por Giovanna Diniz
Fotos por Laís Semis
Uma casa antiga no centro. Ninguém diria que ali estava acontecendo uma oficina de dança. Nenhuma fachada, se não tivesse pesquisado nem saberia que aquela casa era um centro cultural. Longe do eixo Sesc – Teatro Municipal, lugares mais comuns para quem busca cultura, me surpreendi ao descobrir a história da casa. Inaugurada em junho de 2011, a casa já havia abrigado três gerações. Desde a avó, Celina Neves, passando pelo filho Paulo, nome importante do teatro e chegando hoje no neto, Thiago, que ajuda na coordenação dos eventos do centro.
Isso me fez pensar como lá havia diferentes narrativas. Em um lugar voltado às artes e à consciência das pessoas, compartilhar é preciso. Como na própria oficina de dança. Os alunos ali presentes tinham tanta diversidade, e mesmo na hora de aprender uma coreografia de dança, era bonito ver como cada um imprimia seu estilo pessoal a cada passo. O professor, Bila, que já trabalhou com várias vertentes da dança urbana, mostrava que estava aberto às dificuldades dos alunos. Mesmo porque, dentro da sala era possível ver que as dificuldades surgiam exatamente pelo fato de todos terem vivências tão distintas. A aula abrangia a temática de consciência corporal, mostrando a importância de cada movimento e de sua execução para o estilo da dança. Bila mostrou o exemplo do hip hop, estilo que se importa mais com a postura, atitude e energia do dançarino, não com coreografias arduamente ensaiadas.
A própria temática da aula se relacionava com a liberdade. A consciência corporal trazia o conhecimento necessário para a criação dos próprios movimentos. Na hora que o professor colocou uma música “batidão” pude perceber o quanto isso influenciava na movimentação de dos presentes na oficina. Apesar de estarem imitando os movimentos de Bila, a música gerava em cada um deles um tipo de dança diferente. A troca de experiências entre professor, ambiente e música virou o gerador dos passos que foram aprendidos e quem sabe, futuramente usados.
E foi aí que eu percebi que ali, toda experiência individual juntava com o momento presente e contribuía para formar algo novo. Por isso mesmo, o professor Bila, ao estar compartilhando seu conhecimento na dança e juntando com as experiências individuais de cada um, contribuía para a criação da dança, mas de um jeito mais colaborativo. Em tudo isso se inseria o nome do grupo formado por Bila, o WaziMu!, palavra do dialeto africano Swahili para loucura. Ou seja, com o significado de contestar as ideias “normais” da sociedade, traduzindo para a oficina do dia: muito mais do que arte, expressão e criação de ideias criativas.
Confira a cobertura fotográfica completa clicando aqui.
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