Palavras de Lucidez

26 de setembro de 2011
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ou Vida Longa aos Homens de Bom Coração

Por Guilherme De Buenas

Fotos por Bianca Dias

Extremo: 1) Que está no ponto mais afastado; longe, distante. 2) Que atingiu o grau máximo.

Depois de derrubar o muro das lamentações, e pingar os sanguinolentos pontos finais na última Noite Fora do Eixo, cá estamos para elencar novidades e trazer conforto e acalento aos amantes do Harcore e derivados na cidade-sandubinha: Senhoras e Senhores, bem vindos ao digníssimo mundo mágico das Noites Fora do Eixo AO EXTREMO, e é com um inebriante brilho dos olhos que vos apresento os recém-chegados organizadores, o Canil Coletivo.

E fez-se o verbo...
Quando algumas portas se fecham, a gente tem pelo menos três formas de encarar a situação: abaixar a cabeça, colocar o rabo entre as pernas e sair fora atrás de outro pedaço; arrumar alguma janela para arrancar uns parafusos e tentar pular, ou a teceira, ARROMBAR!

Cheiro de novidade no ar, na cena underground bauruense, e em tempos de 20 anos do Nevermind, Smells Like a Teen Spirit, my frind! O Canil Coletivo nasce com o intuito de trazer rock pesado para os amantes do gênero na cidade. Simples assim.

Sempre achei que a PLURALIDADE sempre foi e será umas das grandes virtudes de grandes pessoas. Bauru passa longe de ser megalópole, mas uma das vantagens de cá, vendo a máquina por dentro, é a acolhida lindamente de neguinho de tudo o que é tribo. Como ja bem diz o hino “onde vivem neo-hippies, manos, nômades, caboclos...”. Aqui cabe tudo: cabem três vidas inteiras, cabe uma penteadeira, cabe pagodinho, sertanejo, axé e o logo da Skol no mesmo abadá, cabe festa de rap, festa de rep, programinha cult-pseudo-intelectual, bate-cabeça noisycore, tuntz tutz I gotta a feeling, enfins, tem pra todo mundo! É só chegar em ritmo de festa, cada qual no seu quadrado.


E esse é o intuito do rolê Extremo, trazer para a moçadinha um som mais pesado, que reflita outra ideologia. Assim, cada tribo se encaixando, sem erro, tem lugar para todo mundo!

Risque outro fósforo, outra vida, outra luz, outra cor e vamos as devidas considerações...

Primeira vez sempre e tenso, ninguém sabe onde colocar a mão direito, onde tá liberado, onde tem que ir com mais parcimônia... Ninguém sabia ao certo quantas pessoas marcariam presença, se tudo rolaria numa sintonia bacana, ou seja, aquela tensão sempre paira sobre a mente dos mais perfeccionistas. No frigir dos ovos tudo aconteceu da forma mais tranquila possível. Mais de 150 pessoas no rolê fritando com as bandas.

Uma vez meu pai, vulgarmente conhecido pela alcunha de Nandão me disse: “nunca abaixe a voz e não ande varrendo o chão com os olhos, você não é fracassado!”. Ouvi e compreendi, sem recíproca. Assimilei aquilo para mim como doutrina quase que espiritual, e no sábado, acreditei que todos os pais de todos aqueles músicos também tinham passado a mesma lição para eles. O fino do punk e do harcore está num poder vocal muito forte, e cada grito, liberava além de muitos decibéis, algo como “SE LIGA NA MINHA MENSAGEM, CIDADÃO”. Esse é o poder da música, fazer com que as pessoas sintam algo indescritível. É esse grito que arromba portas e destrói moinhos de vento. É disso que a gente precisa, sentir o vento em nossos rostos e arregaçar as amarras que nos prendem. Sem filtro, na veia. Só assim a gente consegue ser muito grande em poucos metros qudrados. O que nos dá coragem não e o mar nem o abismo, é a margem. Boa sensação estranha de sobreviver aos clichês e as modinhas.

Essa é a hora de ter gastrite e acordar com as mãos calejadas pelo esforço da noite anterior. Se não arregaçarmos as mangas e explodirmos toda a munição agora, o tempo amarela as fotos e te joga numa cadeira de balanço.

Aceitar parcialmente, discordar por completo. Vida longa a matilha!


Artigo DZ9
Por Bianca Dias































O frio repentino em Bauru não foi suficiente para espantantar o público no Jack nesse último sábado.

Aos poucos as pessoas foram chegando, preenchendo os espaços, todos na expectativa para ver as bandas e o frio ficou do lado de fora.

Antes dos shows começarem perguntei ao Siic, vocalista da Artigo DZ9?, quais eram suas expectativas em relação à noite: "Cada show é de um jeito, sempre uma surpresa". E realmente supreendeu. Hardcore rápido, objetivo, empolgante e letras com tom de crítica, a Artigo DZ9? mais uma vez representou muito bem a cena de Bauru e região. O som que contagiava cada vez mais uniu o público em frente ao palco e espantou o frio; nem todos se atreveram a dançar com o som, mas já foi suficiente para ver que a noite toda seria cada vez mais animada e caótica.


Noite Fora Do Eixo Ao Extremo # 666
Por João Paloso?


Enquanto o NX Zero entrava no palco do Rock in Rio...
e a Aleleuia Bitch subia no palco do Shiva....
Lá estávamos nós, assinando a marca dos três noves invertidos.

Mais uma noite extremamente barulhenta.

Esses dias, um novo-velho amigo tava me contando uma história que aconteceu em janeiro de 1985. Quando um bando de amigos loucos partiram para o Rio de Janeiro.
Era um chevette, correndo a uns trezentos quilômetros por hora, direto para um tal festivalzinho chamado "Rock in Rio".
Não tinham grana pra colocar gasolina.
Abasteciam o carro com gás de cozinha... Mandaram dois butijões de gás no porta-malas do carro, com um esquema de refrigeração de primeira.
A polícia ficava de cara...
O carro soltava uma fumaça diferente, mas não era do escapamento não...

Olhando pra trás, vimos o tempo passar muito rápido.
Aprendemos que nada tem fim.
E que nem todas a regras devem ser seguidas.

Essa é mais uma noite extrema.
Olhei para o 'De Buenas' e juntos brindamos o drink do inferno.

A primeira banda subia no palco. Artigo DZ9?
"É com interrogação mesmo! A gente sabe que os direitos devem ser conquistados pelas nossas próprias mãos".
O Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos diz que:

"Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão".





O DZ9 responde com um "Foda-se" bem sonoro.

E aquele tal de "progresso"?
Brasil, Desordem e Regresso!

Isso sim.








Era a vez de Serginho subir ao palco.
O homem só que comanda a Feces on Display.
One-man-crazy-band.
Diretamente de São José do Rio Preto.
Um dos últimos shows dele antes da turnê no Chile.

Um som pesado... Muito pesado.
Nascemos para ser selvagens?
Creio que sim...

"Atenção, uma nova epidemia está no ar... "

É uma doença destruidora!
Pankreatite Necro Hemorrágica.

Entre os sintomas estão:

- taque cardia.
- descontrole do sistema nervoso.
- destruição dos tímpanos.
- inflamação da garganta.
- hemorragia geral, com jorramento de sangue contínuo!

Essa enfermidade age com uma velocidade incrível e vem se alastrando por todo o país.
Especialistas ainda alertam para um outro sintoma muito comum:

"Olho Seco"

(...)
Putz... percebi que meus olhos começava a secar...
Foi quando olhei para lado e vi o invisível Aran. Ele parou e disse:
- Porra precisa aumentar um pouco o som.

No final da noite estávamos conversando com Dee Dee Ramone.
Minha cabeça tava explodindo.




Captação de Imagem: Eduardo Porto e Bruno Ferrari
Edição: Marcella Azevedo e Patrícia Fassa

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