Na boca do povo

29 de março de 2013
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Por Laís Semis
Fotos por Jack Music Pub

“Samba não é Hollywood,
nego se ilude o tempo todo”

Já diria a letra de “Vai dizer”, música não tocada no último show de sábado da Homem Bomba

E pode até ser, mas a não-contida euforia do público naquela noite não era (nem de longe) ilusão. Depois da abertura dos Babilônicos, numa playlist cover meio chororô (contando com Los Hermanos e Vanguart), tudo que a galera que veio pra prestigiar um encontro com a Projeto Homem Bomba esperava era dançar e se divertir até o sol chegar. A casa não se deixou abalar pela discotecagem down oitentista que levou a noite entre e pós-bandas... nem um pouco, há de se constatar.



Teve gente gritando, pedindo pra não acabar, teve ciranda, participação especial do vocalista da Samanah, banda descendo do palco...

Dá pra notar no número de bocas cantando as letras próprias: desde que a Projeto Homem Bomba deixou a Samba Tereza, em 2010, pra assumir a explosão - foi isso mesmo que aconteceu, sucesso (!). Se lá em 2009, Caio Rosa, João Perussi e João Megale começaram despretenciosamente uma banda pra tocar no circuito de repúblicas festeiras na brincadeira, hoje a galera circula muito além do perímetro bauruense, levando consigo o público que construiu.

De lá pra cá o antigo trio ganhou muitas entradas e deixou pra lá o Samba Tereza: são dois percussionistas (J. Perussi e Diogo Azuma), um baterista (Lucas Macierinha), um baixista (Bruno Candeias), um tecladista (Fulvio Parigi) e um vocalista e guitarrista (Caio Rosa) que sobem hoje no palco sob o nome de Homem Bomba.



E essa também foi uma noite pra relembrar sucessos antigos, “Valéria” entrou na roda, ao lado das músicas que compõe o EP “Consciência Leve”; teve espaço pra “Homem de Lama”, “América”, ”O Samba não morre” e também pro “Pôr-do-sol”.

“Pôr-do-sol” que, aliás, não se permitiu ficar em seu lugar. O gran finale veio com João saindo do fundo do palco e chegando no meio da galera, a vibe só se fez completa; cercado de almas pulsantes, o percussionista cantou com as pessoas ao seu redor que fizeram questão de deixar seus pés fora do chão. 

“E o que é, 
o que é,
o que é?” - ecoava envolvendo todo mundo e fechando mais uma noite no Jack Music Pub. Mais uma que nada - cada noite é única - "a" noite.

Não sei se o show chegou a duas horas. Apenas que por mais cansados que estivessem os pés e corpos à frente do palco do Jack, ninguém reclamaria se tivesse sido o dobro do tempo com eles tocando.

Fica a dica, Homem Bomba.

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Cine em Extinção

21 de março de 2013
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Texto por Vítor Peruch
Fotos por Marcelo Cabala


Ao chegar à rua Cussy Jr, atente-se a uma pequena loja, ao lado de um prédio, com paredes de vidro viradas para rua e contendo dentro uma espécie de Sebo, de bazar. Uma loja que vende mais do que discos, roupas, CDs, livros e filmes, vende também um pouco do seu charme, do seu jeito e dos ideais de Aran, o dono da loja, que chegou a Bauru há 20 anos, em 1993. 

Quando Aran chegou em Bauru, com ele veio também a proposta do grupo artístico, autônomo e autoral Autoboneco, que nesses 20 anos vem lutando para estimular a produção e a difusão cultural na cidade, através de oficinas, fanzines, mostra de filmes, festivais e apresentações de música. 

A loja “Extinção” surgiu em novembro de 2003, e vende raridades que podem agradar facilmente qualquer um que goste de música, como por exemplo, um vinil cor azul bebê, do Dire Straits, Brothers In Arms que eu só não levei pois não tinha um real no bolso, e outros milhares de discos. 

E apesar de tudo que pode ser encontrado na parte de baixo da loja, o que continua por surpreender e elevar o local acontece na parte de cima. Subindo as escadas, aos sábados, às 19:30, acontece o encontro do Cine Extinção, um evento que ocorre desde maio de 2011 e que tem o intuito de compartilhar uma vertente do cinema que se distingue da maneira que for possível do que já está consagrado, batido. Não que os filmes que Aran busque passar sejam para “quase ninguém entender”, ou então que ali não apareçam clássicos, como Aran comenta, mas o intuito é outro, compartilhar de algo que é raro de ser encontrado,  que está mesmo em extinção, mas que também se enquadre no apreço de Aran. “É bem pelo meu gosto, mas varia bastante, cara. Varia até por que às vezes eu quero assistir alguma coisa, filmes que eu não lembro direito. Mas geralmente são filmes de arte, filmes underground, filmes que não são convencionais, produções pequenas, é bem variado”, comentou Aran, que também faz cinema artesanalmente. 

O filme do sábado, dia 16 de março era “Conexões Desconexas” de Werner Penzel e Nicolas Humbert, considerado pela bem-conceituada revista francesa Cahiers du Cinema, em 2000, entre os 100 mais importantes documentários já realizados, e conta com o músico Fred Frith se encontrando com músicos de vertentes diferentes e compondo músicas de diversas maneiras diferentes, utilizando os instrumentos e as ferramentas mais variadas. O filme foi anunciado na página do Facebook do Cine Extinção como “INVENÇÃO PESSOAL, FREE JAZZ, FREE CINEMA & OS VANGUARDISTAS POSSÍVEIS SENSIBILIZADOS”, mas eu realmente não esperava encontrar um filme que fizesse enxergar o artista por um prisma bem diferente do que é passado pelo filme. 

Como um documentário de música, obviamente, a importância que devemos dar ao som durante o filme é enorme, porém em “Conexões Desconexas”, a presença de ruídos diferentes, entram em congruência com os excelentes instrumentistas que estão no filme. O barulho de um despertador, de um violino, de uma goteira, de um sax ou então da movimentada guitarra de Fred dão ao filme uma mística incrível, que aumenta ainda mais com o barulho também do ventilador da sala do Cine Extinção. 

Fred Frith em um momento do filme fala a outro amigo músico sobre o que ele pretende com sua arte, com seu trabalho, e comenta algo como “Eu não espero que minha música mude o mundo, quando era jovem poderia até pensar assim, e por isso não sou um pessimista, porém, hoje o que busco é atingir pessoas, indivíduos. Se uma pessoa após o meu concerto vem até mim e me elogia, diz que se comoveu com o que assistiu e que aquilo mudou e tocou ela de alguma forma, eu já me sinto realizado, e isso acontece muitas vezes”, apesar de não transcrever a frase de maneira integral, acredito que seja algo bem próximo a isso, me recordo pois no momento em que o multimusicista disse isso, acredito que eu tenha conseguido entender um pouco, mas bem pouco da essência não só do filme e de Fred Frith, mas também do Cine Extincão, do local, da loja, de Aran, das oito pessoas que estavam ali, e principalmente do grupo Autoboneco que luta para difundir a cultura e que às vezes consegue tocar pessoas com seus eventos, como aconteceu naquele sábado. 



O Cine Extinção ocorre aos sábados, às 19:30, na loja Extincão, localizada na R. Cussy Jr, 8-17. 

Contato: facebook.com/extinção 
facebook.com/autoboneco 
autoboneco.org


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Cantou, rimou e representou

12 de março de 2013
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Texto por Pâmela Pinheiro Antunes

A inauguração da Casa Fora do Eixo Bauru / Ponto de Cultura Acesso Hip Hop aconteceu no terceiro e último dia do 5° Grito Rock Bauru depois do som pós-punklore da bauruense La Burca a discotecagem psicodélica de Dj Craca e Jovem Palerosi e a música inusitada de Loop B. Logo depois foi vez o hip hop também mostrar que estava presente.

Foi com a apresentação de Thigor MC que o rap representou.O show começou por volta das 20:30h - ele estava acompanhado do D’ Bronx e Dj Melodia. O quintal que foi transformado em palco e logo seu encheu para apresentação do MC.



Thigor cantou sucessos do seu álbum “A Caminhada Continua” como as músicas “Numa Lembrança”, que fez em homenagem ao seu irmão, “Nunca Deixei de sonhar” que traz um mensagem de incentivo, “Ainda assim eu cantarei”, sobre o nascimento do seu filho, entre outras canções marcantes.

Com suas rimas que passas uma mensagem positiva, sua voz suave e agradável, Thigor fez todos que estavam presentes dançar e cantar. Mais uma vez o hip hop representou e mostrou que tem voz.

Para fechar a noite da inauguração e último dia do Grito Rock a banda chilena Cazuela de Condôr. 
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Caipirice e nostalgia alheia

11 de março de 2013
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De volta a Bauru, Mercado de Peixe marca a segunda noite do 5° Grito Rock 

Por Higor Boconcelo
Fotos por Luis Germano

“Então você vai cobrir Mercado de Peixe? Nossa, que responsa hein”. Talvez o impacto dessa frase tenha sido nulo a princípio, principalmente para quem desconhece a história, músicas e fama do grupo. Na fila do Jack MusicPub, a alguns instantes de começar a segunda noite do 5° Grito Rock Bauru, recebo mais informações sobre o grupo. “É bem massa, eles têm aquela música que diz ‘ai que saudade do trem, ai que saudade da Eny’... eu curto bastante”. Ao ouvir a letra, pensei: “mais bauruense impossível”. 

Quem acompanhou as coberturas do e-Colab sobre o festival até agora está cansado de ler frases como “a casa estava cheia e o público empolgado”, e outra vez isso foi uma constante. Logo que o som começou a rolar no palco do Jack, vale dizer que ao passo que as músicas iam rolando e o show da Lavoura acontecendo, minha curiosidade sobre Mercado de Peixe ia aumentando, afinal, parecia que eu era um dos poucos presentes a desconhecer a banda. 

Para aqueles que esperam, o tempo é aliado – quanto mais esperam, menos tem que fazê-lo. E no que agora é uma piscadela, a banda foi anunciada e seus músicos assumiram seus lugares. Mais do que rapidamente, a aglomeração frente ao palco já vibrava. Frequento a casa há consideráveis anos, e poucas vezes vi uma vibe tão intensa quanto a do público naquela noite. Tão intensa que não tive vergonha de pegar um pouco emprestada. 

Num estilo singular, onde são misturados viola, sanfona e toda a parafernalha do rock, a banda conduziu o público ao delírio em vários momentos do show. Talvez porque tenham sumido dos palcos bauruenses nos últimos anos, matar a saudade naquele momento era prioridade dos fãs. Uma galera ensandecida a cada troca de música. Algumas moças só paravam de dançar quando precisavam aplaudir os músicos. 



Não demorou pra eu conhecer um pouco mais da história e entender a razão pela qual aquilo estava acontecendo. O grupo foi formado no final da década de 90 por estudantes da Unesp de Bauru, e sua proposta era “misturar música pop moderna com elementos da cultura caipira”. A inovação e a peculiaridade do estilo da banda a levou, rapidamente, a conquistar grande público pelo interior paulista. Principalmente onde havia unespianos. O sucesso também abriu portas para shows em outros estados, como o Rio de Janeiro, descendo ao Paraná e Rio Grande do Sul. Mercado de Peixe chegou também a participar do programa Altas Horas da TV Globo. 

Ao descobrir que a banda lançou em 2006 o EP “Territórios Interioranos”, onde ensaiavam uma “aproximação com o afro beat, eletro, psicodelia e samba”, sou transportado imediatamente para a última madrugada de sábado. Revejo novamente a sensação que essa mistura provocava em seu público, agora sabendo dar nome aos bois. 

Prestes a terminar a apresentação, o grupo chama ao palco João Lima, parceiro das antigas, e o menino Coruja BC1, estrela ascendente do hip-hop independente bauruense. O garoto sobe ao palco e emenda em toda essa mistura de grooves sua rima. Era como casar a vibe do que estava rolando com a esperança de que ainda vem por aí muita coisa boa para a cultura da cidade, que muitos consideram cambaleante. A esperança de que nesse “mercado” ainda sejam fisgados muitos peixes. 



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Entre os CracaBeats e Independência ou Marte

10 de março de 2013
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Por Laís Semis 

Fotos por Carol Bernardes 

03 de março de 2013,

DJ Craca e Jovem Palerosi que tocam hoje no encerramento do 5º Festival Grito Rock já se esbarraram outras vezes pelas discotecagens estradas a fora. No próximo domingo mesmo (dia 10), eles repetem a dose da discotecagem conjunta em São Carlos. Outro companheiro deles que se encontra aqui hoje nessas andanças é Loop B, que com tanque, geladeira, furadeira e outros adereços faz música. 



Se você não ouviu falar de Felipe Julián, aka DJ Craca, é possível que o conheça de outro projeto que já rodou bastante essa rota: o Projeto Axial. Jovem Palerosi vem com uma referência conhecida também no cenário independente com o projeto multimídia voltado para a difusão da cultura musical independente e de discotecagem radiofônica Independência ou Marte (que pode ser ouvido semanalmente às segundas das 22h às 00h através da 95,3 FM pra quem é de São Carlos e região ou pelo site www.radio.ufscar.br). 

Além de compartilhar as discotecagens em festivais, noites fora do eixo e outros eventos pelo mundão, Jovem e Julián também integram o DJ Residente – projeto do MAM (Museu de Arte Moderna) que visa ampliar a experiência de visita ao museu para o campo sonoro. 

DJ Residente que, aliás, também contou com a participação de Loop B e da Lavoura, banda que se apresentou no segundo dia do Grito Rock Bauru 2013. Depois de 3 dias de atividades de artes integradas,  o encerramento do Festival por aqui também marcou o lançamento da Casa Fora do Eixo Bauru. Vai que vai que ainda tem noite pela frente!

Julián e Jovem, dos projetos DJ Craca e Independência ou Marte



O CurtaBauru e o e-Colab são parceiros do Grito Rock Bauru 2013 e estão fazendo a cobertura integrada dos eventos.
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Foram além da rima

9 de março de 2013
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Por Pâmela Pinheiro Antunes
Foto por Luana Nayhara Oliveira


Foi depois do rap pesado dos Bandidos em Harmonia e Ment Blindada que os meninos do AlémDaRima subiram ao palco. Formado por Mc Henrique Huey e Allisson Hashim, o grupo que existe há três anos já tem seu espaço no cenário do hip hop bauruense.



Antes de mandarem seu som, pediram para que o público se aproximasse do palco, chegassem mais perto, e seu pedido foi atendido. Já era noite quando começou sua apresentação, algumas pessoas já tinham ido embora, mas isso não foi problema, pois quem estava lá era para somar.

Na primeira música “Peso na ideia” fez público se animar e as cabeças balançarem. Com raps que fazem críticas sociais fez a galera parar e pensar. Rolou o single “AlemDaRima” também teve som novo que ainda não tem nome e finalizou com “DNA” onde todos cantaram. Como o próprio nome do grupo diz eles foram além da rima, e passaram sua mensagem na noite do Grito Hip Hop. 


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Interior tem voz no rap

6 de março de 2013
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Por Bruno Sisdelli e Mirela Dias

É impossível falar de cenário musical independente em Bauru sem mencionar o rap. O hip hop figura como um dos movimentos culturais mais ativos e articulados da cidade, o que faz dela um campo propício para o surgimento de rappers. Nos últimos anos, artistas como Coruja BC1, Dom Black, D'Bronx e Thigor MC – só para citar alguns nomes – vêm conquistando espaço e respeito no meio da música bauruense.

Sem acesso a grandes recursos para promover e dar suporte à sua arte, essas pessoas dependem em grande parte delas mesmas e da ajuda mútua para conquistar esse espaço. Vivem a batalha incessante do autoinvestimento, vão às ruas pessoalmente para vender seus discos e encontram na internet uma ferramenta fácil e eficiente de divulgação. Além disso, contam com a participação de um aliado importante na luta pela valorização do movimento: a ONG Acesso Hip Hop.



Reconhecida como Ponto de Cultura pelo governo federal desde 2011, a ONG tem o objetivo de promover a inclusão social por meio do hip hop. Isso acontece principalmente através de iniciativas que procuram dar a artistas locais a oportunidade de expressar sua criatividade. Além de realizar eventos como a Semana Municipal de Hip Hop, que acaba servindo para dar visibilidade à produção artística do movimento local, o Acesso fornece espaço para ensaios, ajuda com gravações e dispõe de um estúdio audiovisual para a produção de videoclipes. “Bauru vem num momento muito bom”, afirma Renato Moreira, coordenador do Ponto de Cultura. “A gente criou um espaço dentro da cidade que permite que os artistas consigam caminhar de forma independente”.

“Vale a pena ser artista independente”

O grande protagonista do atual contexto do rap bauruense é Coruja BC1. Prestes a completar 19 anos de idade, o garoto realizou conquistas invejáveis ao longo do último ano, a partir de quando lançou o disco de estreia Até surdo ouviu. O clipe da música Não posso murmurar ultrapassou as 70.000 visualizações no YouTube. Hoje o rapper tem 1800 fãs no Facebook e 40.500 seguidores no Twitter. O público comparece em massa aos seus shows, pede por canções favoritas e grita em coro os refrões. E o reconhecimento também vem de fora, e com peso: recentemente, Emicida usou o Twitter para compartilhar o clipe de Não posso murmurar e elogiar o artista do interior.

Independente mas nunca sozinho, Coruja reconhece a importância da participação de outras pessoas em sua carreira para ter chegado até aqui. “No começo era tudo eu. Agora tenho pessoas por mim”. A pequena equipe de fiéis escudeiros conta com responsáveis por técnica de som, videomaking, comunicação e produção – quem cuida da última área é Renato Moreira, que agenda os shows e funciona como uma espécie de líder do grupo. “Facilitou para mim essa parada de cada um ter uma função dentro da equipe”, afirma Coruja.

O rapper comenta a batalha de ser independente e ter que se preocupar em investir na própria carreira: “Tudo o que a gente conquista, a renda, é a gente mesmo que investe para a gente mesmo ter retorno”. Esses investimentos incluem a compra de CDs para gravação, confecção de camisetas, a correria para vender discos e agendar shows e daí por diante.

Mas todo o esforço e todo o suor compensam para Coruja BC1, que deixa clara a satisfação com os resultados que vem obtendo. “Vale a pena ser artista independente, levar a música sincera”, diz. “Eu fico feliz por tudo o que a gente está construindo humildemente e por onde a nossa música conseguiu chegar”.

Confira também a cobertura da etapa local do Festival Grito Rock Bauru!




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A cidade grita

Seletivas Grito Rock em Bauru traz fragmento do cenário independente local

Entrevistas por Keytyane Medeiros
e Pâmela Pinheiro Antunes
Texto por Laís Semis
Foto por Jessica Mobílio

O Festival Grito Rock surgiu como uma alternativa às tradicionais festividades do Carnaval e hoje, comemorando sua 11ª edição, o Festival conquista 300 cidades ao redor do mundo, conectando 30 países.

Devido ao seu caráter de construção colaborativa em rede, número de cidades que recebem o Grito e de concentrar todas as produções num curto período de cerca de um mês, o Festival Grito Rock possibilita e estimula a circulação de artistas em rotas e redução de custos, ligando diferentes regiões brasileiras. A estimativa de oportunidades de shows criadas é de aproximadamente 3 mil por todo o país.



Nesse contexto, Bauru, no interior paulista, que chegou à sua quinta realização do evento nesse ano, costuma produzir também uma etapa pré-festival, intitulada Seletivas Grito Rock, em que são escolhidas pelo público, sob votação, as bandas que se apresentam no Grito Rock. Enquanto uma etapa que trabalha artistas locais, as Seletivas, vem se afirmando como uma plataforma para bandas novas apresentarem seus repertórios autorais que variam do trash metal ao rock gospel.

“Acho que a cena está tomando uma forma mais coesa agora por ter coisas acontecendo ao mesmo tempo com propostas diferentes, linhas diferentes e isso caracteriza um cenário”, diz Aran Carriel, da banda Autoboneco, que há 20 anos marca presença no underground da cidade.

O evento é fortalecido pelos públicos que se encontram diante de um leque novo. “É uma oportunidade pra se mostrar o som pra gente que normalmente não frequenta o tipo de lugar que a gente toca, de show que a gente toca”, observa o vocalista da D.I.E., Charles Guerreiro.

Mas pra quem está há 20 anos na caminhada, sabe que a construção vai além. “Eu espero que isso fomente mais a vontade de todo mundo fazer, mas tendo o entendimento de que não se depende de um Grito Rock, de um evento isolado em si: isso é mais uma coisa pra fomentar a produção autoral e que outros grupos que acharem defeitos e qualidades também se inspirem. É uma fomentação geral do cenário alternativo da cidade”, diz Aran.

Confira mais sobre o cenário independente de Bauru!
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Grito Nostálgico, essências para o futuro


Texto por Keytyane Medeiros
Fotos por Julia Gottschalk

Seletivas do Grito no Jack, Grito Rock no Jack, Compacto.Arte na Sede da nova Casa Fora do Eixo Bauru.

Rayra Pinto, funcionária da Secretaria da Educação e integrante da Frente Feminina de Hip Hop de Bauru estava no rolê em pleno domingo e me confidenciou que a nova sede já foi espaço do Conselho Tutelar de Bauru. Informação curiosa, principalmente se comparados os interesses da nova sede e da antiga função do imóvel, mas essa é uma outra discussão. Rayra estava lá para realizar a Mostra da organização que faz parte. A ideia era dar a "perspectiva de gênero ao movimento hip hop, que vai além do rap ou do grafite, mas tem dentro de si a crítica uma série de problemas sociais."

A casa é bem grande, tem uma garagem interessante pra fazer um som, como bem prova a “La Burca” que se apresentou naquele fim de tarde. As paredes amarelinhas também são ótimas para um bom e velho grafite. Lá pelas 17h30, Amandla Rocha, vocalista da “La Burca” anuncia o início do show e a venda do EP, num clima que há muito não se via nos rolês do Enxame, o som foi quase nostálgico, apesar de ser apenas a segunda apresentação do duo de músicos. Nostálgico no sentido de que realmente se viu uma banda muito boa e original se apresentando na garagem intimista de uma casa no centro de Bauru.

Um pouco antes da apresentação, Sérgio de Campos, grafiteiro e estudante de artes da Unesp estava fazendo alguns desenhos na parede externa as nova sede. Seu traço se propunha a mostrar um desenho “em movimento, ligado à música e à dança”, como afirma o artista e o próprio grafite que leva uma caixa de som nos ombros e as típicas calças largas dos b.boys. O desenho foi feito em conjunto com o parceiro César, e ambos integram o “coletivo de dois” Comics.


A tarde seguiu e o próximo a se apresentar foi o paulistano Loop B, músico que tira música de sucata. Segundo suas próprias palavras “violão clássico se toca de um jeito, violão folk, de outro, mas como se toca um tanque de gasolina?” Pois bem, como?! Eu não faço a menor ideia, só sei que as músicas eletrônicas ao fundo combinavam muito bem com os sons produzidos pelo material recolhido por Loop B e com os movimentos que ele fazia em sua performance.

Isso sim foi um retorno à essência dos eventos Fora do Eixo. Esperamos que a essência, o idealismo, a vontade de descentralizar os pontos de cultura voltem ainda com mais força na sede da recém-lançada Casa Fora do Eixo Bauru.

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Que ofereça arte, riso e Hip-Hop

5 de março de 2013
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Teatro popular abre segundo dia de apresentações do 5° Grito Rock Bauru 

Texto e fotos por Higor Boconcelo

A conexão entre o Hip-Hop bauruense e o Bosque da Comunidade do Geisel vai muito além da ligação evento-palco – seu público usa do espaço ocupado nos eventos do movimento para se expressar além da rima. B-boys que não sossegam, dançam em todas as batidas (live ou playback); jovens jogam basquete ao mesmo passo que reencontram antigos aliados e sob a sombra das árvores casais e famílias aproveitam de saudável sombra em meio à selva urbana. 



Arrisca-se dizer que a tarde do último sábado traria mais do mesmo para o público que compareceu afim de assistir aos MCs, se não fosse pela interferência de algo incomum aos eventos de Hip-hop no Bosque: teatro popular.

A convite da organização do 5° Grito Rock Bauru, a companhia de 1° Ato trouxe de Valparaíso/SP para o Grito Hip-Hop seu espetáculo “Árvore de Mamulengos”, teatro daqueles impossíveis de se adivinhar quando começa, mas quando se dá conta o fenômeno da arte independente já chamou sua atenção. 

Batuques e o canto dos atores convidaram o público presente a achegar-se, “trabalho honesto, de teatro popular”, cursando por entre as árvores e arrebatando a atenção das crianças eternamente enquanto durasse a apresentação. Num cenário composto por fitas que davam forma a um circo e blocos de madeira, os espectadores foram convidados à história de Marquesinha, obrigada pelo pai a casar-se com Cabo Fincão, policial, julga-se cabra arretado, e seria se não fosse por João Redondo, dono do coração da garota e culpado pelos gritos de “corno” que emergiam da plateia. 

A comédia trazida de forma natural pelos personagens e desenrolares da trama trouxeram para o evento algo mais que alegria. Em tempos onde a cultura é estimulada de forma insatisfatória pela administração da cidade, o 5° Grito Rock mostra, mais uma vez, como é possível (e prazeroso) trazer cultura de forma democrática à população. Pode ser que haja entre os presentes naquela tarde uma divergência entre gosto musical, mas em uma coisa todos pareciam concordar: é difícil não gostar de teatro.




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Não faltou nobreza

Texto por Pâmela Antunes
Fotos por Julia Gottschalk

O segundo dia do 5º Grito Rock Bauru começou no Bosque Geisel com o Grito Hip Hop. Foi depois do espetáculo “Árvore de Mamulengos” da Companhia Primeiro Ato da cidade de Valparaiso/SP que as atenções foram voltadas para a quadra do bosque onde foi montado o palco para as apresentações dos Rappers, Mcs e grupos de dança.


Rap Nobre foi um dos artistas que passou pelo palco. O rapper bauruense que já foi integrante do grupo Della Honra, mas hoje está em sua carreira solo. Sua apresentação aconteceu depois que os meninos do Fabrica de Rima já tinham mandado seu som, dos b-boys arrasarem no freestyle onde até rolou freest bol (freestyle com bola) e do JF ter passado sua mensagem com sua música.



Foi dando um salve para todos que começou seu show, e logo apresentou o Mc Pin que veio diretamente de Piracicaba integrante do grupo De Buenos Crew e o Mc e beatmaker Felipe Canela, abriu espaço para quem quisesse subir ao palco e cantar junto com eles, e não demorou muito, Mc Betinho subiu rimou e improvisou. Continuou sua apresentação com mais três raps e não teve vergonha que dizer quando esqueceu a letra.


Foi humildemente que se despediu dizendo que está meio parado com seus raps, mas continua na luta.

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A cabeça que bate e o Grito que começa

3 de março de 2013
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Som pesado da D.I.E abre o 5° Grito Rock Bauru

Texto por Higor Boncelo
Fotos por  Luis Germano

De alguns meses pra cá nota-se algo iminente em Bauru: o rock não pára. Nem na cidade, nem no Exílio ArtPub, que ontem abriu o 5° Grito Rock Bauru dando lugar para a primeira noite de shows, trazendo para o público apresentações das bandas D.I.E, Autoboneco e D.O.S.

Cada vez mais conhecida do público do rock underground bauruense, a casa recebeu em seus palcos para o primeiro show os quatro integrantes mascarados da botucatuense D.I.E, que logo garantiu o primeiro bate-cabeça da noite, mandando seu som para servir de gasolina às rodinhas indispensáveis em todo show de rock pesado, estilo da banda.


Formada em 2010 por quatro universitários, a banda transmite em suas canções um desejo comum de todos os integrantes: refletir sobre tudo que acontece de errado na sociedade, suas mazelas e hipocrisia. Carlos Lopes, o vocalista da banda que nos palcos assume o pseudônimo Charles Guerreiro, conta que as ideias para a composição das músicas do grupo costumam surgir da vontade dos integrantes de refletir sobre algum assunto, que vai desde política a questões com cunho social, cultural e religioso.
“Nos reunimos para ensaiar e ali mesmo compomos, compartilhamos as melodias, fazemos a música”, explica.

Sobre o nome do grupo, Charles Guerreiro conta que surgiu da letra de uma canção com o mesmo nome, abreviatura de uma expressão em inglês que, assim como a banda, acredita que “as ideias não morrem e nem possuem forma ou rosto, por isso deve levá-las sempre adiante”. E foi seguindo seus ideais que, em pouco tempo, a banda que conta também com os mascarados Hell Hound (guitarras), Roger Vorhees (baixo) e Mortiz Carrasco (bateria), em pouco tempo de estrada já subiu aos palcos com consagradas como Korzus e Ratos de Porão.


Perguntado sobre qual fora a melhor experiência para a banda em seu tempo de existência, lembra saudoso de um festival que participaram em Rio Claro. “Muita galera foda, sonzera das outras bandas, a gente mandando um som perto de uns vagões de trem, andando no meio deles – foi animal”, conta empolgado. “Ah, e vou te falar – muita mulher gostosa do metal, nunca vi tanta”, completa.  Já sobre o Grito Rock Bauruense, que sua banda há pouco havia aberto, Charles foi categórico – “é extremamente importante pois raramente as bandas bauruenses de som próprio contam com uma estrutura tão grande e tão bacana, sem falar que esse evento mobiliza um público enorme”.

Tá aí: bandas mostrando energia, público também, organização e envolvidos à todo vapor. Ontem foi uma das três chances que o festival está dando para Bauru curtir um bom som. E eu não perderia as outras duas.


O CurtaBauru e o e-Colab são parceiros do Grito Rock Bauru 2013 e estão fazendo a cobertura jornalística integrada do evento. 

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A universidade como um local acolhedor

1 de março de 2013
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Cacoffonia 2013 mostra a que veio e reúne estudantes de diferentes cursos e opiniões

Texto por Nathalia Rocha
Fotos por Julia Gottschalk

No interior da Unesp Bauru há um espaço que, por si só, costuma agradar mais que suas outras regiões. Seja por representar a folga entre uma aula e outra, por tratar-se de um espaço de convivência majoritariamente dos alunos ou simplesmente porque difere das demais partes do campus, o caso é que o local é um lugar por onde todos que adentram a universidade acabam passando. No dia 28 de fevereiro, no entanto, o espaço estava um pouco diferente. As mesmas árvores ali estavam, e também seus frequentadores típicos, mas por ali não havia simplesmente pessoas passando, o bosque havia sido ocupado. A razão da novidade: o festival Cacoffonia 2013.

O Cacoffonia é um evento anual que ocorre desde 2011 e é organizado pelo Centro Acadêmico de Comunicação Social “Florestan Fernandes”, o Cacoff, e é resultado de ações anteriores que já visavam à presença dos alunos da instituição. Contando com decoração alternativa e despojada - composta por vinis e artigos artesanais pendurados nas árvores -, oficinas, bandas e apresentação bateria da Unesp Bauru - a Naumteria -, o festival busca, também, a recepção dos calouros e procura incitar neles a vontade de permanecer na Unesp e de ver nessa um espaço agradável.


O Cacoff que, desde ano passado, conta com alguns novos rostos, trouxe novidades para esta edição. A estudante do quarto ano de Relações Públicas e uma das principais organizadoras do evento, Jéssica Costa, falou sobre a principal inovação. “A maior novidade foi termos trazido todas as entidades presentes e que representam os alunos a fazerem parte desse Cacoffonia. Todos os representantes dos projetos de extensão se apresentaram, depois a gente sentou para conversar sobre a representatividade que cada um busca e como a gente pode convergir essas coisas, em que pontos podemos caminhar juntos”, disse a representante do Centro Acadêmico. Jéssica comentou, ainda, as vantagens do diálogo com as demais instituições da universidade. “Cada entidade tem uma força maior e um foco dentro dos segmentos em que atua, mas todas querem, de algum modo, a melhoria da universidade, então é possível ver de que forma as ideias podem convergir”.

Banda Desnudos 
Aliando cultura à política e ao pensamento crítico, alguns dos focos do Cacoff, o projeto não só procura incitar o debate, através da mesa que é realizada em seu início – cujo tema, este ano, foi “Protagonismo Estudantil”, mas também busca atrair os estudantes para as discussões importantes relativas ao movimento estudantil e para o próprio centro acadêmico. A estudante do segundo ano de Jornalismo, que também participara da edição anterior do evento, Mariana de Sousa Caires, comentou a importância do diálogo entre política e cultura. “Acho que são dois eixos que não se separam. A cultura é uma coisa que todo mundo gosta, é fácil reunir indivíduos em torno ela, então quando pessoas já estão fazendo algum evento cultural, é possível inserir o eixo político, e então a discussão passa a fluir também nesse campo”.



Douglas Nóbrega, calouro do curso de Engenharia Mecânica, disse que gostou muito do evento e das bandas escolhidas, e ainda opinou sobre o local escolhido para esse. “Acho que não poderiam ter escolhido local melhor, não só pela vibe, mas também por já ser naturalmente um espaço de convivência dos estudantes”. O saldo imediato dessa edição foi um bosque lotado, com indivíduos de diferentes cursos reunidos não somente em torno do interesse comum – a participação no Cacoffonia 2013 -, mas também interagindo entre si, ocupando o espaço que é de todos eles.

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Eram os deuses astronautas?


Por Laís Semis 
Fotos por Larissa Cabelo 

A arte com um céu azul de fundo começava na rua: os fios de postes na frente da casa estavam marcados por pares de tênis arremessados e caídos segurados pelos seus cadarços. É mais ou menos pra cima desse céu de que vem a temática que guia a primeira exposição individual de Fino, artista visual da cidade, realizada no último dia 23/02. 

É a partir da ideia dos deuses astronautas que surge a exposição “Seus Olhos”. 



Em 1968, um pesquisador e escritor suíço chamado Erich von Däniken publicou “Eram os Deuses Astronautas”, livro que trouxe ao mundo a hipótese de que as tecnologias e religiões de civilizações antigas eram originadas por viajantes espaciais, tidos como “deuses”. Sob essa óptica é que Fino traduz “Seus Olhos” através de pinturas rupestres espelhadas nas paredes do Instituto e nos objetos presentes no ambiente, as realidades extraterrestres. 

A exposição segue na Rua Maria José 5-37 até dia 23/03 e a pretensão é que outros artistas plásticos e fotógrafos possam expor seus trabalhos também no Instituto Graffiti Shop. E não apenas exposições, como oficinas, saindo do formato loja que disponibilizava apenas produtos relacionados e passando a atuar como uma galeria-residência. 

Embora a Loja tenha sido projeto de Fino, a galeria foi desenvolvida na companhia de David Calleja (referências aqui) e o espaço não se limita aos trabalhos apenas dos dois moradores, há também a galeria da casa, a Damataria (derivada de “Da Mata”) que envolve projetos de todos os integrantes desse coletivo de artistas não agregado a nenhuma instituição, conta David, já que o próprio Fino decidiu participar de sua exposição de uma maneira bem peculiar... 

Uma sala escura aguarda os visitantes ao fundo da exposição; nela, um banquinho, um fone de ouvido, (uma música sutil), uma luneta, um convite. Quem aperta os olhos contra a luneta vê que, do outro lado, Fino está sentado no alto de um prédio e por isso não pode ser encontrado perambulando hoje pelos espaços do Instituto. 


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