A Banda Joseph Tourton e o pianista Vitor Araujo

30 de junho de 2011
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Fotos por Gustavo Stevanato






Fotos por Wilian Olivato


A Banda Joseph Tourton pisou em terras bauruenses mais uma vez na última noite de quarta, 29 de junho, no Sesc. Em outubro do 2010 eles participaram da Noite Fora do Eixo #6. Mas dessa vez, a banda recifense se apresentou com a participação especial do pianista Vitor Araujo. Entre improvisos e Experimentações, seus integrantes trafegam pelo som instrumental sem se apegar a ritmos pré-definidos ou estilos. Com Gabriel Izidoro (guitarra e flauta), Diogo Guedes (guitarra e efeitos), Rafael Gadelha (baixo) e Pedro Bandeira (bateria), A Banda Joseph Tourton agitou mais uma noite na Área de Convivência do Sesc Bauru.

































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Noite Fora do Eixo #11

25 de junho de 2011
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Por Aline Ramos
Vídeo por Diogo Azuma
Fotos por Marina Wang, Diogo Zambello e Diogo Azuma

Enquanto Bauru terminava o feriado com o silêncio gritante vindo das ruas vazias, o Jack Pub abria as portas pro som com sotaque sulista. Dia 23 de junho, para alguns, mais conhecido como Noite Fora do Eixo 11, foi marcado pelas bandas Sabonetes (Curitiba – PR) e Parachamas (Blumenau – SC). A imprensa local divulgou, os fãs confirmaram presença no Facebook, Bauru estava pronta.



Parachamas querem conquistar o mundo

Ao passo que as primeiras pessoas foram chegando, a banda Parachamas, que seria a primeira a se apresentar na noite, se preparava pro show que faria logo menos. Com seu sapato preto, Alexandre (vocal/guitarra) se aproximou da banquinha de CDs. Ainda tímido deixou ali o último EP da banda. Concluído em 2010 com o título “Volte Sempre” o encarte do álbum também serve como cartão de visitas do grupo.

Quando subiram no palco, o público curioso se aproximou pra saber o que aquele quarteto indie tinha pra mostrar. Nas palavras de Alex (bateria), “o show tem que ser como uma festa”. E foi isso mesmo, após a primeira música lançaram o convite: “vamos dançar galera!”. Com a música “Bem Vindo”, que dá nome ao primeiro EP do grupo, Parachamas deu as boas vindas a quem ainda chegava.

Quem se aproximou, viu uma banda alegre com um som igualmente empolgante. O palco parecia pequeno demais para o rock que apresentaram com uma levada de ska e powerpop. Seus pés se mexiam, improvisavam dancinhas e pulavam. Destaque para Paulo Henrique (baixo), ou Chuim, que com saltos no ar, mostrou porque ganhou o título de melhor “novato” em palco pelos integrantes “velhos de casa”, numa brincadeira entre eles.

Ao longo do show, mandaram abraço até pro prefeito da cidade, Rodrigo Agostinho. Depois do show explicaram que sempre fazem isso quando chegam num lugar novo. E embalaram a noite dos apaixonados com um cover de “Primavera”, sucesso de Tim Maia. Nesse momento, os casais se abraçaram, enquanto o restante cantava com emoção e interpretava a música.

Já com os cabelos molhados, Alexandre ajeitou a franja que insistia cair sobre seus olhos e agradeceu quem esteve ali com um simples “valeu!”. Alex distribuiu mais sorrisos e empolgação na bateria, enquanto Paulo Henrique insistia em apontar o teto com seu baixo. Alberto que encantou toda a apresentação com seu trombone, trouxe em sua camiseta lilás, já suada, todo o desejo e espírito da banda com a frase “revolution is coming”. Mais tarde, os meninos de Blumenau, enquanto descansavam no bar pediriam pra colocar no texto a seguinte mensagem: “os Parachamas querem conquistar o mundo”. Está ai!

Com quantos Sabonetes se faz um show?

Após a apresentação do Parachamas, era a vez da banda Sabonetes subir no palco. Enquanto o show não começava, ouvia-se num canto e outro que logo “os caras” entrariam em ação. A expectativa era grande, dava pra perceber no ar. Logo no começo da noite, duas meninas se aproximaram da banquinha de CDs pra saberem se a banda trouxe moletons para vender. Uma delas, Talita Velasco, estudante de direito, já havia começado a contagem para o dia do show no começo do mês, quando ficou sabendo da vinda do grupo a Bauru. Talita que define o seu contato inicial como “amor a primeira ouvida”, voltou pra casa sem o moletom. Mas os curitibanos souberam compensar desde o momento que subiram ao palco.

O show que começou com “Descontrolada” aproximou quem não conhecia a banda e já descontrolou os fãs que tomaram a primeira fileira. O vocalista Artur Roman logo convidou a galera para que chegasse mais perto do palco, pedido prontamente atendido. Com a música na ponta dos pés, quem estava à frente acompanhava o show não só cantando, mas dançando junto.

“Obrigado” não saía da boca da banda ao final de todas as músicas. Esse é o segundo show na Turnê Fora do Eixo, que contemplará cidades de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. Para Wonder (guitarra) e Alexandre (bateria), a turnê, “além de aumentar o público da banda, também é uma escola”.

Entre a quarta e quinta música, ao mesmo tempo que divulgavam o MySpace, ouve-se um grito desesperado “Artur, eu te amo!”. No que se ouve como resposta: “eu também te amo!”. Nessa altura, a galera já pulava e cantava mais alto. E é quando os ânimos são tranquilizados com um cover de “All my loving” dos Beatles. Com olhos fechados, os corpos balançavam suavemente enquanto um coro era formado.

Mas logo a empolgação voltou. Antes, os pés que deslizavam pelo chão, voltaram a pular. Sabonetes cantou mais canções do seu primeiro disco, “Sabonetes”, lançado em 2010, “Enquanto os outros dormem” e “Hora de partir”. Quando anunciaram a saideira pra enfim finalizarem a apresentação, Letícia Alcará, que estava bem à frente do palco gritou pra tocarem “Se não der, não deu”. Mas dessa vez deu, a banda que já estava nos primeiros acordes de outra música, mudou de planos e atendeu ao pedido de Letícia.

Pedidos atendidos, Sabonetes finalizou com “Quando ela tira o vestido”, música do primeiro videoclipe. Gravado em três dias na casa da banda e nos arredores da Vila Madalena, o clipe também foi filmado e editado pela banda e por amigos.

Após a apresentação, Letícia que ouvia a música que pediu, foi com as amigas registrar aquele momento especial no canarim. Com a foto guardada na memória de sua câmera, a fã de Sabonetes já há dois anos soltou: “de longe, o melhor show que fui esse ano!”.

Quando humanos viram robôs


E foi na euforia do fim de show, no olhar de satisfação e na sensação de que a noite ainda não teria seu fim, que a discotecagem de Leandro Fontana tomou conta do ambiente. O projeto com o nome “Jazz For Robots” foi atraindo aos poucos os dançarinos tímidos. Com maior predominância de instrumentos de sopros, as músicas escolhidas também envolviam metais.

De longe, Cesare Rodrigues, observava a roda que havia acabado de se formar. “Para alguns, a noite começou agora”, analisa. Entre os dançarinos, era possível encontrar alguns integrantes das bandas que haviam se apresentado anteriormente.

A casa aos poucos foi esvaziando, mas a roda que ensaiava passos robotizados agregava mais gente. Alguns com danças mais soltas, outros tentavam aprender com o amigo do lado, cada um formava sua balada particular. Cesare não resistiu, largou a roda da conversa e se juntou aos amigos. Mas não só quem dançou curtiu a discotecagem, na porta do Jack, Leandro sorria o sorriso do dever cumprido, deixou a noite fora do eixo.
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Canja Hip Hop

23 de junho de 2011
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Realizado no Parque Vitória Régia, o Canja Hip Hop foi parte da programação do 2º Festival Canja, organizado pelo Enxame Coletivo, que aconteceu nos dias 8, 9, 10, 11 e 12 de Junho em Bauru.


Imagens: Diogo Azuma e Marjory Kumabe
Edição: Diogo Azuma
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Anjo Gabriel

Nesta quarta-feira aconteceu no Shiva Bar um show com a banda Anjo Gabriel de Recife.
Aqui estão algumas fotos da banda.


Quarta - e muitas outras - dimensão
Por Ana Laura Mosquera
Quando convidei uns amigos para irem ao Shiva nessa quarta, logo rolou a pergunta de sempre: mas quem vai tocar? A cara deles ao ouvir como resposta Anjo Gabriel não foi das melhores. Estranho como nomes assustam as pessoas. E roupas também, como pude comprovar quando chegamos no bar.
A véspera do feriado não fez do dia um dos mais movimentados dos eventos do Enxame, mas foi o suficiente para tornar a noite agradável ao som do rock progressivo e de certas peculiaridades da banda Anjo Gabriel, de Recife, Pernambuco. E o carisma desse povo pernambucano dá as caras desde o início, em cada palavra de Marco da Lata ao microfone, até o fim, na minha conversa com o André [Sette] enquanto os outros desmontavam os equipamentos.
O grupo está em turnê por São Paulo desde o começo do mês para o lançamento do primeiro disco (mesmo!), O Culto Secreto do Anjo Gabriel. O álbum foi lançado em CD e também em LP pela banda. A opção pelo vinil, como o André me disse, tem a ver com a preferência da própria banda pela qualidade sonora dos discos e com a galera que curte o som dos anos 70, época que influencia a banda, tanto nos trajes como na composição musical.
Incrível como até hoje todas as bandas de som basicamente instrumental que conheci eram boas. Talvez porque a voz esconda um pouco os instrumentos, principalmente quando todos começam a cantar junto. Com a quase total ausência da voz, não tem como enganar. A oportunidade de prestar atenção em cada acorde é única, e me fascina muito. Sobretudo a bateria. Logo achei um canto para ficar vidrada em cada toque das baquetas. Pesados, porém precisos. O baterista parece que vai levantar vôo. Por ora, tenho uma impressão momentânea que não consigo explicar, mas ele parece que está tocando ao contrário.
Mas a novidade do show foi, com toda a certeza, o theremin, instrumento que emite ondas sonoras a partir do movimento de aproximação das mãos. Num certo momento do show, parece que uma curiosidade quase infantil das pessoas foi sanada. André desceu o instrumento do palco para quem quisesse tocar. Eu, que estava mais próxima que todos exatamente para observar o theremin, contive a vontade por um mínimo instante, que durou o tempo certo das outras pessoas conterem seus impulsos também. Logo que decidi experimentar, quase me perdi no meio de tantas mãos que tentavam ouvir seus sons. E, assim, fizemos nossas intervenções no instrumento certamente mais adequado para dar o toque surreal do rock da Anjo Gabriel.Negrito
No fim da noite, a única coisa que lembro escutar de um dos amigos é Nossa, os caras são muito foda.. E ninguém mais se estranhava com nada.
MPB contemporânea e outras experimentações

Por Ana Laura Mosquera
O clima estava mais do que tranqüilo: poucas pessoas nas poucas mesas. E foi mais uma vez com o som do Árido Groove que a noite começou a começar. Na Quarta Dimensão do Shiva Bar, foi o DJ ocasional Léo (Leonardo Saldanha) o responsável pelas batidas características do coletivo de DJs. Isso aconteceu numa mistura sem fim de sonoridades - brega, pop, rap, rock, samba - tudo junto para formar um balanço eletrônico contagiante, nem que seja só tomar uma breja numa mesa ao fundo do bar.
Foi quando outro membro do coletivo, Leandro Fontana (o Lelão), chegou para dar sua “canja” na discotecagem da noite, que conversei um pouco com o Léo. Aparecendo por aqui com menos freqüência, ele não deixa de dar o som da graça nas festas quando está em Bauru. Apesar do Árido [Groove] seguir um padrão de set incansável, Léo confessa sua preferência em tocar a balada com uma MPB contemporânea. E foi assim que a noite terminou no Shiva, não sei bem em que dimensão.


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A (p)Arte da Vez

22 de junho de 2011
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O tradicional e o inovador misturados numa manhã puramente artística de domingo

Por Laura Luz

O DESFILE

Era uma intervenção por entre as barracas. Olhos atentos ou tediosos, todos voltados para aquela cena incomum na feira de domingo. Um desfile lúdico, de personagens estranhos e carregados,que bem ou mal prendiam a atenção de quem havia saído de casa com outros fins e dificilmente imaginava se deparar com algo assim.





O cenário era nada menos que a Feira do Rolo, uma feira tradicional em Bauru, com mais de 30 anos de existência localizada na Rua Júlio Prestes, bem no centro da cidade.

Meninas de saia hippie e flor no cabelo dançavam ao som da bateria da Ouro Verde junto de homens vestidos com artigos de mergulho, corcunda de tartaruga, uma barriga artificial respeitosa e tinta no corpo. O mais intrigante, na verdade, foi ver outro homem vestido de peixe, privado de sua mobilidade dos braços, com um salto alto enorme e mesmo assim desfilando sem perder a pose.






Por alguns momentos fiquei com a impressão de que aqueles meninos seminus, os moços com pé de pato, as meninas pintadas e as hipongas eram tão diferentes e tão entrosados que queriam demonstrar algo com isso.







As pessoas que compravam na feira não se privavam de dançar e às vezes faziam os mesmos passos que os artistas, talvez até por falta de espaço, mas provavelmente por compatibilidade. E quando menos se espera aí estão eles outra vez, os caras com monitores na cabeça do Grupo Embaixada de Marte, agora nem tão destacados pela quantidade de bizarrices.



Confesso que até eu mesma que tinha ido com esse intuito me assustei com a aquele desfile de figuras incomuns. Tentei olhar de frente, mas só consegui acompanhá-los por de trás das barraquinhas. Por cada feirante que passava ouvia um comentário.





Na barraca de tapioca o senhor apitava descompassado com uma empolgação ímpar de quem por anos não via algo parecido naquele lugar. Em outro canto vi um senhor bater com a mão em uma escumadeira recém- comprada ao som da bateria.

Nas casas da região mais estranhamento. Mesmo sem a tradicionalidade, pessoas saíam nas sacadas para ver aquela espécie de procissão. Não consegui detectar olhares de reprovação, mesmo porque num domingo de manhã as pessoas não parecem se preocupar com a agilidade da fila da feira.






Depois disso tudo, de toda essa magia já me sentia satisfeita por aquela manhã e até um pouco envergonhada por ter descoberto o ambiente maravilhoso da Feira do Rolo sem o intuito puro de conhecê-la. Só depois fui descobrir que aquilo tudo era, na verdade, só um convite para que o verdadeiro show começasse.





AS APRESENTAÇÕES

Em meio a retirada de ingresso para um passeio na Maria Fumaça na Estação Ferroviária o/a bando(a) passou e ninguém se alarmou, era realmente um humor de domingo. Chegamos em mais uma parte incrível da Feira com artesanato caprichado e de muito bom gosto. Nesse espaço que as artes do (P)Arte da Vez iam realmente acontecer. Foi como entrar em um novo plano da Feira.





Descobri que o mesmo cara com bico e pés de pato que dava gritos guturais no desfile era o coordenador de tudo aquilo. Francisco Serpa, orientador de arte dramática, é o responsável pelo TUSP, o Teatro da USP de Bauru e foi através dele e de suas parcerias com outros grupos bauruenses que a ideia dessa assembleia de arte fez-se.





Estava tudo ali: música, artes visuais, pintura, instalações permanentes de grafitagem. “Escolhi a Feira do Rolo, porque é onde as trocas acontecem e essa troca não é de valores, é de conhecimento.”, justificou Chico na apresentação do evento.

A primeira apresentação foi da performance Flores Astrais sobre a orientação de Caíque Rufato, que eu por coincidência havia conhecido no SESC em uma sessão de documentário do Dzi Croquettes. E não era a toa. Todas as referências do inigualável grupo carioca dos anos 70 estavam naquela apresentação, incluindo os sorrisos e o rebolado.

Continuava o locutor com os chamados e entre eles o anúncio “A Embaixada de Marte esta presente aqui na Feira do Rolo”. Sim. Como eu já havia me dado conta no desfile, e ao som do apito da Maria Fumaça começava a apresentação. O público desviava o olhar se esquivando de uma possível interação, mas sempre com o sorriso no rosto.

Naquele espaço por um lado se via o emergir da pintura coletiva de um quadro com o desenho do vagão e de outro se via a grafitagem feita por mais um coletivo.

A próxima atração foi a Leitura Dramática do texto “Libedade, liberdade” de Millôr Fernades, em que meninas com a cara pintada mostraram só pelo recurso da entonação de voz toda a dramaticidade daquela peça.

Seguindo, o Núcleo de Estudos Paulo Neves fez a performance teatral “Saudação” e depois o Grupo Solar com fez outra intervenção, com muita dramaticidade em uma mistura de culturas tribais.

As apresentações seguiram com uma intervenção circense no tecido e depois uma declaração dramática do próprio Chico Serpa no palco enquanto um ser humano de cueca envolvido em filme plástico era domado por uma linda moça vestida com avental e máscara, ambos do Grupo Protótipo Utópico. Eles manuseavam pedaços crus de carne de forma agressiva e deixavam as crianças de olhos arregalados.

Os malabares de Artur Faleiros também não podiam faltar e em seguida mais surpreendente do que qualquer dramatização foi a apresentação do senhor Zé Francisco, em dança, música e poesia.Era um senhor que havia passado por mim sem que eu nem notasse sua presença artística, ele saltitava como um menino e sorria um sorriso largo e puro como sugeria o nome da sua apresentação toda autoral, “Virgem”. “Bravo Zé Francisco!”.





Um grupo de dança do Ventre composto por mulheres maduras em vermelho marcava quase o fim da manhã de arte. Essas mulheres fora dos padrões estabelecidos mostraram o quão sensuais podiam ser, arrancaram gritos da platéia e sorrisos de satisfação de Chico.

Pé de Macaco subiu ao palco logo após e uma improvisação coletiva fez-se logo embaixo. Ouvindo o pedido de “Chora bateria!” de Brisa sendo atendido, a manhã incomum se encerrou.

Fui andando pelas barracas em processo de desmontamento na feira e ouvindo as músicas e outros barulhos vindos de lá. Foi assim, assim que cheguei à conclusão que era ali a real forma de se fazer arte e que valia a pena lembrá-los sempre disso.

Fotos: Laís Bellini

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Cultura para toda Bauru

A Feira de domingo no centro torna-se espaço para todas as artes

Por Laís Bellini

Bauru é uma cidade feita de pequenas outras. Os bairros formam-se à distância do centro e criam seus próprios centros. Trabalho, comércio, lazer e moradia no mesmo lugar, cada habitante no seu bairro. Mas domingo é dia de feira.

A feira que acontece todo domingo próxima à Praça Rui Barbosa reuni habitantes de diversos bairros da cidade. A feira estende-se até o final da rua onde se instalou também a Feira do Rolo. Mais à esquerda, próximo à Ferrovia, encontramos a Feira de Artesanato. Três feiras em uma só são a atração de toda a cidade, de todos os bairros que passam a semana em seus cotidianos, pouco se envolvendo com o resto da cidade.

O domingo na feira faz os habitantes da cidade se tornar bauruenses, usufruírem do espaço público em comunhão com outros. Uns estão para vender, outros para comprar, outros ainda só para comer um pastel e aproveitar o fim do final de semana.

Com a proposta do TUSP, Teatro da USP, e apoio da Secretária de Cultura de Bauru e de parceiros culturais como o Enxame Coletivo, a Embaixada de Marte, o Palco Fora do Eixo, a Banda Pé de Macaco, o Solar Grupo de Teatro,a Feira ganhou um novo atrativo. Performances de diversos grupos já detalhados pela Laura no texto acima tornaram o espaço da feira, um ambiente prazeroso de convivência.

A intenção era unir vários artistas em ações de colaboração. "Durante o evento me senti em casa, com um relaxamento e uma diversão que nunca havia experimentado antes. A platéia, os atores, o espaço, todos colaborando para a celebração da maior troca de artes que participamos", conta o animado Xyco Peres, organizador.

O evento acontece todo terceiro domingo do mês sempre com novas bandas e atrações na Feira Estação Arte da Ferroviária de Bauru. Esse foi o primeiro, trouxe um público novo para os artistas, integrando cultura com a utilização do espaço público da cidade.

Portanto, utilizemos o espaço, aproveitemos nossa cidade com arte, cultura.

Esse é o gosto de ver e ouvir o que temos aqui na cidade e que é bom!

Valorizemos nossos artistas e apreciemos uma manhã de domingo, as terceiras!

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Marcha da Liberdade - Bauru

20 de junho de 2011
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"Pra mim nada, pra nós tudo".
Por João Paloso

Foi isso o que eu senti quando vi as pessoas marchando nessa tarde ensolarada de sábado.

Eu tinha meus ideais, mas não marchei só por eles. Estávamos todos juntos.
A causa do outro também era minha. Formávamos um só grito.
O que estava em jogo era a liberdade de lutar pela liberdade.
O direito de se expressar livremente sem ser esculachado pela polícia,
como aconteceu em São Paulo.
O direito de lutar pacificamente.
Lutar contra o medo. Lutar contra o medo de lutar.
Lutar por todos. Pela coletividade, pelo amor e pela arte.

Apologia?
Sim, eu faço apologia. Faço apologia pelo que acredito.
Faço apologia todos os dias.

E os malucos na praça rui barbosa? Eles sim tinham muito pra dizer.
Eles, sim, são esculachados pela polícia diariamente.
Negados e renegados pela sociedade.
São muitos outros direitos humanos em jogo.
Direitos iguais pra todos! Esse é o grito.

"Lutar, criar, poder popular"
A marcha continua andando e a cada passo se torna mais forte.
Porque nós nunca nos renderemos às leis da Babilônia.




Por qual liberdade lutamos?
Por Laís Bellini

Liberdade, para muitos, pode ser um conceito liberal. Já li um texto do Clodoaldo Cardoso, meu professor de Ética e Filosofia, que tratava da diferença da liberdade liberal e da liberdade marxista, social. Ele dizia que “para o liberalismo, que vê a realidade unicamente do ponto de vista do indivíduo, liberdade é um direito natural e individual de expressão, autodeterminação e associação e igualdade, o acesso de todos aos direitos civis e políticos” Ok! Interessante. Devemos ser livres e iguais (perante a lei).

Mas e a liberdade de ser digno? Onde fica a dignidade humana em toda essa discussão construída? Não sei não. Só sei que uma marcha pela liberdade foi construída aqui em Bauru por estudantes que viram seus direitos serem atingidos.

O que faltou nisso tudo? Aglomeração de tantos mais diversos grupos que estariam ali simplesmente pedindo por dignidade. No Brasil muitos não o tem. O conceito que permeia toda a sociedade brasileira, assim, não procura associar a liberdade a direitos sociais e dignos. Poucos estavam ali, naquela marcha, pedindo por ter o que comer todos os dias. E aqui, escrevo isso, não pra ser mais um texto sobre a pobreza no Brasil, ou sobre o sofrimento do povo, escrevo falando sobre a liberdade que estes não tem de serem dignos da própria vida e desconhecerem, em muitas situações, o próprio direito que têm de reivindicar por isso. Peço, aqui, portanto, que lutemos sim por liberdade, que continuemos esta luta, mas que seja uma luta, antes de tudo por dignidade, um direito de todos e que a todos não chega. Peço por um direito e um conceito de liberdade social.


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Triste voltar à realidade

19 de junho de 2011
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Por Ana Laura Mosquera (escrito em 12/06)

Tinha decidido não escrever texto nenhum hoje, mas depois da última conversa do dia, com o Gabriel, estou aqui. Foi quando reproduzi a mesma frase dita tantas vezes depois de chegar em casa agora à noite que ele me sugeriu escrever “uns dois parágrafos”com esse título. Eu aceitei. Vamos ver no que vai dar...

Depois de tantos shows, teatros, canjas na balada, palestras e pizzas colaborativas, como resolvi chamar, acabou. “Tudo acaba”, lembro de uma das também constantes frases do menino, de Sobre mendigos, meninos e poetas. O Festival para mim começou na sexta, por força de assuntos acadêmicos e garganta inflamada. A correria foi grande. Para minha primeira cobertura, acho até que exagerei. Quis cobrir performances que nem conhecia e intervenções às quais nem chegaria a tempo.

Domingo à noite, no mínimo levemente depressivo. A segunda promete chegar cheia de obrigações, cobranças e afazeres. Mesmo “caindo de sono”, resolvi aceitar o desafio que parece ser pensar qualquer coisa. Em pouco mais que dois parágrafos, acabo parabenizando toda a galera da organização do Festival, me orgulhando em começar a fazer parte do e-colab em um evento como esse e dizendo que quero sempre ir no Canja. “Poderia ter todo fim de semana”, alguém disse. Mas e o resto, como fica? Triste voltar à realidade, né?
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Canja Verde

17 de junho de 2011
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Canja sustentável
Por Ana Laura Mosquera
Fotos por Bruno Christophalo

Entre sopa na balada, coleta de lixo, passeio ciclístico, palestras e oficinas, o Grupo AGR foi o responsável muito bem responsável pela organização do Canja Verde, a ação que promoveu trabalhos relacionados ao tema da sustentabilidade dentro do Festival Canja.

Organizando o público da palestra à tarde e depois marcando presença na programação noturna do Canja, a galera do AGR parecia não perder o pique em um só momento. O Grupo, formado por alunos de Relações Públicas da UNESP, só me fez ter certeza do quanto os "RPs", como são chamados, são pró-ativos.

Um breve panorama

Na sexta e no sábado aconteceram as palestras com Fernando Perri, com o tema do Vegetarianismo, e com Flávia Toquetti, sobre Permacultura, no Anfiteatro da USP.
No domingo, por volta das 11 horas da manhã, um grupo de 20 pessoas, na maior parte ciclistas, participou da Bicicletada e Caminhada Ecológica. Em meia hora, elas foram do Vitória Régia até a Praça da Paz e voltaram pro Parque novamente.

Também no domingo, só que na parte da tarde, rolaram as oficinas ligadas à sustentabilidade no Canja no Parque, no Vitória Régia. Tamara Quinteiro, do Vidágua, ensinou em poucos minutos e embaixo de um sol de inverno, mas não tão menos quente, como confeccionar ecobags com sacolas plásticas e como fazer pufes usando garrafas PET.
A coleta de lixo, tanto a seletiva quanto a de lixo eletrônico, aconteceu todos os dias, na balada, e também domingo, no Vitória. Pra fechar o dia cheio de programação, houve distribuição de sopa todas as noites (boa pra amenizar a ressaca também). 

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Canja no parque – a vez do Hip Hop: Dom Black, Slim Rimografia, Thiago Beats e Emicida

13 de junho de 2011
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Rima Bauruense
Texto e fotos por Bruno Christophalo

Depois de diversos estilos, como o rock do Vitrola Vil e do Mantis, a brasilidade da Sincopé e também dos encontros promovidos pela Pé de Macaco passarem pelo palco do Festival Canja 2011 no Vitória Régia, era chegada a vez do Hip Hop.

Eram um pouco mais de oito horas quando o rapper bauruense Dom Black e seus parceiros entraram em cena no Canja. O parque estava cheio, e a frente do palco, tomada. As mãos pro alto, saudação característica do público para o MC eram vistas por todos os lados.

Batidas quatro por quatro nos PA’s, samplers e scratches nas pickups. Começava o show.

Dom Black rimava brandindo suas palavras como que num duelo. “É preciso falar de coisa ruim pra depois falar de coisa boa”, e contou para o público sobre os vacilões que cantavam suas músicas dizendo ser o autor delas. “Então grava essa daqui e fala que foi você quem fez”, disparava.


A cada freestyle, uma aclamação do público. Entre os temas cantados por Dom Black estavam a importância de se manter a humildade e a lealdade de seus amigos que sempre estavam juntos no role, chamando-os para subirem ao palco para cantar a última música da noite junto com ele.

O público estava cada vez mais animado, aplaudindo, acenando e saudando o MC. Muito além de um “esquenta” para Slim Rimografia e Emicida, Dom Black surpreendeu quem não conhecia seu som e fechou a noite marcando seu nome entre os grandes do Hip Hop que viriam na sequência no Festival Canja 2011.


A energia e o hip hop positivo e diferenciado de Slim Rimografia e Thiago Beats
Por Jessica Mobílio e Lígia Ferreira
Foto por Jessica Mobílio

Escrever sobre o show do Slim Rimografia e do seu parceiro Thiago Beats? Pode colocar na trilha o som dos caras e deixa rolar. Foi assim que a inspiração fluiu.

Era pro show ter acontecido no sábado, mas por problemas técnicos foi transferido pro domingão. E pensando bem foi melhor. A galera tava muito mais sedenta, muito mais animada, muito mais no clima. A galera definitivamente estava muito mais.

Era muita gente na mesma vibe, no mesmo ritmo, no mesmo sentido, no mesmo balanço. Mãos pra cima, corpos embalados pelo ritmo e até quem não se simpatiza muito pelo rap, se deixou conquistar e passou a apreciar a arte. (A prova de que eles nos ganharam? Nós Eu realmente estamos escutando o cd deles pra escrever a matéria e estamos aproveitando como se fosse o show de ontem).

Slim é um dos nomes mais lembrados quando se fala em Rap Freestyle no Brasil, e no Canja ele provou pra Bauru o por que disso. Junto com o Thiago Beats fizeram um show surpreendente pela musicalidade, pelo pancadão nas caixas acústicas, pelo suingue, pela improvisação, pelo flow, pela ideia positiva. Tenho certeza que não é só a gente que ainda está cantando “Faço o bem e me sinto bem”.

Eles levantaram o público que há pouco gritava loucamente pelo Emicida e que naquele momento, tenho certeza que até se esqueceram do que ainda estava por vir e o que havia passado. Era aquele momento que importava. No palco, criaram batidas ao vivo. Slim ainda arriscou um beatbox, mas deixou claro que essa onda ele não surfa tão bem. Essa onda é dominada perfeitamente pelo seu parceiro, Thiago Beats; E como é dominada. Ele fez mágica no beatbox com músicas do rei do pop, Michael Jackson, e até da Britney Spears. O que mais vi ao meu redor nesse momento foram expressões impressionadas, queixos caídos, pessoas inconformadas dizendo “Como ele consegue fazer isso? Como ele consegue criar uma percussão vocal e mais mesmo tempo cantar? É...Thiago Beats é o cara”.  A sincronia, a integração e a harmonia entre os dois parceiros são determinantes pro som diferenciado, leve, dançante, romântico, positivo e contagiante que fazem.

No final do show ainda tentei trocar uma ideia com eles, mas eles saíram correndo pra rodoviária; Estavam atrasadíssimos. Mas pelo twitter o Slim mandou uma mensagem:

 “Valeu #Bauru vocês são foda, energia cabulosa e muito amor pela cultura Hip Hop. É o Rap cada dia mais vivo!”

Slim e Thiago Beats, Bauru que agradece a energia!


Celebração da quebrada
Texto e fotos por Bruno Chistophalo


Logo no domingo à tarde, quando estava chegando no Vitória Régia para o Festival, vi uns moleques andando de skate perto do parque, alegres e cantando versos de Triunfo, do Emicida. Abri um sorriso no rosto e tive a certeza de que o show da noite seria sensacional. E foi.


Após uma pequena demora para o início do show devido ao acumulo de atrasos durante o dia todo, era em torno das dez da noite quando “Da Ponte Pra Cá”, dos Racionais MC’s começou a ecoar nas caixas de som do Festival Canja 2011 vindo das pickups de DJ Nyack, para o delírio de quem estava esperando o rapper paulistano há algum tempo.

Em seguida uma marcha militar começa a soar e Leandro Roque de Oliveira, o Emicida entra em cena, abrindo a apresentação com “Rinha (Já ouviu falar?)”, enquanto seu parceiro Nyack pedia para o público levantar suas mãos para o alto, sendo prontamente atendido na saudação de boas vindas para seu parceiro.

Com um flow que não parava nunca, Emicida disparava como uma metralhadora de rimas. Num dos pontos altos do show, pediu para o público levantar objetos e improvisou versos com eles. “Se você é sangue-bom levante suas mãos para o alto!” cantava junto com DJ Nyack, que deixou as pickups de lado por um momento para se juntar ao MC nessa música.

“Já que o rei não vai virar humilde, eu vou fazer o humilde virar rei”, canta um dos versos de Triunfo. E assim foi a apresentação de Emicida, uma celebração à cultura da rua, aos “maloqueiros”, à “quebrada”. E mesmo para quem não é desse meio era possível sentir a energia vinda da multidão e catalisada pelo rap que unia todos em uma só vibe. “A rua é nóiz”.

Infelizmente o show de Emicida teve que ser encurtado devido ao horário de entrega do Parque, cancelando o show da banda Seychelles, que tocaria em seguida.

Mas quando o último beat tocou, quando o último verso foi cantado e o “boa noite”, o agradecimento e a despedida foram ditos, Leandro Roque de Oliveira já tinha cumprido sua missão há tempos. Fez com que todos voltassem para casa mudados de alguma forma e, com certeza, com alegria estampada no rosto, como aquele sorriso que este que vos escreve já tinha dado mais cedo e que agora se repetia, com uma maior intensidade.

Obrigado, Emicida.

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Canja no Parque - Sincopé e Pé de Macaco

A poesia cantada do Sincopé
Por Jessica Mobílio
Fotos por Jessica Mobilio e Lígia Ferreira

A banda curitibana Sincopé se apresentou no último dia do Festival Canja 2011 agitando o público “podem se aproximar do palco”. Os cinco integrantes atraíram curiosos com suas melodias suaves e músicas de roda. O final da tarde, quase cinco e meia, ficou marcado pela mistura do acordeom, percussão, flauta transversal, viola caipira, rabeca e outros instrumentos inusitados que tinham sons bem particulares.


O jogo de copos plásticos na mesa de metal surpreendeu quem estava a olhar e ouvir o grupo. Depois da cena, a vocal disse “essa é a primeira vez que fazemos isso fora do Paraná”. As expressões faciais do quinteto também agradaram. O tom convidativo e a música de qualidade ofereceram uma energia positiva. Se de um lado acontecia a oficina de Ecobag, do outro as pessoas pintavam suas impressões no tecido branco. Harmonia? Parecia funcionar muito bem.


Falar com a Sincopé era preciso, qual era a impressão deles da cidade e do tema sustentabilidade: “É muito interessante, porque vemos muito show de rock ou rave que galera joga muito lixo no chão. Aqui vocês têm um lugar que está incentivando as pessoas a fazer exercícios e a cuidar do meio ambiente. Além de curtir música boa”.

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Canja no Parque - Vitrola Vil e Mantis

“Nós somos o Rock 'n Roll” – Vitrola Vil
Por Lígia Ferreira

O Vitória Régia foi, novamente, palco pra canja de domingo. Era o último dia do festival. A tarde começava e o dia prometia. Em meio às oficinas de grafite, land art e ecobags muita música iria rolar. O pessoal que havia participado da bicicletada aproveitou pra passar o dia todo por ali. Foi um domingo nada convencional. 

A banda responsável por apertar o play e iniciar a tarde do Canja no Parque foi a Vitrola Vil , de Marília. Durante a passagem de som já se notava algumas pessoas balançando a cabeça no ritmo da música.

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Entre artes e oficinas

Texto: Ana Laura Mosquera
Fotos: Bruno Christophalo

O Canja no Parque não trouxe só shows para o encerramento do Canja. Ao lado de malabaristas e jogadores de futebol americano, estavam os estudantes de artes transformando arames e folhas secas em arte. Marcelo Paixão, Lucas de Sousa, Walace de Sousa e Wellington Peres trabalhavam com tanta tranqüilidade a ponto de nem perceberem que no cartaz da oficina estava escrito Outono Artísico. Acabou virando motivo de risada.

A idéia do real Outono Artístico surgiu por inspiração na idéia das artistas Anna Garforth, Edina Tokodi e Andy Goldsworthy, pioneiras na arte do Eco-grafite, que são intervenções com gravetos e folhas secas. “A diferença é que a nossa arte é uma instalação, porque tem arame no lugar dos gravetos. Então tem que tirar de parques, como aqui, depois de um tempo, porque não é só feita com material natural”, Lucas explica.Comecei a ficar mais à vontade. Quando vi, já estava sentada no chão, conversando com eles. Pergunto enfim por qual motivo surgiu essa idéia. Walace me conta que fazer arte na natureza remete à idéia de contemplação. “A arte tá em qualquer lugar. A gente tem que enxergar onde ela tá. A natureza se manifesta como arte.” E faz todo sentido. Você olha pro céu, pras árvores e no meio delas aparece pendurada uma frase feita de folhas, que se misturam com as próprias árvores. “A arte é verbal e não-verbal”, ele completa.O que era para ser uma oficina acaba sendo uma intervenção artística, com alguns observadores de passagem. Fui almoçar e prometi voltar, mas eles não estavam mais lá. Então vi a frase, entre uns galhos, “A arte é contemplação”. Ainda que menos provocativa que a intervenção de Anna Garforth em frente a uma indústria de energia elétrica, com a palavra rethink (repense), com certeza não vão faltar observadores nos próximos dias para a arte dos meninos.

(...)

Subo então para a tenda onde vão rolar as oficinas de pufes de garrafas plásticas e ecobags, com a Tamara Quinteiro, bióloga do Vidágua. A tenda não cobre muita coisa, nem gente, mas mesmo assim o público aparece. Alguns mais tímidos, porém não menos interessados que os mais participativos. Em poucos minutos, e com a ajuda de participantes, Tamara transforma 32 garrafas PET em um colorido, e confortável pufe, como comprovei. As cores se devem à máquina de costura da avó de Tamara, que ajuda a neta na confecção das capas dos pufes. “Quanto vale?”, alguém pergunta. E ela diz “Não vendo, faço só para a família e os amigos”.

Com a mesma agilidade, mas não menos eficácia, Tamara conduz a oficina de ecobags. São muitos curiosos, de diferentes perfis, eu diria. Rapidamente ela ensina como transformar as sacolinhas usadas de supermercado em sacolas retornáveis. Dá para fazer avental, jogo americano também, o que quiser, mas o tempo é curto e o som da banda no palco encerra a oficina.
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“Quatro rodas? Só se for duas bikes”

Bicicletada e a Caminhada ecológica no Canja Verde por uma manhã limpa de domingo

Por Jaderson Souza, repórter Jornal Júnior

Quem passou ontem no Parque Vitória Régia em Bauru para fazer a sua típica caminhada dominical se deparou com a Bicicletada e a Caminhada Ecológica. A atividade foi organizada pelo Canja Verde, projeto do Festival Canja que discute a relação entre o homem e o meio ambiente. (Confira matérias do Canja Verde sobre vegetarianismo e permacultura que rolaram no Canja) Um grupo de 20 pessoas, na sua maioria de ciclistas, participou do evento.

Por volta das 11 da manhã de domingo os ciclistas começaram o trajeto. Eles saíram do Vitória Régia e foram até a Avenida Nações Unidas na altura da Praça de Paz, depois fizeram o caminho inverso. Todo o trajeto levou cerca de meia hora para ser feito.

Henrique, estudante do ensino médio, foi um dos participantes da atividade. Além da bicicleta ele estava bem equipado com capacete, óculos e sapatilhas para pedalar pela Nações Unidas: “Foi bem legal. E o bom é que defende essa coisa do meio-ambiente sem poluição”, disse Henrique. De fato, o objetivo da Bicicletada é o incentivo à utilização de meios de transporte não poluentes. O slogan do evento é a síntese de tudo isso: “Quatro rodas?... Só se for duas bikes!”.
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Bate papo, cafezinho e a construção de uma cena

Oficina de Dramaturgia foi a proposta do Festival Canja para a manhã de domingo

Por Renata Coelho, repórter Jornal Júnior



O último dia do 2° Festival Canja teve inicio com uma oficina de Criação Dramatúrgica. Curiosa para saber do que se trataria uma oficina como essa, logo me inscrevi para realizar a cobertura. Chegando lá, Denilson Oliveira, do grupo de teatro Forféé, de Piracicaba, passou para o grupo ali reunido uma lista de 10 ferramentas e procedimentos da dramaturgia, explicados de uma forma mais simples e mais palpável.

Logo depois de enumerar e explicar cada procedimento ele prontificou que fizéssemos uma atividade que criasse uma cena na qual participassem três personagens - dois personagens a princípio e um terceiro que surgiria na cena e a romperia, transformando algo nela.- Para a cena, também teríamos que usar as ferramentas ensinadas.

Mesmo assustada resolvi aceitar o desafio, e fui lá escrever minha cena. Tivemos 40 minutos para realizar a atividade.

Assim que foi terminada, Denilson começou a fazer um apanhado do teatro, desde os textos clássicos gregos. De cara, ele levantou a dificuldade de “falar em uma hora e trinta minutos, porque só de dramaturgia Ocidental temos mais de 2700 anos”. O papo veio desde Sócrates, Platão e Euripides, até Shakespeare, seu principal foco. Segundo Denilson, não existe hoje nas telenovelas uma só cena que Shakespeare já não tenha construído, mesmo que de uma outra forma e é esse seu principal diferencial. “Shakespeare produziu todos os arquétipos, todas as referências culturais e civilizatórias da modernidade”. Mesmo divagando um pouco, Denilson soube conduzir a conversa e fez entender um pouco mais até leigos como eu. Sua paixão pelo teatro era visível a cada palavra, gesto e olhar. Não dava nem vontade de ir embora. Mas, entre um cafezinho e outro, ele se despediu da gente só pelo fato de ter de entregar a sala. Fecha a cortina e as luzes acendem.

Fotos: Letícia Neves
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Canja Rock

Orquestra Rock’n’Roll
Por Bruno Christophalo
Foto por Dayvison Domingues

Após a noite anterior com Reggae, Samba-Rock e Rock Alternativo, duas guitarras barulhentas, uma bateria ágil, samplers e um contrabaixo que servia de elemento de junção entre todos esses pontos sonoros somados com a alegria que se via tanto entre os integrantes quanto no público.

Assim foi boa parte da apresentação do Camarones Orquestra Guitarrística, o quinteto de Natal (RN) que abriu em grande estilo a noite Rock do Festival Canja 2011 no Jack Pub.

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Quando Mendigos Viram Poetas

12 de junho de 2011
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Por Luana Rodriguez

Não foi uma peça comum. Não começou com as luzes do teatro se apagando e as cortinas se abriram. Foi diferente.

Estávamos na USP, na noite de sábado aguardando o inicio da peça “Como meninos, mendigos e poetas”, quando um sujeito mau vestido, descalço e com um cheiro ruim se aproximou. “Vai ter festa?” perguntou o homem. Diante da nossa resposta negativa insistiu mais uma vez, “mas vai ter comida?”.

Demorou até que percebêssemos isso já fazia parte do teatro. Foi somente quando um dos atores, timidamente, quase fugindo da platéia, indicou o caminho, que entramos na sala onde o espetáculo de fato aconteceria. O cenário era simples: um corredor formado por cadeiras, trapos e roupas velhas e folhas secas pelo chão. “É por mim que você procurando?” pronunciou um dos atores, conseguindo o silencio do público e iniciando o espetáculo.

Mediante o jogo de luzes e músicas que, por vezes, ditavam o ritmo da peça, toda a história era constituída sob um olhar poético. Dois mendigos se encontram na busca por algo que lhes faz falta. Entre devaneios, sonhos, e histórias de vida dos personagens, são constituídos os diálogos entre os atores cheios de delírios, gírias e palavrões, mas que no fundo apresentam uma reflexão social.

Durante a peça, os personagens Velho e Matraca conversam entre si, mas apenas o passado do velho é citado. Ele já teve uma família, foi agricultor, teve dinheiro e era valorizado pela sociedade. Já a Matraca cabe apenas a recordação de um velho mendigo sendo queimado vivo e a procura constante por Mancebo.


Algumas coisas me chamaram a atenção. As curtas improvisações dos atores, uma moça de roxo que dava risada de quase todas as falas, a capacidade de imaginação de um dos personagens da peça ao descrever o zoológico, a referência à Bíblia com o pão sendo o corpo e Jesus e a pinga o sangue de cristo, e uma simulação de estupro. Em uma das lembranças de Matraca, o personagem narra o estupro e a morte de uma menina por vários viciados em drogas.

Com um clima intimista, em vários momentos da peça tive a sensação de estar vendo uma releitura de obras teatrais conceituadas como “Esperando Godot” de Samuel Beckett, suspeita que ao fim da peça se confirmou. “Uma referência forte foi o texto de Samuel Beckett. Foi daí que a gente tirou a idéia de fazer a peça em dois atos, a relação entre dois moradores de rua e a busca constante por algo que você não sabe o que é”, explicou Denilson de Oliveira, um dos idealizadores da peça. O ator ainda comentou que a peça surgiu em uma sala, a partir da improvisação dos atores.

Diferente de seu começo, o teatro acabou como uma peça deve acabar. “Eu to indo, vocês vão ficar aí?”, proferiu o ator que saiu de cena. As luzes se apagaram, indicando o fim, o público se levantou, e aplausos sugiram rompendo o silêncio da sala.


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Lei do tempo, agricultura natural e sobrevivência do planeta

Por Ana Laura Mosquera
Foto por Gabriel Ruiz

De como passou de amante do turismo à instrutora da lei do tempo no Sítio Casa do Jatobá, Flávia Toquetti deu início à palestra de ontem, sobre Permacultura, na USP. Só que o título que escolheu para a apresentação foi Sustentabilidade Planetária, nosso maior desafio. “A questão não é mais a nossa sobrevivência, mas sim que o Planeta perdure”, ela segue. Passando pelo conceito de biosfera, pela Hipótese de Gaia, convence o público da conexão das pessoas com o planeta e da necessidade de se levar uma vida mais sustentável.



“Não quero entrar muito nessa questão.” Era o que Flávia dizia quando se via falando sobre a lei do tempo. Não tinha nem como. Ela é instrutora da lei do tempo, e foi a partir dela que conheceu a Permacultura. A associação era inevitável. Do descobridor da lei do tempo aos pioneiros na Permacultura, Flávia fala sobre a necessidade de o homem adequar seu bioritmo ao bioritmo terrestre e da mudança do atual sistema agrícola para o sistema natural anterior, o do fazer-nada, para a sobrevivência do planeta. Ao citar o Movimento Cidades em Transição, do permacultor Rob Hopkins, fala sobre a necessidade de “reconectar” as pessoas para a formação de comunidades auto-suficientes.

Flávia também pontuou as dificuldades em implantar uma atividade como a Permacultura em uma cidade rica como Bauru. Permacultura significa “agricultura permanente”, de permanência mesmo, permanência no local. O produtor deve permanecer no local em que produz para que evitar gasto de energia e de dinheiro no ciclo da produção. E isso está muito longe de acontecer em uma cidade materialista como Bauru, segundo ela. O único problema é que o que já está acontecendo são as respostas da Terra à falta de cuidados com o planeta.

Por fim, Flávia convida todos para celebrar o Dia Mundial da Cultura da Paz (25 de Julho), que é também o Dia Fora do Tempo, intervalo entre os anos contados pelos adeptos da lei do tempo. Pois é como ela disse no início do encontro: espiritualidade (paz) e ciência estão intimamente ligadas, porque só uma mente sã é capaz de buscar um planeta sadio.


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B-boys, breaking e o rap consciente

Por Jessica Mobílio e Lígia Ferreira
Fotos: Lígia Ferreira


Pare e pense se há algum gênero musical que misture e agregue ao mesmo tempo música, poesia, dança e pintura. Encontrou? Sim? Não? Pois bem, se você pensou em Hip Hop acredito que tenha sido um dos poucos que acertaram; confessamos que até nós (Jéssica e Lígia) não saberíamos responder tal pergunta até ontem.

O gênero Hip Hop é uma cultura que agrega quatro pilares essenciais: o rap, o Dj, o breaking e o grafite, por isso consegue agregar música, poesia, dança e pintura. Mas a fusão de todos esses elementos só faz sentido aliados ao contexto social. É ele que dá sentido à performance do artista.


Segundo Festival Canja, 11 de junho de 2011. Vitória Régia. Um dia de Hip Hop. Duas E-colabs. Uma cobertura.


Quase quatro e meia da tarde, as pessoas esperavam por uma apresentação de rap, mas logo se hipnotizaram com os b.boys, aqueles que acompanhavam uma batida marcada e faziam movimentos corporais em uma contagem de um, dois e três e até quatro. É isso mesmo, o tempo passava e a passagem de som continuava, mas ninguém parecia ligar pra isso. Só os b.boys conseguiam atrair os olhares mais incertos. Até que um grupo de jovens, longe do palco, colocou as mochilas no chão e começou a fazer uns passos. De repente, já não se sabia pra onde olhar. Esse parecia ser o ponto alto da tarde. De certo, o DJ colaborou, João Flávio Lima que também é discotecário na UNESP FM fez sua parte. Misturou o Black Music com o pop e algumas letras brasileiras, tudo isso levou os tímidos a se mexerem contra o frio. 

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Canja Vibe

11 de junho de 2011
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Olhos hipnotizados, homens e mulheres
Por Ana Laura Mosquera
Foto: Bruno Christophalo

Logo no início da noite, o bar ainda bastante vazio, duas mulheres desfilavam seus longos cabelos, penas e véus ontem pelo Jack. Eu sinceramente pensei que fossem do grupo de teatro. Além do que, estavam cobertas demais para o que seria uma dança de ventre. OK, também confesso que subestimei tanta produção para uma simples dança. O que não era nada simples, afinal. Em uma mistura de dança do ventre com dança tribal, em uma união de passos suaves e outros levemente rústicos, a intervenção começou. Com um pouco mais de ousadia, veio a moça com a espada. Em movimentos clássicos da dança sensual, executa todos de forma bastante delicada. Conseguiu prender a atenção de todos, com seu carisma, olhar e seus longos cabelos. São olhos hipnotizados por todo o lugar, homens e mulheres atraídos pelo charme e pela beleza da apresentação.



Primeiras e outras impressões
Por Ana Laura Mosquera
Foto: Bruno Christophalo

O teatro já havia começado quando o Gabriel veio me avisar. A performance é algo tão sutil em meio a shows de bandas e dança, que quase perdi o início. E assim a apresentação se desenvolveu. Um amigo ao meu lado perguntou “Você tá pensando no texto?” E eu disse “Tô”. Mas a única coisa que vinha na minha cabeça eram palavras jogadas, muitas dúvidas e receio.

Ao final, fui parar em uma espécie de camarim bem improvisado do artista Chico Peres, do Grupo Futuro Telescópio. Enquanto sua amiga ainda tirava a maquiagem dos olhos dele, conversamos. Fui honesta. Quando me dispus a cobrir o teatro da noite, esqueci que o que conhecia era um teatro mais tradicional e não performático. Desconhecia mais ainda as grandes produções e seus autores. Era uma leiga em meio a tantas informações embutidas nas performances. Por fim, Chico me esclareceu algumas coisas. Ele estava vestido como Hugo Ball, representante do dadaísmo, precursor da arte performática e fundador do clube noturno Cabaret Voltaire, na Suíça, em 1915. Estávamos frente a uma première do artista de Karawane, poema de Ball de 1917, escrito em alemão e com palavras inventadas. Enquanto as palavras apareciam no telão, ao som de uma trilha tensa e crescente, o homem balbuciava questionamentos humanos e os tais termos inventados, ora ao vivo, ora em gravações.

Com quase toda a maquiagem tirada (“Você quase arrancou minha sobrancelha agora”, brinca com a amiga) prestes a ir embora, percebi. E logo perguntei “Você não estava na palestra sobre Vegetarianismo hoje à tarde?” Ele confirmou... Chico tinha sido fundamental para a solução da minha última questão, quando disse “Social”.

(...)

Passos de barulhos metálicos pelo chão. Assim o homem entrou se arrastando e continuou pelo pequeno espaço à nossa frente. Cada passo transmitia certa agonia, completada pelas olheiras e a face pálida do “sofredor”. Sem falar da corda no pescoço. De início, não sabia se era alguém enforcado ou, acreditava menos, um escravo conduzido por um “dono”. Minha discreta incerteza se confirmou. Era um escravo.

Já sem maquiagem, como um "homem comum", fui mesmo atrás de Roger Lima, quase saindo do Jack. Mesmo com pressa, não hesitou em largar suas coisas num canto e conversar um pouco. Me explicou que aquele personagem era Lucky, de Samuel Beckett (pai do "teatro do absurdo"). Em “Esperando Godot”, Lucky é escravizado por Pozzo e conduzido por uma corda, obedecendo cada ordem do patrão. Lucky, e Roger, desatam então a falar rápida e ininterruptamente: críticas ao sistema capitalista, à escravidão... poucos param para ouvir.

Eu pergunto, por fim, ao artista do Grupo Solar “Você acha que as pessoas aqui têm conhecimento de Samuel Beckett, do 'teatro do absurdo' ou só eu não sei (risos)?” E ele responde firmemente “Com certeza a maioria não.” E eu insisto “Então por que essa apresentação, aqui, hoje?” E ele finaliza dizendo que a idéia é que cada um tenha suas impressões sobre o ato. A idéia geral foi passada.

Balaio Urbano
Por Beatriz Almeida


Banda Maraca Manca: reggae paulistano do bom

Multiplicidade, efusão, adrenalina, sujeira, raiva; traduzidos no som de quem faz questão de afirmar de onde vem. “A gente é de São Paulo.” Repetiu – uma, duas, três vezes o vocalista “Gonzo” que comanda a Maraca Manca desde 1998 e subiu ao palco diante de corpos contidos e rostos curiosos no terceiro dia de festival Canja.

A plateia do Jack, aquecida pelo teatro, parecia recém-acordada quando a banda entrou no palco. Atentei ao palco na procura de dreads ou de camisa do Bob Marley. Mas não havia nenhum elemento clichê do reggae. A banda aparentava o pop. Simpatia vocalística e poucos elementos visuais.

Começa o som e em três ou quatro minutos já dá pra sentir profissionalismo e personalidade do grupo. O som é diversificado. Lembra a capital. Traz a sutileza de Bob Marley e Peter Tosh. Leva pro agressivo hip hop paulistano. Reggae roots com elementos de rock e mpb, percussão que oscila entre o metálico e o toque seco do mangue beats. O percussionista surpreende com instrumentos de improviso e completa o som mesclado e desalinhado que a banda transmite.

Formada em 98 por amigos que tinham a pretensão de compartilhar o verdadeiro balaio de influências e ritmos trazidos da rua, a Maraca Manca traz para o palco a questão social e a multiculturalismo da cidade grande. "Reggae com elementos de São Paulo. Reggae urbano, é isso que a gente tenta trazer." No palco o resultado é um som pulsante, com boas ideais, desses que mantém o público concentrado mesmo com o repertório quase autoral. Importante, em meio a tanto barulho por aí, saber garantir autenticidade. Vindo de quem é quem é bom, cover é brinde.

Prazer em acordes e notas
Por Soraia Alves

Onze de junho, Jack Pub, onze e meia da noite. Estava ali pela única coisa que poderia ter feito com que eu saísse de casa em uma noite gelada às vésperas de uma prova no sábado de manhã: música boa. E a noite foi de esperas e perguntas respondidas.

A primeira pergunta ao ver o tímido movimento no pub foi: será que o Jack vai lotar? Não lotou, mas o número de pessoas presentes foi o suficiente para dar um ar aconchegante ao lugar. A próxima pergunta: quando vão tocar El Paso! e Projeto Projeto Homem Bomba?

Depois de uma intervenção da Academia de Dança de Bauru, com coreografias no estilo tribal e dança do ventre. Depois de todo o groove da experiente banda Maraca Manca (SP) e seu frontman que faz jus ao termo. Depois de mais uma intervenção, agora de um “Homem Surreal” do Grupo Futuro Telescópio, que não poderia ser descrito de outra forma. Depois de mais alguns minutos de reggae discotecado acompanhando as imagens psicodélicas do telão que escondia o palco, chega enfim a vez de ver e ouvir a banda Projeto Homem Bomba. Tanto já havia acontecido, e muito mais ainda estava por vir.

A banda é da casa, o público são os amigos e surge mais uma questão nessa cabeça aqui: será que a platéia curte mais um som amigo ou as apresentações, com o tempo, caem na mesmice? Caio Pink, João Megale, Lucas Montinho, João Perussi, Bruno Candeiras, Diogo Japa e Bruno Nantes mostram que música boa nunca enjoa.

A mensagem é clara já na primeira música: “chora esse cavaco”, pede o vocalista Pink ao amigo Megale, que atende ao pedido e mostra que difícil vai ser ficar parado até o fim do show. Olho para o canto esquerdo do palco para ver o batuque da percussão, e a imagem de um triângulo, típico instrumento nordestino se destaca. O que vem por aí? Vem mais música e as composições da banda começam a chamar minha atenção. Como não reparar em uma letra que diz “amar só por amar é ver sem enxergar”?

Animação e boas letras, a coisa pode melhorar? Pode, com “o samba não morre só porque você não quer sambar” sendo cantado pela galera. Mesmo os que não conheciam a música pegaram o refrão de primeira. E a mesma galera que canta, avança para perto do palco, e coloca o corpo pra mexer, os braços pro alto, surgem até passos coreografados. É tudo contagiante... E vem América, e vem Valéria, e imagino quantos não se perguntaram quem é essa Valéria que ganhou uma música tão boa em sua homenagem?

E será que acabou? Que nada, tem troca de instrumentos entre vocal e percussão. As guitarras ficam mais pesadas, galera não para. É muita energia e a prova são as peças de roupas de frio que, pouco a pouco saem dos ombros para rodar nas mãos. E ainda tem participação especial do MC amigo “pra fazer o maracatu com rap”, diz Pink. O amigo consegue animar aquilo que já parecia o ápice. O som é tão intenso, que me perco: bato cabeça ou sambo no pé? Com Projeto Homem Bomba vale os dois.

O amigo sai de cena e vem a música que encerra um show que não deixou nada a desejar. Na letra, um chamado para se ver o por do sol. Na platéia, a vontade de dizer: “fiquem homens bombas. Toquem até o sol nascer”.

Mas ainda é noite, e ela não acabou. Mais uma intrigante intervenção, agora com “O Monólogo de Lucky”, do Grupo Solar. Olhada rápida na parede para ver o símbolo do Festival Canja escrito em luzes e sombras. No relógio, quase quatro da manhã,o que faz muita gente ir pra casa antes de ver o Grand Finale.

No palco entram quatro rapazes estilosos vindo de uma (longa e perdida) viagem de Santo André a Bauru. El Paso! vai tocar. O último show da noite começa com a música Mulheres Voadoras. Não vi mulheres voando, mas vi as baquetas de Rafael Cab voarem. Vi Anderson Ventura abusar das distorções em sua guitarra. Vi André Oliveira não só cantar, mas também solar a guitarra. Vi Oscar Santana dedilhar com prazer as quatro cordas de seu baixo. Aliás vi, com muito prazer a apresentação de uma banda que toca com e por prazer, e sentir isso de um músico não tem preço.

Entre letras que falam de ódio e amor, meus ouvidos despertam para frases como “a queda não tem altura” e “ao menos justifique a mudança”. Música tocada que toca a gente, outra coisa que não tem preço.

O número de pessoas vai diminuindo, o frio vai aumentando, mas a explosão daquela bateria não deixa meus pés ficarem parados. E quando penso que sou a única resistente ao sono, ao frio, e ao horário vejo sombras na parede se contorcendo. Mais gente está curtindo, mais gente curtindo com prazer aqueles rapazes que tocam com paixão.

O show chega ao fim e o papo rápido com Oscar só confirma minha teoria do “prazer desses caras em fazer música”. Em poucos minutos, o baixista fala três vezes “a música acima de tudo”.

Entre esperas e perguntas, a resposta é realmente: música acima de tudo.

Vibe energética - El Paso!
Fotos e texto por Bruno Cristophalo

El Paso. O nome me chamou a atenção, pois eu curto muito uma banda de lá e achei que pudesse ser uma das influências. Mas isso é assunto pra outro post...

Começando o show da banda de Santo André, percebi que na minha frente havia uma energia forte. Melodias bem construídas, com ritmos às vezes fora de compasso e cheias de quebradas ditavam a pegada da El Paso.

As letras as vezes dramáticas demais e o vocal talvez tenham me desanimado um pouco, mas o que me prendeu mesmo foi a musicalidade intensa dos caras. Tocavam com um sorriso no rosto, mesmo com poucas pessoas resistindo ao horário já tardio e ao frio que já começava a bater no Jack.



“O som acima de tudo”, com as letras servindo apenas para preencher todos aqueles riffs que mudavam de cadência a todo instante, atrapalhando o ritmo das cabeças e pés batentes que acompanhavam o quarteto em frente ao palco.

Queens of the Stone Age é o que faz a cabeça de todos eles, me contou o baixista
Rodrigo “Oscar” Santana, alguns minutos após seus dedos frenéticos pararem de galopar as quatro cordas de seu instrumento. Achei massa e percebi que aquela guitarra que crescia durante as músicas levando tudo consigo me lembrava algo.

O último acorde chega e a alegria dos quatro continua lá, o agradecimento sincero encerra a apresentação e a André Oliveira, Anderson Ventura, Rodrigo Santana e Rafael Cab, os membros da El Paso, ouvem os aplausos de quem ainda estava lá curtindo o som.

A movimentação se encerra por um breve instante.

Desce a cortina e o ska volta aos PA’s para encerrar a noite Vibe do Festival Canja 2011, a primeira que rolou no Jack Pub.
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