Por Keytyane Medeiros
- Capitão Willie William Will o’Well!
- Que seja! – grita o comodoro britânico bem em meio ao pátio do MIS, Museu de Imagem e Som de Bauru.
O oficial já combateu o pirata William o’Well antes e quase perdeu, ganhou, perdeu de novo e por ora está por cima novamente, mas tudo isso por quê? Sem moradia ou emprego e fugindo de impostos abusivos, os piratas da Grã-Bretanha tentam fundar uma Federação Pirata, numa ilha distante da rainha sob o comando do atrapalhado o’Well.
A peça faz parte do primeiro FACE (Festival de Artes Cênicas de Bauru) e levanta a questão da moradia, do imperialismo inglês e da clandestinidade de forma bem humorada e inusitada com a Companhia Coletivo de Galochas, de São Paulo.
Boa parte da comédia se deve às desavenças e confusões dos bucaneiros durante as cenas, em especial na hora de escolher o sistema de governo da Federação. Todos se julgam filhos de um pirata antigo e aventureiro, talvez um rei ou até mesmo um imperador dos piratas! Como saída contra o autoritarismo dos antigos monarcas, elegeu-se um papagaio mudo para o cargo de presidente. E é claro que o esperto Willie o’Well se torna o porta-voz do bichinho. Mesmo assim, a Federação é um sucesso e começa a preocupar a Coroa Britânica.
Como se vê, o tema é sério, mas a dinâmica não. Trata-se de uma estratégia para manter o público atento em plena noite de sábado (como se um bando de piratas correndo desajeitados pelos pátios e trilhos da Antiga estação ferroviária não fosse algo intrigante). O comodoro da marinha britânica tenta convencer os bucaneiros a abandonar a clandestinidade, lhes oferecendo emprego, salário e perdão político. Muitos cedem com medo do poder de fogo das tropas inglesas, mas o Capitão Willian Obell (Willie William Will o’Well !!!) resiste e enfrenta o comodoro inglês, representante das indústrias que fomentam o ataque à Federação bucaneira.
No fim, todos (os que se renderam e os que resistiram) acabam enforcados pela Coroa britânica. Para os piratas, bem como os cidadãos brasileiros que carecem de moradia, ocupar é preciso. É um dos direitos fundamentais do homem e não pode ser tratado como um problema isolado em nossa sociedade, como uma Federação de Piratas pronta para ser desmoronada.
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