Correndo com os Lobos

4 de outubro de 2011
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A molecada foi chegando de skate. É, parece que tem gente que leva skate pra balada. 
Mas não é por qualquer motivo... o lançamento do Canil tinha convidado ilustre. Dono da marca internacional “Alterna”, Wolnei dos Santos foi representar. Junto com o skate vinha um outro acessório indissociável do visual: o boné.

Fazendo as regalias da casa, The Almighty Devildogs abriu a noite instrumental, introduzidos por Guilherme De Buenas (Canil) e Laís Bellini (Enxame), marcando também a força de dois coletivos trabalhando em conjunto.

A Almighty amadureceu.



E “Corre!” Me lembro que essa foi a 1º música que ouvi do Almighty. Tenho a impressão de que é a primeira vez que estou vendo essa cachorrada tocar, mas lá se vão 1 ano desde a SEDA do ano passado. E na surf night, surfistas de balada na frente do palco; enquanto lá atrás, surtado, na função do sampler, tocando loucamente diversos instrumentos imaginários nosso saudoso colaborador, Devildog e Canil, Abadá.

A surf music tem um poder sobre as pessoas. Um poder de possuir corpos e almas que, apoiadas sobre os pés que pouco saem do lugar, dançam incessantemente no ar.

Foi uma das poucas vezes que eu senti que o rock instrumental valia a pena e era completo. Deixe ser enfeitiçado. Deixe se enfeitiçar. A casa já esteve bem mais cheia. Acho que em determinado momento, só ouvia a bateria e o trompete. Seria isso possível? A bateria é muito forte. 

Deixe que os impulsos te controlem.

Deixe os skatistas tomarem conta da casa, da cidade, deixe tomarem tudo. Deixe também que tomem conta dos que não são. Os skates estão andando sozinhos, andando quase paralelamente uns com os outros, andando sozinhos. Alguém, por favor, controle os skates! E gente ia pulando em cima dos skates e passando para o próximo antes de perderem o controle. Vide o Enxame neste momento...

Momento em que você recebe a prova de que nem sempre reuniões festivas com um público menor, fora-do-padrão-tijucano-instalado-no-rolê-local são miadas. E de repente a banda se tornou som, trilha sonora que comandava o movimento ali na frente. O foco mudou.

De repente já tinha torcida, skatistas e rodinha punk rolando ao mesmo tempo. Abortem seus skates. Tudo foi dominado pelas incessantes moléculas aos Mullet’s graus. 

Seria essa então a fórmula mágica de estrear
Uma lembrança de uma noite há quase dois anos atrás?

Mais gente aderiu à rodinha do que a fileirinha de trás dos que apenas ouviam a banda.
No meio de toda a confusão, impassível a tudo ao seu redor, um garoto grande, encostado em um dos pilares, transcendendo em seu próprio espaço.

Skatista que é roqueiro (ou é o contrário?), no fim do show joga o skate no pé do palco.

O fim da balada foi aplausos. Não só as bandas foram aplaudidas. Aplausos, Canil, pela primeira de uma série de noites maravilhosas (de surf music). Aposto que teve muita gente que se divertiu naquela noite, como há muito não se divertia. E, no final, ficou claro que os canis essa noite uivaram para guiar seu caminho, porque é sabido no mundo que “quem não sabe uivar não encontrará sua matilha”, como poetizou Charles Simic.

Vida longa às surf nights.


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