#Trocando Ideia: D'Bronx

29 de maio de 2014
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Entrevista: Keytyane Medeiros

Imagens: Divulgação

Rodrigo Caetano Faustino, mais conhecido pelas quebradas de Bauru como D’Bronx, é rapper e produtor audiovisual. Em outubro de 2013 lançou seu quinto CD, intitulado “Coragem é o que a vida quer de mim” e no início do ano participou da produção e da realização do clipe “Favela” do rapper Vurto MC, também bauruense.

O CD de D’Bronx é bastante mesclado. Tem levadas mais R&B, como “Já te amava” que conta com a participação de Thigor MC, outras canções que referenciam jargões próprios do rap paulista como em “Interior tem voz”, produzido por Felipe Canela e outras mais étnicas como “Posse sangrenta”, feita em homenagem aos índios Guarani Kaiowá e que já está na boca do povo. Nossa equipe conversou com o cara saber qual que é a do novo trabalho.

e-Colab: D’Bronx, como começou a sua relação com o rap, quando começou a ouvir, cantar, produzir?
D’Bronx: Eu faço rap desde criança. Meu tio era DJ e meu primeiro contato com a música foi com o samba, mas como meu tio era DJ, ele me apresentou um CD do Racionais MCs (Homem na Estrada) e aí eu comecei a escutar bastante rap. E eu comecei a relatar, com as minhas palavras, algumas coisas que aconteciam na minha quebrada e comecei a montar meus grupos ali, sem muita pretensão, só para cantar em escola e praças mesmo. Montei meu primeiro grupo entre 2002 e 2003 e em 2005, eu lancei o primeiro CD. O meu primeiro grupo chamava “Sobreviventes do Gueto” e o segundo chamava “Guerreiros da Luz”. Nesse último éramos em 5 integrantes e começamos a misturar rap com soul, colocar um pouco mais de musicalidade na parada. Tivemos ajuda do produtor Kleber Gaudencio, que toca piano e foi aí que nosso estilo começou a se diferenciar do rap que se faz aqui em Bauru.

e-Colab:  Quais as influências musicais para compor o CD “Coragem é o que a vida quer de mim”, já que ele possui várias texturas sonoras?
D’Bronx: Eu trabalho com diversas pessoas e essas pessoas me influenciam com samba, jazz, soul. E eu procuro respeitar todos esses estilos e extrair um pouco de todos eles. Não escuto rap o dia todo, pelo contrário, rap é o que eu menos ouço no meu dia a dia. E cada CD que eu lancei, tinha uma linhagem diferente. Uns mais pro lado do soul, do rap mesmo, com mais beats, mas sempre procurando enriquecer o trabalho e refletir aquilo que eu escuto no dia a dia também.



e-Colab: Como foi o processo de produção desse último CD?
D'Bronx: Nesse CD, eu escolhi alguns amigos que também são produtores para me ajudar. Cada faixa vem com uma produção de uma pessoa diferente, tem o Caio Santos, o Rodrigo Dhakor, Thigor MC, TH Beats. Então cada faixa um coloquei de um parceiro ali, então não segue uma linha só de produção. Foi um lance que eu experimentei fazer mais rap, com uns beats mais pesados. Mas a ideia era explorar outras coisas, um beat mais pegada jazz, música em homenagem aos índios Guarani-Kaiowa, com uns batuques mais étnicos, outros com beats mais pesados, como a música que o Canela fez...

e-Colab: Qual seria a principal mensagem do CD?        (Ouça o CD completo aqui!)
D'Bronx: Eu trabalho bastante com a questão da auto-estima. Eu penso que não adianta eu atacar o sistema sem estar bem comigo mesmo. Não adianta eu criticar a polícia, a violência e a sociedade, sendo que eu ainda não me valorizei como pessoa ainda, não to bem em casa, com a família, com a vizinhança antes. Tento passar uma mensagem positiva, de esperança, de respeito, sem fazer distinção de raça, religião, estilo musical. Por isso, a necessidade de fazer parceria com outros rappers e outros cantores. Às vezes a pessoa curte um jazz, mas não ouve rap, aí no rap vê um lance de jazz. A ideia é essa, trabalhar com autoestima e respeito, é o que me motiva mais. Porque não adianta instigar o ódio entre as pessoas. Não é porque eu não falo sobre crime ou revolução que meu rap é melhor ou pior que o de outro rapper, mas a gente se complementa, ele pode falar coisas que eu não cito e vice-versa. Uma coisa complementa a outra, nós não vivemos violência o tempo todo, a gente desfruta de felicidade, alegria, a gente luta por isso e todo mundo se complementa.


O rapper também é dono de uma produtora audiovisual, a Bronx Filmes. A história de D’Bronx com o audiovisual começou quando Rodrigo trabalhava na ONG SOS Global e prestava socorro para vítimas de catástrofes naturais em outros estados e, ao perceber uma ausência de vídeos sobre esses acidentes, decidiu que ele mesmo faria registros dos resgates e das famílias atingidas. Assim que produziu os primeiros vídeos, ainda com uma câmera compacta simples, D’Bronx recebeu ajuda do amigo e coordenador da ONG, Enilson Comono, com alguns equipamentos e passou a direcionar as produções para trabalhos musicais, em clipes dele próprio, da Abanka Forte, de Vurto e também para grupos de São José do Rio Preto.

A proposta de D’Bronx parece interessante à medida que se propõe a criar um ambiente de boas energias e autoestima para o ouvinte de rap, deixá-lo mais confiante e seguro de si. Nesse ponto, sem dúvidas, D’Bronx acerta. É realmente importante se conhecer bem, enquanto individuo para também se reconhecer cidadão, ser político, cultural e social nesses nossos tempos líquidos.
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É o Rap: Gangsta Paradise em Bauru!

27 de maio de 2014
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Texto: John Cristian
Imagens: Lucas Jordão

Neste sábado, dia 24 de maio, Bauru foi palco para grandes nomes do Rap Nacional, como Ndee Naldinho, Realidade Cruel, Consciência X Atual e Consciência Humana

Nas pickups estava o DJ Bola 8 (Realidade Cruel) tocando várias lendas do Rap Nacional. Também participaram da festa vários grupos do interior paulista como Abanka Forte, que é da casa, QOES de Penápolis, Expresso Verdade de Marília, Mr. Giba e X da Questão de Sorocaba e lá de Três Corações, Minas Gerais, veio o grupo M.Niggaz.

É o Gangsta Paradise!!! 

Nossa equipe procurou conversar com alguns grupos que se apresentaram nesta que é a 9º edição do evento para sacar o que aconteceu por lá.

“Tem que ter compromisso e seriedade no bagulho, se for pra somar, é nois memo vagabundo” 

M. Niggaz (3 Corações - MG)
M.Niggaz abriu o evento, com bastante presença de palco, chamando a atenção e mostrando que o pessoal de Minas não veio para brincadeira: trouxe letras fortes e positivas. O grupo, que está desde 1996 no movimento Hip Hop, nã tinha se apresentado em Bauru ainda, e pelo que disseram, gostaram muito da recepção da cidade. Perguntamos para Romilson, integrante do grupo, como o Rap mudou na sua vida. “Se eu não tivesse me envolvido nesse movimento, com certeza eu não tava aqui hoje, eu tava pro outro lado metendo o louco... Ou tava preso, ou tava morto”, respondeu. Já QOES, de Penapólis, roubou a cena com estilo. Entrou no palco com máscaras de palhaço, toucas como assaltantes, tacos de beisebol e lenços tampando boa parte do rosto. Visual completamente agressivo, deixando todos surpresos ao cantar músicas que falam sobre Deus e paz. As aparências enganam! Segundo um dos membros do grupo, Jefferson, “o visual mostra a visão que o pessoal de fora [do rap] tem do rap. Na letra a pessoa vai entender que o rap não é aquilo que ela pensa. Esse é o verdadeiro rap gangsta, mostrar pra molecada os dois lados, o que vai e o que não vai acontecer, e não passar as caminhadas erradas.” 


“Inspiração pra um rap a cada metro quadrado” 
Consciência X Atual

Abanka Forte, único grupo bauruense a se apresentar na noite, existe há menos de um ano e é formada por Thiago de Tarcius e Vinicius Thomas nos microfones, além do DJ Ding nas pickups. Os caras da Abanka também rodaram todas as quebradas de Bauru colando cartazes e falando com a galera sobre o evento, além de vender ingressos e divulgar nas redes sociais. Como recompensa de todo o suor gasto, o grupo prestigiou a Casa Muamba Music cheia. 


Sempre com muita humildade, os integrantes de Abanka nos responderam algumas perguntas: 

E-colab: Qual a sensação de dividir palco com Realidade Cruel, Ndee e todos os outros em um evento desse porte? 

Abanka: Tem grande importância, desde pivete ouvindo os cara no radinho da sua casa, e hoje com internet da pra ver uns clipes e documentários também, só que a gente não sabe a verdade. Hoje estamos tendo oportunidade de olhar no olho dos caras e conhecer qual é a pessoa deles. Só temos a agradecer pela festa e pela oportunidade 

E-colab: Em pouco tempo vocês conseguiram um espaço enorme no rap, tem gente que tá há mais tempo e não teve a oportunidade que vocês tiveram hoje. Tem algum conselho para quem tá começando, ou já tá no rap há algum tempo? 

Abanka: Sim, qualquer um é capaz, tem que estar sempre ciente que é só correr e acreditar no seu sonho, independente do que os outros falam, tem que fazer acontecer! 

Douglas (Realidade Cruel)
Falando com os grupos que não são de Bauru, mas que participaram do evento, ficou fácil perceber que Bauru está se destacando cada vez mais no movimento Hip Hop estadual. O próprio DJ Bola 8 (Realidade Cruel) disse que Bauru é “muito louco”. O público do evento está de parabéns, todos em paz, cantando com o coração! Bauru sempre fortalecendo a cena do Rap Nacional, e mostrando para todos que o Rap não incita a violência e criminalidade, pelo contrário. Todos os grupos que se apresentaram citaram Deus, ou no meio do shows ou nas mensagens. Consciência X Atual citou Salmos 23 inteiro durante o show e o próprio Douglas disse que só Jesus Cristo seria a Salvação, e que aprendeu isso tarde, mas aprendeu. 

Pra quem queria ouvir Rap de verdade, não faltou opção no evento. Só monstros do Rap Nacional reunidos em um único lugar, e com certeza, foi um dos maiores eventos de rap que Bauru já teve!


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"Neguinho o caralho, meu nome é Emicida, porra!"

15 de maio de 2014
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Texto: Keytyane Medeiros
Imagens: Pedro Fávero



Mesa de 2 pickups, berimbau e cavaquinho numa quarta-feira a noite. E é noite de show do Emicida no Sesc Bauru. As arquibancadas estavam lotadas de fãs e novos-fãs ansiosos pela apresentação. Foi bonito de ver, tinha gente de todo tipo, desde aqueles que não sabiam cantar mais do que duas músicas, mas se envolviam com as batidas até aqueles que sabiam letras de Xis e DMN, rappers importantes da década de 1990 e que foram incluídos no repertório do cantor do Jd. Fontalis. 

Mas antes de falarmos do Emicida propriamente, temos que falar da banda. Depois de ontem, penso até que poderia ser, daqui pra frente, Emicida e Banda, porque a multiplicidade de instrumentos e suas combinações foi um show à parte. A guitarrista e backing vocal se destacou (ainda mais, já que era a única mulher no palco) quando puxou um som no berimbau, somado aos beats do DJ Nyack e à percussão muito bem delineada ao fundo. Os músicos se entregaram e passaram a energia de samba, rap e africa-brasilidades para o público. Isso me lembra que em 2013, Emicida deu uma entrevista à Noize em que dizia que estava experimentando novas texturas, novos ritmos e a escolha por uma banda tão eclética e alinhada, prova que essa experimentação tem dado certo. 

Emicida a todo tempo puxava o público e pedia por sua participação. Ao cantar “Triunfo” numa versão diferente da original, surpreendeu e trouxe a vibe de show de rap pro Sesc. A partir daí, foi “Rua Augusta”, “Eu gosto dela”, “Emicidio” e tantos outros sucessos dos EPs anteriores tomando conta da quadra. Mas foi o primeiro álbum oficial do rapper, “O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui” a grande estrela do show. “Hino Vira-Lata”, “Bang!” e “Hoje Cedo” estavam na boca do povo, mostrando que o rap ultrapassou, ao longo dos últimos anos, barreiras até mesmo históricas de preconceito com o gênero. 

“Axé pra quem é de axé, pra chegar bem vilão, independente da sua fé, música é nossa religião”. Essa foi Ubuntu Fristilli, música que reproduz e amplia o que o africano Desmond Tutu já definiu como filosofia Ubuntu: “uma pessoa com ubuntu está aberta e disponível aos outros, não-preocupada em julgar os outros como bons ou maus, e tem consciência de que faz parte de algo maior e que é tão diminuída quanto seus semelhantes que são diminuídos ou humilhados, torturados ou oprimidos.” 

No meio do show, Emicida convidou Renan Inquérito ao palco e mais uma vez, o MC de Campinas começou a vender pó, pó-esia até não sair mais do palco. Ficou ali, compondo o show, recitando e cantando vários sucessos do rap nacional junto à Emicida: Sabotage, DMN, Doctors Mc, Xis. Estouro. 



Quem acompanha o movimento Hip Hop sabe que, em quase todos os shows de rap, existe um momento Freestyle. Rappers são rimadores convictos, às vezes mandam bem, às vezes mandam mal, mas esse momento é sagrado para um MC e para os fãs de rap. Ontem não foi diferente, ainda mais pra Emicida, cria da Rinha dos MCs da Santa Cruz e de tantas outras das periferias de São Paulo. Só com os beats do DJ Nyack, Emicida convidou Coruja BC1, expoente do rap bauruense, para mandar umas rimas e tocar corações. Senti o chão tremer quando o Corujinha da Rima subiu ao palco, sempre reforçando a ideia de que “se o interior tem voz, o mundo vai ter que ouvir”.

Pois é, o Sesc e toda uma diversidade de bauruenses ouviu. Ouviram a homenagem de Emicida ao mestre Jair Rodrigues, ouviram uma aula de rap nacional, de cultura e identidade negra e periférica. Ouviram de amor e de rinha. De pertencimento e orgulho. Ouviram pó e do chão, fortaleceram o Hip Hop com suas vozes e com seu coração.



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Triunfo no Ponto - Lançamento do livro

12 de maio de 2014
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Gilberto Yoshinaga, autor do livro "Nelson Triunfo: do Sertão ao Hip Hop"


Texto: Keytyane Medeiros
Imagens: Keytyane Medeiros e Felipe Amaral
Major, do Bauru Breakers Crew

Dia das mães, dia de Rap no Ponto.
Coração aperta e se divide. A vontade de voltar para a minha quebrada, pro colo da mãe é grande, mas a vontade de ficar, fortalecer as atividades do Ponto de Cultura Acesso Hip Hop e conhecer o autor da biografia de Nelson Triunfo também é.

Por fim, escolhi ficar em Bauru e comparecer à Cussy Jr, 13-55, local que está sendo ressignificado a cada dia, a cada atividade e já tem se tornado o ponto de encontro de vários grupos e movimentos orgânicos da cidade, relacionados ao Hip Hop, à cultura negra e à discussão política entre os jovens.

Ontem, 11 de maio, foi o dia do lançamento do livro biografia “Nelson Triunfo: Do Sertão ao Hip Hop” de Gilberto Yoshinaga aqui em Bauru. Gilberto é jornalista, formado pela Unesp e passou 5 anos pesquisando e acompanhando Nelson Triunfo em viagens e eventos de hip hop, ou não, como ele mesmo pontua.

“Desde 97, época em que eu morei e estudei aqui em Bauru, eu já vinha acumulando várias informações sobre Hip Hop e queria usar esse material, mas eu achava muito amplo um livro sobre Hip Hop, eu queria um enfoque mais específico. Por incrível que pareça, eu sonhei que escrevia a biografia do Nelsão e pensei ‘Que ideia legal! Como ninguém pensou nisso antes¿’ Como a história dele conta automaticamente a história da Soul Music e do Hip Hop no Brasil veio a calhar, porque eu já tinha 15 anos de material [guardado sobre o tema]”, afirma Gilberto.

Nelson Triunfo começou sua carreira como dançarino em 1977 em São Paulo, em plena ditadura militar. Conhecido como “Pai do Hip Hop” no Brasil, foi um dos pioneiros no uso dos estilos, danças, batidas e músicas existentes no movimento como ferramenta de educação em projetos sociais. Além disso, Nelsão também é poeta, músico e ator.

O autor ainda confessa “eu achei que o Nelson tinha uma representatividade mediana dentro do movimento no Brasil, mas quando fui ver, percebi que era gigante a importância dele, muito maior do que eu esperava.”. Yoshinaga também fez questão de que o livro fosse lançado de maneira independente, por meio de sua editora Shuriken Produções (produtora do Zap-san e Mr. Giba, expoentes do rap sorocabano), para que pudesse valorizar o trabalho do autor e do biografado, sem falar do problema das editoras atravessadoras dentro da indústria cultural no país.

Sobre o desentendimento entre Zap-san e Projota, Gilberto lamenta porque, “pra quem não acompanha o movimento Hip Hop fica essa imagem da violência, da agressividade, da coisa negativa e não é nada disso que o Hip Hop prega. A mídia não noticia quando um show dos Racionais salva uma vida, mas quando tem uma briga entre um rapper desconhecido e um mediano, alardeia”.

Show do D'Bronx
Infelizmente, por conta da data, o evento contou com a participação de um número pequeno de ouvintes, mas todos muito atentos e participantes do movimento Hip Hop em Bauru. Gilberto Yoshinaga ainda falou sobre a conduta Hip Hop, que, segundo ele, deve ir além da música e dos beats e se transfere também para a humildade no trato com as pessoas e no "Bom dia" que devemos desejar ao porteiro, ao vendedor de rua, ao rapaz da padaria. Logo após contar alguns causos sobre o livro, Gilberto sorteou um exemplar com base em algumas perguntas e o ganhador foi o rapper Jota F.

Além do lançamento do livro, houve apresentações de dança com o Bauru Breakers Crew, shows do Dom Black e do D’Bronx, dos iniciantes do Impacto ZL e a presença da Biblioteca Móvel – Quinto Elemento, das meninas da Frente Feminina de Hip Hop. E a promessa do Renato Magu, um dos organizadores do Ponto de Cultura é trazer o próprio Nelson Triunfo no próximo semestre. Vamos esperar!

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Primeiro de maio foi dia de Rock, bebê.

2 de maio de 2014
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Texto: Keytyane Medeiros
Fotos: Keytyane Medeiros e Robinson Oliveira

Primeiro de Maio é um dia de lutas, é o Dia Internacional do Trabalhador. Dia do antigo proletário e hoje assalariado dos grandes centros urbanos. A data é fruto de reivindicações iniciadas em 1886 em Chicago a fim de diminuir a carga horária de trabalho para 8 horas diárias. E na Segunda Internacional Socialista de 1889, em Paris, a data foi aprovada como dia de lutas e conquistas.

Há quem prefira se reunir para discutir as condições laborais em sindicatos e há grupos que preferem comemorar, celebrar a conquista desta data. Independente das críticas anuais, a Central Única de Trabalhadores (CUT) de Bauru, ano após ano, realiza uma festa no Vitória Régia. 

As críticas à CUT são inúmeras e quase sempre pesadas. Mas neste ano, a organização trouxe uma importante pauta para o evento: a democratização da comunicação como o desafio do século. Uma barraca foi montada para recolher assinaturas para a criação de uma Lei de Mídia Democrática e constantemente anunciada no palco. Finalmente, os movimentos sociais não ligados à comunicação perceberam o risco que corremos com a concentração da mídia e tomaram para si mais esta pauta. Ponto positivo.

Jota F e Betin MC. Foto: Robinson Oliveira
Realizado em parceria com a Prefeitura Municipal, a programação do Dia do Trabalho começou às 10h no Vitória Régia e contou com apresentações de teatro e dança. Pela tarde, houve shows do Josiel Rusmont e também o jovem rapper Betin MC, uma das apostas do Ponto de Cultura Acesso Hip Hop.

A partir das 16h30 rolou apresentação do grupo cover de Creedence Clearwater Revival, Midnight Special. O grupo já é conhecido na cidade e é um dos maiores covers da banda no país. Apesar do frio de outono, o Vitória estava cheio e o público se dividiu entre o rock e o samba já que em outro ponto do parque estava rolando um encontro de sambistas da cidade promovido pelo Coletivo Samba.

A partir das 17h30 quem entrou no palco foi André Turco, artista conhecido na cidade. André e seus convidados tocaram músicas conhecidas como “O nosso amor a gente inventa”, do Cazuza e vários outros sucessos do Legião Urbana. Apesar da boa vontade, infelizmente os cantores não tinham tanta presença de palco, o que fez com que o público os acompanhasse, mas não enlouquecesse ao longo das canções.

Às 19h houve o Ato Público promovido pela CUT e o vereador Roque Ferreira (PT) tomou a cena. Inicialmente vaiado pela plateia, Roque falou sobre a luta pela democratização da mídia, sobre melhores investimentos na educação pública, genocídio da população jovem negra como política de “um governo fascista de Geraldo Alckmin” e sobre a redução da maioridade penal. Ao longo do discurso, a reação do público foi mudando e se tornando bastante controversa, ora apoiando as falas ora repudiando-as. Sob aplausos de alguns cidadãos e dos representantes dos professores da APEOSP, Roque deixou o palco e deu lugar aos próximos shows.


Em seguida, veio Kiko Zambianchi cantando sucessos da geração do rock dos anos 80 no Brasil. Sucessos do Legião Urbana, Capital Inicial e até músicas do Black Sabbath. Em seguida, Marcelo Nova empolgou o público – e fico feliz em dizer – não o chocou, moralmente, ao cantar “Eu não matei Joana D’arc”, “O ponteiro tá subindo” e “Pastor João e a Igreja do Invisível”. Sua performance, animada, provocadora e postura de vira-lata do rock, como ele mesmo se entitula, é um bom exemplar dos anos 80. Boa escolha da CUT. 

Já Nasi surpreendeu. Não cantou músicas da carreira solo, decepcionando os fãs e sua voz não estava nos melhores dias. No auge de uma das principais músicas da carreira do IRA! “Um girassol sem sol”, subitamente, a luz do palco acabou. Gritos de “Toca Raul” e “Vamo acender um!” tomaram o Vitória Régia. A luz voltou, mas muitos já tinham ido embora depois de mais de 20 minutos de espera. Nasi encerrou o show e o Primeiro de Maio da CUT de discussões importantes sobre comunicação, educação e maioridade penal. E claro, um bom e velho rock no Vitória.

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O batidão de Bauru

1 de maio de 2014
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MCs da VR Produções no Programa do Jacaré, vitrine do Funk

Texto: Solon Neto
Imagens: Divulgação VR Produções

O funk é um fenômeno de público, tem quebrado barreiras sociais e culturais devido à sua simplicidade, criatividade e apelo rápido. As letras abordam temas dos mais variados, ousam quando tocam a sexualidade, e são um deleite para os que gostam de dançar.

O e-Colab esteve com alguns Mc's bauruenses e um dos líderes do Funk na cidade, Divino Ribeiro, conhecido como Vinão, líder comunitário no bairro Parque da Nações e de uma das produtoras de Bauru, a "VR Produções". Por meio da produtora, nomes conhecidos do Funk brasileiro já vieram a Bauru, como MC Catra e MC Nego Blue.

Além de Vinão, estavam presentes MC Thomazz, de 22 anos, o MC Duzap, também de 22 anos, MC Vitinho GSP, de 17 anos, MC Flech, de 18 anos, que faz dupla MC Venom, dois anos mais velho. Os MC's moram em vários bairros diferentes da cidade, como o Colina Verde, o Gasparini e o próprio Pq. das Nações, que serve de sede de reuniões para a produtora.

O grupo organiza shows em Bauru e região, além de produzir o DVD Boladão Funk Bauru, que desde 2012 reúne cerca de 20 artistas por ano para gravar apresentações em uma única noite. Cada DVD é distribuído e vendido pelos próprios artistas, que repassam milhares de cópias para a cidade e dividem o entre si o que arrecadam.





O ritmo sofre preconceitos, principalmente por sua origem de periferia e letras que desafiam os limites dos dogmas da classe média. Thomaz Pereira Pardino, de 22 anos, o MC Thomazz trabalha com funk desde 2010 na cidade. Thomaz observa que quando começou, os artistas eram poucos, e a que o crescente sucesso do ritmo na televisão, nos bailes e na internet, aumentou muito o número de artistas na cidade. Ele comentou os preconceitos que envolvem o ritmo:

“Tem diversos temas adotados pelos Mc's de funk no Brasil. Tais como: Ostentação, Realidade, Apologia, Putaria e outros mais. E se você reparar, verá que são faladas tudo claramente. De repente seja por ser esse um modo de expressão que não se encaixe no perfil da sociedade.”

A organização com a produtora do Pq. das Nações gera uma facilidade aos MC's que se soma à de gravar pequenos vídeos e veicular o trabalho na internet, o que intensifica sua divulgação: “O Facebook e o Youtube facilitou mais ainda as divulgações pelas visualizações. Esses são os principais jeitos que eu usava e uso para as divulgações de minhas músicas.” comenta Thomaz.

A divulgação online das músicas toca na questão dos direitos autorais e da difusão livre do material produzido pela internet, ao que Thomaz responde: “Claro que é lamentável o fato de adquirirem o nossos trabalhos sem sermos recompensados por direito. Mas por outro lado, se não tiver resultados financeiros pela difusão livre, acredito que os resultados virão em shows. Então eu defendo. Pois muitos cantores de sucesso estão lá pela ajuda da tal difusão livre do download.”

Além de gravar o DVD, a VR Produções levou seus MC's, em 2013, ao “Programa do Jacaré”, conhecido por revelar artistas de funk. Há planos para que voltem ao programa em breve.

Em 2014, a VR produções pretende voltar ao programa. O dvd Boladão Funk Bauru foi gravado na casa de shows Muamba Music, que fica na Av. Duque de Caxias e sedia eventos do Funk Bauruense. O lançamento está previsto para as próximas semanas.

No próximo sábado, 3 de maio, a partir das 16h, vai rolar o Baile Funk da Comunidade, no Jardim Nicéia e os MCs do Vinão prometem fazer barulho na comunidade.
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