Noite Fora do Eixo #11

25 de junho de 2011
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Por Aline Ramos
Vídeo por Diogo Azuma
Fotos por Marina Wang, Diogo Zambello e Diogo Azuma

Enquanto Bauru terminava o feriado com o silêncio gritante vindo das ruas vazias, o Jack Pub abria as portas pro som com sotaque sulista. Dia 23 de junho, para alguns, mais conhecido como Noite Fora do Eixo 11, foi marcado pelas bandas Sabonetes (Curitiba – PR) e Parachamas (Blumenau – SC). A imprensa local divulgou, os fãs confirmaram presença no Facebook, Bauru estava pronta.



Parachamas querem conquistar o mundo

Ao passo que as primeiras pessoas foram chegando, a banda Parachamas, que seria a primeira a se apresentar na noite, se preparava pro show que faria logo menos. Com seu sapato preto, Alexandre (vocal/guitarra) se aproximou da banquinha de CDs. Ainda tímido deixou ali o último EP da banda. Concluído em 2010 com o título “Volte Sempre” o encarte do álbum também serve como cartão de visitas do grupo.

Quando subiram no palco, o público curioso se aproximou pra saber o que aquele quarteto indie tinha pra mostrar. Nas palavras de Alex (bateria), “o show tem que ser como uma festa”. E foi isso mesmo, após a primeira música lançaram o convite: “vamos dançar galera!”. Com a música “Bem Vindo”, que dá nome ao primeiro EP do grupo, Parachamas deu as boas vindas a quem ainda chegava.

Quem se aproximou, viu uma banda alegre com um som igualmente empolgante. O palco parecia pequeno demais para o rock que apresentaram com uma levada de ska e powerpop. Seus pés se mexiam, improvisavam dancinhas e pulavam. Destaque para Paulo Henrique (baixo), ou Chuim, que com saltos no ar, mostrou porque ganhou o título de melhor “novato” em palco pelos integrantes “velhos de casa”, numa brincadeira entre eles.

Ao longo do show, mandaram abraço até pro prefeito da cidade, Rodrigo Agostinho. Depois do show explicaram que sempre fazem isso quando chegam num lugar novo. E embalaram a noite dos apaixonados com um cover de “Primavera”, sucesso de Tim Maia. Nesse momento, os casais se abraçaram, enquanto o restante cantava com emoção e interpretava a música.

Já com os cabelos molhados, Alexandre ajeitou a franja que insistia cair sobre seus olhos e agradeceu quem esteve ali com um simples “valeu!”. Alex distribuiu mais sorrisos e empolgação na bateria, enquanto Paulo Henrique insistia em apontar o teto com seu baixo. Alberto que encantou toda a apresentação com seu trombone, trouxe em sua camiseta lilás, já suada, todo o desejo e espírito da banda com a frase “revolution is coming”. Mais tarde, os meninos de Blumenau, enquanto descansavam no bar pediriam pra colocar no texto a seguinte mensagem: “os Parachamas querem conquistar o mundo”. Está ai!

Com quantos Sabonetes se faz um show?

Após a apresentação do Parachamas, era a vez da banda Sabonetes subir no palco. Enquanto o show não começava, ouvia-se num canto e outro que logo “os caras” entrariam em ação. A expectativa era grande, dava pra perceber no ar. Logo no começo da noite, duas meninas se aproximaram da banquinha de CDs pra saberem se a banda trouxe moletons para vender. Uma delas, Talita Velasco, estudante de direito, já havia começado a contagem para o dia do show no começo do mês, quando ficou sabendo da vinda do grupo a Bauru. Talita que define o seu contato inicial como “amor a primeira ouvida”, voltou pra casa sem o moletom. Mas os curitibanos souberam compensar desde o momento que subiram ao palco.

O show que começou com “Descontrolada” aproximou quem não conhecia a banda e já descontrolou os fãs que tomaram a primeira fileira. O vocalista Artur Roman logo convidou a galera para que chegasse mais perto do palco, pedido prontamente atendido. Com a música na ponta dos pés, quem estava à frente acompanhava o show não só cantando, mas dançando junto.

“Obrigado” não saía da boca da banda ao final de todas as músicas. Esse é o segundo show na Turnê Fora do Eixo, que contemplará cidades de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. Para Wonder (guitarra) e Alexandre (bateria), a turnê, “além de aumentar o público da banda, também é uma escola”.

Entre a quarta e quinta música, ao mesmo tempo que divulgavam o MySpace, ouve-se um grito desesperado “Artur, eu te amo!”. No que se ouve como resposta: “eu também te amo!”. Nessa altura, a galera já pulava e cantava mais alto. E é quando os ânimos são tranquilizados com um cover de “All my loving” dos Beatles. Com olhos fechados, os corpos balançavam suavemente enquanto um coro era formado.

Mas logo a empolgação voltou. Antes, os pés que deslizavam pelo chão, voltaram a pular. Sabonetes cantou mais canções do seu primeiro disco, “Sabonetes”, lançado em 2010, “Enquanto os outros dormem” e “Hora de partir”. Quando anunciaram a saideira pra enfim finalizarem a apresentação, Letícia Alcará, que estava bem à frente do palco gritou pra tocarem “Se não der, não deu”. Mas dessa vez deu, a banda que já estava nos primeiros acordes de outra música, mudou de planos e atendeu ao pedido de Letícia.

Pedidos atendidos, Sabonetes finalizou com “Quando ela tira o vestido”, música do primeiro videoclipe. Gravado em três dias na casa da banda e nos arredores da Vila Madalena, o clipe também foi filmado e editado pela banda e por amigos.

Após a apresentação, Letícia que ouvia a música que pediu, foi com as amigas registrar aquele momento especial no canarim. Com a foto guardada na memória de sua câmera, a fã de Sabonetes já há dois anos soltou: “de longe, o melhor show que fui esse ano!”.

Quando humanos viram robôs


E foi na euforia do fim de show, no olhar de satisfação e na sensação de que a noite ainda não teria seu fim, que a discotecagem de Leandro Fontana tomou conta do ambiente. O projeto com o nome “Jazz For Robots” foi atraindo aos poucos os dançarinos tímidos. Com maior predominância de instrumentos de sopros, as músicas escolhidas também envolviam metais.

De longe, Cesare Rodrigues, observava a roda que havia acabado de se formar. “Para alguns, a noite começou agora”, analisa. Entre os dançarinos, era possível encontrar alguns integrantes das bandas que haviam se apresentado anteriormente.

A casa aos poucos foi esvaziando, mas a roda que ensaiava passos robotizados agregava mais gente. Alguns com danças mais soltas, outros tentavam aprender com o amigo do lado, cada um formava sua balada particular. Cesare não resistiu, largou a roda da conversa e se juntou aos amigos. Mas não só quem dançou curtiu a discotecagem, na porta do Jack, Leandro sorria o sorriso do dever cumprido, deixou a noite fora do eixo.