“Troca o disco!”

20 de dezembro de 2012
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Último Clube do Vinil de 2012 dá canseira na vitrola 

Texto e fotos por Higor Boconcelo

Entre os recém chegados, é grande o número que estranha o clima da cidade de Bauru. Também, é comum a situação climática se tornar pique deserto por aqui: faz aquele frio de manhã, manhã que parece durar até às dez horas quando o calor começa pra valer. E que calor. Em época de final de ano, geralmente é seguido de chuva.

Embora irrite um pouco não só aos que aqui estão de passagem, assim como quem aqui pertence, o clima bauruense não impediu que fosse realizado ontem a última edição do Clube do Vinil do ano, uma parceria entre o Enxame e o ateliê Miscelânea. 

Discotecagem livre
Entre ameaças de chuva e apocalipse, os convidados deveriam trazer seus vinis, como sempre, e em seguida montar uma playlist colaborativa que iria badalar o ambiente a noite inteira. 

Aliando a estrutura aconchegante do lugar e uma vitrola funcionando perfeitamente, tudo o que era necessário para o bom fluxo da noitada acontecer, que a princípio parecia ser difícil, mas logo mostrava-se o contrário, era escolher uma faixa dentre milhares de vinis de artistas de todos os segmentos. De coletâneas estilo Som Livre à The Who, Ramones e Fagner. 

Em poucos minutos o quintal do ateliê já estava tomado tanto por quem queria curtir a noite de quarta-feira, quanto pelo som daquele aparelho oriundo da década de 50, cuja qualidade era comprovadamente superior às fitas cassetes e compact discs. 

A certeza irrefutável era que este seria o último do ano, mas há quem se intrigasse com a hipótese de ser o último da existência humana. “Mas e aí, quais são seus planos para o dia 21 de dezembro?”, ouço perguntar um visitante. “Ô mundo bom de acabar!”, ouve-se em alto e não tão bom som. Enquanto a música rolava e o mundo na boca dos visitantes acabava, era de se notar de que a melhor maneira de isso acontecer deveria ser em festa. Ou, este era somente mais um dos pensamentos jogados ao ar que se misturava às ondas emitidas pela vitrola e pela caixa.

De qualquer maneira a noite valera aos presentes e à vitrola, que hoje devem desfrutar de uma boa ressaca, seja no trabalho ou em qualquer cômodo da casa. E o calor que se dane. 


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Comunicação de Valores

15 de dezembro de 2012
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Foi num SampaPé (sob garoa) e muitas estações de trêm e metrô depois que chegamos até o Capão Redondo pro 6º dia de Preliminares - festival que ocupa diferentes regiões de São Paulo levando em sua programação atividades e debates sobre comunicação e cultura. Entre a experiência de olhar pra cidade, proposta pelo Grupo SampaPé, e entre a de estar em um grupo de quase 40 pessoas no percurso Casa Fora do Eixo São Paulo até a Agência Solano Trindade, coube sair pela cidade para conhecer novos espaços dentro dela, procurando debater uma outra forma de comunicação que se fizesse um retrato mais fiel.

A Agência Popular Solano Trindade propõe ações culturais na Zona Sul de São Paulo e o fomento da economia criativa (a entidade tem sua moeda complementar, intitulada “solano”), com o objetivo de viabilizar a cadeia produtiva artística da região.

Pra isso, é importante, segundo Raphael, da Solano Trindade, trazer as lutas populares pra pauta do dia a dia e organizar a comunidade. “Porque a gente acredita que só vai conseguir mudar as coisas de fato quando estiver decidindo também e não sendo apenas coadjuvante dessas decisões”, expõe. O intuito é a contrução de uma nova sociedade em que não se discuta só a partir do que é dito por segundos ou terceiros, mas de uma sociedade que reflita, tenha voz e seja ouvida.




Faltando espaço pro diálogo nas mídias tradicionais, cada vez mais grupos tem se utilizado da comunicação comunitária para potencializar ações como às da Agência Solano para expor narrativas das realidades.

Na construção desse cenário de mídias independentes e de comunicação comunitária, mostra-se importante agregar valores em suas mudanças e se utilizar da arte como instrumento político para abrir caminhos e transformar. “A comunicação de hoje não constrói valores. Ela adestra pessoas”, coloca Raphael.

Entre os debates levantados, foi colocado pensar não só projetos sociais, mas projetos pra sociedade pensando na formação das novas gerações e ajudar também as comunidades a se articularem com pequenas ações para a construção de uma vida digna dentro da sociedade, trabalhando suas conquistas diárias.

E como falar de igual pra igual numa sociedade tão díspare? “A gente tem várias semelhanças, várias diferenças e o que a gente consegue através de conversas como essas é propor campos de potencialialização de troca em cima das somas das diferenças e não do afastamento delas”, comenta Filipe Peçanha, midialivrista do Fora do Eixo.

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Sobre coisas passageiras que nunca se esquece

10 de dezembro de 2012
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Por Pâmela Antunes
Fotos por Jessica Mobílio


Depois de receber Noites Fora do Eixo, Clubes do Vinil, Pós TVs entres outras atividades especiais e diárias durante pouco mais de dois anos, o Enxame Coletivo se despede de sua sede. Foi no último sábado (08), em uma noite quente e com poucas estrelas no céu, aconteceu a Noite-Despedida da Sede do Enxame.

Mesmo com poucas pessoas no início da noite, o Dj Don Caboclo já estava mandando seu som; a decoração estava caprichada, a Banquinha já estava montada e o bar preparado com a cerveja gelada só esperando a galera chegar. Depois de uma hora e meia que a sede foi aberta o clima já era de festa, alguns dançavam, outros cantavam, acompanhando o que o DJ mandava. 



A sala da sede foi transformada em palco, onde a primeira atração foi o Chimpanzé Clube Trio, grupo de rock paulistano (ou melhor Rock instrumental) formando por Felipe Crocco (guitarra e baixo) Luiz Miranda (guitarra e baixo) Angelo Kanaan (bateria). Felipe e Luiz revezam entre baixo e guitarra sem nenhum problema ou perda da qualidade do som. O show começou as 1h31 e a sala que tinha poucas pessoas se encheu rapidamente e logo foi contemplada por um rock que também mistura ritmos como reggae, blues e soul. Em cada integrante da banda podia se perceber o domínio sobre seu instrumento, que fez o publico não apenas ouvir as músicas que estavam sendo tocadas mais sentir cada nota, cada acorde. O show acabou 2h40, mas ainda tinha muito som para rolar.

Enquanto o Trio Chimpanzé Clube tiravam seus instrumentos para a apresentação do outro grupo, as atenções foram voltadas ao quintal. A galera foi chamada, pois era vez de Bauru mostrar que estava presente e bem representada. Coruja BC1 e MC JF marcaram presença mandando suas rimas. Coruja BC1 improvisou rimou e o publico gostou MC JF cantou e animou.

Para fechar a noite com chave de ouro foi a vez do Duo Finlandia composta pelo brasileiro Rapahel Evangelista (violoncelo) e o argentino Mauricio Candussi (acordeão, piano e programações). Com seu som folclore eletrônico onde misturam ritmos brasileiros e argentinos como tango e baião e encantam por onde passam, e, em Bauru, em sua segunda passagem pela cidade, não foi diferente. Com sua sonoridade latina fez todos que estavam presentes serem contagiados pelo som quente que saiam do acordeão e do violoncelo não podendo ficar parado.



E nessa noite instrumental, foi em grande estilo que o Enxame Coletivo se despediu de sua sede, fechando mais um ano de intensas atividades. 

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