Garotas Suecas e BigBang

28 de novembro de 2012
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Por Camilo Solano
Fotos por Paulo Infante



Quarta tem música no SESC... Sempre, ou quase sempre. Já faz parte da minha programação semanal ir toda quarta ver o que tá rolando. Acho que muita gente também faz isso, porque é garantida a qualidade musical que irá se encontrar por lá nas quartas já tradicionais.

Nem sempre eles acertam, mas na maioria das vezes eu saio de lá com uma energia muito boa e com a alma lavada.

Entrei no site do SESC pra ver que som que ia rolar por lá na última quarta (21/11). Garotas Suecas e BigBang (Noruega). E eu não me liguei que eram duas coisas. Achei que o Garotas Suecas seria acompanhado por esse BigBang que imaginei ser um Big Band (ou li correndo errado).

Eu e um amigo chegamos mais cedo pra comprar ingresso do show da Orquestra Imperial que vai ser na próxima quarta. Ainda não tinha começado, não tinha muita gente nem nada. Peguei uma senha e esperei para ser atendido. 15 minutos depois ainda esperando para ser atendido, eis que começa lá longe a banda tocar.

"Pesado, hem?"
"Pra caramba..."

Fico me mordendo de vontade de ir logo lá ver.
Finalmente sou atendido e pego os ingressos e corro pra ver o som do Garotas Suecas com a Big BanD.
Pois é, me surpreendi.

Era um trio de loiros destruindo tudo.
Era BigBang e eles estavam explodindo no palco. Sem o Garotas Suecas.

Cheguei a me arrepiar com a pegada do som que eles tiravam dos instrumentos.
O último trio de loiros que eu lembro era os Hanson... E não era uma boa memória...

Então vi que BigBang é essa banda de rock'n'roll da Noruega que tem uma pegada tradicional, mas que mesmo assim ainda é muito moderno.

"Girl in Oslo" é sua música de maior sucesso. E é uma música muito boa, realmente...
Assim que o show acabou fui correndo comprar o CD - pois é, às vezes, ainda vale a pena comprar CD.


Uns minutos depois entra a turma do Garotas Suecas. Som bem diferente do primeiro, uma levada meio Jovem Guarda misturando com um ou outro batuque, mas sinceramente, achei que faltou alguma coisa. É um som gostoso de ouvir, e eu ouviria tranquilamente se fossem só eles tocando. Mas o BigBang antes já havia me atingido e eu não tirava aquele som da cabeça.

Garotas Suecas foi bom, mas faltou pegada. Eu tava muito na onda dos outros caras ainda. Se tivesse sido um show só do Garotas Suecas, tenho certeza que seria diferente a minha sensação final. Mas o BigBang realmente foi a Grande Explosão.

Saí do SESC com a alma estraçalhada em milhões de partes.

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Trip Hop

26 de novembro de 2012
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O encontro especial da Pé de Macaco e a estreia oficial da Le Blanche

Por Laís Semis
Fotos por Paulo Infante

Sagui, Fer e Brisa

Vagando entre as nostalgias e as novidades, a noite contou com uma representação feminina de peso pra balancear a energia masculina no palco de mais ou menos de 7 caras que participaram do show.

Fernanda Barban ecoa entidades como Amy Winehouse e Adele para a estreia da Le Blanche nesse último sábado no palco do Jack. Ou, pelo menos, a “oficial”, porque há quem já tenha visto Sagui (guitarra), Brisa (guitarra), Fulvio (teclado), Montinho (bateria), Thales (baixo) e Fer (vocal) reuninos fazendo um som por aí. Embora essa reunião seja recente, eles já apresentam algumas composições próprias: “Trip Hop”, “Nude Beach” e “Por Liberdade” (ganhadora do prêmio de 4º lugar do Festival de MBP), dando uma amostra do potencial da banda. 

- Pra quê meditação, pra quê yoga se gritar está me fazendo tão bem? - diz ao microfone Fer, se soltando entre uma faixa e outra, ganhando força com os aplausos e a empolgação da galera. Ela vem dançando, abandonando a timidez e ganhando as pessoas.

Uma pena que as músicas tenham voado pelo relógio, correndo na noite e se entregando tão rápido às lembranças.

“Incenso” se espalha na sequência.

A noite hoje é especial: um dia nostálgico para aqueles que deram há quase 1 ano seu tchau à Pé de Macaco. Há quem diga que uma vaga profecia foi dada no grito final da banda prevendo hoje (mesma data em que Romio estralçalhou sua guitarra neste palco no último show da Pé) - quero dizer, a esperança está nos olhos de quem lê e nos que sentem saudade da macacada.

E a gaitada conhecida vem do Pudim, mas não, não - ainda não é PAC, a das antigas Noites Fora do Eixo e festinhas de repúblicas por aí. Uma nova estrofe ganha vida nos vocais de Brisa, com a doce, leve e sensata composição “Anita”. “Quando a felicidade não contenta, tem que psicanalisar, sei lá. Quem sabe assim não cai a tua venda e fecho pra balanço, pra dançar.” Integrando uma série de 4 novas composições apresentadas nessa noite, ele vem reafirmando seu dom enquanto letrista.

Mas os convidados não pararam por aí, Mijão e Pink, da Projeto Homem Bomba, Marco Escrivão, da banda Mulambo Tu também marcaram presença. Uma sequência de flashs, deixa a platéia cega. Pra fechar a noite, um cover do Mercado de Peixe cheio de identificação com a platéia que dançava incansavelmente, tirando os pés do chão no refão dos que moram na entrada do “Brasil Novo”. E, como já diria a “Música da Naty” o auditório, como de costume à Pé de Macaco: pronto pra aplaudir.

Os convidados Mijão e Marco Escrivão


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Encontro Moçambique



Numa viagem de pesquisa de quatro dias pelo Brasil, 6 docentes de Moçambique vieram à Unesp Bauru para conhecer um pouco mais das pesquisas relacionadas à cultura realizadas pela Universidade. Embora atraídos pela pesquisa acadêmica, o grupo acabou encontrando no último sábado no SESC alguns outros projetos criativos práticos que vem se desenvolvendo na cidade fora das salas de aula.

Ligadas pelo envolvimento com a cultura, responsabilidade social, atividades na cidade, Artur Faleiros apresentou a Rede Fora do Eixo, um circuito cultural com cerca de 200 coletivos espalhados pelo país e seu organograma com as principais frentes de atuação; Vanderlei Oliveira contou um pouco das ações realizadas pela ONG Periferia Legal, instalada no Mary Dota - o maior conjunto habitacional da América Latina -, prestando serviços de diferentes espécies, como cultura, esporte, saúde e assistência jurídica quinzenalmente. O terceiro projeto, representado pelo presidente do Instituto Cultural Oloroke, Laércio Simões, também do Instituto de Cultura Afrobrasileira de Bauru, tinha um fundamento espiritual, que foi apresentado através do vídeo documental do Instituto Cultural Oloroke Cultura Yoruba e Camdomblé.

 

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Sentindo a batida

22 de novembro de 2012
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Por Pâmela Antunes
Foto por Conrado Dacax

A 2° Semana Municipal de Hip Hop rolou do dia 11 de novembro até o último domingo, 18. Foi com uma programação muito intensa, com saraus, shows, oficinas, entre outras atividades que ocuparam 17 pontos da cidade de Bauru. 

Um desses pontos foi a sede do Ponto de Cultura Acesso Hip Hop, que recebeu algumas das oficinas da semana. Entre elas, a de beatmaker (criação de batidas) que aconteceu na sexta-feira (16). Quem comandou a oficina foi o Mc e beatmaker Felipe Fonseca ou melhor Felipe Canela como é conhecido.



A oficina foi direcionada para um público que já entende do assunto. Felipe disse que já fez outras atividades para a galera conhecer como se produz um beat, dessa vez a oficina foi para quem já manja do assunto. O programa usado por ele foi o fruity lopops. Ele começou falando sobre a criação de pattern (caixa onde fica o som de cada instrumento) um dos instrumentos essências para criação de beat é a bateria, ressalta ele. Com termos muito técnicos, que não foi problema para os participantes que entendiam do assunto, ele explicou passo a passo para a criação de um beat a partir das coisas mais simples, como a harmonia até mínimos detalhes. A troca de experiência rolou solta, o clima estava muito agradável e o bom humor não faltou. Ele criou beats na hora e também mostrou alguns já prontos. Mais que uma oficina, foi uma tarde de bate papo, troca de ideias e de aprendizado. 

Para finalizar, abriu espaços para as dúvidas, deu dica sobre programas e sites para baixar. Com muito domínio, desenvolveu a oficina e fez todos que estavam presentes sentir as batidas.

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Ernesto Hip-Hop

19 de novembro de 2012
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II Semana Municipal do Hip-hop invade o Geisel no feriado

Texto e fotos
 por Higor Boconcelo

“Em pleno feriado, meio dia, o cara me passa com essa música no último?”, reclama Gu, quando, como de costume, um carro qualquer corta a Alziro Zarur com o som “estourando”. Não que ele tivesse muita coisa contra Demi Lovato, mas aquele definitivamente não era dia para a música pop no Geisel, já que a II Semana Municipal de Hip-Hop tomava o bairro como palco para as atividades de seu quarto dia de programação.

Du é um dos grafiteiros escalados para exercer sua arte no muro da biblioteca ramal do bairro. Já estava fazendo seu trabalho havia quase meia hora quando o carro passou, o distraindo. Enquanto isso, o outro artista responsável pela grafitagem continuava a manejar a tinta spray. Paulistano, Sergio Oliveira atua na arte há mais de sete anos. Ambos experientes, porém jovens, estavam trabalhando em uma nova “cara” para a biblioteca, atividade que fazia parte da programação do evento. 

E ainda bem que o fazia. A obra não estava nem metade pronta e já arrancava elogios dos moradores que cruzavam por lá. “Isso nem parecia uma biblioteca! Olha como uma pinturinha já muda tudo”, comentou uma senhora do outro lado da rua. Não houve sequer uma criança que passasse em frente ao ramal sem voltar sua atenção para os jovens que grafitavam. 

Poucas horas depois, as palavras Biblioteca Ramal já ganhavam seus retoques finais pelos sprays de Sergio, e a obra de Du também estava quase pronta. 



Mas se essa rapidez podia ser aplicada ao grafite dos garotos, certamente não era o caso para o que logo ia começar a rolar a poucos metros dali, no Bosque da Comunidade do Geisel. Lá, “o baguio ia estourar a tarde inteira”. Com o grafite já finalizado, ambos foram convidados pela organização à pintar um largo muro do bosque. Se estivessem pensando que seu trabalho estava chegando ao fim, certamente estariam se enganando.




A selva tomada

Um palco, duas caixas de som e uma lona por cima formavam uma espécie de tenda, onde iriam subir vários MC’s durante a tarde. O Projeto Ensaio no Bosque estava marcado para começar às 15h, e se dependesse de público, poderia começar até antes. 

Em meio às árvores do local havia todo o tipo de morador para prestigiar o evento. Crianças, famílias com seus cães, jovens e a dupla de grafiteiros, que já reiniciava sua arte nos muros da selva urbana. 

O primeiro a mandar as rimas e as batidas foi o MC Vurto, abrindo a tarde de apresentações. A quadra de basquete onde o palco estava montado logo começou a ser preenchida de gente, vinda ora do próprio bosque (diga-se de passagem, grande), ora das próprias ruas do bairro. 

Em cima de um tapete quadriculado, os adeptos da dança break não paravam de rodar. Meia dúzia jogavam basquete na outra metade livre da quadra. As cabeças reagindo de maneira positiva às rimas que se propagavam. 

Era assim com cada MC que subia naquele palco para executar suas próprias rimas. O rap independente mostrava naquela tarde a sua força – a maioria do público conhecia as letras compostas pelos artistas que, há alguns minutos atrás, também estavam curtindo outro MC rimar. 

Seguiu rimando o MC Thigor, dando lugar depois para Betim. Após, foi a vez do Rap Nobre emendar rimas que protestavam contra a futilidade presente nas músicas comerciais e nos costumes da sociedade em geral.

Já conhecido do público, Coruja BC1 subiu ao palco junto do parceiro Dom Black e da dupla Além da Rima, em duas apresentações que mexeram com a galera presente. Ao fim da tarde, subia ao palco mais uma vez para rimar suas composições.



Mais de nove atrações mandaram suas rimas, beats e pensamentos para o público presente no bosque. Os rappers saldaram seus parceiros que vieram os assistir de vários bairros de Bauru, como também de outras cidades. A família do rap comemorou estar reunida novamente, e além disso, a realização da Semana pela prefeitura. Abrir espaço para uma festa de rap independente mostra que os artistas não estão trabalhando em vão, e mesmo que o preconceito ainda exista, os MCs continuam fazendo sua voz subir mais alto que ele. Tão alto que até Geisel deve ter ouvido.

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2ª Semana Municipal de Hip Hop

13 de novembro de 2012
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Por Laís Semis


Abandonada, a Estação Ferroviária bauruense é um espaço lindo, mas que mantém suas portas fechadas na maior parte do tempo. No entanto, nas ruas vazias do domingo, é ela quem assume o papel de fazer barulho. É o primeiro espaço que a 2ª Semana de Hip Hop de Bauru ocupa dos 17 pontos que receberão atividades pela cidade neste ano.

Organizada pelo Ponto de Cultura Acesso Hip Hop, a semana visa apresentar a cultura Hip Hop e trazer pra roda discussões como gestão de carreira independente e a mulher no movimento. O Sarau Literário abriu a grade de programação; poesias foram distribuídas e os presentes convidados a declamá-las. Com o microfone aberto, teve bastante gente que se sentiu a vontade pra declamar suas próprias linhas ou as de quem admiravam e, de cor, citavam. Depois do recital de poesias, um tempo pra um som; e quem conhece sabe que é difícil a música rolar e o corpo de alguns não se entregar ao break.

Atacando rimas, a batalha do conhecimento colocou os MCs pra competirem suas habilidades do improviso; numa lousa uma série de palavras (que iam de “luta”, “revolucionário” a “helicóptero” e “feijão e arroz”) tinham que se fazer presentes no desenrolar dos 45 segundos que cabiam a cada MC.



Até a próxima segunda (17), o Hip Hop toma em peso as ruas de Bauru em uma série de atividades que envolvem breaking, exposições, rodas de conversa, shows, palestras, sessões audiovisuais e oficinas, se atente à programação.

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Rap, cururu, chorinho, cordel, rock, afro-beat: as múltiplas facetas do Curau

7 de novembro de 2012
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Por Jaderson Souza

Quem foi no Largo dos Pescadores em Piracicaba no último sábado (03) conferir as apresentações do Festival Curau (Cultura Regional e Artes Urbanas) percebeu que as rimas se espalhavam pelos diversos estilos apresentados no dia: do rap ao cururu, passando pelo cordel e chegando ao afro-beat.

Conhecido na região de Piracicaba, o cururu é o desafio de rimas feito com acompanhamento de violas. Lembra muito os desafios com repente do Nordeste e as batalhas de MCs. Um dos cururueiros piracicabanos mais conhecidos é Moacir Siqueira. Ele canta há mais de 40 anos por cidades do interior paulista e esteve presente no Curau para um “duelo” com rappers da cidade. E, pelo jeito, Seu Moacir gostou da ideia: “Deu pra brincar bastante com os meninos. Se pudesse, ficaria mais”. Ele conta que não ensaia previamente seus versos, eles são feitos no momento. Quando conversávamos, ele até improvisou uma rima sobre as mulheres que estavam no Largo dos Pescadores curtindo a festa. O artista tem três jovens (parentes) que o acompanham durante as cantorias feitas pelo interior e deseja se apresentar em Bauru qualquer dia desses. A receita para continuar na ativa depois de tanto tempo? “Tem que fazer com amor”. 



A rima improvisada é o que une o cururueiro piracicabano com o rapper de Bauru Coruja BC1 que considera o free-style (outra alcunha para a rima improvisada) um momento único, pois, além de não estar necessariamente em algum disco, a rima vai sempre se referir a alguma particularidade da cidade onde o músico está. O free-style feito em Pira será diferente daquele que será feito em Bauru.

Pela primeira vez na cidade, Coruja achou que os piracicabanos estavam bem frios no começo do show, mas depois o público acabou se soltando. Apesar de gostar quando o público já começa o show agitado, o rapper também curtiu “esse lance da conquista”, uma vez que a galera acabou se envolvendo com a apresentação. 

A identificação entre público e artista também rolou. Prova disso é que enquanto falava com ele, várias pessoas interrompiam educadamente a conversa para parabenizar o rapper. Um homem chegou até ele e disse que se emocionou quando Coruja cantou a música “Saudade”, dedicada a seu pai, já falecido. O homem também perdera seu pai seis meses antes.

Matheus, um menino de apenas quatro anos, ensaiava vários passos de dança na frente do palco como se fosse um autêntico b-boy (ele tentou até moinho de vento). Coruja acha que essa é “a prova de que o hip hop vai permanecer”. Em seguida, Coruja chamou Matheus e mais três meninos para dançar no palco acompanhado de Pixaim, MC piracicabano que tinha se apresentado anteriormente e participou do show de Coruja.

Coruja está com a sua agenda de shows para o final de 2012 quase fechada. Por trás do artista, estão pessoas que o ajudam: produtor, rappers de apoio e demais parceiros. É com e por eles é que Coruja vai para estrada cantar seus versos. E isso tem sido bem proveitoso, pois o rapper diz que a cena hip hop está ficando cada vez mais forte no estado de São Paulo.

Além do rap e do cururu, se apresentaram no sábado o Grupo de Choro Regional Caipira, de Piracicaba, e a banda Cataia que trouxe para o Curau a sua mistura de rock e batidas africanas com pitadas de forró que deixou o público bem agitado no fim da noite. Ah, antes da Cataia, uma poeta recitou versos de literatura de cordel como uma espécie de introdução para a entrada da banda, mas talvez esses versos tenham sido mais do que isso. Foram a síntese do lema e da sigla do festival: trazer para o mesmo palco as culturas regionais e as artes urbanas.

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Muito além do curau e da pamonha

5 de novembro de 2012
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Esse texto foi originalmente publicado no site do Circuito Paulista de Festivais Independentes (CPFI)

Por Jaderson Souza
Fotos por Fora do Eixo

Realizado pela primeira vez em Piracicaba, o Festival Cultura Regional e Artes Urbanas (Curau), tem, como uma de suas características, a diversidade. Reunindo diferentes gerações para acompanhar as apresentações no Largo dos Pescadores, às margens do Rio Piracicaba. Mas as manifestações culturais não se resumem apenas à música e à dança.

A gastronomia é um elemento cultural importante dentro do festival. Entrando na cozinha, pode-se conferir a variedades de bebidas e comidas servidas ao público, mostrando que Piracicaba vai além do curau e da pamonha, já largamente difundidos. Tem risoto verde, panqueca de berinjela e o charuto, prato árabe que leva arroz, soja, cenoura, cebolinha, salsinha e molho de tomate, envoltos por uma folha de repolho. Os ingredientes do charuto (e das outras comidas) são orgânicos, cultivados sem a utilização de fertilizantes, pesticidas ou agrotóxicos. Fazem parte de um modelo de agricultura diferente do famigerado agronegócio.

“As pessoas, às vezes, não sabem como está difícil conseguir cultivar todos esses alimentos”, diz Morgane Retière, uma francesa que está há três anos trabalha com agricultura no Brasil. O cultivo de cana de açúcar e o crescimento da cidade são fatores determinantes para que a plantação de outros alimentos se torne mais escassa. Ainda assim, Morgane ressalta que a intenção é produzir os pratos com o máximo de alimentos cultivados na região de Piracicaba, dando oportunidade para que o Festival fortaleça não apenas às apresentações, mas a cidade como seu todo.

Para fazer crescer a agricultura familiar local é preciso de apoio. É isso que faz a Rede Guandu, uma ONG que incentiva o consumo de alimentos de forma sustentável. O projeto funciona como uma ponte entre pequenos produtores rurais e consumidores. Mayra, uma das voluntárias do projeto, fala que a intenção é mostrar às pessoas que o alimento veio de um lugar; existe um processo que se inicia no cultivo e termina na aquisição do alimento pelo consumidor.



A cachaça piracicabana também se faz presente com uma aquarela de sabores. Além da branquinha, tem a pinga com carvalho, cabreúva, sucupira, carqueja (a mais ardida), anis, entre outras.

Flávia é uma das pessoas que ajudam na produção e comercialização das bebidas. O negócio, também feito em regime de agricultura familiar há seis anos e tem caráter artesanal. A família mora em um sítio na cidade vizinha de Charqueada onde eles têm todos os ingredientes e equipamentos para produzir as pingas.

Por essas, a gastronomia se torna um elemento especial da tradição piracicabana. Toda uma cultura de produção do alimento que não fica restrita somente ao consumo e nem apenas ao curau e à pamonha.


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