A doce dádiva da lama e do excesso

7 de setembro de 2011
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Texto por Guilherme De Buenas
Fotos por Marina Wang

E no alto da minha nobre ignorância musical e lexical, me convidei a escrever algumas impressões sobre a doce noite de ontem. E que fique bem claro, não manjo nada de música, nunca consegui segurar mais de dois acordes no violão. Não fiz jornal, letras, nem nada. A parte que me cabe nesse latifúndio é basicamente meus sentidos e sentimentos. E nesse mar de referências elevadas ao quadrado, nessa insustentável leveza do ser, eu gosto mesmo é de vida real.

Aqui só cabe intensidade. Vale vivência, vale medo dor e alegria. E a noite iniciava suas atividades nos fornecendo convites. Dentre os quais, a décima sexta noite com decibéis a milhão no Jack Music Pub. Nessa parte cabe uma confidência? Nesse lugarejo, há determinado tempo nesse espaço dos dias que nunca se vão, ouvi pela primeira vez e anexei para minha coletânea particular um cancioneiro que muito modificou minha imunização racional. Discotecagem mudando vidas, amo muito tudo isso.

No olho do furacão, ao mesmo tempo que tudo era tão semelhante, muita coisa tinha mudado desde que meus pés haviam pisado pela última vez o ambiente, pelo menos pra mim. Novos horizontes, se não for isso o que será. Quando você começa a encarar teus dias como “um a mais é um a menos”, o valor agregado da soma das horas do relógio de parede tornam-se infinitamente mais poderosas.


[Planant + Garboso]

Não sei exatamente o horário que a primeira banda caiu para dentro, Planant, galera sangue bom. Tive o prazer de trocar uma ideia com parte deles depois do show. Como já deixei bem claro, não sei dizer o quão bons os músicos são, só sei que eu pirei. Estagnei num pilar que tinha vista privilegiada pro palco. De repente, todo mundo desapareceu. Éramos eu o show e mais ninguém. Eu e o som. Juro, não tinha mais ninguém lá. Juro, desejo que todo mundo passa sentir isso um dia. Você, todo seu way of life e o bloquinho de anotações. Me lembrou um pouco o filme “Scott Pilgrim contra o mundo”, só não sei porque.

Intervalo, discotecagem sem molecagem, não deixando a galera abstrair. Rolê. Som e silêncio. Vai de onde for, vem de onde for. A banda Garboso se aprochega pra deixar tudo mais elegante, vamo na pegada que amanhã é dia de resguardo.

Não me vem com miséria, com coisa pouca. A gente só sente os pés no chão pisando em brasa ou caco de vidro. Para uma terça-feira que nos instigava a ser só mais uma terça-feira, a somatória de todos os poréns nos rendeu boas histórias para contar. Meninada cheirosa, com brilhantina no cabelo e som bom. Vou sentir muita saudade das minhas noites fora do eixo.


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