Preenchendo vazios

5 de setembro de 2011
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Texto, Fotos, Captação e Edição de Imagem por Laís 

Pra quem curte desbravar casas desconhecidas, cheia de gente estranha que não vai impedir a sua entrada (e que, muito pelo contrário, deixa mesmo a porta aberta pra você entrar e se sentir a vontade) a pedida é na República 13.



Com o intuito de promover a arte local, os estudantes de design decidiram abrir a casa e deixar a arte e o processo criativo tomar conta do espaço e dos amigos, interessados e curiosos do movimento ao redor. A idéia de montar uma galeria acompanha Hass e Xavi desde antes de alugarem a casa. O espaço só tornou os planos possíveis.




Cantos de unha sujo de tinta em todos os dedos da mão denunciavam os envolvidos.

O 1º Encontro de Artes Integradas Ilustrutura são objetos, paredes, portas e corredores que expõe um complexo conjunto de desenhos, fotografias, colagens, objetos e lambe (é, lambe!) vindos de diferentes mãos. Os vestígios podem ser encontrados no chão ou nos dedos que ainda restam um pouco de tinta. Nem todo o material já foi exposto, entre o movimento e a música, alguém ainda passa cola na parede preparando o seu lambe na área de entrada com um rolo de tinta de parede para expor.

O convite de visitar a mostra também é de conhecer a casa já que para encontrar os trabalhos expostos é preciso ir entrando, escolhendo as direções e, sem guia, fazendo seu caminho. Conforme a noite caia, além dos passageiros, mais gente se reunia na 13.

Verônica Bonfim, ao lado do seu trabalho exposto no Ilustrutura

Tinha bastante gente sendo sugada  pelos trabalhos (não é aconselhável acessar esse link descalço ou com chinelos e sapatos com salto. Assim como também não é recomendado para pessoas portadoras de doenças como epilepsia, labirintite, cardiopatia e aerofobia); estacionei meia hora em frente ao conjunto presidencial e todos que passavam pela cozinha paravam ao meu lado para confabular comigo a respeito dos 4 impecáveis chefes de Estado pintados no mesmo dia. Iam criando suas próprias histórias, imaginando o que queriam dizer, como tinham sido feitos, tentavam ultrapassar o desenho para o plano real. Eram análises que desencadearam as relações entre narizes, personalidades, política. Tentando desvendar os 4 presidentes brasileiros: Sarney, Collor, FHC e Lula (você achou esses links estranhos?), todos entre quase 1.70 e 1.80 de altura, diziam os desenhos.

Enquanto isso, o Eric Clapton da parede, profundamente, te analisava subindo as escadas, espiando também ao pé dela o que acontecia na sala e lá fora, na penumbra movimentada.


Aqui, entre essas mentes engenhosas, latas de sardinha são máquinas fotográficas, sofás servem pessoas e carretéis gigantes viram mesas giratórias estilizadas entre filtros do sonho que se perderam na escala e livros apoiados em espécie de prateleira suspensa no ar. No lugar do espelho da pia do lavabo, um retrato. O menino sentado olha o nada. O nada cercado de colagens de texto. Ao som rock’n’roll de um amplificador de quem vende as caprichosas fichas do bar.



Sons diferentes rolavam em andares diferentes. Não que fosse preciso, mas a casa ajudou a construir um ambiente expositivo interessante, em que os cômodos precisavam ser invadidos. Souberam muito bem utilizar o espaço que tinham e criar um clima receptivo exalando uma experimentação que deu certo.

O caminho que ela segiu foi o Jack. Pelo menos por hora. Porque ninguém sabe até onde essa onda (eu aproveitei a onda para ousar também) de artes integradas cheia de ousadia pode repercutir ainda.


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