Entre artes e oficinas

13 de junho de 2011
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Texto: Ana Laura Mosquera
Fotos: Bruno Christophalo

O Canja no Parque não trouxe só shows para o encerramento do Canja. Ao lado de malabaristas e jogadores de futebol americano, estavam os estudantes de artes transformando arames e folhas secas em arte. Marcelo Paixão, Lucas de Sousa, Walace de Sousa e Wellington Peres trabalhavam com tanta tranqüilidade a ponto de nem perceberem que no cartaz da oficina estava escrito Outono Artísico. Acabou virando motivo de risada.

A idéia do real Outono Artístico surgiu por inspiração na idéia das artistas Anna Garforth, Edina Tokodi e Andy Goldsworthy, pioneiras na arte do Eco-grafite, que são intervenções com gravetos e folhas secas. “A diferença é que a nossa arte é uma instalação, porque tem arame no lugar dos gravetos. Então tem que tirar de parques, como aqui, depois de um tempo, porque não é só feita com material natural”, Lucas explica.Comecei a ficar mais à vontade. Quando vi, já estava sentada no chão, conversando com eles. Pergunto enfim por qual motivo surgiu essa idéia. Walace me conta que fazer arte na natureza remete à idéia de contemplação. “A arte tá em qualquer lugar. A gente tem que enxergar onde ela tá. A natureza se manifesta como arte.” E faz todo sentido. Você olha pro céu, pras árvores e no meio delas aparece pendurada uma frase feita de folhas, que se misturam com as próprias árvores. “A arte é verbal e não-verbal”, ele completa.O que era para ser uma oficina acaba sendo uma intervenção artística, com alguns observadores de passagem. Fui almoçar e prometi voltar, mas eles não estavam mais lá. Então vi a frase, entre uns galhos, “A arte é contemplação”. Ainda que menos provocativa que a intervenção de Anna Garforth em frente a uma indústria de energia elétrica, com a palavra rethink (repense), com certeza não vão faltar observadores nos próximos dias para a arte dos meninos.

(...)

Subo então para a tenda onde vão rolar as oficinas de pufes de garrafas plásticas e ecobags, com a Tamara Quinteiro, bióloga do Vidágua. A tenda não cobre muita coisa, nem gente, mas mesmo assim o público aparece. Alguns mais tímidos, porém não menos interessados que os mais participativos. Em poucos minutos, e com a ajuda de participantes, Tamara transforma 32 garrafas PET em um colorido, e confortável pufe, como comprovei. As cores se devem à máquina de costura da avó de Tamara, que ajuda a neta na confecção das capas dos pufes. “Quanto vale?”, alguém pergunta. E ela diz “Não vendo, faço só para a família e os amigos”.

Com a mesma agilidade, mas não menos eficácia, Tamara conduz a oficina de ecobags. São muitos curiosos, de diferentes perfis, eu diria. Rapidamente ela ensina como transformar as sacolinhas usadas de supermercado em sacolas retornáveis. Dá para fazer avental, jogo americano também, o que quiser, mas o tempo é curto e o som da banda no palco encerra a oficina.

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