XI Mostra de Teatro Paulo Neves| Nelson Rodrigues, sua vida como ela foi

31 de janeiro de 2012
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Fotos por Lucas Adriano
Texto por Pamela Morrison

Confesso. Antes de mais nada preciso dizer que as lágrimas que insistiam em escorrer viam com a força de uma agulhada. Deve ter sido a atuação, que fez com que os personagens parecessem seres reais.

A peça foi uma adaptação do texto original de Nelson Rodrigues que, de forma incontestável, foi o maior dramaturgo brasileiro. Sua vida foi tão trágica e rocambolesca quanto sua obra.

Seus personagens são safados, incestuosos, adúlteros, homossexuais, escandalosos. As tramas envolvem traições, cupidez e morte. Nelson Rodrigues é assim, tudo o que viveu, ouviu, sentiu na sua infância está em sua obra. Em partes tumultuada, sua vida foi rodeada de ganhos rápidos e perdas marcantes.


O destaque da peça é um de seus pseudônimos em cena no momento de não lucidez, Suzana Flag. E então com seu sotaque francês, segue a pergunta chave de suas obras e vida:

- “Por que a bala era para seu pai, Nelson?”

“O jornal estampa a matéria, na primeira página, sobre o desquite de Sylvia. Foi a fórmula encontrada para o diário não sair sem assunto. Dois dias após o Natal entra na redação da Crítica procurando por Mário Rodrigues. Não o encontrando, pede para falar com seu filho Roberto e dá-lhe um tiro no estômago. “

Nelson viu e ouviu aquilo tudo. Com dezessete anos, foi a primeira cena de violência brutal que presenciava. Seu irmão morreu dois dias depois. Ninguém conseguirá penetrar no teatro de Nelson Rodrigues sem entender a tragédia provocada pela morte de Roberto.

E o pai repetia: “ Aquela bala era para mim!”.

Até que foi demais para ele, e a morte o apanhou em casa, matando-o alguns dias depois.

Nudez no palco. Aquilo que poderia ser polêmico, seios, pernas, braços à mostra, foi tão natural, como assim deve ser. A mulher nua é uma lembrança de Nelson ainda na infância, ao ver uma das filhas da vizinha lavadeira tomando banho em uma bacia.

A Flor da Obsessão faleceu na manhã do dia 21 de Dezembro de 1980, um domingo. No fim da tarde daquele dia ele faria treze pontos na loteria esportiva, num “bolo” com seu irmão Augusto e alguns amigos de “O Globo”. Dois meses depois, Elza, sua esposa e companheira, cumpriu o seu pedido. E ainda em vida, gravou o seu nome ao lado do dele na lápide, sob a inscrição: “ Unidos para além da vida e da morte. É só.”

É só, a vida termina assim, na morte, só isso. E a apresentação também, por que não? Mas ainda há algo pra ser ouvido:



‎"A vida me tem ensinado que as pessoas são amáveis, se eu sou amável; que as pessoas estão tristes, se eu estou triste; que todos me querem, se eu os quero; que todos são maus, se eu os odeio; que há faces sorridentes, se eu lhes sorrio; que há caras amargas, se estou amargo; que o mundo está feliz, se eu estou feliz; que as pessoas são terríveis, se eu sou terrível; que as pessoas são agradecidas, se eu sou agradecido. A vida é como um espelho: Se sorrio, o espelho me devolve o sorriso. A atitude que tomo frente à vida, é a mesma que a vida tomará diante de mim. Quem quer ser amado, que ame", assim disse Gandhi. Ao som da voz do diretor homenageado, Paulo Neves, que recitou ao final, encerrando a XI Mostra de Teatro Paulo Neves.

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e-Colab Planeja Lançar News Mensal

21 de janeiro de 2012
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Entre os projetos a serem implantados em 2012, o portal e-Colab prevê o lançamento de sua news mensal apresentando as principais coberturas que rolaram pela colaborativa, além da agenda com as futuras atividades. Para cadastrar seu e-mail e receber nossa news, basta clicar aqui!
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e-Colab | Retrospectiva 2011

6 de janeiro de 2012
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Captação: Eduardo Porto, Lígia Ferreira, Ana Beatriz Assam; Jessica Mobílio e Laís Semis
Edição: Laís Semis
Trilha: "Silver bracelet" Nemphis Belle 

Em 2011, tivemos 226 postagens e cobrimos 75 eventos:

#DNA
Almighty Convida
CACOFFONIA
CinExtinção
Feira do Rolo
Festival Canja
Festival de Artes Integradas de Bauru
Festival 20 anos Rádio Unesp
Funeral Fúnebre
Grito Rock Bauru 2011
Ilustrutura
Macha da Liberdade
Ocupa Bauru
Revirada Cultural de Bauru
Roça Nova
Rock do Bem
SEDA
Tijuca com Maracatu
Vozes da Periferia
Shows do Cachorro Grande, Aleluia Bitch, Universo Elegante, Trupe Chá de Boldo, Lucas Santtana, Pata de Elefante e Joseph Touton
Abel Contra o Muro – 1 sessão e 1 dia de gravação
2 Compacto.Arte
2 Teatros de Rua
3 Sessões do Cine Ouro Verde
8 Quartas Dimensão
8 Noites Fora do Eixo ao Extremo
16 NFDEs

Caímos na estrada 9 vezes, passando por Bragança Paulista, Jacareí, Ribeirão das Neves (MG), Belo Horizonte (MG), São Luiz do Paraitinga, Marília, São Carlos, Pirassununga, Porto Ferreira durante a Semana da Canção Brasileira, Festival Transborda, Festival Contato e 12ª Edição do HC na Cidade.
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Isso ainda não é um editorial

Texto publicado em Aleatoriedades e Afins, 18 de dezembro 2011. 

[Este post foi inspirado no texto Isso não é um editorial #1, lançado em janeiro de 2010 em retrospectiva ao Portal e-Colab em uma perspectiva muito mais pessoal]

Intensidade é a palavra. Entrega é o modismo (estilo de vida?) paralelo aos acontecimentos de 2011. Definitivamente tanta intensidade tornará este ano muito mais do que um ano. Até mesmo porque vivemos pelo menos uns 5, 7 (?) anos em 2011. Foi isso mesmo? 

Festival Contato

Escrevendo um texto sobre a (tão querida) banda Cabana Café comecei a relembrar dentro do e-Colab algumas coisas que realmente marcaram. Então, aqui vai um balanço do que ele foi pra mim dentro do http://e-colab.blogspot.com.

“Até 2012, se todo mundo sobreviver. Só os fortes ficarão!”, acho que essa frase do texto do grande De Buenas foi professada pelo Brisa. Peço licença pra utilizá-la aqui, por acreditar que seja bem por aí mesmo.

2011 foi um ano de muitas descobertas, coisas sendo agregadas, tempo de se fortalecer e poder caminhar sozinho. Foi um tempo de chegadas e partidas sem fim.

1ª Reunião de 2011

O passado passou rasgando e o De Buenas foi se aventurar pelo mundo, nos deixando de herança alguns dos melhores e mais emocionantes textos que tivemos a oportunidade de publicar em nosso blog. Trouxe relatos que me deram a sensação de ter vivido aqueles momentos. Além da disposição infinita em sempre levar no bolso um bloquinho pro caso de alguma coisa acontecer no meio das noites fora do eixo que vivemos.

Acho que com o Paloso aprendemos que os textos tem mesmo é que sair correndo dos padrões e ir de encontro ao que existe correndo nos nossos ventos, nas veias, nos olhos, nos corações. É se deixar levar, ao avesso, por todos os caminhos da vida. Captar tudo aquilo que passar por nós, mesmo que sejam mais ou menos, barulhos e bagulhos. E a nos respeitar como um grupo heterogêneo, ouvir críticas, repensar, mas construir sempre em cima daquilo que acreditamos.

A Bianca Dias, com seu jeito de menininha roqueira, apareceu em casa para a primeira reunião tímida querendo ficar por trás daquelas lentes que ela transforma em arte com cliques. Mas logo de cara, fez que o cheiro de tinta virasse texto e provou que não importa qual seja a sua área, escrever é mesmo se libertar para o que está perante os sentidos e deixar transparecer ao mundo.

Laís, Bianca, Lígia e Jayme no jantar colaborativo

O Jayme Rosica tumultua desde o título. CAIXA ALTA. Troquei nas primeiras vezes, depois, percebi que fazia parte de quem ele era essas caixas altas. Toque de fúria, mesmo em dias de graça. E NÃO OUSE ROTULAR A ARTE COM PALAVRAS. Confesso: ele é a medida de razão entre nós. É o cara que faz 4 meninas tagarelas e insanas se controlarem e se concentrarem no que realmente importa. É o foco. É o nosso ponto de apoio mesmo quando não diz nada, mesmo quando negativa com a cabeça discordando de tudo que dizemos e achando tudo um absurdo. Ah, Jayminho!

Gabriel foi pra Minas, pro Transborda, e escreveu uma literariedade doce, dessas muito das irresistíveis. “Censurada”. A coisa que mais sinto por não estar mais em nossos arquivos (“Ela tem um fiel companheiro na cozinha que a auxilia no corte de vegetais em geral, um pequeno aparelho eletrodoméstico. Desculpe Lucas, deixei passar o nome. O talento vem de família [...] ).

Sem contar que ele, ao lado do Eduardo Porto, que tiraram as rodinhas da bicicleta e nos deixaram correr livres, cair no mundo e sustentar as próprias ideias. E o Eduardo sempre segurando as pontas que fossem necessárias… com cautela, uma paciência enorme para ouvir e explicar… e tentar de novo…

Ana, no show do Marcelo Jeneci
A Ana Assam, no fim das contas, se descabelou, fez que fez e fez de tudo pra conseguir que as coisas dessem certo pro grupo (e também perdeu o controle na grade pra conseguir que o Jeneci mandasse um ‘oi’ pro e-Colab). Acabou se entregando e vendo que de cima do palco as sensações são diferentes.

O Kenji nunca soube dizer não. Ele é do tipo quieto, que se joga e sempre agrega talento no que topa participar.

E o que dizer do Luís Morais? Dedicação sem limites. Afinal, decidir em cinco minutos cair na estrada com quatro estranhos pra ver bandas de que nunca tinha ouvido falar pra experimentar a cobertura colaborativa em um blog de que nem fazia parte a pedidos desesperados de uma amiga, é pra poucos. E ir lá, cair na insanidade jornalística e cair de cabeça… Essa, Bóvis, nem Freud explica

Imergimos, 5 pessoas, 3 dias, piras monstruosas. Ideias e sentimentos avassaladores e daí construímos uma amizade sem limites e comparsa. Hoje, sinceramente, não tenho cara de dizer que somos gestores. Compartilhamos gritarias felizes, risadas e planos diabólicos como cinco pessoas que tem gostos diferentes, extintos diferentes, ideais diferentes e unidos por uma boa causa, que botamos fé. Essa menina enrolada, aquela dos coletes, botinas e suspensóriosa que acha que uma imagem pode transmitir um som, a que corre com os lobos e o garoto crica mesmo! Cara, somos muito diferentes. E, por diversas vezes, quase enlouqueço. Perdemos a cabeça, nos estressamos. Nem sei como fomos cair juntos, na mesma parada. Mas ainda estamos aqui. Sempre penso que isso deve significar alguma coisa.

Aline, Lígia, Jessica, Lais e o Júlio, do The Vain! (:

E aquela imersão, tanta, tanta coisa passando pelas nossas cabeças, acabou surgindo um dos produtos que mais gosto de lembrar. O dia em que pés 39 calçaram sapatos 37; e vestidos quiseram passear em outros corpos; pura tensão no ar, pandas na banquinha, menina descontrolada no volante, nóias circulando pelas ruas, algumas tristezas partindo os corações, desconfianças, risos, vontades, alegrias, manifestos rebeldes, um pouco de chuva, e se você não entende que aqui é só felicidade, nada além disso corre por este corpo, eu já não me importo mais. Uma noite de sono e mais um pouco de imersão.

Dias e dias correndo contra o tempo e tudo mais que aparecer ao lado da Jessica Mobílio, que mesmo quando desacreditada decidia tentar mais uma vez. Madrugadas fritando ideias mirabolantes com a Aline Ramos, momentos de organizar tudo e tomar decisões com a Lígia Ferreira e encontrar no fim de tudo o ar pessimista e confortante do Jayme com suas soluções tão simples para os problemas que pintamos como sem solução.

No meio disso tudo, algumas bandas me marcaram muito em sua passagem por Bauru ou pela vida bauruense; entre elas, como não se lembrar Pé de Macaco sem uma saudade rasgando o peito? E dos já citados Cabanas? Só amor. Do The Vain (intensidade também cabe aqui nessa descrição, né? junto com insanidade, pandalismo e muito carinho!), eu, sinceramente, nem sei o que dizer, meninos…

E pra terminar, roubo suas palavras mais uma última vez, De Buenas.

- Fecha a conta, garçom que por hoje deu.

Mas, amanhã tem mais, gente!

Aí, 2012, traz tudo em dobro que eu quero mais!


Flan
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SEDA | Conversas Infinitas

5 de janeiro de 2012
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SEDA Bauru 2011
Fotos por Lucas Adriano
Texto por Artur Faleiros

Depois de 6 dias de mostras, oficinas, debates e muito audiovisual chegamos ao fim da SEDA Bauru 2011. No sétimo dia, a última atividade da semana encerrou a programação, conectou alguns dos participantes e fomentou um debate sobre as perspectivas do audiovisual no Brasil.

Tivemos a oportunidade de contar com a presença de Davy Alexandrisnky (Cine Clubbismo), do Rio de Janeiro, e Caio Plasman (Associação Brasileira de Documentaristas) e João Baptista Pimentel (Congresso Brasileiro de Cinema) para trazer algumas provocações e fazer com que a cena de Bauru reflectisse sobre alguns pontos importantes dentro da produção, realização, articulação e mobilização para o sector do audiovisual.

O dia começou bem tranquilo. As 15h demos inicio a mostra que exibiu os micro-curtas produzidos ao longo da Semana com a oficina da Neurônio Produtora que aconteceu no SESC. Filmes produzidos em Bauru. Além dos vídeos produzidos na SEDA Bauru 2011 foram exibidos também outros dois curtas produzidos em Bauru por alunos do curto de Radio e TV da UNESP ("A Visita" e "Por Nós Geni").


A oficina de Produção e Realização Audiovisual gerou 3 micro-curtas elaborados com base em 3 micro contos de 100 caracteres do livro de Edson Rossato. Após a exibição pudemos aproveitar a presença do escritor na mostra para fazer um debate sobre a transformação do texto em vídeo, os aspectos aproveitados, as releituras e a forma como cada um adaptou a obra de Rossato para transpor aqueles pensamentos em 1 min de filme. O resultado foi bastante positivo e pudemos assistir aos filmes que contavam com os atroes da Embaixada de Marte e do Protótipo Tópico que colaboraram com a realização dos filmes.


Após a sessão começamos de fato as "Conversas Infinitas" e a dupla de cineastas trouxe algumas contribuições para o amadurecimento da cena audiovisual em Bauru. Falamos bastante sobre a articulação dos grupos, sobre a criação de um pólo de uso colectivo na cidade, sobre a possibilidade do desenvolvimento de projectos alinhados com as perspectivas nacionais que podem facilitar o diálogo com a prefeitura e mais alguns macetes que devem estimular uma maior conexão entre os agentes locais para que a cena se estimule, forme público, qualifique sua base e seus críticos e enfim, esteja mais conectada para buscar avanços mais significativos para o desenvolvimento da linguagem.


Estavam ali pouco mais de 20 pessoas no domingo a tarde, dispostas e abertas para aprender, trocar e consumir cultura. Um bom desfecho para uma boa Semana.

SEDA Bauru 2011

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Pacotinho de SEDA | Tigre Dente de Sabre e Bexigão de Pedra

Fotos por Diogo Zambello
Captação de Imagem por Ana Beatriz Assam
Edição por Laís Semis




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SEDA | Cinedocs

1 de janeiro de 2012
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Fotos por Lígia Ferreira


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