Mariana Caires
Foto: Jessica Mobílio
O belzebu convidava a galera
acomodada no parque Vitória Régia a ir de encontro ao Teatro Athos pra assistir
“A barca do inferno”. Convite do diabo? Será que presta? Pra quem já queimava
sob o sol da tarde de Bauru, mal é que não ia fazer!
E assim, a estranha roda cercada
por barbante, maletas, atabaques e chocalhos, se preenchia de gente do rap, do
raggae, do parque, do Canja, do nada. Apreciadores do teatro de rua ou não,
todos entraram na barca e remaram sobre a onda de Gil Vicente. Teve quem perdeu
a garrafa de bebida pro diabo e até mesmo quem acabou jurado pro céu, como a
Nathália. Nada ruim, se calcularmos o tanto de gente que pelas regras dessa
peça acabaria no inferno.
Dom Felipe, o fidalgo, foi o primeiro réu do Sr. Diabo. De roupa e lacaio na mão, nada foi capaz de levar o filho de algo a alguma salvação divina. A dona da barca da Glória, dita anja, que mais estava pra baiana de Oxalá, é que não ia se meter a levar um nobre de graça pro céu. Então o Diabo solta a palavra de ordem dos mais velhos tempos.
DEMOcracia.
Onzeneiro, frade, todos disfarçados de homem de hoje em dia. Raça assim acaba embarcando no batel infernal, pois voz do povo é voz de Deus. E o júri popular presente no tribunal do Vitória Régia decidiu pela acusação. 53% dos votos sem dó nem piedade levaram o frade pro fogaréu. Na companhia de Brígida Vaz e suas raparigas, até que o religioso não se sentiria tão sozinho naqueles lados.
Essa foi a peça “A Barca do
Inferno”, pelo Teatro de Rua Athos. Eles vieram de Batatais para participar do Canja e adoraram a oportunidade de
atrair diferentes públicos para o teatro de rua. Faz três anos que o grupo trabalha
com a proposta do teatro sem microfones e sem paredes entre palco e público.
Foi um show de arte com música, dança e teatro que valeu a pena nessa tarde de
sábado.
Amanhã tem mais, pessoal! Tem
bicicletada, o “Canja no Parque” e muito mais! Confira o link da programação e
bora se integrar! http://bit.ly/PUfYHN
Muito bom para quem permite ceder alguns minutos dessa vida corrida para acrescentar cultura e lazer... Adorei a matéria e fotos!!! Parabéns
ResponderExcluirSe nos pedissem para explicar o espetáculo "A Barca do Inferno". não a faríamos melhor do que as palavras de Mariana Caires. A arte da palavra é para poucos, pois não exige apenas talento, mas também de muita dedicação. Isso é visivelmente percebido na Resenha dessa exímia escritora. E as fotos então... Sem comentários. Nosso muito obrigado pelo carinho.
ResponderExcluirE se nos permite, gostaríamos de nos apropriar desta frase "Vai que amanhã essas barcas se cruzam, batem, e céu, terra e inferno não passam de ninguéns disfarçados". Genial.
É realmente muito bom ter esse tempo reservado para a cultura, Fabiana, muito obrigada pelos elogios!
ResponderExcluirE ao Teatro Athos, obrigada pela inspiração que me deram para realizar essa cobertura! É claro que podem se apropriar da frase, minha resenha é também de todos vocês do grupo. Agradeço de coração!