Esse texto foi originalmente publicado no site do Circuito Paulista de Festivais Independentes (CPFI)
Por Jaderson Souza
Fotos por Fora do Eixo
Realizado pela primeira vez em Piracicaba, o Festival Cultura Regional e Artes Urbanas (Curau), tem, como uma de suas características, a diversidade. Reunindo diferentes gerações para acompanhar as apresentações no Largo dos Pescadores, às margens do Rio Piracicaba. Mas as manifestações culturais não se resumem apenas à música e à dança.
A gastronomia é um elemento cultural importante dentro do festival. Entrando na cozinha, pode-se conferir a variedades de bebidas e comidas servidas ao público, mostrando que Piracicaba vai além do curau e da pamonha, já largamente difundidos. Tem risoto verde, panqueca de berinjela e o charuto, prato árabe que leva arroz, soja, cenoura, cebolinha, salsinha e molho de tomate, envoltos por uma folha de repolho. Os ingredientes do charuto (e das outras comidas) são orgânicos, cultivados sem a utilização de fertilizantes, pesticidas ou agrotóxicos. Fazem parte de um modelo de agricultura diferente do famigerado agronegócio.
“As pessoas, às vezes, não sabem como está difícil conseguir cultivar todos esses alimentos”, diz Morgane Retière, uma francesa que está há três anos trabalha com agricultura no Brasil. O cultivo de cana de açúcar e o crescimento da cidade são fatores determinantes para que a plantação de outros alimentos se torne mais escassa. Ainda assim, Morgane ressalta que a intenção é produzir os pratos com o máximo de alimentos cultivados na região de Piracicaba, dando oportunidade para que o Festival fortaleça não apenas às apresentações, mas a cidade como seu todo.
Para fazer crescer a agricultura familiar local é preciso de apoio. É isso que faz a Rede Guandu, uma ONG que incentiva o consumo de alimentos de forma sustentável. O projeto funciona como uma ponte entre pequenos produtores rurais e consumidores. Mayra, uma das voluntárias do projeto, fala que a intenção é mostrar às pessoas que o alimento veio de um lugar; existe um processo que se inicia no cultivo e termina na aquisição do alimento pelo consumidor.
A cachaça piracicabana também se faz presente com uma aquarela de sabores. Além da branquinha, tem a pinga com carvalho, cabreúva, sucupira, carqueja (a mais ardida), anis, entre outras.
Flávia é uma das pessoas que ajudam na produção e comercialização das bebidas. O negócio, também feito em regime de agricultura familiar há seis anos e tem caráter artesanal. A família mora em um sítio na cidade vizinha de Charqueada onde eles têm todos os ingredientes e equipamentos para produzir as pingas.
Por essas, a gastronomia se torna um elemento especial da tradição piracicabana. Toda uma cultura de produção do alimento que não fica restrita somente ao consumo e nem apenas ao curau e à pamonha.
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