Coloque seus coletes, botinas e suspensórios

1 de novembro de 2011
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Por Jessica Mobilio
Fotos por Eduardo Kenji

Com vocês a Nemphis Belle. Era uma daquelas noites, de alinhar identidade musical à visual. O repertório com o cheiro de rock anos 60 pairou no Jack Pub por quase uma hora. Os garotos apareceram de figurino peculiar: camisas sociais; coletes; botinas; e o preto e branco reinavam. Deixe-me apresentá-los às canções e nada de cover dos Beatles ou galanteios românticos. Só letras autorais e mesclas de rock indie. Som e vocal limpo (é difícil reunir os dois). E o público aprovou. Há quem arriscou uns braços desgarrados. 

   


Outra banda, a Monkberry era das expressões fartas de satisfação e de puro elogio a Nemphis. Com cervejas ao pé do palco, o feriado prolongado (só para os servidores públicos ou não) se acolhia. Noite chuvosa e de frio repentino (tá virando habito). E pra quem encarou como nostalgia do rock 60 foi tiro certeiro. É clichê dizer isso, mas foi um desses bons. De sentir uma atmosfera do velho e novo, ao mesmo tempo. Isso porque o estilo não morre (rock embalado e intimista). De chamar o público com refrãos “Come on, come on...”. 

Chegou hora para agradecimentos, os meninos de Porto Ferreira (SP) lembraram dos Monkberry (praticamente um culto que foi recíproco) e do Enxame Coletivo. “E viva Bauru, viva sete anos de estrada da nossa banda”. Eu queria mais, pode ser? Isso porque a noite voou ou foi só um relapso particular? Só sei que não me despedi. Deixem os anos 60 e indie mais um pouco.



E mais tarde...
























Aquele instrumento dos nemphis, “Meia Lua” é de suar os ouvidos mesmo, e aconteceu. Posso dizer que foi personificado, ganhou alma e caminhou pelo ambiente “jackeano” com os próprios pés. Tornou-se o centro de pessoas acendidas... Fez-se uma roda, cercado por saias rodadas, corpos e um colete (dos nemphis), batucadas sem letras, mas que renderam ao final da noite, ADEUS À ALTURA. 

“It was Amazing”...

EM CRISE? CRÍTICO? NÃO, SOU APENAS “CRICA” MESMO
Por Jayme Rosica

As noites chuvosas de sábado insistem em nos perseguir pela jornada musical da cidade. E o sábado não foi diferente. 
























O Jack Pub não estava tão cheio, mas o rolê fluiu bem. Após um show que me surpreendeu bastante, da Nemphis Belle, era a vez de assistir pela segunda vez a apresentação da Monkberry de Londrina. O folk foi bom, bem estruturado, com uma base bem trabalhada. Confesso que o show anterior que assisti foi melhor. Desta vez a banda não demonstrou tanta empolgação.





O estilo do folk se fazia presente, porém ainda vi com olhos meio críticos a sonoridade. A musicalidade flui, mas ainda é muito engessada no estereótipo americano do estilo. Vemos hoje no país uma tendência a um “abrasileiramento” dos estilos genuinamente gringos. Porém a Monkberry ainda se mantém muito presa à linha musical do folk do Tio Sam.

O público gostou, vi muita gente comentando positiviamente a respeito. Aliás, com as ressalvas críticas já feitas, achei a apresentação tecnicamente perfeita.

Uma cerveja aqui e outra lá, presenciamos uma boa noite de música e divertimento, e compactuamos da idéia que o campo da cobertura colaborativa, seja ela crítica ou não, ainda terá uma grande área de atuação na cidade do pão com rosbife.



A volta dos Pandas
Por Laís Semis

Meninos de camisas brancas engravatados enfeitando o ambiente e pandas liberados pela alfândega na banquinha. Estamos esperando algo além desse rock fantasiado de passado.

- Já pensou em assinar um contrato milionário?


Bruno é o Obelix da insanidade. Reza a lenda de que ele também caiu no Caldeirão do Druída quando era criança e agora qualquer dose gera um super efeito no seu comportamento. Depois que os vi em cima de um palco, eu não sabia mesmo o que esperar deles hoje. Dia chuvoso, quase feriado. Depois de um show tão intenso quanto o do Canja Rock, algo tinha que acontecer. Pelo menos, um pouquinho de insanidade deve ser intrínseco dos pandas. Mas eles trouxeram coesão.

- Tocar em Bauru novamente é a melhor coisa que me aconteceu esse ano, pois - “pois” é foda... o frontman me colocou fingindo uma entrevista - pois me sinto em casa, porque as pessoas são maravilhosas e o pastel de forno do Lucas é ótimo.

Agora, quarteto de novo, o The Vain me trouxe uma nova vibe. 10 anos de banda, estrada, cumplicidade entre os integrantes, formação original. Não, não. É diferente do The Vain que ouvi antes nesse mesmo palco, mais ou menos na mesma hora 4 meses atrás. Insanidade não - pelo menos não tão explícita. Muita sobriedade regava o The Vain em sua volta à Bauru.

Vim pra sentir o pandalismo correndo dentro de mim. Chega mais. Vem pirar nessas caixas ensurdecedoras. Vem dançar nesse som alucinante que o Bruno Bottossi cria com os dedos nesse seu novo brinquedinho musical.

A passagem por Bauru deve ter marcado os Pandas tanto quanto fomos marcados por eles. Tire um tempo pra ouvir o áudio que a banda disponibilizou do show deles por Bauru. Você vai compreender melhor do que eu estou falando, muito mais do que se ouvir o CD. Mas ainda não é a mesma intensidade de estar aqui.

A construção do som é totalmente real. Não era mais o mesmo, mas era exatamente isso que eu esperava ouvir do The Vain 4 meses atrás. O The Vain me deu os shows em datas contrárias, me surpreendendo mais uma vez. Visceral desfilante, eu diria.

- Quem quiser subir no palco, pode vir. 

Tenho acompanhado as histórias da turnê pandalística através de relatos. Pessoas invadindo o palco a ponto de camuflarem os integrantes. Mas a chuva e as fantasias indies sessentistas rondando o pub nos deixou meio tímidos, The Vain.

E o motivo pelo qual me apaixonei por eles na primeira audição vem em seguida: “Close to The Fire”. O que vale uma noite é a sinceridade por trás das músicas. É, não dá pra ficar sem se envolver com os pandas tocando. Vem com eles! A troca válida é essa. Essa energia, essa intensidade, esse estar aqui agora. Fazer valer a pena é o mais gostoso despretensionismo. 

E Go, Panda, Go!


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