Texto: Keytyane Medeiros
Imagens: Pedro Fávero
Mesa de 2 pickups, berimbau e cavaquinho numa quarta-feira a noite. E é noite de show do Emicida no Sesc Bauru. As arquibancadas estavam lotadas de fãs e novos-fãs ansiosos pela apresentação. Foi bonito de ver, tinha gente de todo tipo, desde aqueles que não sabiam cantar mais do que duas músicas, mas se envolviam com as batidas até aqueles que sabiam letras de Xis e DMN, rappers importantes da década de 1990 e que foram incluídos no repertório do cantor do Jd. Fontalis.
Emicida a todo tempo puxava o público e pedia por sua participação. Ao cantar “Triunfo” numa versão diferente da original, surpreendeu e trouxe a vibe de show de rap pro Sesc. A partir daí, foi “Rua Augusta”, “Eu gosto dela”, “Emicidio” e tantos outros sucessos dos EPs anteriores tomando conta da quadra. Mas foi o primeiro álbum oficial do rapper, “O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui” a grande estrela do show. “Hino Vira-Lata”, “Bang!” e “Hoje Cedo” estavam na boca do povo, mostrando que o rap ultrapassou, ao longo dos últimos anos, barreiras até mesmo históricas de preconceito com o gênero.
“Axé pra quem é de axé, pra chegar bem vilão, independente da sua fé, música é nossa religião”. Essa foi Ubuntu Fristilli, música que reproduz e amplia o que o africano Desmond Tutu já definiu como filosofia Ubuntu: “uma pessoa com ubuntu está aberta e disponível aos outros, não-preocupada em julgar os outros como bons ou maus, e tem consciência de que faz parte de algo maior e que é tão diminuída quanto seus semelhantes que são diminuídos ou humilhados, torturados ou oprimidos.”
Quem acompanha o movimento Hip Hop sabe que, em quase todos os shows de rap, existe um momento Freestyle. Rappers são rimadores convictos, às vezes mandam bem, às vezes mandam mal, mas esse momento é sagrado para um MC e para os fãs de rap. Ontem não foi diferente, ainda mais pra Emicida, cria da Rinha dos MCs da Santa Cruz e de tantas outras das periferias de São Paulo. Só com os beats do DJ Nyack, Emicida convidou Coruja BC1, expoente do rap bauruense, para mandar umas rimas e tocar corações. Senti o chão tremer quando o Corujinha da Rima subiu ao palco, sempre reforçando a ideia de que “se o interior tem voz, o mundo vai ter que ouvir”.
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