“Hip hop bauruense não morreu. Não morreu!”

24 de setembro de 2012
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Por Keytyane Medeiros
Fotos: Conrado Dacax e Lais Semis

Já passa da meia noite e ainda nem entrei no Alecrim. Assim que cheguei li na placa “Alecrim, Bar MPB” e foi inevitável dar uma risadinha irônica quando pensei “e não é que vai tocar mesmo a verdadeira música popular brasileira?”. Muita gente pensa que não, que rap não é arte, não é música, não é cultura. Quem pensa assim tá bem enganado, hip hop é arte, e das mais autênticas. O lançamento da mixtape “Até surdo ouviu” do CorujaBC1 prova isso.

Que as músicas dele são ótimas, muito bem elaboradas e críticas todo mundo já sabe e a multidão reunida no Alecrim na noite de sábado não deixa dúvidas disso. Antes da apresentação, alguns garotos – e também algumas meninas! – se deixaram levar pelo hip hop que tomava conta do ambiente e faziam alguns passos de break. Um show antes do show.

“É hora da festa”, anuncia o produtor do Acesso Hip Hop, Magu. CorujaBC1 entra e está diferente. Com cara de garoto marrento, cabelo cortado e barba feita, sobe no palco e anima (ainda mais) a galera, chamando cada um pelo seu distrito. Os fãs, se sentindo representados e tão felizes quando o próprio rapper, vão à loucura. É o rap invadindo o centro de Bauru.

 O show contou com a participação especial de vários MCs amigos de Coruja, entre eles MC Dentão, Dom Black, Thigor, Felipe Canela, integrantes do grupo Além da Rima e tantos outros que compõe o ZicaZucaProduzions. O show, repleto de emoção, euforia e força, teve como um dos pontos altos a canção “Saudade” na qual o rapper de apenas 18 anos ficou claramente abalado ao dedicar a realização de seu sonho aos pais, ausentes nessa noite.


Como todo artista nato, CorujaBC1 improvisou no palco. Fez várias rimas na frente do público e quando esqueceu um trecho, no meio do repente, com rebolado e audácia acrescentou na improvisação “quando a gente erra tem que assumir”. Próximo do público e a todo tempo chamando a galera para participar dessa “festa de rap”, ao cantar a última música, Coruja declarou: “já que não posso colocar cada um de vocês no palco, eu desço até aí”. E ele desceu mesmo! Do meio do povo, Coruja cantou agarrado aos fãs e emocionado agradeceu a presença de todos na realização do um sonho de “não uma, mas de todas as vidas aqui presentes.”.