Sociedade civil organiza evento em favor da Cidadania no Geisel

29 de junho de 2012
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Domingo, dia 1º de Julho, é o Dia da Cidadania. E para comemorar a data, o grupo Conexão Cidadã organiza a segunda edição do Consciência Sem Limites, em um espaço aberto de troca de ideias, artes, cultura, saúde e informação. A primeira edição do evento aconteceu no dia cinco de maio, no Parque Vitória Régia. 

O Consciência Sem Limites é um projeto idealizado por um grupo de moradores de Bauru que visa realizar mensalmente eventos públicos e gratuitos, em diferentes bairros da cidade. O grupo, da sociedade civil, se reúne semanalmente, em diferentes horários e lugares. Para saber mais sobre as reuniões e as ações do Conexão Cidadã, o contato com o grupo pode ser feito pelo e-mail lucas_ezias@hotmail.com ou pela página do Conexão Cidadã no Facebook. 

Os interessados em participar do evento no Geisel, com oficinas, apresentações, performances, exposições, entre outros, é só entrar em contato pelo e-mail acima. 

O Grupo Conexão Cidadã convida a todos para participar do Consciência Sem Limites no Bosque do Geisel, lembrando que o evento é gratuito, apartidário e de participação. O evento acontece no domingo (1º), das 14h às 18h, no Bosque do Geisel, que fica na esquina da Rua Hélio Caçador com a Rua José Pires de Camargo, no Bairro do Geisel, em Bauru. 

Programação: 

14h: Yôga - Marina Engler
14h50: Música
15h10: Oficinas
- Instrumentos Musicais de Bambu - Grupo Taquara (www.facebook.com/bambutaquara)
- Tijolos de Adobe - Coletivo AgaVinte (http://www.facebook.com/agavinte)
- Pão Indiano (Chapati) - Ana Laura
- Som de Fundo - DJ Renato Crisóstomo
16h30: Palestra VOTO CONSCIENTE, com Luciano Olavo da Silva – BATRA (Bauru Transparente)
17h50 Encerramento
Durante o evento: Assistência técnica gratuita para a regularização de imóveis - Instituto Soma

OBS: As atividades acontecerão pontualmente.

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Independência ou Morte?

28 de junho de 2012
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Fotos por Inara Dumbra

“Uma coisa que eu não entendo é a produção independente. Independente de quê? De quem?”

Quatro produtores de cinema se encontraram ontem para discutir as novas perspectivas sobre o audiovisual na região. É, claro que cada integrante tem a sua peculiaridade (professor universitário, músico, descrente de uma indústria independente ou viajante experiente do audiovisual), mas Hunfrey Borges, Juliano Parreira, Jeff Telles e Marcio Jocovani tem uma coisa em comum: todos eles prezam pelo incentivo da produção audiovisual - comercial ou não.

“Aqui nas escolas, o vídeo é trancado a cadeados, é essa a nossa realidade”, contestou Jocovani quanto ao esforço e incentivo real da educação ao audiovisual que se restringe a vislumbrar as grandes produções. “A gente tinha esse mesmo papo na música. Cenário pós-dominação de outro país”, exemplificou Sergio, de uma cena que foi ocupando espaço, investindo em seus artistas, incentivando a produção, batalhando público e que tem se fortalecido cada dia mais no Brasil.

E com as possibilidades que os avanços tecnológicos democratizam, é preciso usar a criatividade para manter os produtores incentivados a produzir e tentar estimular o público nessa formação. “Não tem o ‘Quanto Vale o Show?’”, questiona Juliano sobre o projeto do Fora do Eixo em que o público avalia o show e dá uma doação de acordo com o que achou do show. “E por que não criar o ‘Quanto Vale o Filme?’ O que são 2 reais pra um filme que te tocou? Você tá saindo diferente daquela sala...”.

A primeira edição da SEDA Rio Preto começou ontem e segue com a sua programação até sábado, contando com mesas, debates, sessões, música e oficinas, confira mais no site do Timbre Coletivo.


Esta matéria foi publicada originalmente no site do Timbre Coletivo.
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Marcha das Vadias em Bauru: Fotos e relato

27 de junho de 2012
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No último sábado foi promovida a primeira Marcha das Vadias em Bauru. Homens, mulheres, negra, branca, gordinha e magrinha... todos eram vadias para gritar por respeito à mulher. Confira como foi:

Texto de Luca Willians
Fotos de Ana Carolina de Martini
































Com um nome que choca, a “Marcha das Vadias” chegou a Bauru no último sábado (23) e reuniu cerca de 50 pessoas em frente a câmara dos vereadores no centro da cidade. A concentração começou por volta das 13 horas e pouco a pouco foram chegando mais pessoas, o número de manifestantes não atingiu os mais de 700 esperados (como foi confirmado no facebook) mas a marcha seguiu da mesma forma.

O protesto tinha inicio marcado para às 13:00 mas até às 14:30 não tinha começado, isso porque os organizadores esperavam a polícia militar que faria a segurança da movimentação, foi cogitada a hipótese de boicote por parte das autoridades e a organização decidiu seguir sem os policiais.
A manifestação encontra bastante dificuldade para ser compreendida porque fala sobre um assunto tabu e defende uma minoria fragilizada e oprimida, além do fato de que o nome é forte e assusta a primeira vista. 

A “Marcha das Vadias”, originalmente “Slut Walk”, nasceu no Canadá em uma palestra quando questionado sobre os casos de violência sexual em Toronto, um policial disse que “Se as mulheres parassem de se vestir como vadias, talvez os estupros diminuíssem”. Revoltadas, mulheres foram às ruas para demonstrar indignação e reivindicar o direito de se vestirem do modo que quisessem sem sofrer nenhum tipo de represália. Desde então protestos deste tipo têm acontecido em diversas partes do mundo.

Em Bauru, a marcha levantou bandeira contra todo tipo de preconceito e opressão, como machismo, racismo e homofobia. Os 50 manifestantes compostos por homens e mulheres com idade média de 20 anos, andaram da câmara dos vereadores até o parque vitória régia com cartazes, panfletos e gritando palavras de ordem como “Se ser livre, é ser vadia, somos vadias todo dia” entre outras, que pediam respeito às mulheres.

Ao chegar no fim da manifestação, os participantes assistiram uma apresentação de Street Dance, que depois se estendeu a todos, formando uma confraternização e logo em seguida o público (vadias e civis) começou a dispersar com suas lingeries à mostra andando pela Nações Unidas misturando-se à realidade que tanto clama por liberdade e respeito pela mulher.




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Pé na Estrada

26 de junho de 2012
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São José do Rio Preto, 26 de Junho de 2012. 

A primeira Semana do Audiovisual - SEDA começou ontem em Rio Preto e segue até sábado, com uma programação que inclui mesas, debates, sessões, música e oficinas de Fotografia, Fanzine e Arte Marginal, Roteiro, Efeito Matrix, Grafitti Musgo, Stencil e Cobertura Colaborativa (!), oficina ministrada pela nossa colaboradora Laís Semis. O Jornal Diário da Região passou ontem na Sede do Timbre, Coletivo local, pra um bate-papo! Se liga:


Semana do Audiovisual conta com oficinas e apresentações

Por Vivian Lima

A cena audiovisual ocupa, nesta semana, oito pontos de Rio Preto. O motivo é a Seda - Semana do Audiovisual 2012, festival integrado de cinema realizado pelo Circuito Fora do Eixo. 

O evento acontece em diferentes regiões do País, mas chega a Rio Preto pela primeira vez este ano, realizado pelo Timbre Coletivo, grupo local que se dedica à produção cultural. 

Fabio Mouawad Luppi e Laís Semis estão 
envolvidos no projeto que coloca o audiovisual em foco 
O lançamento da Seda ocorreu ontem, mas a extensa programação do festival segue até sábado, dia 30 de junho. É possível participar de oficinas, mostras de produções cinematográficas e debates. Parte da grade também pode ser acompanhada pela internet, pela #PósTV. 

As discussões sobre o audiovisual ganham reforço associadas a outros temas e atrações de áreas como música e teatro. As atividades da Seda são gratuitas. A exceção é a festa de encerramento do festival, dedicada à música eletrônica, marcada para sábado. 

As atrações serão Tigre Dente de Sabre, Félix, Old Tree e Flex B. Para se inscrever nas oficinas, basta acessar timbrecoletivo.org/seda.

Outras casas

Ainda abrigam as atrações da Seda a União das Faculdades dos Grandes Lagos (Unilago), a livraria Empório Cultural, a sede do Timbre Coletivo, o Cursinho Alternativo, o Centro Cultural Vasco, a sede da companhia Fábrica de Sonhos e a Praça Dom José Marcondes, no centro da cidade. “Viemos com a proposta de ocupar vários lugares. Serão oito em seis dias de festival”, diz Fabio Mouawad Luppi, um dos integrantes do Timbre Coletivo. 

Entre os objetivos da Seda estão o estímulo à produção audiovisual local e o favorecimento da circulação de obras e profissionais do setor. “Favorece a cena local pela junção dos idealizadores e produtores, mostra e alavanca o trabalho dos profissionais de Rio Preto e região e incentiva o pessoal a produzir”, afirma Luppi. 

O integrante do Timbre Coletivo diz que a atenção à cena audiovisual local também aparece na escolha dos oficineiros. “Somente dois oficineiros são de fora: Laís Semis, de Bauru, e Célio Issao, de Sorocaba.” Laís Semis, 20 anos, é estudante de jornalismo na Universidade Estadual Paulista (Unesp) e gestora de cobertura do portal E-colab. Ela participa da Seda ministrando, hoje, oficina de cobertura colaborativa. 

A atividade vai abordar o planejamento que uma cobertura dessa natureza exige, assim como as mídias sociais e outras ferramentas da internet podem ser utilizadas no trabalho de registro e divulgação de eventos culturais. 
A intenção é que os participantes da oficina, além de aprenderem sobre cobertura colaborativa, possam contribuir já na primeira edição da Seda em Rio Preto. “A cobertura colaborativa se desprende de algumas amarras. Capta o evento de diferentes formas, com liguagens que se complementam, com vídeos mais poéticos”, explica Laís. A Seda também inicia hoje a oficina de fanzine e arte marginal com o escritor Kleber Felix, 27 anos. A atividade terá continuidade amanhã e quinta-feira. Além da parte teórica, com conceitos sobre esse tipo de produção, os participantes irão criar um fanzine em conjunto. 

A palavra fanzine é a junção de “fanatic” e “magazine”. Trata-se de uma publicação independente que, apesar de ser bastante lembrada por sua relação com questões referentes a história em quadrinhos, pode envolver diversos temas. Os trabalhos de Felix, por exemplo, têm relação com a literatura. Ele dedica-se à ficção, escreve contos, romances e peças. 

Parte de sua produção, Felix vende à noite, em bares. Para ele, o festival Seda permite que as pessoas entrem em contato direto com as publicações independentes. “É importante para estar mais próximo do tema e não vê-lo só na TV e internet.” 


Serviço 


Informações adicionais em timbrecoletivo.org/seda
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Entrevista Siba: A reconstrução de um artista

25 de junho de 2012
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Por Felipe Vaitsman
Fotos: Amanda Melo

Quando abordei Siba Veloso em sua saída do palco na área de convivência do Sesc Bauru, ele me pediu educadamente para que eu esperasse todos os fãs serem atendidos. Com seu sorriso tímido, distribuiu abraços, autógrafos e simpatia. Foram minutos até que ele se dirigisse a mim. Tinha em mente algumas perguntas e, para descontrair, pretendia chamá-lo de mestre (alcunha dada àqueles que duelam nas sambadas da Zona da Mata). Assim, elevaria o homem ao seu devido posto e me colocaria em meu devido lugar: o de súdito.

Uma pena que o nervosismo deste jovem jornalista tenha feito a “ambientação” ruir. Frente a frente com o artista, só pensei em não tomar muito do seu tempo e saber um pouco mais sobre Avante, seu primeiro disco solo.

O que eu pude observar ouvindo Avante foi uma inovação. Você fez uma coisa diferente do que tinha feito com Mestre Ambrósio e com a Fuloresta, mas sem perder suas características. Esse primeiro trabalho solo é uma desconstrução ou uma reconstrução do Siba?

É um pouco das duas coisas, na verdade. Eu tive que passar por um processo de fragmentação grande, tanto de vida, quanto da concepção do que eu sou como artista. Então tem uma coisa de desconstrução que a vida me forçou. E a partir da desconstrução eu tentei reconstruir uma coisa que fosse coerente comigo mesmo. Por isso é um trabalho que tem menos apego a um formato específico, que por tantos anos eu exercitei e tal. Eu precisava juntar mais elementos da minha formação, da minha história. Tem a desconstrução e tem a reconstrução também, mas, ao mesmo tempo, é a mesma coisa que eu estava fazendo antes: um trabalho baseado na rima. Então no fim, na verdade, o processo foi o mesmo. Teve uma coisa de desconstrução do lado musical e da busca de um novo jeito de escrever, mas no fim das contas o trabalho é o mesmo. É uma reconstrução, um texto que tem um formato musical, que pode ser esse ou pode ser outro.

E a parceria com o [Fernando] Catatau (produtor do disco)? O que ele trouxe das influências dele, das ideias dele? Como isso contribuiu no processo de montagem de Avante?

Na verdade, Catatau foi um interlocutor da minha volta pra guitarra, porque foi um caminho longo pra mim, difícil. Eu tive que me reapropriar de uma cultura de guitarra que eu não tinha mais, porque estava há muito tempo afastado. E ele me ajudou a encurtar o caminho, até por termos uma mesma referência original, gostar da mesma coisa. O ponto de partida é parecido, das sonoridades que a gente gosta. E a partir daí ele foi o cara que ajudou na volta da guitarra, como ajudou a amalgamar o encontro musical, a banda, o que foi feito muito em cima do disco e tal. O processo foi muito solitário. A parte das influências dele foi mais na sonoridade, porque o trabalho musical de concepção foi muito meu mesmo. E a gente tem em comum esse gosto por uma guitarra mais direta, uma guitarra mais crua, mais visceral. Esse tipo de sonoridade tem muito a ver com o maracatu: uma sonoridade direta, cortante, que vem muito da minha escola também. Então a gente tinha isso em comum.

Eu sinto que você usa muito da rabeca na guitarra, na hora de fazer as linhas melódicas. Não sei se é proposital ou se é uma influência que nem percebe. Queria que você comentasse sobre isso, se tem a ver, se não tem.

Não conscientemente. O que tem é que, tanto na guitarra, na rabeca, na viola e em muita música que eu ouço, os instrumentos de corda estão em função da voz. É a coisa de uma harmonia mais direta e de um tipo de jogada de contraponto que eu aprendi muito com a música africana, mas que também tá na música tradicional do Brasil, a música rural, popular. Então tem mais a ver com isso. A rabeca entra num veio muito maior, de um tipo de música que me agrada e que eu sempre pratiquei. Então, claro, vai ter a ver. Minha guitarra tem a ver com a minha rabeca, mas não é exatamente uma influência da rabeca, é a influência de um tipo de jeito de olhar a música que tá em comum.

A capa do disco é uma foto sua com o seu filho e uma guitarra e o nome do disco é Avante. Como você relaciona isso com esse momento da sua vida, musicalmente, e também pessoalmente?

Acho que as coisas estão ligadas. Avante é muito aquela letra ali, que reflete todo o processo de elaboração desse disco, que foi muito sofrido. Porque não foi só um disco, foi a reelaboração de uma pessoa, de um artista também, tudo muito junto. E aí, Avante, aquela letra diz muito do momento em que eu começo a juntar as partes e reencontrar a força motriz de criação, principalmente da poesia, a força que possibilita mover, andar, ir adiante e tal. Então, tem mais a ver com isso, de conseguir se mover novamente. Ao mesmo tempo que tem muito da presença do meu filho no disco inteiro. Um filho é uma continuidade sua. Aquela guitarra foi meu pai que me deu, a primeira guitarra que eu tive. Tem essa coisa da continuidade, de você se ver seguindo mesmo não estando mais vivo um dia, num filho. Tem muito a ver com a energia do disco num todo também. A presença de meu filho tá em tudo ali.

O que você diria pra quem nunca ouviu Avante?

Ah, procura (risos)! Escuta pela internet, vai lá. Se gostar, baixa inteiro, se gostar mais ainda, compra o disco.




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Siba e a “Qasida”

23 de junho de 2012
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Siba (guitarra e voz), Thiago Babalu (bateria), Leandro Gervázio (Tuba) e Antonio Loureiro (teclado)
Por Felipe Vaitsman 
Fotos: Amanda Melo

Caminhei sob a tímida chuva que esmorecia a noite. Eram quase nove, mas aquela quarta-feira sequer amanhecera. Arrastava-se, tal como eu, implorando pelo dia seguinte. Seguíamos em “passo tonto”, sem muito rumo. Mas pelo caminho certo, talvez sem saber. Chegamos em boa hora e esperamos para que Mestre Siba nos concedesse orientação: “Avante”. 

Seguimos com notas que se desprenderam, no contratempo. O cenário se desconcertava. “Não vejo nada que não tenha desabado”. Mas talvez haja luz, cor e até um céu atrás das nuvens. Siba, tímido tal qual a chuva, dialogava com a guitarra em poesia rimada. Falava solando, respondia cantando. Repentista das cordas, maestro das palavras. Tirou da gaveta a reinvenção, seguiu adiante. Avante, Mestre. 


E deu passos atrás de compassos, buscando “desfazer o que fez, certo ou errado”. Cantou seu mundo, sua vida: amor e agonia, “bravura e brilho”. É cria da própria cria, da “Fuloresta”, de Ambrósio e do próprio Siba. Carrega nas letras uma vida inteira e descarrega em melodia. “Desfeita a trava dos dentes, a boca escancara e canta. O rosto inteiro estremece. Em vez de sorrir, se espanta”. 

Não éramos muitos. O Mestre e seus discípulos convidavam todos a dançar. Havia espaço para o frevo, para a “bagaceira” e para a ciranda, mas poucos preparavam o salto. Siba já estivera ali em outras ocasiões e sorria com os olhos. Era como se não existisse mais nada, apenas uma relação íntima com a música. E cada um naquela sala pôde se esquecer da chuva. 

Do Recife, da rabeca, da mistura vívida de ritmos. De Nazaré da Mata, do maracatu, do repente. Do carnaval, da guitarra e da “brisa”. Siba é síntese: o todo da parte, a parte pelo todo. E ofereceu caminhos diferentes para cada um. Encontraram-se todo no mesmo fim. 

Partiu o Mestre, abandonando a morosa quarta-feira. 

Qasida é um gênero poético árabe e nome de uma das canções de Avante.

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Canjicas guatemaltecas

19 de junho de 2012
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Sobre cachaça, saudades e uma câmera; da América Central para o Brasil

Passando por Taquaritinga, São Paulo, São Carlos e Sorocaba, eles chegaram à Bauru numa Kombi - os cinco integrantes da banda guatemalteca Woodser, um “motorista”, um ténico de som e um fotógrafo. Eles estavam estusiasmados com a primeira turnê internacional. Trouxeram entre as coisas pessoais, bolsinhas, pulseiras e bolinhas de malabares estilizadas e dois CDs pra comercializar nos shows. 

Na mão, de cidade em cidade, um dos meninos leva uma câmera e vai filmando algumas passagens da viagem (sempre mais longa do que deveria por contarem com uma Kombi na estrada). Depois da última data no Brasil, a Woodser tem um show marcado num teatro, o show que vai fechar as captações de imagens na intenção de se fazer um vídeo sobre toda a viagem.

Foto por Tayguara Almeida


Bauru é uma cidade encantada, onde até as linhas de ônibus dizem “Sem Limites”. Os meninos chegaram a me confessar alguns dias mais tarde que foi a cidade que eles mais gostaram de ter tocado no Brasil. A ocasião era uma das noites de lançamento do Festival Canja, que acontece de 27 de agosto a 2 de setembro.

Uma dessas noites que se fazem provar a universalidade da música: um público brasileiro, uma banda guatemalteca e músicas em inglês. Num som leve, convidativo, a casa inteira se viu balançando.

As bandas trocaram CDs e foram bater um papo meio em português, meio em espanhol e meio em palavras inventadas numa língua que imaginavam existir. A convite do Vivendo do Ócio, o Woodser subiu no palco do Jack para experimentar cachaça nessa noite em que o rock baiano encontrou o guatemalteco. Era preciso segurar a dançaria que o Woodser havia espalhado pelos corpos elétricos do Jack.

O som não ajudou muito a Vivendo do Ócio, mas, nitidamente, a casa estava cheia de fãs empolgadíssimos e, contra qualquer coisa, a energia estava fervendo no palco.

A visita anterior do VDO a Bauru foi no SESC em 2010, em turnê do seu primeiro álbum de estúdio, o “Nem Sempre Tão Normal”, lançado em 2009, sucessor da demo de estréia “Teorias de Amor Moderno”. De lá pra cá, eles ganharam dois anos categorias diferentes do Bahia de Todos os Rocks, o Aposta MTV, lançaram mais um disco e mudaram pra São Paulo. E deu saudades da Bahia. 

Por Tayguara Almeida
“Nostalgia” deu um outro tom ao show. 

Eu só queria tomar um vento na cara...
me deu saudade da Bahia.
Eu só queria passar um tempo lá em casa,
me deu saudade da Bahia...

O mesmo que o novo CD leva, um ar de sobriedade de quem amadureceu nessa nova jornada firmada por “O Pensamento é Um Ímã”, um disco mais sereno e forte. “O mais clichê” é uma faixa especial, além da sonoridade diferente do que o Vivendo do Ócio costuma produzir, ela conta com o baixo do ex- Novo Baiano, Dadi.

e-Colab entrevistando Santi, da Woodser
e os meninos da Vivendo do Ócio. Por Tayguara.
Cover dos Titãs e uma câmera de canto na missão de transmitir ao vivo a noite inteira que se fazia de pré-Canja. Lá fora, na noite vazia, só sobraram uma van e uma Kombi, que seguiria com a Woodser para Rio Preto, dando continuidade a turnê dos guatemaltecos pelo Brasil. E à espera da próxima cidade, ouço David Lemus, vocalista da Woodser cantarolando "Aquarela do Brasil" ("Brasil, meu Brasil brasileiro..."), de João Gilberto, uma das influências da banda.



E hoje a Woodser partiu para o Rio de Janeiro fazer seu último show pelo país!

Paradinha em São Paulo e prontos pra seguir pro Rio!

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Era uma vez... Comadre Fulozinha

18 de junho de 2012
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Por Luana Rodriguez

Divulgação
Reza a lenda que Comadre Fulozinha é um ente mitológico, que vive na floresta e esta sempre pronta pra defender o meio ambiente. Reza a lenda pernambucana também que ela é uma guardiã da mata e que desaparece sem deixar rastros. 

Lendas e crendices a parte, Comadre Fulozinha é também uma banda. Formada essencialmente por mulheres, o grupo, pernambucano (como a lenda), tem em sua raiz a música nordestina e mistura ritmos como coco, baião e ciranda. As moças que saíram do nordeste para o mundo (já foram pra Canadá, EUA, Bélgica, Suíça e França,) tocam instrumentos como bombo, zabumba, congas, djembê, ilú, saxofone, cavaquinho, violão e rabeca. 

Formada no ano de 1997, a banda já lançou dois CD’s, o primeiro, em 1999, com o nome da própria banda, e o segundo, em 2003, chamado "Tocar na Banda". 



Além disso, as meninas já participaram da trilha sonora da peça “Os Sertões”, dirigida por Zé Celso, no Teatro oficina, e se apresentaram no Fórum Social Mundial de 2003. 

A música das meninas, pode não agradar a todos os tipos de públicos, mas quem agrada? O interessante é notar que o som delas mostra, claramente, a influência nordestina e, talvez por isso mesmo, mostra personalidade. 

Pode ser mesmo que o nome da banda tenha sido influenciado pelas histórias regionais, mas Comadre Fulozinha mostra que a região Nordeste está mais forte do que nunca, e que suas músicas são muito mais do que folclores e lenda.

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BNegão & os Seletores de Frequência: um dos melhores shows do Brasil

15 de junho de 2012
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Por Renan Simão
Fotos: Paulo Soucheff

Se você preferiu ficar em casa para ver o jogo da TV (Corinthians x Santos, vocês sabem) em vez de ir ao SESC Bauru ver BNegão & os Seletores de Frequência, sinto dizer que perdeu um show inédito e um dos melhores da atualidade. Inédito, pois foi o primeiro da turnê do novo disco Sintoniza Lá  (trabalho de 2012 que demorou quase nove anos para sair) e uma das melhores apresentações do País por ter um setlist de dois ótimos discos, juntar na mesma ambiência, funk, soul, música afro-brasileira e crítica social em 1h40 de show e, o principal, fazer dançar.

Eu cheguei na segunda ou terceira música (atraso feito pelo pão integral com guacamole, longa história), e a famosa “Funk até o caroço” já estava tocando. O ginásio do Sesc estava com lotação média. Acho até melhor, quem estava lá não tinha que se abarrotar para conseguir um lugar para curtir. Todo mundo era área vip de um show foda, mais ou menos assim.

Ao lado de Bernardo dos Santos, o BNegão, os Seletores de Frequência são: Robson Silva (bateria), Fabiano Moreno (guitarra) e Fábio Kalunga (baixo), Pedro Selector (trompete) e Marco Serra Grande (trombone). E olhando bem, apesar de ser um power trio com metais, o grupo consegue passar por uma grande gama de estilos (dub, ragga, soul, hardcore, funk, afro, samba) e ainda mostrar unidade. A formação do show em Bauru ganha por orgânica, sem base eletrônica e efeitos como no Enxugando Gelo. Um verdadeiro soundsystem sem sintetizador, tudo na unha.

O setlist mesclou o clássico primeiro disco da banda, Enxugando Gelo (2003), e Sintoniza Lá (2012) que saiu semanas atrás, dividindo o show em atmosferas musicais. Mais suingado no início com “Prioridades”, o ragga cheio de rimas existenciais, “Reação (Panela II)”, ragga genuíno e “Enxugando Gelo” um rap arrastado. “Dorobo”, feito com Sabotage em 2003 é o que destoa do bloco pela rapidez e força da rima.

“Proceder/Caminhar”, “Vamô” combinam com a ótima “V.V”, música sobre karma, quando a guitarra de Fabiano Moreno dá lugar ao cavaquinho e Pedro Selector, trompetista, assume a guitarra para acrescenta a gafieira ao rap e ao funk característicos da banda. 

O hardcore tem seu lugar nas influências da banda e também no show. “Qual é o Seu Nome” e “Subconsciente” fizeram uns malucos baterem a cabeça por alguns minutos de felicidade lembrando de Bad Brains. Daí pra frente o funk e o afro abriram a pista de dança. “O Processo” groove até o talo com uma linha de baixo irresistível contrasta com “Essa é Pra Tocar no Baile”, que confirma a sugestão do nome. E “Bass no Tambô” fecha o mini-set, emblemática música que dá o tom do novo álbum: um groove num caminho para África. 

Para os que não conheciam as novas músicas (que já estão disponibilizadas no site da banda), o show ainda foi repleto de homenagens a influências da banda. Lee Perry (“Out of Space”), Jorge Ben (“Hermes Trismegisto Escreveu”), Speed, da primeira formação do Planet Hemp (“Stab”), Skank (o do Planet) (“Legalize Já”), Beastie Boys, lembrando da morte de MCA (“Shazam”), Chico Science (“A Praieira”) e Sabotage com duas: “Um Bom Lugar” e “Mun Rá”. 

Para finalizar, a também clássica “Dança do Patinho” concluiu um show que deixa o gosto de ser um dos melhores do País. Essa premissa tem um caminho fácil para argumentação: a soma de músicas de um disco clássico com outro pronto para ser tachado como um, faz um setlist poderoso. Tudo isso dentro de uma atmosfera de diversos estilos que tem versatilidade para experimentar (e fazer dançar) sem deixar a bola cair, rimar, ser relevante criticamente (e fazer dançar) e carimbar clássicos e versões com um claro objetivo: fazer cantar e dançar. 

Se você preferiu ver o jogão de quarta, azar, perdeu um showzaço.




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Samba, Parcerias e Música

13 de junho de 2012
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Por Luís Morais

Existem artistas não tão conhecidos no cenário musical brasileiro, mas já muito reconhecidos. Um desses é Max Viana. Para quem é do ramo musical, trabalha no meio e tudo mais, conhece o cara como um bom guitarrista e compositor. Quem não é, no máximo o vê como filho do Djavan.

E o lançamento do seu álbum “Um Quadro de Nós Dois” em novembro do ano passado é um exemplo claro disso. Mesmo praticamente 7 meses depois, Max Viana está divulgando seu disco e vive com uma agenda lotada. E em meio a alguns trabalhos que faço, tive que entrevistá-lo.

Uma rápida conversa por telefone, sobre o disco e suas parcerias. E não hesito em destacar “Contumaz”, faixa 4 do álbum. A letra é distinta do restante, e foi escrita em conjunto com Jay Vaquer. A origem do nome até o próprio Max não sabia explicar – mas destacou que não é “Conto Max”, como algumas publicações fizeram mundo afora. Depois disse que era de origem latim.



Mas se você está afim de apreciar um bom samba, prato cheio com “É Hora de Fazer Verão”, letra em parceria com Arlindo Cruz e uma participação especial de Alcione nos vocais.



O CD é bom, mas você precisa ser acostumado ao estilo. Quem gosta de MPB e samba, certamente vai ouvir essas duas canções e mais o resto do disco – tem uma música de Guilherme Arantes, um dos “melhores compositores desse país” segundo o próprio Max Viana.

A musicalidade do guitarrista até tem pouco a ver com Djavan, mas não muito, até as letras não são viajadas (como pérolas a lá “Lilás”). Prepare-se para a rodinha de samba quando ouvir “Um Quadro de Nós Dois” (o disco em geral, não a faixa título).

Enfim, é um trabalho com muita gente boa produzindo e colaborando, sambistas que já tem nome conhecido na boca do povo. Quase que por obrigação, o disco é bem feito.

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Música para batucar

12 de junho de 2012
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Por Pablo Marques

Frequentemente encontrada nos “palcos” das repúblicas bauruenses e nos festivais de música independente, a banda Projeto Homem Bomba já é conhecida e reconhecida pelo som que fazem desde 2010 em Bauru. Formada pelos antigos integrantes da banda Samba Tereza, eles estão em alta fazendo musica de qualidade. É impossível escutar o som dos caras e não batucar ou ensaiar uns passinhos, mesmo se você ainda não conhece as letras das músicas de cor.

Divulgação


Recentemente eles lançaram o EP “Consciência Tranquila”, com cinco músicas (“O samba não morre”. “Homem de lama”, “Pôr do sol”, “América” e “Vai dizer”). Nas composições fica fácil perceber a influência do soul, do funk, do samba rock e do mangue-beat. A percussão, o saxofone e o cavaquinho dão o diferencial das demais bandas universitárias e dão a identidade do EP.

Os sete integrantes tem um bom entrosamento, por serem amigos, o que é perceptível nas apresentações e nas composições. As músicas são gostosas de ouvir e difíceis de serem classificadas. É fácil perceber as influências musicais nas composições. Quando a música começa, a Homem Bomba gera a expectativa por um som do Tim Maia, do Jorge bem ou do Nação Zumbi. Se você já conhece a banda das festas da unesp ou se você nunca ouviu falar deles, mas está afim de algo novo e bom vale a pena conferir, a produção de qualidade ajuda na apreciação do swing da Projeto Homem Bomba. O EP está disponível para baixar no site deles.

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Rap Sofisticado

9 de junho de 2012
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Por Pablo Marques 

Foto por Alexandre Kaldera


BNegão no Grito Rock Rio Preto 2012
O carioca Bernando dos Santos, mais conhecido como BNegão, já fez história no hip hop nacional como um dos vocalistas da polêmica banda Planet Hemp. Após cantar com Black Alien, Marcelo D2, Sabotagem e anos de composições baseadas na legalização da maconha, críticas aos políticos e a sociedade burguesa, o músico iniciou o projeto B Negão & Os Seletores de frequência em 2001, mesmo ano em que o Planet Hemp acabou. 

As músicas perderam o caráter de levantar a bandeira da legalização das drogas e as criticas sociais ocuparam quase que completamente esse lugar. As letras ainda são ácidas como nos velhos tempos, mas o foco agora é outro. O rap tradicional ganhou bases de dub, funk, hardcore e jazz. 

O primeiro CD solo, “Enxugando Gelo”, veio para consolidar mais ainda a carreira do músico. O vocal, já característico, de BNegão, com a banda e o DJ lembram um pouco o Planet Hemp, mas consegue ser muito diferente. A qualidade do som está bem melhor e os metais dão um ar mais sofisticado para o trabalho. 

Após um longo intervalo, entre o primeiro e o segundo trabalho, e algumas turnês nacionais e internacionais BNegão & Os Seletores de Frequência, lançaram recentemente, o álbum “Sintoniza lá” que não deixam a desejar nem da época do Planet Hemp nem do último trabalho.

BNegão e os Seletores de Frequência marcam presença no SESC Bauru na próxima quarta-feria (14), às 21h, no Pré-Canja 2012.


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Terra Celta amanhã no Sesc

6 de junho de 2012
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Música folclórica feita para ser divertida. Essa é a proposta do Terra Celta, banda de Londrina que reveste ritmos irlandeses e escoceses de música pop e, sobretudo, com o intuito de dar risada. O grupo agrega a performance de um Gogol Bordello junto de uma energia de big-band dos Móveis Coloniais de Acaju. É para bater o pé no chão, trançar os braços com uma moça bonita e erguer o copo de cerveja. (Lembrou de Jack e Rose no Titanic que eu sei...). Os celtas de cima do palco vêm apresentar seu último disco, Folkatrua, e são famosos pela interação com o público através de crônicas sobre temas como donzelas e álcool, uma bom tema para começar o feriadão. 




SERVIÇO: Terra Celta no Sesc Bauru, quinta-feira, às 16h. Grátis.

Quem vai?

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Universalidades & Elegâncias

5 de junho de 2012
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Por Laís Semis 

“Eu não aguento mais, que babaca que vota no Maluf?”, grita em “Manifesto Consumista” por trás de um microfone, Luís Paulo Césari Domingues, ao seu lado, David Calleja (baixo), Gustavo Richieri (guitarra) e Thiago Rodrigues (bateria). 

“Era dos Extremos”, primeiro disco da bauruense Universo Elegante, foi lançado numa dessas cidades de interior, em uma praça de frente para uma Igreja, esperando as badaladas do sino para meter o rock pelas caixas. 



A faixa de abertura, “Gota”, dita o que será a audição de “Era dos Extremos”: uma parte do todo, a arte poetizada, lembranças, pessoas, e o ser, em si, num mundo que não parece se encaixar. Embora possa soar genérico e clichê, é inquestionável o talento de Luís Paulo como letrista. O que faz com que esse primeiro disco da Universo Elegante se destaque é em sua caracterização local, da cidade, trazendo referências de pontos e rolês conhecidos por quem mora aqui. Esse cenário (que envolve Unesp, Duque, B.B. Batatas, Skinão) gera identificação com o público, ainda mais pelo conflito não pertencimento, memórias latentes. 

Algumas pessoas vão tachar de chato, tedioso e meio morto. Mas a verdade é que o som que os Elegantes propõem envolve conteúdo – história, política, cotidiano – e referências (o próprio nome da banda, Arquitetura da Destruição). Diante de uma imensidão, até mesmo a capa do disco combina com a totalidade da composição da banda.

Entre uma levada psicodélica, nostalgia de dores, uma sombra se paira sobre poesia, um suspiro tedioso, assovios, backing vocals, espaços reais, e o tempo distorcido pelos acontecimentos da vida, “Era dos Extremos” é composto por 10 faixas caprichadas. 

O disco "Era dos Extremos" está disponível para download aqui. E se você não conhece ainda o trabalho da Universo, comece ouvindo “A Troca”, “Manifesto Consumista”, “Monastérios Infernais” e “Terça-Feira”.
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Entrevista: Circo Motel

4 de junho de 2012
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Por Aline Antunes

Dia 21 de março de 2010, o Circo Motel se apresentava no primeiro Toma Roque. Esse show organizado pela minha grande parceira Pink Big Balls aconteceu em Itapeva, minha cidade natal, e eu não estava lá pra ver. Mas o fato de perder um show nunca me fez desistir de conhecer uma banda. O download amigo e o youtube estão aí pra isso!

E existe aquela frase que diz algo parecido com “Amigo de amigo meu, é meu amigo também!” Se não for isso, é quase. Pois então, Rafael Gregório, meu novo amigo!

Após fazer a resenha do clipe Sunshine da banda Circo Motel, segue a entrevista com o digníssimo vocalista.

Divugação/We Shot Them/Bea Rodrigues


O que a Virada Cultural de 2010 simbolizou para a banda? É possível notar uma mudança, e até mesmo uma evolução, do projeto “Circo Motel” para o “Sobre Coiotes e Pássaros”. Por quais fases a banda passou para que isso acontecesse?

Vou contar essas histórias juntas porque têm tudo a ver.

Depois que lançamos o EP Circo Motel, em 2009, rolou uma certa frustração em mim que tempos depois se manifestou nos caras também. Parecia mais um apanhado do que eu tinha sido até então do que uma foto do que eu era. Ali começou uma reflexão, e a gente começou a compor coisas novas. Lembro que tinhamos Sobre Coiotes e Pássaros (que não tinha esse nome), Miss Primavera e Rock n Roll ainda naquele ano.

No começo de 2010 a gente chamou o Rafael Charnet pra integrar a banda. Ele já tinha tocado com a gente por alguns meses depois do EP. O convite foi pra gravar Miss Primavera, mas ele ficou e é.

Aí vieram Dr. Twin e Metafísica (que era instrumental, porque eu tinha medo de cagar a música com uma letra, mas rolou), e veio o lance da Virada.

Esse show foi um marco, foi a primeira vez em que levamos pro palco e pras pessoas uma intenção verdadeira. É o momento da transição. Tem uns vídeos no youtube. Tem coisas que ficaram pra trás, tem coisas que cresceram desde então, está tudo ali.

Gravamos o disco a partir de 10 de julho. Foi logo depois de conhecermos o Chicão (Rafael Montorfano) e o Guto Gonzales, do Estúdio Lamparina. A gente ia pesquisar estúdios coisa e tal, mas fomos primeiro lá e não saímos nunca mais. O ambiente de lá foi definidor de certas escolhas no disco, principalmente a de gravar tudo ao vivo.

O Chicão produziu o disco, Gutão mixou, Daniel Brita masterizou. Chicão é o sexto integrante e guru espiritual do Circo, gravou altas teclas e escreveu arranjos de metais e me ensinou bastante nos de backing vocals também. Débora Lopes, Talitha Pereira e Carol Kaizuka gravaram as vozes, tudo em família. Sunshine e Bandeira foram as últimas músicas a aparecer. Bandeira era outra música e a gente bolou o arranjo dois dias antes da gravação. Foram semanas bem aventuradas.

Sobre "Coiotes e Pássaros" carrega uma forte influência da Tropicália. Foi proposital ou aconteceu com o desenrolar das composições?

Torquato Neto já era uma grande influência antes, inclusive Let`s Play That, do EP, é um poema dele. Caetano, Gil, Mutantes e Tom Zé são mesmo grandes referências. Artistas influenciados pela tropicália também são grandes pra gente, tipo o Devendra Banhart.

Quais são as grandes influências da banda?

Além do que já rolou, Rolling Stones - particularmente entre o Beggar`s Banquet e o Exile [on the Main Street] -, Tim Maia, gente do soul tipo Ottis Redding e Stevie Wonder. Aí tem as influências mais pessoais de cada um. O Rodrigão gosta muito de blues, o Charnet e o Fê são bem do groove, todos gostamos de Beatles, Bob Marley e Wailers também são bem grandes, eu sou louco por Jorge Ben, e tem as bizarrices íntimas e coisas bem velhas e finas tipo Chet Baker. Gente nova também, tem alguns contemporâneos que nos tocam, Céu, Garotas Suecas, Cidadão Instigado, Tulipa. Eu gosto bastante do Renato Godá e do Letuce. Dá pra ficar citando a noite inteira.

Como é ser artista independente, hoje, em São Paulo? 

Não sei se me vejo como um artista independente, porque não me sustento com isso, e na verdade adoro a atividade que me sustenta e miro fazer tudo junto. Feita essa ressalva, há dificuldades bem óbvias e conhecidas, mas há também facilidades e prazeres do tipo gravar um disco inteiro como você bem entender.

E fazer isso com pessoas incríveis, porque o que não falta em São Paulo são músicos, produtores, técnicos de som geniais e malucos. Sinto também que rola uma efervescência, uma coisa de um puxar o outro e todos se puxarem, é como estar num time de Neymars (ou Neymares?) e ter que fazer alguma coisa a respeito disso.

Vocês lançaram o clipe "Sunshine". Qual foi o critério de escolha da música? Quem idealizou o clipe e teve as principais idéias para o roteiro?

A gente entrou em contato com o Adolpho Veloso, que na época era amigo do Rafa, e mostramos o disco ainda inédito pra ele. Isso em final de 2010. aí ele voltou com uma ideia para Sunshine especificamente. Acho que a gente já tinha mesmo essa torcida por Sunshine. Foi a última música a ser escrita e a gente demorou muito pra entender o quanto ela é a mais indicativa do que provavelmente vamos fazer no próximo disco.

O Adolpho teve uma ideia inicial bem grandiosa, e a gente não foi capaz de executar. passou-se tempo e voltamos a falar sobre isso, aí surgiu meio conjunta a ideia simples e até mesmo simplória de juntar pessoas queridas num dia na praia e filmar isso. Ele pirou e chamou o Rafael Aflalo para ajudar. A partir dali eles dirigiram a coisa juntos. Nosso papel foi basicamente existir e se divertir. Tinha uísque e um bebê.

Foi produzido por quem?

Fizemos a produção nós mesmos, até porque foi bem simples. Botar a galera num apartamento, dividir em carros, fazer comida (essa parte é sempre com o Rodrigão, que cozinha como uma mãe). Vai uma grana, mas foi bem pouca na verdade. Os equipamentos todos foram providenciados por Adolpho e Aflalo.

Qual foi o local de filmagem?

Itaguaré, perto de Bertioga.

Quanto tempo demorou desde as filmagens, edição até o lançamento?

Gravamos em fevereiro, começo do mês. Ficou pronto em abril e começamos a mirar alguns objetivos e armar coisas para sair em maio.

Que veículos estão utilizando para a divulgação do clipe?

Os blogs são muito importantes, tem coisa de alto nível por aí nessa esfera. Deve rolar na MTV e em canais que passam vídeos. Na verdade a ideia é mostrar ao mundo, meio sem critérios. O vídeo ajuda a se comunicar com as pessoas, dizer o que passa pela mente. E já está ajudando com agenda. A gente curtiu muito essa coisa visual e vêm mais vídeos na sequência.


Gregório se despede dizendo: “Gostei das perguntas e foi bem divertido responder.”



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A espera é difícil, mas eu espero sambando...

1 de junho de 2012
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Texto publicado originalmente no Portal Fora do Eixo, em 1º de junho de 2012 

Saias soltas rodando, umas mais curtas, outras mais longas. Meninas sendo rodadas por seus parceiros e todos os pés inquietos. Pra dar balanço aos passos e aos dez músicos no palco, um vocal feminino. Partituras para o trio de sopros, Poesia Samba Soul no Cedo e Sentado desta terça-feira, no Studio SP.


3 vocais num misto de samba, rap, reggae, rock.

E, cuidado com os passos mais longos que se criam pelo espaço daqueles que se animam em dançar como se o salão fosse todo destinado a pares e pés de valsa. E dança de todo tipo, mas, aos mais tímidos principalmente aquela em que os pés não perdem o contato totalmente com o chão e só dobram os joelhos.


Casa Di Caboclo, a banda que entra depois, conta com mais rap, 6 caras, menos dança, mais ritmo e mãos pra cima.

- Mão pra cima, porque essa música e uma oração. É o que a gente tem a oferecer.

A menina de canto, perto do palco, parece estar desacompanhada mas, nem por isso, deslocada. Cantando e gesticulando como se fosse ela ali no palco fazendo o show acontecer, inspirando simpatia.

Pro Casa di Caboclo chegar na galera é literalmente descer do palco, cantar e dançar e passar o microfone pra quem quiser se arriscar a cantar e deixar desafinar. E do mesmo jeito mais gente, como o Zamba Rap Clube, sobe no palco pra soltar um rap na companhia da banda.

Em turnê do segundo álbum, “Poético, Etílico e Ritmado”, algumas das músicas do Casa di Caboclo como “Dona do Barraco” e “O Pagador de Promessas” são hits desses que além de te fazer balançar, grudam. Puxados pelo MC Crespo, a ideia “di Caboclo” usa do conceito da mistura de raças pra misturar sons e se apresentar musicalmente eclética. Enérgico, eles sabem como levar o público além das mãos pra cima, envolvendo a platéia por suas batidas.
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A SEDA acabou, mas...

Por Laís Semis 

...não por aqui! 

Em Setembro de 2010, o portal e-Colab surgia com o objetivo de produzir conteúdos sobre a cena independente local. E a sua missão inicial durava uma semana inteira; a primeira SEDA Bauru chegou pedindo espaço e reunindo uma equipe de 20 colaboradores para trabalhar com texto, foto, vídeo e áudio, unidos pelo propósito de ilustrar, cada um a seu modo, a cena cultural bauruense e também unidos por um conceito que eles ainda não conheciam bem: a tal da cobertura colaborativa.

De lá pra cá, o e-Colab emplacou muito mais do que uma semana de coberturas sobre audiovisual. Emplacou uma equipe fixa na missão de acompanhar as movimentações culturais da cidade, com uma câmera e um bloquinho preparados pra se transformar em conteúdos. Há quase um mês, decidimos encarar um novo desafio: a redação diária. E junto com ela procurar se envolver mais com a cidade, integrar mais gente e procurar desvendar uma cena que ainda estamos na busca de conectar.

#Pós-TV, SEDA 2012. Foto por Jessica Mobílio


Semana passada o Sérgio Viana conversou o Filipe Peçanha, da Casa Fora do Eixo São Paulo, pra entender um pouco mais sobre como as SEDAs que nesse ano acontecem em 50 cidades do Brasil. Mas e Bauru? Como é a SEDA por aqui? Pra descobrir mais sobre essas três edições que rolaram por Bauru, fomos bater um papo com o Eduardo Porto, do Enxame Coletivo.

A SEDA é um projeto opcional que os Coletivos podem escolher em aderir ou não?
Eduardo Porto: Sim, a SEDA é um projeto nacional do Circuito Fora do Eixo, no qual cada coletivo pode aderir ou não. Cabe a cada um pensar no audiovisual e na semana como um momento agregador da linguagem e usufruir do projeto para construir cada vez mais uma cenário audiovisual local.

E em que contexto surge a proposta de se fazer uma Semana do Audiovisual aqui em Bauru? Como foi a recepção da primeira edição na cidade?
A proposta surge como para todos os coletivos, como oportunidade de focar durante uma semana inteira na linguagem do audiovisual, conectando pessoas interessadas, curiosos e já atuantes dentro dessa área para discutir, produzir e pensar o audiovisual na cidade.

Oficina de Realização Audiovisual, SEDA 2011. Foto por Laís Semis
Qual foi a evolução que a SEDA Bauru teve da primeira edição em 2010 pra deste ano?
Hoje a SEDA Bauru conecta com um cenário de cineclubes que foi trabalho a média prazo na cidade, contemplando na sua programação de filmes infantis a experimentais. O entendimento do cenário local e as conexões estão mais sólidas, o que também foi parte de meses de trocas de experiências e ações conjuntas, fator que enriqueceu a semana do audiovisual. A construção coletiva da SEDA 2012, juntamente com as equipes das SEDAs do estado de São Paulo também estreitou ainda mais as trocas entre os coletivos e viabilizaram grande parte da programação.

Você diria que a SEDA aqui em Bauru é voltada para algum público específico? 
O público que pretendemos atingir são as pessoas que estão mais ligadas ou interessadas no audiovisual, porém na programação abordamos outras linguagens e atividades para que outros públicos que são interessados em cultura também passem a incentivar e participar desse cenário.

Bauru é uma cidade que explora seu potencial audiovisual? Como você considera a movimentação de cineclubes, produtoras aqui?
Bauru é uma cidade que tem construído e ainda tem muito o que contruir para que esse todo pontecial seja colocado em prática e que com certeza tem. Os pontos exibidores da cidade tem aumentado e cada vez mais pessoas demandam que os cineclubes estejam ativos, contemplando diferentes públicos. As produtoras estão em grande quantidade na cidade, mas falta uma maior conexão e colaboração entre elas para fomentarem e crescerem juntas nesse cenário local do audiovisual. Há um mercado publicitário forte que demanda muitos das produtoras, o que acaba afastando elas dessa maior conexão.

Pacotinho de SEDA, SEDA 2010. Foto por Marina Wang.
Por que e como surge a ideia de um portal de cobertura colaborativa de caráter permanente na SEDA? 
Depois de uma boa experiência anterior a SEDA, com o Festival Canja na cobertura colaborativa, o desafio de juntar pessoas em torno de uma cobertura de Bauru se tornou parte das articulações da SEDA 2010. Como seria uma semana inteira de programações, era preciso uma grande quantidade de pessoas envolvidas para garantir a cobertura. Nesse contexto muitas pessoas se conheceram e começaram a pensar como seriam essas ações passado a semana, por terem vivênciado e experienciado fazer sua primeira cobertura de maneira colaborativa com alunos e interessados na comunicação livre.


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