Na toca do Coelho Branco

8 de outubro de 2012
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Texto e fotos por Laís Semis



Me senti intimidada quando Raíssa, ao levantar do gramado, me olhou profundamente com seus questionamentos - logo ela, que costuma me deixar sempre à vontade. “Você mora aqui? AQUI? Aqui é Bauru? É aqui que você mora?”.

O cenário ao nosso redor é inusitado. Cerca de 30 caras de chuteiras, capacetes e ombreiras gigantes estão reunidos. Entre eles, passam roqueiros de todos os tipos. AC/DC cover na concha do Vitória Régia. Os times conversam. “Heeeey”, eu ouço pela esquerda enquanto tento entender as estratégias do jogo. No mesmo gramado, outras pessoas se destacam: vestidos de preto e branco, fora de moda. Os apitos que ouço não são dos meninos jogando bola.

Finalizando a Oficina “Bauru Através do Espelho”, de Verônica Veloso, que aconteceu durante a semana do FACE (I Festival de Artes Cênicas de Bauru), os participantes foram explorar os espaços públicos, interagindo com as pessoas e o espaço em si e questionando a relação entre os dois.

E, como Alice, eles falavam sozinhos e se perguntavam confusos: “O que te move? O que te impulsiona? O que move é o que te impulsiona?”. Numa tarde assim, Alice diria “estranhíssimo. Cada vez mais estranhíssimo”. Mas o quê exatamente? Ela não saberia dizer o que ao certo seria estranho nessa totalidade maluca.

Pisquei.

E quando abri os olhos, os três meninos voltavam molhados no meio da platéia roqueira da concha acústica a espera do show começar. Correndo por toda a extensão do Vitória, quem decidiu acompanhar curiosamente a intervenção foi convidado a tomar um pouco esse lugar de Alice e sair atrás do Coelho Branco pra saber onde eles iam apressados, mesmo sem ter sido convidado de fato a participar da corrida.




Entre malabares, rimas de hip hop, jogadores, roqueiros, crianças e casais iam descobrindo o parque, subindo em árvores e brincando em balanços, como se o Vitória fosse o quintal de casa.



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