Por Laís Modelli
A conversa
O bate-papo começou na voz do guitarrista Bruno, “A gente não fala cantando, mas conversando a gente fala muito!” Nem foi tanto assim: meia hora de conversa direta, clara, que teve como tema Gestão de Carreira “Artista Igual Pedreiro”.
Isso mesmo, trabalho braçal, feito por quem mora na sua própria obra. Assim é o power trio Macaco Bong. Mais que pedreiro, os garotos são uma metáfora a ideia de software livre. “A base de produção que criamos em Cuiabá pode ser aplicada no mundo todo”, afirmou Ynaiã, baterista da banda. Ainda sobre o seu local de origem, Bruno completou a informação contando que eles souberam se adaptar às dificuldades da capital matogrossense, mas que “com o Circuito percebemos que é difícil em qualquer lugar”.
O circuito em questão é o Fora do Eixo, parceiro conterrâneo de Macaco Bong. É esse circuito que tem ajudado o trio a gerir sua carreira, não como uma babá, mas como uma escola que forma pessoas multimídias. “Tudo parte de uma perspectiva de não esperar as coisas acontecerem, mas de aprender a fazê-las”, acrescentou o baixista Ney.
A quebradeira
Macaco Bong é aquele tipo de banda que não precisa se comunicar por palavras. É um indie rock instrumental que dispensa qualquer diálogo que não seja feito através de um acorde. São garotos que se garantem sem precisar se esconder atrás de um All Star velho ou de uma camiseta com frase feita. Suas roupas são sóbrias, a guitarra e o baixo se unem em tons discretos de marrom e o palco é limpo, sem fios espalhados pelo chão, sem pedaleiras e microfones atrapalhando a passagem. A estética do trio é a sua própria música.
Por falar em pedaleira, a ausência dela criou uma guitarra que aprendeu a ser forte e enérgica por si só. Treinou, também, um guitarrista de dedos ágeis e insanos e de pés inquietos, que marcham o tempo todo ao som daquelas cordas. Um cara que aproveita a sobra de espaço no palco para pular em um pé só num raio de 1 metro, sem precisar desviar de nada ao seu redor.
A mesma independência pode ser vista nos seus solos, eficientes, barulhentos, de argumentos incontestáveis. E se de um lado a guitarra argumenta sem parar, do outro o baixo reponde a altura, mas com um cara mais calmo, algo típico talvez do seu astral de baixista. Logo ali ao fundo, mas não em menor destaque, aparece um baterista que gesticula a cada virada, como se quisesse se explodir em gritos.
Deu para entender o que foi o show do Macaco Bong? Talvez seja pretensão minha ficar descrevendo um show de diálogo aberto, direto, indiscriminado, sem sujeito nem predicado. Só sei que estou aqui me transbordando em palavras para tentar descrever um som que não precisa de uma só letra para se fazer entender. Enfim, brutal e reflexivo.
fotos por Diogo Azuma
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