crescem. Tem mais uma, da banda “Não tem Colírio”, chamada “Guerra de Lama”. Essa era uma música de protesto. Faz uma crítica aos políticos, senadores...

Mas vocês são uma banda de protesto ou que faz música de protesto?
Nossa música é inteira de diversão. Nossa idéia é deixar nosso público feliz. Mas dentro da gente já tem esse protesto, nós temos um pensamento político diferenciado e por isso a música de protesto faz parte. Aqui dentro da universidade a gente tenta fazer a nossa parte.



Além das bandas universitárias, como é a cena musical de Assis?
Aqui tem muitas bandas e compositores. O André Melo é um excelente compositor e é da época da Bossa Nova. No festival de Tarumã ele ganhou em primeiro lugar sozinho, sem banda nem nada. O cara é muito bom. O Conrado do sax tem uma banda de música regional do interior de São Paulo chamada “Shandala”. Eles ganharam o segundo lugar no festival de Tarumã. A “Clodô e os Afinadores de Piano” ficou em terceiro. Tem também o “CVOD” de hardcore. Assis revela muita gente. Tem o Clóvis da banda de MPB chamada “Gira Gerais”, hoje no Rio de Janeiro. Tem também o Tiago Loreano. Aqui a galera cresce porque tem muita gente boa, mas a universidade não abre espaço. A gente quase não foi para o Festival de Ilha Solteira por causa da burocracia que não permitia que membros da banda que não eram mais da faculdade fossem no ônibus. Sendo que eram ex-alunos, pagam impostos e deveriam ter o direito de viajar como qualquer um. Se não fosse alguns esquemas a gente não ia conseguir ir com a banda completa para o festival.

Quais são as referencias da banda? Muita gente falou no festival de ilha que a música “Balada Niilista Freudiana” parecia uma composição da banda “Móveis Coloniais de Acaju”.
Vieram falar para mim também, mas eu não conheço a banda. Eu estudo música desde criança e tenho influência de tudo, música clássica, regional, MPB... Eu ouço tudo e não escutei “Móveis Colônias de Acaju” porque não fui atrás ou não tive a oportunidade de alguém me mostrar. A “Vamo vovó” em si a primeira idéia era ser uma banda de funk, mas a gente gosta de bossa nova, samba rock, Caetano, Chico, Raul Seixas... Cada um trouxe alguma coisa.

Além do curioso nome da banda, o nome da música “Balada Niilista Freudiana” é intrigante. Como ela foi criada?
Essa música foi todo mundo junto em partes. A letra e o rife surgiu aqui na minha casa. Tava brincando com o violão e inventei a batida sem querer. Eu gostei do som porque achei meio torto, meio que um boleiro diferente. Falei para o Leo Afonso, que é letrista, que tinha inventado um rife, em quarenta minutos a música tava pronta. Botei a música na internet, depois de um tempo começou a crescer o número de visualizações e resolvi levar para banda. Falei com a  “Clodô e os Afinadores de Piano”, só esquecemos do baterista, mas não foi de propósito. Daí cada um fazia a sua parte do arranjo em casa, juntamos tudo e assim deu certo.

As músicas estão só na internet?
O CD tá sendo feito! Vamos lançar no ano que vem, mas não tem nenhuma data definida porque a gente pretende pirar em cima desse CD por muito tempo.  As nossas músicas costumam ser temáticas, contam uma história e são pautadas nos nossos dias. Todas as letras são vivenciadas.

O que você considera que é um diferencial da banda?
A espontaneidade e a diversão! A gente não liga para o que acontece, só se diverte. O nosso diferencial é não se preocupar com a vida dos outros, a gente vive a nossa e faz a vida dos outros mais divertidas.




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ATENTADO É O ESCAMBAU, AQUI A EXPLOSÃO É EM SEU OUVIDO

11 de outubro de 2012
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Por Jayme Rosica
Fotos por Thaís Farias

É 1, é 2, é 3....e a explosão!! Sexta-feira, Jack Music Pub, Projeto Homem Bomba subindo ao palco. BOOM sonoro!!

O primeiro show da banda após o lançamento oficial de seu EP que ocorreu no Teatro Municipal foi uma festa das boas. Portaria free para quem se inscreveu previamente e breja bem barata, ingredientes capazes de deixar qualquer rolê muito, mas muito interessante. A noite contou inclusive com a participação especial de Picolé, ex-integrante que mandava o famoso cavaco na banda.

Velha conhecida das festas de república bauruenses, os caras mandam muito bem na performance ao vivo, uma apresentação com técnica e entrosamento, que garantem uma fluidez sonora exemplar.

Eles mostram grande criatividade nas composições próprias e grandes sacadas nos covers encaixados no repertório, o que garante ao show uma sequência bem estruturada.

O som contagia, faz mexer os pés, o corpo, a cabeça...

O lançamento recente do EP: Consiencia Leve, só afirma o que qualquer um já sabia: esses caras tem qualidade e potencial para explosões cada vez maiores.

Assim esperamos, salve os homens bomba e a explosão de notas lançadas aos nosso ouvidos.


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Tem cal nesse samba

9 de outubro de 2012
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Por Keytyane Medeiros
Fotos: Arquivo Pessoal/Silo Sotil


Desde que li “O Cortiço” nada e nem ninguém me tira da cabeça que domingo é dia de samba. Mas samba mesmo, de raiz; com pandeiro, viola e gente dançando ao redor. E a cada dia é mais difícil ver essa cena, principalmente se você não mora nas proximidades do bairro de Anhangabaú em São Paulo, ou em Campinas. Explico: em São Paulo, o bairro central costuma receber vários artistas em seus barzinhos durante os fins de semana, um esquema parecido acontece na cidade do interior paulista.

Em Campinas, Casa Caiada é um desses grupos que alegra os fins de semana da cidade, mas para eles, se apresentar em casas de show nunca foi um apenas um hobbie. Sempre foi um trabalho, mas mais do que isso, o samba para eles é estilo de vida.

Silo Sotil, vocalista do Casa, conta que o grupo surgiu da necessidade de criar um grupo para a manutenção do projeto “Escuta o Cheiro” da prefeitura de Campinas. Deu tão certo que em outubro o grupo completa quatro anos. O nome curioso tem a ver com a identidade musical do grupo, que segundo eles mesmos, é “bastante crua e verdadeira”, na tentativa de diminuir a necessidade de retoques artificiais no trabalho final, tal qual os velhos sambas de roda.


O primeiro CD da banda, está recheado de arranjos tradicionais, mas em suas letras, o grupo destrói alguns estereótipos recorrentes no samba. Um exemplo disso é a canção Malandro Honesto. Apesar do trecho “sou dono de mim, faço o que quero, vou onde desejo, não tenho compromisso, nem levanto cedo. Só quando acaba a grana é que eu arranjo emprego”, a música narra a história de um homem que faz o que quer, mas não precisa sacanear ninguém para isso, paga suas dívidas e cumpre o que promete, mas o seu único defeito é gostar da vida.

Outra canção anti-estereótipos é Fora de sim, já que além de culpar a moça por não ser mais capaz de amar, a personagem da música toma uma decisão contrária à que muitos sambistas e sertanejos normalmente tomam, se recusando a tentar uma reconciliação.

Silo diz que detesta estereótipos, “já se foi o tempo em que ser malandro, ficar dando golpe em gente honesta, ou gastar tudo em cachaça (não que eu não gaste um pouco...). Acho que a importância de se compor é justamente a oportunidade de recriar, retratar o momento.”. Para ele, a realidade social do Brasil é diferente da época dos grandes compositores brasileiros, como Cartola, Noel Rosa ou Wilson Batista e isso acaba influenciando a composição das músicas e das ideias passadas através delas. “O malandro honesto é o típico exemplo de um retrato de um cara que não gosta de fazer o que não gosta, mas nem por isso precisa roubar ou extorquir.”

A banda passou por várias alterações ao longo de sua existência, mas influência do samba de roda, samba clássico nunca saiu de cena na vida dos artistas do Casa Caiada. Artistas como Nelson Cavaquinho, Mestre Candeia, João Nogueira e músicas de roda compõem o repertório cultural do grupo. Silo ainda reforça a autonomia criativa da turma de Campinas, “é fundamental que se conheça samba para se fazer samba, mas não precisamos necessariamente repetir um monte de coisa que já foi dita.”.

Certos que de “nossa realidade política nos roubou muito dinheiro e romantismo”, o Casa Caiada traz para a nossa vida hiperconectada, fechada em paredes do quarto e à base do ar-condicinado, toda a leveza das rodas de samba não-televisionadas. 


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