Cabaré no Teatro. Eu ouvi direito?

31 de agosto de 2012
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Por Keytyane Medeiros
Fotos:  Marcelo Cabala e Keytyane Medeiros

Saio da apresentação do Projeto Homem Bomba no palco externo do Teatro Municipal e eis que um palhaço com jeito de italiano atrapalhado e vestido como uma abelha me convida para ir a um Cabaré. Não só a minha cara, quanto a das pessoas ao meu redor foi de espanto e curiosidade, bem ao estilo “tá bom, vamo ver o que é que tem nesse Cabaré”. A surpresa não poderia ter sido melhor.
Dentro do teatro, duas senhoras discutiam. Eram as irmãs Munda e Mira, desesperadas por um marido, nanico ou alto, forte ou magro, vagabundo ou trabalhador, qualquer coisa valia, desde que não fosse frouxo. Encalhadas, fazem uma promessa para N. Sra de Aparecida. Mira lembrou à santa que rezou para tudo que era santo. Santo Antônio, São Paulo “e até pro Curintia, minha santinha!”. Com alguma esperança e resmungando cada vez mais, as caipiras deixam o palco e dão espaço para o palhaço abelhudo do início.


Dessa vez ele não está sozinho, ele e seu chicote barulhento estão acompanhados do tímido Bisgoio. Esses dois brigaram, se abraçaram e se xingaram entre uma apresentação e outra do Cabaré Fora do Eixo. Um espetáculo a parte, sem dúvidas.
As luzes se apagam e um rapaz magrinho se senta no meio do palco com uma xícara na cabeça, uma interrogação surge no rosto de todo mundo. “O que ele vai fazer?” Usando malabarismo e um pouco de dança, o loirinho parece a vontade com o livro, uma bola preta e a xícara. Sobe, desce, passa a bolinha por cima dos ombros e por entre as pernas e com outros movimentos bem humorados, o rapaz consegue colocar algumas colheres dentro da xícara que já estava de volta em sua cabeça. Entra em cena o solo de dança do Gabriel Bila, do grupo Wazimu! mas depois falamos dele, agora a trupe do Protótipo Tópico acabou de chegar. Fazendo uma algazarra e se jogando em cima do público, os palhaços dessa vez encarnaram músicos que conheceram a fama através de um suspeitíssimo empresário. Distribuem dinheiro e muitas gargalhadas entre os espectadores, até que morrem numa viagem de avião e seguem carreira como fantasmagóricos artistas bad boys.


E falando em bad boys, me lembrei do Wazimu!. O grupo bauruense de street dance presenteou o público com movimentos intrigantes. “Como é que ele faz isso?” ouvi alguém dizer, e confesso que durante todas as apresentações me fiz a mesma pergunta. Se eu tentasse sequer manter uma xícara parada na cabeça, muito provavelmente ela cairia em meus pés em poucos segundos. Dançar como os “loucos” do Wazimu! seria um baita desafio! Deixando todo mundo meio mudo e perplexo, os rapazes saíram do palco e um cara de boné (já passava da meia noite!) começa a fazer um beat box diferente.

Logo entra em cena o malabarista que, com suas bolinhas vermelhas, tinha cada movimento “sonorizado” pela boca do beatmaker de boné. Uma sincronia incrível, já que o artista circense estava sozinho no palco. Depois de alguns instantes, o cara do boné volta e começa a fazer rimas com “ovo" e “frito”. Já deu pra perceber que o público morreu de rir né?! Aliás, encontrar alguém que não se divertiu nessa noite de quinta-feira proporcionada pelo Festival Canja vai ser uma tarefa beeeem difícil. Para qualquer lado em que olhássemos, víamos e ouvíamos gargalhadas sem fim e elogios na mesma proporção. O palhaço abelhudo voltou ao palco, acompanhado de todos os artistas naquela noite e a plateia aplaudiu de pé aquele Cabaré Fora do Eixo.

Mais fotos do Cabaré você vê aquihttp://

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