Foi num SampaPé (sob garoa) e muitas estações de trêm e metrô depois que chegamos até o Capão Redondo pro 6º dia de Preliminares - festival que ocupa diferentes regiões de São Paulo levando em sua programação atividades e debates sobre comunicação e cultura. Entre a experiência de olhar pra cidade, proposta pelo Grupo SampaPé, e entre a de estar em um grupo de quase 40 pessoas no percurso Casa Fora do Eixo São Paulo até a Agência Solano Trindade, coube sair pela cidade para conhecer novos espaços dentro dela, procurando debater uma outra forma de comunicação que se fizesse um retrato mais fiel.
A Agência Popular Solano Trindade propõe ações culturais na Zona Sul de São Paulo e o fomento da economia criativa (a entidade tem sua moeda complementar, intitulada “solano”), com o objetivo de viabilizar a cadeia produtiva artística da região.
Pra isso, é importante, segundo Raphael, da Solano Trindade, trazer as lutas populares pra pauta do dia a dia e organizar a comunidade. “Porque a gente acredita que só vai conseguir mudar as coisas de fato quando estiver decidindo também e não sendo apenas coadjuvante dessas decisões”, expõe. O intuito é a contrução de uma nova sociedade em que não se discuta só a partir do que é dito por segundos ou terceiros, mas de uma sociedade que reflita, tenha voz e seja ouvida.
Faltando espaço pro diálogo nas mídias tradicionais, cada vez mais grupos tem se utilizado da comunicação comunitária para potencializar ações como às da Agência Solano para expor narrativas das realidades.
Na construção desse cenário de mídias independentes e de comunicação comunitária, mostra-se importante agregar valores em suas mudanças e se utilizar da arte como instrumento político para abrir caminhos e transformar. “A comunicação de hoje não constrói valores. Ela adestra pessoas”, coloca Raphael.
Entre os debates levantados, foi colocado pensar não só projetos sociais, mas projetos pra sociedade pensando na formação das novas gerações e ajudar também as comunidades a se articularem com pequenas ações para a construção de uma vida digna dentro da sociedade, trabalhando suas conquistas diárias.
E como falar de igual pra igual numa sociedade tão díspare? “A gente tem várias semelhanças, várias diferenças e o que a gente consegue através de conversas como essas é propor campos de potencialialização de troca em cima das somas das diferenças e não do afastamento delas”, comenta Filipe Peçanha, midialivrista do Fora do Eixo.
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