“Eles só querem voto, voto, voto...”

27 de setembro de 2012
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Por Luana Rodriguez

Ah, como é democrático o Brasil! Vários candidatos, muitos partidos, inúmeras campanhas... Certa vez, não por vontade própria (infelizmente) fui a um bairro de Bauru e, o que vi foi de cortar o coração. Não só pelas poucas ruas asfaltadas, pela falta de saneamento ou pelas moradias precárias, não... As pessoas e o jeito delas me doíam muito mais.

Era um sábado, de manhã, sem chuva.
É época de eleição.
Na televisão, o candidato X pedia a reeleição, prometia trazer mais indústrias pra Bauru, era um dos favoritos da população.

“ O que eu faria pra melhorar o bairro se fosse o prefeito? Acho que nada... Se ele que é o prefeito não fez nada por que eu iria fazer?”

Nas rádios, a candidata Y não queria mais ser apenas vereadora. Dizia que não era justo pagar pela conta de água se ela não vinha. Tá certo.

“Quase ninguém aqui recebe auxílio do governo...”

Em campanha, tinha também o candidato Z que fazia campanha. Ambientalista. Prometia, entre outras coisas, uma fundação de saúde.

“Ah, falta muita coisa né? Creche, posto de saúde, correio, asfalto...”

No bairro tinha um cavalo, magro, que se alimentava do mato que nascia nas próprias calçadas. Tinha também alguns cachorros, aparentemente abandonado no meio da rua, e muitas, muitas pessoas.

“Falta legalização”, alguém falou.
“Vocês tão fazendo campanha política né? Eu vou votar nele, mas depois ele vai esquecer da gente”, outro alguém falou.

Mas no meio de tanta coisa, uma pessoa em especial me chamou a atenção. Dona Josina. Senhora já de idade, avó, aposentada. Um filho doente internado no hospital da cidade vizinha...

Confesso que quase chorei ao ouvir seu relato. Sua vida não era mais fácil, e nem mais difícil do que a de qualquer outra pessoa ali, mas ela me cortou o coração, de certa forma.

“Eles só querem voto, voto,voto...”, dizia. “Não dão nem cesta (básica), eles só querem voto, voto, voto... A gente tem que comer, eles só querem voto, voto...”

É candidatos X,Y,Z e todos resto do abecedário, que não fique só no voto, voto...


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Na vibe perfeita

24 de setembro de 2012
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Por Pâmela Pinheiro Antunes
Fotos por Julia Gottschalk

Não tinha lugar melhor para acontecer o show da banda Cultivo do que na República Tijuca do Morro, com seu ambiente orgânico, a céu aberto, com algumas árvores e um quintal de terra. Tudo a ver com a banda, que em suas músicas fala sobre a natureza, amor, compromisso social, simplicidade e espiritualidade. O show aconteceu no último sábado (22). 

Além da república já ter seu clima natural, a decoração também estava caprichada. No palco havia uma bandeira da banda, uma samambaia pendurada e a luzes verdes iluminando a noite sem estrelas. É claro que não podia faltar o bar, que estava vendendo cerveja, pinga de sabor, refrigerante e água. O público também entrou na vibe hippie. As meninas de saia longa, vestido e rasteirinha, e os meninos de bermuda, chinelo camisa xadrez.



O evento foi uma realização do Bar da Rosa, e também contou com a presença da bauruense Samanah como banda de abertura, que subiu ao palco às 19h14, com um repertório diferente de suas apresentações, com músicas de grandes nomes do reggae como Bob Marley, Mato Seco e também mandaram um som de Jorge Ben Jor. A banda é formada por Thales Mendes (vocal e guitarra base), Arthur Romonio (guitarra solo), Josluí Bulhões (contrabaixo) e Vinícus Pereira (bateria), porém o guitarrista oficial não pode estar presente, então tiveram a participação especial do guitarrista Fred de apenas 16 anos, que mostrou muita habilidade, inclusive mandando um blues improvisado, e do tecladista Fluvio Parigi que faz parte da banda Projeto de Homem Bomba. A apresentação acabou às 20h02 e foi um esquenta da regueira que estava para rola. 

Às 20h38 começou o show da banda Cultivo que é composta por Danilo Beccacia (guitarra), Angela Beatriz (vocal), Cristian Jonatan (bateria), Kris Korus (baixo), Pedro Angi (voz e violão) e Vitor Lorenzoni (saxofone). A primeira a música foi “Light da Fya” a segunda “Quem somos nós” a terceira “Povo da terra” e assim foi. Com mais de duas horas de apresentação vinte e seis músicas, onde cantaram sucessos dos três álbuns “Árvore Urbana” (2006) “Orgânico” (2009) e “Um pouca de cada” (2010) além de músicas inéditas do Cd que estão gravando e o som do Bob Marley o não ficou de fora. A galera dançava muito, envolvida pelo ritmo e letra das canções. Foi uma grande viaje para uma dimensão de bem estar, harmonia e positividade. Para finalizar “Sol / Deus É Vida” onde o vocalista Pedro Angi pediu para que o público falasse a frase “Eu sou manifestação viva do amor” como um mantra de energia positiva e seu pedido foi atendido.

Um show inesquecível com sensações indescritíveis. Como dizia o sábio Marley, “o Reggae não é para ouvir, é para sentir.”
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“Hip hop bauruense não morreu. Não morreu!”


Por Keytyane Medeiros
Fotos: Conrado Dacax e Lais Semis

Já passa da meia noite e ainda nem entrei no Alecrim. Assim que cheguei li na placa “Alecrim, Bar MPB” e foi inevitável dar uma risadinha irônica quando pensei “e não é que vai tocar mesmo a verdadeira música popular brasileira?”. Muita gente pensa que não, que rap não é arte, não é música, não é cultura. Quem pensa assim tá bem enganado, hip hop é arte, e das mais autênticas. O lançamento da mixtape “Até surdo ouviu” do CorujaBC1 prova isso.

Que as músicas dele são ótimas, muito bem elaboradas e críticas todo mundo já sabe e a multidão reunida no Alecrim na noite de sábado não deixa dúvidas disso. Antes da apresentação, alguns garotos – e também algumas meninas! – se deixaram levar pelo hip hop que tomava conta do ambiente e faziam alguns passos de break. Um show antes do show.

“É hora da festa”, anuncia o produtor do Acesso Hip Hop, Magu. CorujaBC1 entra e está diferente. Com cara de garoto marrento, cabelo cortado e barba feita, sobe no palco e anima (ainda mais) a galera, chamando cada um pelo seu distrito. Os fãs, se sentindo representados e tão felizes quando o próprio rapper, vão à loucura. É o rap invadindo o centro de Bauru.

 O show contou com a participação especial de vários MCs amigos de Coruja, entre eles MC Dentão, Dom Black, Thigor, Felipe Canela, integrantes do grupo Além da Rima e tantos outros que compõe o ZicaZucaProduzions. O show, repleto de emoção, euforia e força, teve como um dos pontos altos a canção “Saudade” na qual o rapper de apenas 18 anos ficou claramente abalado ao dedicar a realização de seu sonho aos pais, ausentes nessa noite.


Como todo artista nato, CorujaBC1 improvisou no palco. Fez várias rimas na frente do público e quando esqueceu um trecho, no meio do repente, com rebolado e audácia acrescentou na improvisação “quando a gente erra tem que assumir”. Próximo do público e a todo tempo chamando a galera para participar dessa “festa de rap”, ao cantar a última música, Coruja declarou: “já que não posso colocar cada um de vocês no palco, eu desço até aí”. E ele desceu mesmo! Do meio do povo, Coruja cantou agarrado aos fãs e emocionado agradeceu a presença de todos na realização do um sonho de “não uma, mas de todas as vidas aqui presentes.”.


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Cotando em Contos

20 de setembro de 2012
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Por Laís Semis
Fotos por Marcos Madi

De São José do Rio Preto, a banda Contos de Réis é um desses exemplos de bandas independentes que vem lembrando que não existem muitas barreiras entre estilos musicais quando a busca é por música boa. 

“Hoje é muito comum ver em nossas apresentações as mesmas pessoas que foram assistir o show do Macaco Bong na semana passada, por exemplo. Eu vejo que pouco sobrou da antiga mentalidade de que roqueiro não ouve samba e vice-versa; a galera tá em busca do que é bom, do que é feito com originalidade e honestidade”, explica Victor Campos. “Então o lance tem mais a ver com a postura da banda... se é uma banda de MPB ou samba que está fazendo algo verdadeiro e não simplesmente um "barzinho e violão", mesmo que a princípio não exista um público formado ou espaços consolidados, eles estão lá, é só acreditar no trabalho e correr atrás assim como vemos fazendo até agora... não que eu considere que tenhamos alguma fórmula ou método infalível, mas é o que é. Um grande exemplo aqui da cidade também é o Varal de Renda que faz um MPB experimental numa formação totalmente jazzística e as casas que eles tocam estão cada vez mais lotadas, a galera cantando as músicas... ou seja, ta lá!”

Em 2009, ele, no violão, e Alessandra Lofran (voz) estavam tocando pelos bares da cidade, quando no ano seguinte decidiram que montariam uma banda mesmo. E de dois integrantes, hoje eles passaram a ser oito. Numa referência ao repertório dos anos 20 e 30 de suas apresentações, o nome Conto de Réis caiu como uma sugestão (da mãe de Alessandra) muito apropriada à banda, contemplando a proposta que estava sendo construída.

Uma das coisas notórias da banda de cara é o número de integrantes e a variedade de instrumentos. Como é a dinâmica de compor, viajar, tocar com um grupo tão grande? 



“Realmente não é fácil, mas entendemos desde o começo que para as coisas funcionarem precisaríamos estar sempre em consenso, então procuramos decidir tudo democraticamente. No caso das composições, normalmente um dos integrantes faz a canção, ou traz uma idéia e daí em diante vamos trabalhando conforme a disponibilidade de cada um, por exemplo... se o percussionista escreve uma letra e mostra pra mim (que sou violonista) então tentamos criar a música, melódica e harmonicamente, depois levamos pra vocalista, que vai dizer se o tom está correto pra voz dela... depois tentamos concluir a estrutura - introdução, estrofe, refrão, etc - em seguida marcamos um ensaio com a banda toda pra finalizar a parte rítmica, fechar os arranjos, alterar aquilo que não está bom e as vezes até desencanar da música porque talvez não servisse mesmo pra banda [risos]. Para viajar e tocar a lógica é a mesma: primeiro temos que ver a disponibilidade da agenda de cada um e depois estudar a melhor logística - se vamos de van, quem pode chegar primeiro pra montar as coisas, quem vai dormir na cidade, quem vai ficar no final pra receber o cachê - e por ai vai... No fim, tudo dá muito trabalho, mas amamos fazê-lo.”

Individualmente, os integrantes da Contos de Réis têm algumas produções, mas enquanto banda a previsão é de que o primeiro EP saia no final do ano ou janeiro de 2013. “O EP ta quase pronto... falta gravar alguns arranjos, refazer algumas coisas, mas o grosso mesmo já ta pronto”, explica Victor. Mas por enquanto apenas a canção “Minuto” está disponível pra quem ainda não esbarrou com eles pessoalmente e quer sentir o gostinho da banda. “O foco agora é o single mesmo, estamos muito contentes com nossa classificação pra final do FEM - Festival Nacional de MPB de Rio Preto - e estamos trabalhando no video clip que deve ficar pronto em breve além do trabalho de formiguinha de tentar emplacar a canção nas rádios independentes (ou não) do nosso amado e honesto país [risos].”

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Canja Verde

19 de setembro de 2012
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Uma das ações realizadas durante o Festival Canja 2012, foi o Canja Verde, foram oficinas e mesas puxadas pelo Grupo AGR. Confira um pouco da proposta e como foi o Canja Verde!



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O (e)pífano

Por Renan Simão

O festival acabou (Festival Ilha Solteira de MPB 2012, 15 participantes, cinco finalistas, um grupo campeão – blá blá) e, logo em seguida, alguns universitários que estavam assistindo ao festival começaram a cantar uns sambas com um simples objetivo: não deixar a noite acabar. Pretos, brancos, outros brancos mais pretos do que brancos e outros pretos quase pretos, mas não tão brancos quanto os brancos quase pretos tocavam e dançavam entorpecidos da situação. A pequena praça central, iluminada por intensa luz amarela, dava um ar de nostalgia. Gente sambando, canção e calor: elementos que o tempo não deixa morrer.

Cavaquinho, bumbo, chocalhos e um par de pandeiros eram os instrumentos usados, que, de tempo em tempo, passavam por diversas mãos sem deixar a bola cair. Como uma jam session do jazz, se o pecado da expressão assim permitir, os músicos se revezavam nos instrumentos entre uma cerveja e outra, entre uma paquera e outra, entre um samba e outro. E a toada perdurava.


Penso que deveria sair para dançar, mas a imagem da roda, tal qual uma sequência de frames improvisados e harmônicos destacando-se com luz em sépia, chega aos meus olhos perfeita. A satisfação da contemplação é maior. Pego uma cerveja.

De súbito, viro-me para o lado, e em uma parte mais isolada da praça, um estudante, vestindo um chapéu-panamá senta-se na marquise que circunda o palco e, solitariamente, sopra algo que parece um pífano. Abafado brutalmente pelos bumbos da roda de samba, o som do instrumento de madeira é sutil. Ele continua com suas imperceptíveis melodias e poucos o notam, entretanto sua expressão torna-se mais dura e concentrada: mesmo sozinho ele prossegue, tocar é o seu gozo. Às suas costas folhas verdes são jogadas pelo vento por toda a praça e, ao se encontrarem com feixes de luz amarelados, ganham aparência levemente rosada. Cabisbaixo, o jovem toca.

Volto a olhar a roda de samba e sua onipresença. Recosto-me.

Retorno ao pifanista. Justo ao seu lado, uma japonesa com cabelos estilo dread locks senta-se à marquise e o encara por quase meio minuto admirada e séria. Ele com o corpo virado para o centro da praça e ela mirando o perfil dele. O par tem sua redoma criada, um universo particular já assimilado por ambos em segundos. Ela fecha os olhos. Ele, lento, de esguelha, a enxerga sem cessar a melodia e fecha os olhos, vagaroso. Sem tirar o pífano da boca, ele levanta a cabeça, respira um mínimo de ar para gerar o silêncio necessário de retomada da melodia, mas não o faz, sustenta a ausência de som, detém o vazio. Quando ela finalmente treme as pálpebras e hesita... Os ventos voltam a soprar das árvores, o calor exala supremo dos corpos, os sons voltam a ter cor, movimentam-se, os bumbos estouram, as palmas ecoam, o samba renasce e o pifanista segue com sua surda melodia.

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1200 e lá vai bolinha

17 de setembro de 2012
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Por Keytyane Medeiros

O calor de mais de trinta graus do último sábado, 15 de setembro, quase me fez desistir de ir ao Teatro assistir às apresentações da Revirada Cultural. Putz, tava realmente difícil vencer a moleza do corpo e andar umas três quadras (e olha que já passava das 7 da noite!). Mesmo assim, arrastei minha mãe para o Teatro e fomos ver um trio de chorões.



Explico: a primeira apresentação era do trio bauruense Choro Fino, formada por Ivan Melillo, Anderson Silveira e Leandro Miguel. A música instrumental, relaxante e tipicamente brasileira deu uma amenizada na noite quente e manteve o público atento. Bem humorado, o trio fez piadinhas com o nome de alguns instrumentos (o tal do “Oficleide”) e também explicou que muitos compositores do choro preferiam homenagear artistas e personalidades de seu tempo (por razões geralmente desconhecidas), mas o fato é que sempre faziam isso.


Dona Irma Rangel destacou a maestreza musical do flautista Ivan Melillo e, surpresa, revela “ele não usou partitura. Tocou de cabeça!”. Pois é, manter a galera prestando atenção em música instrumental, por mais bonita e brasileira que seja, continua sendo um desafio - mesmo na Revirada Cultural, mesmo dentro do Teatro Municipal. Os músicos do Choro Fino, conseguiram e agradaram muito aos poucos espectadores presentes.




A surpresa da noite, no entanto, foi a dupla paulistana Olam Ein Sof que mal chegou ao palco já acendeu um incenso, deixando todo mundo meio impressionado com a atitude inusitada. Com sons medievais, poesia inspirada em lutas místicas e instrumentos típicos da Idade Média, somos imediatamente transportados para a Europa do século XI. Marcelo Miranda e Fernanda Ferretti não se contentaram em fazer um som diferente como também chamaram atenção pelo vestuário. Estavam caracterizados como um casal de camponeses trovadores enquanto encantavam o público com as canções de seu terceiro álbum “Ethereal Dimensions”. Curiosamente, posso dizer que a noite de sábado teve essa sensação: transcendente, espiritual, cabalística. Saí revirada.




No próximo fim de semana a Revirada Cultural promete ocupar o Vitória Régia durante o dia todo, com muito samba, jazz, rock e Naumteria da Unesp.

Veja a programação da Revirada Cultural aqui.

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A chapa não vai esquentar

14 de setembro de 2012
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Por Luís Morais 
Imagem: TV Unesp

Alunos dos cursos da Unesp de Bauru foram apresentados essa semana aos candidatos a reitor da própria Universidade Paulista Júlio de Mesquita Filho. A chapa formada pelo Prof. Júlio Cezar Durigan e pela Prof. Marilza Vieira Cunha Rudge é única, ou seja: apresentaram a proposta de gestão que irão exercer nesses próximos quatro anos. O e-Colab, agora um projeto em parceria com a Unesp, se interessou e teve alguns membros por lá. Na terça-feira pela manhã os alunos da FAAC foram os “privilegiados” em ouvir as propostas e também as repostas sobre algumas questões. As propostas você pode conferir no site da própria chapa.

Essa segunda parte da assembleia foi organizada em três blocos: perguntas dos funcionários, dos professores e, por último, dos alunos. A situação esquentou mesmo foi na última, mas Durigan e Marilza já foram colocados na berlinda bem antes.

Principalmente na pergunta do Prof. Maximiliano Martin Vicente, que lembrou a escassez em infraestrutura da biblioteca e também de recursos para os cursos da FAAC. A resposta de Durigan – vice-reitor na última gestão e quem exerceu o cargo de fato nos últimos dois anos – foi que priorizaram as verbas na construção do R.U. e também da moradia estudantil.

Para quem não sabe, dois dos maiores problemas no campus da Unesp de Bauru é justamente a falta de um Restaurante Universitário e de uma maior e eficiente sistema de moradia. Quando o provável novo reitor lembra que apenas quatro alunos se inscreveram para a moradia estudantil, ele não lembrou o fato de que as inscrições eram burocráticas e com condições extremamente desfavoráveis aos alunos. E, principalmente, que foi num período onde a maioria dos estudantes já tinham alguma moradia – pois era quase fim de semestre – e sair de lá acarretaria em multa com as suas imobiliárias.

E sobre o R.U. não é necessário dizer muito, pois somente após mais de 20 anos do campus é que um está sendo construído. E tudo isso ainda não é desculpa para não melhorar nossa biblioteca – que não é aberta somente aos estudantes e funcionários da Unesp, e sim a TODA a comunidade.

Quando os alunos se manifestaram, o clima esquentou. Apesar de algumas perguntas não terem sido exatamente pontuais – pois eram questões mais internas, para serem resolvidos dentro do próprio campus de Bauru ou da faculdade – outras questões pesaram bastante.

Principalmente quando um aluno do mestrado se levantou para reclamar que muitas pesquisas ficavam apenas como peso de estante na biblioteca, pois não eram valorizadas. Isso irritou em especial Marilza, que respondeu com alguma ironia sobre os trâmites para repasse de verba para apresentação de teses em congressos: “tem gente que parece não querer ver e ouvir”. Saindo da postura que lhe cabe.

A última pergunta foi inclusive a mais contundente, quando o aluno Giovani Vieira relembrou a não aprovação da verba pelo presidente do GAC para aumentar a moradia e também de alguns abusos do dinheiro público, como a construção de um lago em uma cantina – onde foram gastos mais de 10 mil reais, enquanto o mesmo campus sofre com salas de aulas precárias, com direito a teto desabando sobre os alunos.

Mas, claro, Durigan se esquivou das mais duras críticas. Sobre a moradia, que finge ou claramente não entende a real situação. Disse que na FAAC foram investidos mais de cinco milhões nos últimos anos, mas parece que o controle sobre esse dinheiro foi perdido – vale lembrar sobre o caso de um ex-professor responsável pela perda de um equipamento na TV Unesp avaliado em 246 mil reais, além de ser diretor em uma época que o projeto recebeu mais de 10 milhões de reais em dinheiro público e nãoque ia para frente. 

Porém, toda essa discussão pode não valer para nada, já que a chapa é única. Não haverá oposição durante esses quatro anos de gestão da chapa “Excelência Institucional”. E se Durigan e Marilza não cumprirem o que é prometido, não existirá uma oficial resistência contrária. É aí que se torna crucial a constante vigilância dos alunos para com as questões da universidade.
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Até surdo vai ouvir

11 de setembro de 2012
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Entrevista por Keytyane Medeiros
Edição e texto por Laís Semis

CorujaBC1 aos olhos de quem o vê perambulando por aí é um desses moleques que vive o hip hop e marca presença nos eventos que estimulam e apresentam essa cena. De fato, mas não só. Pra quem tem visto Coruja crescer na cidade, sabe bem que ele vem se portando cada vez maior nos palcos. E entre os palcos conquistados recentementes, está o do Kamau durante o Festival Canja. CorujaBC1, 18 anos, acaba de lançar sua mixtape e na concha do Vitória Régia não se limitou a uma participação no show do Kamau; a tarde de domingo teve uma reserva especial, representando um pouco do que está rolando no hip hop de Bauru. 







“Então, o Enxame Coletivo é parceiro do Acesso Hip Hop e eu trampo lá [...] Sempre teve essa troca de ideia e surgiu o convite, no começo do ano, e através do meu produtor Renato Moreira a gente fechou [de tocar no Canja].” Mas o hip hop este ano veio fortalecendo a base (o Fórum de Hip Hop do Interior Paulista é um grande exemplo disso), conquistando também espaço de formação. “Fechamos outras parcerias dentro do Festival, como o Felipe Canela para a Oficina de Beat...”

E o público bauruense tem abraçado bastante a cena hip hop e olhado mais para os seus artistas. “A gente tá tocando na nossa cidade sempre é um privilégio. [...] Você vai pra fora escuta ‘ô, da hora, pá...’ e tudo o mais, mas você estando na sua cidade é o que vive com você dia após dia, as pessoas entendem também porque você escreveu cada linha... tem até uma passagem que a mina foi em casa e falou: ‘nossa, é 12-42, portão de madeira!’ – uma parte que eu canto na música. É, mano, por que você achou que não era? Tudo que a gente escreve realmente é e o público sempre vê. Tô mó feliz mesmo!”

Agora, conta menos de duas semanas para o lançamento oficial de sua mixtape, que acontece no sábado 22, no Alecrim Bar. “Participação de todo mundo do Zica Zuka, Além da Rima, Dhakor... e muito mais ainda! Tem umas surpresas aí que a gente tá preparando e lá vai ser tipo a festa pra gente comemorar esse sonho que vem se realizando... Acho que vai ser foda segurar as lágrimas lá no dia, porque o bagulho é um corre monstro mesmo; não feito só por mim, mas por muita gente que me ajudou pra tá hoje aí.”

E se você esbarrar com ele por aí, não se deixe enganar: coisa maior ainda está por vir. 


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Além dos malabares

9 de setembro de 2012
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Por Julia Gottschalk 



Sexta-feira foi a ‘’Noite do Estilo Livre’’ no InterCircu. ‘’LIVREEEEEEEEEEEEEEEEEE!’’, como realçava um dos simpáticos apresentadores no palco. 

Para quem não sabe, o InterCircu é um circuito de encontros entre malabaristas, artistas circenses, músicos, bailarinos e outros interessados pelo mundo circense. O evento é cheio de workshops, apresentações, vivência, muita gente legal e diferente, inclusive se você é só curioso é bem-vindo. É só entrar. O evento esta na sua quinta edição e esta rolando aqui em Bauru, do dia 7 até o 9 de setembro. 

Depois de ir até o ginásio municipal, que é aonde rola o acampamento e muitas das oficinas, descobri que essa noite ia acontecer no Teatro Municipal de Bauru. Bora para lá! 

Todos acomodados nas cadeiras do teatro enquanto a banda composta por um violão, violino e acordeom esperavam no palco. Eis que entram os dois apresentadores que com muito humor começam a "sortear" a galera que subiria ao palco. O sorteio na realidade era a lista de inscrição, uma folha de papel que o pessoal colocava o que queria apresentar. 

Descontração e palhaçadas são os grandes aliados da noite, e também não poderia ser diferente. A primeira modalidade é a das 3 bolinhas, muita gente talentosa sobe ao palco, sempre ao som da banda. 

A segunda modalidade foi das claves. Claves para lá, para cá, na testa, na cabeça, para os leigos, como eu, elas pareciam as vezes até desafiar a gravidade. 

A terceira foi contato, com apenas um participante, onde era manuseada apenas uma bola, que parecia flutuar por entre as mãos do artista. 

A quarta foi a do Diabolô, aquele brinquedo que quando criança muitos de nós tentava brincar, mas aposto que poucos conseguiam fazer o que esses caras conseguem! 

A última da noite foi o ‘’estilo mais livre da noite livre’’ como disse um dos apresentadores. O estilo livre trouxe monociclo, malabares com chapéus, malabares com 5 claves e um show de luz no escuro. 

Com certeza ficou um gostinho de quero mais, e quem quiser aproveitar o evento rola até domingo no Teatro Municipal de Bauru e também no Ginásio, na Av. Luis Edmundo Carrijo Coube q.02 . Ao lado do Hospital Estadual.

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Horta Vertical: repensando ações e espaços na vida cotidiana

5 de setembro de 2012
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Por Eduardo Henrique
Fotos por Fora do Eixo

O Festival Canja tem mostrado a importância da sustentabilidade nos espaços da vida cotidiana. Junto ao grupo AGR, o mesmo que realizou a oficina de cultivo de abelha Jataí, a oficina sobre horta vertical não é diferente. Repensar as pequenas práticas do dia-a-dia e os espaços de casa, por exemplo, já se consolidam como formas de representar formas sustentáveis de viver, com concordância ao ritmo do meio ambiente em que se faz parte.



Dessa forma, Sarah Teodoro e Ricardo Judice apresentaram a oficina ensinando como cultivar hortas em casa, nos limites do espaço e utilizando produtos descartáveis, que podem ser reutilizados e entrar em concordância com os modos de vida citados anteriormente. Utilizando as garrafas PET, a oficina mostra que é possível reutilizá-las, ao invés de simplesmente descartá-las ou deixar que se acumulem aos montes no canto de casa,  Junto a pequenos truques e macetes, arames e um pequeno espaço isso é possível. 

Patricia Lopes, estudante do curso de Psicologia da Unesp, esteve presente na oficina e nos conta como foi. Segundo ela, Sarah e Ricardo mostraram de forma bem instrutiva como organizar a horta utilizando essas ferramentas, dependendo da planta e a casa, em específico. “Foi uma experiência muito válida, onde aprendi uma atividade útil para o meu cotidiano”, diz ela. E complementa: “acredito que todos os participantes saíram com a sensação de que poderão ter, que seja, uma mini horta dentro de sua própria casa com temperos e verduras a sua disposição de forma sustentável, econômica, aproveitando todo e qualquer tipo de embalagem reciclável para plantar diversos alimentos de seu gosto.” 

Sarah conta ainda que essa prática não traz mudanças substanciais apenas no espaço em que se vive, mas também nos próprios sujeitos que dela se aproveitam. É terapêutico! E de forma educativa, ela e Ricardo, mostraram que é possível conciliar práticas, no espaço e de forma sustentável trazendo benefícios importantes e grandiosos.


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Surpresa de Domingo: Aeromoças, Tenistas, Coruja.

4 de setembro de 2012
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Por Keytyane Medeiros
Foto: Júlia Gottschalk
     

Domingo de sol é dia de Vitória Régia e disso toda a cidade já sabe. A surpresa é que dessa vez umas Aeromoças e Tenistas Russas passaram por lá. Opa, não são “umas”! Estamos falando de uma banda instrumental, formada por quatro rapazes de São Carlos. Confesso que já acompanhava o trabalho dos caras, e sabia que vê-los tocar ao vivo seria (e foi) uma experiência muito prazerosa, mas a minha preocupação era a reação do público diante de um som sem vocal. Não me decepcionei de maneira alguma. Nem com a banda, e muito menos com o público, que praticamente dobrou ao fim do show.

Com o som harmonioso dos instrumentos bem marcados, os rapazes do Aeromoças tomaram conta do Vitória. A arquibancada foi recebendo cada vez mais gente, eram pessoas de todas as tribos, desde o skatista fã de hip hop até pessoas que estavam de passagem pelo parque naquele momento. Mesmo aqueles que tem preferem estilos como o rap ou o pop estavam lá, bastante atentos ao som diferente da banda. A segunda música em especial, mexeu com a galera que se aproximou dos namorados, companheiros e ficantes. Eu pude até ver um casal de moças dançando no cantinho da arquibancada! Elas foram bem rápidas, mas consegui ver seus passos tímidos ao som de Sex Sugestion.


O show, tal qual a composição das músicas, nos surpreendeu bastante. Quando achávamos que a canção tinha chegado ao fim, ela recomeçava numa outra intensidade, mas ainda sim, com uma cara própria. E eis que algo inesperado acontece: o rapper bauruense Coruja BC1 sobe ao palco e faz um rap sobre a base musical feita pelo Aeromoças. Alternativos, rappers e fãs de rock se identificaram com a canção. Eu, que já conhecia e gostava dos dois, quase pirei. 


Na saída do show, o tecladista Gustavo Hoolis confessou que a banda “ficava pirando pra saber como seria tocar lá em baixo [no Anfiteatro do parque]” e mais do que isso, Hoolis se mostrou até mesmo surpreso com o fato de que “a galera tava prestando bastante atenção”. Como se uma banda que faz um senhor som instrumental e que, além disso, se chama Aeromoças e Tenistas Russas não fosse algo, por si só, bastante curioso (!). Mas o olhar do público foi além da curiosidade, chegando até mesmo à observação admirada. Não poderia ser diferente, afinal, não é todo dia que uns Tenistas de São Carlos dominam o seu fim de tarde.
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“Entre” e veja que “canja boa é canja quente”!

E Kamau encerra o Festival Canja assim... 
Por Eduardo Henrique
Fotos: Equipe Fora do Eixo 


Quem ocupa o espaço da concha acústica do Parque Vitória Régia é Kamau que atende por Marcus Vinicius Silva, um “MC, beatmaker e amante da música”. Junto à isso, é o cara que segura a responsa de fechar o Festival Canja, um público de 3 mil pessoas. Mas o “currículo” já deixa claro que essa responsa tá em boas mãos: quinze anos de estrada, trinta e seis anos de experiência vividos, parcerias na música como Tulipa Ruiz, Di Ferrero entre outros e indicações na MTV, além de prêmios pelo que faz. (leia mais aqui)! 

Ao lado de Kamau, está Renan Samam (ou Renan de Jesus Batista), produtor musical, rapper, completando aí 7 anos de experiência na arte de rimar. Além de participar lado-a-lado de Kamau, Renan também faz parceria com o Emicida. Junto deles, ainda está DJ Erick Jay, o “DJ brasileiro mais premiado em competições de turntablism”, que começa aquecendo a plateia e a noite puxando um som. É claro que Aeromoças e Tenistas Russas, Hierofante Púrpura e a banda bauruense Samanah já haviam deixado um legado fantástico quanto à vibe da plateia, mas faltava uma pitada de algo pra ferver essa canja! 

Depois de uma aquecida, Kamau e Renan Samam soltam a voz que faz a plateia, que já representava certa mistura de tribos e gostos, produto do “Música na Praça”, a agitar junto. São três mil pessoas agitando e aderindo ao convite do rapper “Entre”, título do EP lançado em 2012. Parecia alucinante olhar pra arquibancada do parque e para a concha e ver que o agito se espalhava e o céu escuro de Bauru conversavam entre si. E os versos do Kamau preenchiam tudo isso. 


Lembra da responsa que os caras precisavam segurar? Não basta dizer, tem que cumprir. E cumpriram! A integração e interação ao público foi impecável. Não satisfeito, o Kamau pediu pra que se aproximassem (justo!)... e ele deixou claro que estava atento aos detalhes. Mostrou isso dizendo pro carinha bem na frente: “eu sei que você tá cantando junto. Eu tô ligado!”. Todos se sentiam em casa, ocupando um espaço que é nosso. Ele deixou claro também o privilégio de estar ao lado do Dj Erick Jay, que trouxe trechos de músicas de grande nomes “Jesus Chorou” do Racionais MC’s (casando com versos de Lágrimas do Palhaço, que conta com a participação de Tulipa Ruiz) e Criolo Doido. 

A temperatura da plateia, até esse ponto, só aumentava. Mas pode esquentar mais. Ao lado de Kamau e Renan Samam, foram à concha complementar a apresentação alguns B. Boys, fazendo passos impressionantes. Um garotinho também apareceu e reforçou a ideia de que a criançada tá presente no Festival Canja em todos os momentos. Tão impressionantes os passos que devo concordar com Kamau ao dizer “Tá loko!” e “queria saber dançar dessa forma também”. Mas os caras desceram à concha pra ficar. E dali seguiu um show completo, integrando música e dança. Com a permissão do leitor para o momento de catarse, “isso foi lindo”. E os caras seguraram a responsa e abraçaram com fé. 

Um dos pontos fortes da apresentação contou também com a participação do rapper bauruense Coruja BC1, que já havia sentido a energia dali, na concha acústica, previamente. Apesar disso mostrou timidez no início, mas depois mostrou na voz que com 18 anos é capaz de representar Bauru e fazer interação com “ÉssePê” cantando junto com Kamau na concha. Representou a cidade nitidamente em seus versos. 


E com um fôlego impressionante a noite se encerra com o público mostrando o ápice do objetivo: ocupando a concha do Parque Vitória Régia e cantando junto! Espaço nosso, pertinente pra integração artística e representação da cena local e da independência artística. A noite em Bauru, no Festival Canja, fecha nos trazendo uma lição, que Kamau deixa claro e complementa: “Isso é música da boa, boa pra levar pra casa.” E o Canja finaliza consolidando seu objetivo e mostrando que Bauru merece essa atenção e integração. 


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Domingo no Parque

Texto por Aline Antunes
Fotos por Julia Gottschalk e Jessica Mobílio

Domingo foi o último dia do Festival Canja. Sempre acaba com um gostinho de tristeza, alguns quilos de cansaço e um cheiro de quero mais.

Por Jessica Mobílio
O dia estava quase perfeito (digo quase porque o tempo seco nos maltrata). Estava sol, era domingo e não tinha nada melhor que um dia no parque. E o Vitória Régia estava pronto nos esperando para fechar com chave de ouro o festival.

A tarde musical se iniciou com Samanah, banda bauruense - Aliás, primeira banda local que conheci - trazendo um repertório 100% autoral, que já é cantado por diversos grupos da arquibancada lotada. É a cena musical bauruense mostrando grande potencial no Canja 2012 (veja aqui o lançamento do EP da Banda Projeto Homem Bomba).

De garganta seca, seja pelo calor ou não, a cerveja “2 por 5,00” ajuda a refrescar o dia, e ajuda a animar a noite que vem caindo.
Por Julia Gottschalk



Foi o domingo no parque! Com malabares, com baterias, bandas, cervejas, pipas e amigos. Foi o Canja se despedindo e deixando uma importante marca em bauru. Foi uma semana intensa encerrada com um domingo no parque. Ê José, ô João!

Por Julia Gottschalk

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Passeio de bicicleta anima a manhã de domingo

Por Thatianna e Oliveira 
Fotos Equipe Fora do Eixo

A Bicicletada começou às 10:30 saindo da Câmara Municipal de Bauru. “Escolhemos a Câmara porque estamos em ano eleitoral, pela significação do local”, comenta Mayra Gianoni Moreli, colaboradora do Canja. O objetivo do evento foi incentivar as pessoas a usarem a bicicleta para se locomoverem pela cidade. Além de ser um meio de transporte econômico, a bicicleta não polui o meio ambiente. 

A Bicicletada teve apoio da Emdurb que disponibilizou dois funcionários para fazerem a escolta dos participantes. O ponto final do trajeto foi a Parque Vitória Régia. “Pensando nos lugares que nós poderíamos usar para sair, as praças, nós escolhemos aqui porque o caminho é mais fácil.”, explicou Mayra.        


Manoel Blanco tem oitenta anos, anda de bicicleta há sessenta e dois anos e participou da Bicicletada. “Gostei muito da iniciativa de vocês. Correr de bicicleta é como qualquer outro esporte, tem que começar e continuar.” O passeio terminou por volta das 11:20 da manhã, os participantes tomaram água e o senhor Manoel ajudou Mayra a recolocar a correia da bicicleta no lugar, já que ela tinha saído da engrenagem. Além dos organizadores, outras seis pessoas aderiram ao evento.
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“Vamos fazer barulho não para mim, mas para o rap bauruense”

3 de setembro de 2012
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Coruja BC1 se apresentou no Festival Canja e mostrou que o hip hop em Bauru tem nome

Por Eduardo Henrique 
Fotos  por Jessica Mobílio

O título é uma fala do rapper durante a apresentação no Festival Canja, no espaço da concha acústica do Parque Vitória Régia. É compreensível a escolha desse recorte pra ilustrar a apresentação por uma explicação simples e breve: mostrar que o rap bauruense tem força! O contato que o Canja traz com o Hip Hop deixa claro essa aproximação e identificação do rap com os artistas independentes que do cenário local fazem parte. 

O Hip Hop em Bauru não tem só nome (ou nomes), tem espaço. Todo aquele lugar reservado às apresentações no parque ficou praticamente ocupado pelas pessoas que seguiam na batida da música que mostravam conhecê-la. A música e clipe “Não Posso Murmurar” que estampa locais conhecidos da cidade de Bauru e que completa 5 mil acessos em duas semanas, aparece na apresentação do rapper. O público que é variado em diversos aspectos começa a se aglutinar e a cantar junto. 

Complicado e difícil em um primeiro momento imaginar a sensação do Coruja BC1, que também dividia a apresentação com os MC’s Felipe Canela – Zica Zuka e Dom Black, apenas tendo uma vista panorâmica da platéia, como público. Tem que ser bauruense e mostrar o orgulho do espaço pelo qual faz parte, que ele insistia no palco. “Complicado e difícil em um primeiro momento”. É importante a ressalta por que tinha que haver um jeito de driblar a dificuldade para poder imprimir as sensações que a apresentação trazia. Era preciso ir além da mera explicação objetiva do que estava rolando ali. Era preciso viajar na mesma vibe que a platéia bauruense, que cantava e representava junto. Caminhar entre os personagens que fazia parte junto com o Coruja, na platéia, trouxe as várias sensações na tentativa de passar para as palavras.



Percebi que o Hip Hop tem uma onda interessante, ao menos o que o Festival Canja trouxe até agora. E casa com o espírito do Cobertura Colaborativa e do Festival! As pessoas parecem caminhar e falar numa voz em unidade, compartilham da realidade que vivem e encontram formas de expressão viva. Foi o que senti. Não é elogio, crítica ou pontos pra mostrar. É a sensação que aparece. O garoto que arrisca uns passos no ritmo dos beats, a mãe que dança num ritmo um pouco mais ajeitado, o grupo de adolescentes que arriscam uns versos. Parecia tudo em sintonia. “Nem todos que estão em Israel são israelitas” soou o verso conhecido. 

Ao contrário do pequeno espaço que o Ponto de Cultura – Acesso Hip Hop, em que Felipe Canela – Zica Zuka abriu para a oficina de beatmaker, o parque Vitória Régia parecia espaçoso. Parecia. O espaço foi ocupado em grande parte e o som pôde rolar de boa, e o Coruja pôde mostrar também qual seu público, sua cara e suas idéias. Ocupar o espaço, pensar junto e integrar as várias formas de expressão artística compuseram a teia de relações que o Festival foi capaz de criar no início da noite bauruense e que Coruja BC1 pôde trabalhar como um dos protagonistas.



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Vou rifar meu coração na praça





Texto por Fernanda Boralli e Nathani Massola
Fotos por Camila Lourenço

Qual cenário melhor para assistir um filme sobre amor do que em uma praça? Local desde sempre freqüentado, sobretudo, por casais apaixonados, que querem passar um tempo junto, ora, por que não? Tenho certeza que em algum momento seu avô ou avó já te contou que em sua juventude a praça da cidade era cenário principal dos finais de semana. Os jovens andavam de um lado ao outro, as mulheres cochichavam sobre o moço bonito de chapéu e sapatos bem engraxados e os homens se apaixonavam pelo jeito meigo das meninas que passavam na sua frente. Ah, a praça...

Mas há um porém, Vou Rifar Meu Coração não é lá um filme muito romântico, de acordo com a própria sinopse o tema vem mostrar justamente os conflitos dos relacionamentos de pessoas comuns da sociedade brasileira. Histórias amorosas que enfrentaram verdadeiros desafios.

Tem o senhor frentista que chegou em casa e não encontrou mais a esposa, tem o homem de meia idade que vive um amor com duas mulheres e sustenta duas famílias, ou também, aquela senhora que viveu vários anos sendo a amante, virou atual e perdeu seu homem para a mulher de quem o roubou. Confuso não? Mas, história real que você mesmo talvez já tenha ouvido por aí. 

Romântico ou não, o documentário chamou a atenção de quem estava na Praça da Paz, na última sexta-feira do mês de agosto em Bauru. Casais de namorados, famílias, crianças ou grupo de amigos, todos que passavam não resistiam e paravam para acompanhar a exibição do documentário, nem que fosse um pouquinho. Afinal, não é sempre que se tem a possibilidade de assistir histórias reais exibidas por um filme nacional em pleno espaço público. Atividade esta, realizada pelo Festival Canja em prol da disseminação da cultura não só local, mas de todo o país.


O filme traz músicas dos principais artistas populares brasileiros do cenário brega, como Wando, Agnaldo Timóteo, Amado Batista, Peninha, Nelson Ned, Waldik Soriano e Walter de Afogados. Patrocinado pela Petrobrás, o longa conta com a direção de Ana Rieper e produção de Suzana Amado e traz uma outra visão sobre o mundo do amor, vale a pena conferir.

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Para derreter o gelo

por  Agnes Sofia


 
       Nada de pipocas, nem de uma sala de cinema comum. O CinExtinção, no Festival Canja, atendeu aos apelos das imagens do filme que seria exibido:  ao invés de alguém para tirar nosso tickets, um barman estiloso, orgulhoso por  exibir no bar sua estilosa Heineken. Ao invés de poltronas de uma típica sala, as banquetas do bar e um confortável sofá, para quem quisesse ver o filme e tomar uma breja, mais de perto, com desconhecidos e  futuros amigos. Na tela improvisada, o filme Gargandi Snilld. Não entendeu nada?Melhor usar, então o título inglês, já que não há tradução para o português:  Screaming masterpiece. O impacto de saber que ambas as palavras estão ligadas a coisas fortes, como barulho(para screaming) e obra prima, para masterpiece, já aguçam a curiosidade, mas apenas a abertura do filme pode traduzir a sessão eletrizante que tivemos naquela noite.

         De animais a revolucionários         
      
       O documentário é sobre o cenário da música islandesa, e como ela seria tão original e efervescente, num país tão gélido, que, nas palavras de sua artista mais famosa, Bjork, levou duas gerações para ter coragem em carregar uma identidade, após a independencia do país, em 1944. E olhando para aquelas bandas, marcadas por uma mistura de  estilos, para formar novos que sejam tão vibrantes quanto às originais, nem dá para acreditar muito na cantora, mas aquilo soa tão forte nos nossos ouvidos que a sensação de que aquilo estava ansiosamente guardado para ser ouvido confirma essa repressão que eles passaram por décadas, como “animais colonizados pela Dinamarca”, em outra declaração forte de Bjork.

         Uma fusão inesperada.
          
       Mas a sessão daquela noite não ficou apenas marcada por imagens e sons vindas da telona. Toda vez que começava, no filme, a apresentação de uma nova banda, seguida por uma sequencia eletrizante mostrando toda a força do som dos caras que tinham acabado de contar um pouco sobre como faziam seu som, surgia, entre um nós, um alto “Foda, irmão”, seguido por aplausos...Eram as imagens se convertendo em shows para nós?Não,  embora pudesse muito bem ser. Mas era só virar para o lado e ver que algo mais bombava no fundo daquele bar: eram os garotos que ensaiavam para a batalha de B.Boys que seria logo após o filme. No fim, o frio da Islândia casou com o calor dos meninos, como uma boa Heineken gelada no meio do clima quente de ideias e sons do Festival Canja.

   
          Confira trailer do filme:                





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O Vitória das pipas

Por Mariana Caires
Fotos por Jessica Mobílio


Sol incessante, nenhuma nuvem. Parece que nenhuma novidade no céu de Bauru, não é?

- Acha? – como diria o bom bauruense. Quem é que não reparou naquela pipa verde e rosa cortando o céu do Vitória Régia essa tarde?



É claro que teve adulto que passou reto, mas a Oficina de Construção de Pipas promovida pelo Projeto Taquara não passou despercebida por nenhuma criança que passou pelo parque nesse último dia de Festival Canja.

Madeira, cola e papel organizados sobre o tapete colorido, uma pipa já pronta para chamar atenção da garotada e em pouco tempo, o espaço estava tomado. E nessa brincadeira de fazer pipas, já não dava mais para saber quem era aluno ou professor. O menino Eduardo logo disse que montar pipa era muito simples, muito fácil. A repórter aqui duvidou. Lembrou que já tinha tentado aprender a técnica com seu pai, ainda criança, e a tarefa não havia sido “só maravilhas”.

Mas realmente os meninos bauruenses são craques no assunto. O Jhonathan terminou sua pipa, a primeira do dia, com o toque final da Letícia. Um quadro vinho a ser pendurado no céu por esses dois pequenos bauruenses. A do Kevin só não ficou pronta logo porque ele deu uma de professor. Enquanto isso, Eduardo montava sua arte com o instrutor do Taquara. A corda quebrava, o papel rasgava, mas a vontade de criar seu próprio papagaio não deixava ninguém desistir, e que o diga o pequeno Gustavo.

Só Marquinhos, o mais novo da turma, que não quis saber da montagem. Ele escolheu pular a fase e pegar uma pipa já pronta. Mais fácil para ele. Assim, o único trabalho foi fazer aquela coisa voar.

Da barraca de pastel, a mãe de Iago, o dono daquela pipa verde e rosa, observava contente a atividade do Taquara. Seu filho era o mais velho dos meninos presentes e se ocupava em montar uma pipa com um coração no meio, que daria para o irmão, que também preparava um papagaio (igualzinho à bandeira do Japão, para a felicidade da nossa fotógrafa).



Os dois já estão acostumados a montar papagaios no Tangarás. “Lá as pipas são muito mais bonitas do que essa aqui, que vocês acharam tão bem feita”, contou o garoto de 14 anos. A pipa de coração, apreciada por todos na oficina, acabou rasgando, assim como a nipônica. As duas deram lugar a uma ainda mais trabalhosa e bonita, a de traços verdes e rosas. Iago colou os papéis e seu irmão fez a rabiola. Iasmin, a caçula, cuidou de não deixar nenhum material voar antes da hora certa.

Tempo vai, tempo vem, eram papagaios, cafifas, arraias e pandorgas nas mãos da criançada. E no fim, a falta de nuvens contribuiu para no espetáculo do Canja 2012 a pipaiada se destacar.

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Redes: Novos conceitos, paradigmas e desafios

Por Laís Semis
Fotos por Lívia Sarno e Barbara Toscano




Além de andar por 15 pontos na cidade, nesse ano o Festival Canja também abriu mais suas portas produtoras para conquistar os horizontes sem limites de Bauru. O Grupo AGR, que, por exemplo, na edição passada do Canja era um parceiro neste ano entra como realizador do Festival ao lado do Enxame Coletivo – que idealizou o projeto e o vem desenvolvendo anualmente desde 2010 . 

E esse empoderamento dos grupos parceiros na construção do Festival vem sendo articulado em diferentes níveis, vale a pena ser dito. Se alguns decidiram por assumir a linha de frente ao lado do Enxame; os outros que vem na mesma luta optaram por planejar e fazer suas ações dentro da programação do Festival acontecer. E rolou. 

“A gente entende que a nossa ação não é isolada, tem que ser disseminada.” E como bem ressaltou Magu, “temos que fortalecer as ações próprias do ponto de cultura, mas também as da rede”. E a rede são esses grupos conectados se mobilizando em prol de suas causas e se ajudando no processo de construção e solidificação da causa.

No caso, um processo que pede muito mais do que entreter. “Além da parte artística, entramos também na parte da formação, incluindo oficinas e mesas de debate na grade de programação, o que é uma conquista”, pontua Magu na mesa que aborda o tema “Redes: Novos conceitos, paradigmas e desafios”. Não que as outras edições do Festival Canja não tivessem se preocupado em incluir essas atividades de formação; mas dessa vez grupos como o Ponto de Cultura Acesso Hip Hop, AGR e o próprio e-Colab também se dedicaram à tarefa de formar, cada um ao seu modo, e compor uma totalidade múltipla. 

E o trabalho em rede é fortalecido não apenas pelo apoio mútuo entre esses articuladores, “tem a troca de metodologias, sistematização para conseguir trocar”, coloca na roda Ney Hugo, que vem da Casa Fora do Eixo Porto Alegre. Troca essa não apenas de serviços, mas de experiências e vivências que conectadas tem o poder de transformação.




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