Calm Down, Moses!

19 de setembro de 2011
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Pé na 4ª Semana da Canção Brasileira

Texto, Fotos, Captação e Edição de Imagem por Laís

Depois de “Uma Noite em 67” no Mercado Municipal (sem o sol de quase dezembro – aliás, muito o contrário disso – mas com muita alegria, alegria), a 4ª Semana da Canção Brasileira trouxe Karnak para a sexta-feira de céu escuro de nuvens sujas escondendo a clara e amarela lua lá em cima (que de tão linda até parece falsa).



O Karnak faz pouquíssimos shows por ano. Cerca de um ou dois e hoje eles estão aqui, em praça pública.

- Ele fica falando de oposto. ‘Ai, feio-bonito, branco-azul-amarelo, bacon-ervilha... Qualquer música do Karnak fala de comida, entendeu? De opostos... É uma fórmula básica! Eu não sei por que vocês estão aqui assistindo... eu tenho uma outra banda que é super famosa, chama Funk Como Le Gusta – interferiu o baixista entre músicas – isso sim é banda!

- Agora eu quero que vocês vejam ele tocando... como ele toca mal pra ca... esse m...– veio em contra-mão André Abujamra depois de mais algumas ensaiadas reclamações vindas da parte do baixista.

Terra de Oswaldo Cruz e Elpídio dos Santos, essa cidade... essa cidade conhecida como peças de retalho colorida e carnaval de marchinhas já venho tentando desvendar há um tempo. Uma cidade que mesmo ainda se reconstruindo, ainda badala diariamente o sino da sua matriz, que está no chão. É de frente para esse cenário cinematográfico de casas arquitetonicamente coloniais, cobertas pelas placas de madeira alternadas em branco e vermelho com símbolos do divino espírito santo em dourado (porque a religião é uma característica de São Luiz do Paraitinga), patrimônio histórico tombado, destruído pela enchente de 2010, que André Abujamra toca.



A receptividade de um povo que nos discursos traz o amor por um rio que lhes cerca e que há cerca de 1 ano e 9 meses lhes traiu, levando, comprometendo e destruindo tudo. Mas aos seus moradores ainda resta esperança e grandiosidade. Carregam na alma, nos imóveis e na memória as cicatrizes da enchente e ainda assim mantêm sonhos vivos e portas abertas.

- A sensação da reconstrução – me contou Abujamra depois do show frente à Matriz despedaçada – tava presente no show, a reconstrução não material, a reconstrução da alma de todo mundo, a reconstrução espiritual desse lugar que é maravilhoso e muito bonito.


Três datas movimentam o turismo por aqui: o Carnaval, a Festa do Divino Espírito Santo e a Semana da Canção (em que nos encontramos). Depois de cair e descer pelo Rio Paraibuna, contemplar dias de neblina intensa transformando araucárias e serras, incontáveis horas de filmagens e as mesmas de palestras, algumas novas amizades (alô Rio Claro, Franca, Araraquara e Rosana!), Karnak aguarda o fim da noite, marcando o fim da semana que vem chegando.



A fumaça de cor atravessando o coreto coloridamente luizense e oito músicos. Oito músicos dão muito som. Algumas partes do show do Karnak são iguais ao de Abujamra, histórias, brincadeiras de tradução, piadas. Mas o principal traço é a aura genial que o cerca. Pare para ouvir.


André Abujamra é mesmo um tradutor nato de milhares de línguas, como já tinha provado em Bauru, duas ou três semanas antes. Traduzindo até mesmo do português para o português e para o português de novo, com uma tradução diferente. (Pode isso?)

E veio um “calm down, Moses” quando Abujamra criou uma pista livre ao dividir o mar de gente à sua frente em duas partes para usá-lo de tambor humano. Divertido, interagindo completamente com a plateia, coreografado, interpretado, musicado: Karnak.


- Depois vocês pedem bis que a gente volta.



















  1. Caralho.Que foda a cobertura!
    Sensacional Lais.

    Essa coluna do Pé na Estrada ta #SucessoTotal.
    “Oi E-Colab,to por aqui“.
    hahaha

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