Cotando em Contos

20 de setembro de 2012
0
Por Laís Semis
Fotos por Marcos Madi

De São José do Rio Preto, a banda Contos de Réis é um desses exemplos de bandas independentes que vem lembrando que não existem muitas barreiras entre estilos musicais quando a busca é por música boa. 

“Hoje é muito comum ver em nossas apresentações as mesmas pessoas que foram assistir o show do Macaco Bong na semana passada, por exemplo. Eu vejo que pouco sobrou da antiga mentalidade de que roqueiro não ouve samba e vice-versa; a galera tá em busca do que é bom, do que é feito com originalidade e honestidade”, explica Victor Campos. “Então o lance tem mais a ver com a postura da banda... se é uma banda de MPB ou samba que está fazendo algo verdadeiro e não simplesmente um "barzinho e violão", mesmo que a princípio não exista um público formado ou espaços consolidados, eles estão lá, é só acreditar no trabalho e correr atrás assim como vemos fazendo até agora... não que eu considere que tenhamos alguma fórmula ou método infalível, mas é o que é. Um grande exemplo aqui da cidade também é o Varal de Renda que faz um MPB experimental numa formação totalmente jazzística e as casas que eles tocam estão cada vez mais lotadas, a galera cantando as músicas... ou seja, ta lá!”

Em 2009, ele, no violão, e Alessandra Lofran (voz) estavam tocando pelos bares da cidade, quando no ano seguinte decidiram que montariam uma banda mesmo. E de dois integrantes, hoje eles passaram a ser oito. Numa referência ao repertório dos anos 20 e 30 de suas apresentações, o nome Conto de Réis caiu como uma sugestão (da mãe de Alessandra) muito apropriada à banda, contemplando a proposta que estava sendo construída.

Uma das coisas notórias da banda de cara é o número de integrantes e a variedade de instrumentos. Como é a dinâmica de compor, viajar, tocar com um grupo tão grande? 



“Realmente não é fácil, mas entendemos desde o começo que para as coisas funcionarem precisaríamos estar sempre em consenso, então procuramos decidir tudo democraticamente. No caso das composições, normalmente um dos integrantes faz a canção, ou traz uma idéia e daí em diante vamos trabalhando conforme a disponibilidade de cada um, por exemplo... se o percussionista escreve uma letra e mostra pra mim (que sou violonista) então tentamos criar a música, melódica e harmonicamente, depois levamos pra vocalista, que vai dizer se o tom está correto pra voz dela... depois tentamos concluir a estrutura - introdução, estrofe, refrão, etc - em seguida marcamos um ensaio com a banda toda pra finalizar a parte rítmica, fechar os arranjos, alterar aquilo que não está bom e as vezes até desencanar da música porque talvez não servisse mesmo pra banda [risos]. Para viajar e tocar a lógica é a mesma: primeiro temos que ver a disponibilidade da agenda de cada um e depois estudar a melhor logística - se vamos de van, quem pode chegar primeiro pra montar as coisas, quem vai dormir na cidade, quem vai ficar no final pra receber o cachê - e por ai vai... No fim, tudo dá muito trabalho, mas amamos fazê-lo.”

Individualmente, os integrantes da Contos de Réis têm algumas produções, mas enquanto banda a previsão é de que o primeiro EP saia no final do ano ou janeiro de 2013. “O EP ta quase pronto... falta gravar alguns arranjos, refazer algumas coisas, mas o grosso mesmo já ta pronto”, explica Victor. Mas por enquanto apenas a canção “Minuto” está disponível pra quem ainda não esbarrou com eles pessoalmente e quer sentir o gostinho da banda. “O foco agora é o single mesmo, estamos muito contentes com nossa classificação pra final do FEM - Festival Nacional de MPB de Rio Preto - e estamos trabalhando no video clip que deve ficar pronto em breve além do trabalho de formiguinha de tentar emplacar a canção nas rádios independentes (ou não) do nosso amado e honesto país [risos].”

Nenhum comentário:

Postar um comentário