Atenção Bauru! Tem um Coruja solto por aí.

6 de agosto de 2012
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Por Keytyane Medeiros 

Imagens cedidas - Acervo Pessoal CorujaBC1


Não se engane, a origem do apelido não tem nada a ver com os hábitos discretos e o jeito tímido do rapper CorujaBC1, embora ele seja realmente assim. O jovem Gustavo Vinicius Gomes de Sousa garante que recebeu esse codinome logo que se mudou para Bauru, aos nove anos de idade. Segundo ele, algumas crianças o chamavam assim por conta de algumas supostas semelhanças físicas existentes entre Gustavo e o pássaro. Coisa de crianças, evidentemente. No entanto, o apelido pegou e quando Coruja resolveu investir na carreira de músico, acrescentou BC1 ao nome. O significado? Buscando Conhecimento em primeiro lugar (1). 

Com apenas 18 anos, CorujaBC1 acaba de lançar sua primeira mixtape, no último dia 25 de julho. Intitulada “Até surdo ouviu”, a coletânea reúne doze canções autorais e que tratam de temas diversos, que vão desde a desigualdade social ao flerte com o estilo mais suave do R&B. Sensível, BC1 nos conta que depois de ouvir um sample que acabara de produzir baseada numa música da Nina Simone, a inspiração para o nome do CD veio imediatamente. “A parada do nome não quer dizer que o som é ‘tão foda que até surdo vai ouvir’. Não. O que quero dizer é que quando a música é feita de verdade [de coração], até surdo é capaz de sentir.”

Imagens cedidas - Acervo Pessoal CorujaBC1
O primeiro contato com a música aconteceu por conta da família que mantinha o hábito de ouvir e fazer repentes, um estilo improvisado de fazer música e que é bastante comum nos estados no nordeste brasileiro. Com o passar do tempo, Gustavo entrou em contato com o rap dos Racionais MC’s e Planet Hemp, ainda no Bairro do Munhoz, na capital paulista. CorujaBC1 não teve dúvidas, queria fazer rap pelo resto da vida. 

Coruja já fez diversos shows, mesmo quando ainda não tinha mixtapes. Essa experiência é fruto da produtividade cultural do rapper, que compôs todas as canções do disco, contando com algumas participações especiais. Suas músicas falam de drogas, desigualdade social e pregam o respeito ao outro. Na faixa Confirma, BC1 nos lembra que “nem todo mundo que tá em Israel é israelita”, deixando claro que não é preciso tomar cuidado ao generalizar pessoas e situações, para que não as julguemos erroneamente. 

Imagens cedidas - Acervo Pessoal
CorujaBC1
Ouça Liga os Colômbia aqui.

Outra canção importante do álbum é Liga os Colômbia, na qual o rapper fala abertamente da repressão sofrida pelo usuário de maconha, enquanto muitos políticos e executivos cometem atrocidades com o dinheiro público e não são reprimidos por isso. Quanto à forma como a maconha é vista pela sociedade, Coruja chama atenção para o fato de que “a mídia fala que está errado [fumar maconha], mas não explica por que é errado. Nós estamos falando por que não é errado.”.

O contraponto é a linha que permeia todo o “Até surdo ouviu”. Ao falar dos anseios de vários jovens por produtos de marca, BC1 fala de uma Bauru que convive diariamente com a desigualdade social e com o trabalho suado e mal recompensado de várias “Marias da Silva”, como atesta a canção Bauru City. Em muitas canções, o jovem demonstra sua fé, sem cair nos clichês religiosos ou no pedantismo das músicas gospel. “Eu tenho uma experiência muito louca com Deus e eu sou muito grato a Ele.” 

O primeiro vídeo do CorujaBC1, chamado “Não posso murmurar”, foi lançado no dia 22 de julho e em menos de duas semanas obteve mais de 5 mil acessos. O clipe foi gravado em Bauru e é uma produção independente – assim como o álbum de estreia do rapper – que foi desenvolvido, planejado e editado pelo Ponto de Cultura Acesso Hip Hop. Sobre a iniciativa, BC1 afirma “O Ponto de Cultura é um lugar que está fortalecendo muito o meu trabalho e também de outros rappers da cidade. Está sendo minha principal ferramenta de trabalho, já que aqui recebemos todo o suporte que precisamos para mixar uma base, produzir um vídeo ou gravar num estúdio.”. 



Coruja BC1 garante que tocará no Festival Canja 2012, embora ainda não tenha certeza do dia da apresentação. Até lá, podemos ouvir suas canções via internet ou no rádio de alguns jovens sentados na Praça do Líbano.

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