Uma Banda Made in Brazil

23 de maio de 2012
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Uma Banda Made in Brazil
"Olha aqui a prova viva!”


Por Aline Antunes
Fotos por Aline Camargo

Dia 19 de maio lá estava eu pechinchando cerveja, analisando as saídas de palco e pensando no possível repertório. O show estava marcado para as dez e meia da noite, dez e vinte já estavam todos lá. Alguns acordes, uma voz que não saía no microfone e a platéia gritando: UUUh é Rock n’Roll! 

“Calma pessoal, só estamos passando o som!” 

Depois de vários problemas técnicos e uma saidinha para vestir a “beca”, Made in Brazil iniciava seu show na Virada Cultural de Bauru. Já era pouco mais de onze da noite. 

Em uma turnê comemorativa aos 45 anos de banda, Mande in Brazil presta tributo a todas as bandas e músicos que os influenciam desde 1967. Entre uma música e outra levantavam os principais nomes, gritando por B.B. King e avisando que Todo Dia Rola um Blues! 

O show ia se desenrolando como uma linha do tempo. As canções e seus respectivos álbuns eram apresentados, juntamente com o seu ano de lançamento. 

O palco transbordava músicos e instrumentos. Eram oito homens divididos entre guitarras, baixo, bateria, teclado e metais; e três mulheres encarregadas do Backin Vocal e do maravilhoso poder da meia lua. 

Após o show, conversando com a banda, eu perguntei sobre os recordes acumulados por eles e sobre o número de formações que Made já teve, e a surpresa foi: 

“Desde que a gente começou a ensaiar uns dois meses atrás era 167. Se vacilar já é 170.” 

Made in Brazil não desiste da música, acredita no som deles, na valorização do verdadeiro artista, criticam gêneros como pagode, sertanejo universitários, funk carioca e a exploração do corpo da mulher na televisão. 

“A gente tem três mulheres em cima do palco hoje. Estavam todas bem vestidas, bem maquiadas. Sem a apelação que a gente vê na TV, principalmente no fim de semana, eu citei a Xuxa, mas são todos, infelizmente.” 

E quando pego o gancho do tributo aos velhos artistas, pergunto se escutam algo novo e se o Rock de São Paulo morreu, Oswaldo Vecchione manda: “A coisa mais nova que a gente escuta é Velhas Virgens”. E completa “O Rock de São Paulo acabou? Não, não, olha aqui a prova viva!!!” 



Eles ainda cutucam dizendo que a música não melhorou o que mudou foram os equipamentos. “O que melhorou hoje foi o equipamento, mas também to queimando a língua aqui.” - queimando a língua devido aos diversos problemas técnicos ocorridos durante o show. 

O Made diz que ainda existe o Rock de Verdade, a cena vive em lugares como Porto Alegre e Curitiba, e que por vezes é maior que em São Paulo. 

Na despedida deixaram bem claro que pra eles a vida é o Rock n’ Roll. E eu confirmei a tese de que “Esses caras infernais fazem até o diabo dançar!” 

“Deus Salta, o Rock alivia!”