Vegetarianismo: “sutilizando” alguns hábitos

10 de junho de 2011
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Por Ana Laura Mosquera
Fotos: Grupo AGR

Certa vez, o historiador Leandro Cruz (mais conhecido como nosso quase jornalista “Tiozão”), após me mandar um texto seu sobre a história da nossa comida, me lançou a seguinte questão: é mesmo natural a gente comer carne, se nossa mandíbula “sofre” ao triturar um simples pedaço de bife? Conversamos um pouco depois disso, simpatizei com algumas idéias, mas a empolgação passou rápido. De um modo um pouco mais sutil, Fernando Perri, psicólogo, instrutor de Yoga e adepto do Vegetarianismo, me lançou outra questão hoje. Mas essa fica pro final.

A palestra sobre “Vegetarianismo e Meio Ambiente” não recebeu tantos ouvintes, talvez por causa do horário, talvez pelo tema abordado. Como iniciou o próprio Fernando, o público que mais freqüenta suas palestras é o que menos “precisa”: eles mesmos, os vegetarianos, que ainda são uma “minoria esmagadora” entre nós.

A verdade é que, para adeptos da causa, meros simpatizantes ou carnívoros convictos, Fernando conseguiu conduzir o encontro de maneira muito agradável, até engraçado, às vezes. Talvez o “saber-lidar” de psicólogo e a filosofia zen do Yoga tenham contribuído para a conversa fluir bem. “Não estou aqui para convencer ninguém a ser vegetariano, embora gostasse muito que todos fossem”, diz ele, rindo.

Passando por um rápido histórico de desde quando só nos preocupávamos com a preservação do mico-leão-dourado, como brinca, Fernando chega aos dias de hoje, onde “se fala dos impactos ambientais de tudo, menos da alimentação”. Começando pela questão da água até chegar à do excremento dos animais, cita os prejuízos ambientais da alimentação da maioria, sem deixar de brincar mais uma vez: “É o primeiro slide que vejo com esse título: excremento”.

Em meio a sugestões de vídeos, filmes e documentários, alerta: “Se todos consumissem produtos animais na alimentação, como fazem os americanos, brasileiros, chineses e europeus, precisaríamos de dois planetas Terra para a produção deste alimento.”

Por fim, um passo a passo para quem quer tentar o Vegetarianismo. A primeira dica é “sutilizar” uns hábitos, como inserir cereais e mais vegetais na dieta, não cortar a carne de uma só vez. “Antes de pensar em retirar alguma coisa, concentre-se em acrescentar.”

Anoto tudo rapidamente, como uma aluna de cursinho, sem vergonha de ninguém. É... esse texto está longe de ser uma apologia ao Vegetarianismo. Nem poderia. Sou carnívora. Então, no instante final, ele lança: “Qual é a parte mais difícil em se tornar vegetariano?” “Acesso a restaurante”, alguém grita. “Preparação dos alimentos”, outra pensa. “Social.” Com um simples aceno de cabeça, Fernando conclui sua palestra: “Quando você resolve ter um tipo de vida um pouco alternativo, você tem que ter paciência.” Sem nem saber, acabou respondendo minha única questão.

Para saber mais...

www.svb.org.br (Sociedade Vegetariana Brasileira)

Blog do “Tiozão”:


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