Texto por Fernanda Boralli
Fotos por Barbara Toscano e Marcelo Cabala
O segundo dia de Festival chegou com um gosto à mais lá na sede do Enxame Coletivo no último dia 28 de agosto. O documentário Às margens do Xingu: vozes não consideradas, estava marcado para ser exibido as 19:00 horas daquela noite, logo após o bate papo sobre cultura local. Um pouco antes da exibição era impossível não notar a movimentação na casa. O clima estava épico, pessoas por todos os lugares, as que estavam encarregadas da cobertura correndo de um lado para o outro e da sala eu podia ouvir o bate-papo chegando ao fim. Era hora de correr para o fundo do Enxame para não perder o começo do documentário.
Exato, Às margens do Xingú seria exibido na garagem da sede. E não era uma garagem normal a qual estamos acostumados, o ambiente era outro. A arte do grafite nas paredes, almofadas, pufs e sofás espalhados por todo o cômodo e discos de vinis pendurado pelo teto deram o toque final no que, em alguns minutos, se transformaria numa sala de cinema. O começo foi anunciado e todos entraram pela porta para se acomodarem em um dos vários lugares vagos.
Artur Faleiros, gestor de planejamento e diretor executivo do Festival fez um breve resumo apresentando o documentário e avisando aos interessados que no final rolaria um debate sobre o filme com o pessoal do Instituto Ambiental Vidagua. E assim, começou a exibição.
Mas do que apenas um depoimento, as histórias relatadas ali, são importantes para que o resto da sociedade brasileira tenha ao menos um pouco de conhecimento sobre a realidade das famílias que vivem às margens do rio Xingú e como elas foram obrigadas a lidar com a construção da Usina de Belo Monte, no estado do Pará.
A filmagem traz uma crítica sobre o desenvolvimento das tecnologias que vêm acontecendo por todo o país e a consequência desse projeto no convívio local. A história de Belo Monte já deu muito o que falar e até hoje é considerado um assunto polêmico mesmo que essa história já esteja em pauta a mais de 20 anos.
O documentário dirigido por Damià Puig com produção de Rafael Salazar, foi exibido ano passado no Festival de Paulina, e não bastante, vencedor na categoria "Melhor Documentário pelo Júri Popular". Acima de qualquer veiculação o trabalho foi construído e produzido para a exibição principalmente em festivais de cinemas independentes.
Logo após a subida dos créditos Renata Takahashi e Leandro Cruz, membros do Instituto Vidagua, começaram o debate ao levantar a questão sobre a energia que será produzida pela Hidrelétrica.
A discussão rendeu por um bom tempo, pautando questões especificas sobre o tema. E assim, chegou ao final mais uma noite movimentada na sede do Enxame Coletivo. Às margens do Rio Xingú traz um pedacinho do nosso Brasil e se você não esteve lá para assistir, vale a pena procurar, juntar a galera e assistir essa história que acontece bem no coração do Pará.
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