Canja no parque – a vez do Hip Hop: Dom Black, Slim Rimografia, Thiago Beats e Emicida

13 de junho de 2011
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Rima Bauruense
Texto e fotos por Bruno Christophalo

Depois de diversos estilos, como o rock do Vitrola Vil e do Mantis, a brasilidade da Sincopé e também dos encontros promovidos pela Pé de Macaco passarem pelo palco do Festival Canja 2011 no Vitória Régia, era chegada a vez do Hip Hop.

Eram um pouco mais de oito horas quando o rapper bauruense Dom Black e seus parceiros entraram em cena no Canja. O parque estava cheio, e a frente do palco, tomada. As mãos pro alto, saudação característica do público para o MC eram vistas por todos os lados.

Batidas quatro por quatro nos PA’s, samplers e scratches nas pickups. Começava o show.

Dom Black rimava brandindo suas palavras como que num duelo. “É preciso falar de coisa ruim pra depois falar de coisa boa”, e contou para o público sobre os vacilões que cantavam suas músicas dizendo ser o autor delas. “Então grava essa daqui e fala que foi você quem fez”, disparava.


A cada freestyle, uma aclamação do público. Entre os temas cantados por Dom Black estavam a importância de se manter a humildade e a lealdade de seus amigos que sempre estavam juntos no role, chamando-os para subirem ao palco para cantar a última música da noite junto com ele.

O público estava cada vez mais animado, aplaudindo, acenando e saudando o MC. Muito além de um “esquenta” para Slim Rimografia e Emicida, Dom Black surpreendeu quem não conhecia seu som e fechou a noite marcando seu nome entre os grandes do Hip Hop que viriam na sequência no Festival Canja 2011.


A energia e o hip hop positivo e diferenciado de Slim Rimografia e Thiago Beats
Por Jessica Mobílio e Lígia Ferreira
Foto por Jessica Mobílio

Escrever sobre o show do Slim Rimografia e do seu parceiro Thiago Beats? Pode colocar na trilha o som dos caras e deixa rolar. Foi assim que a inspiração fluiu.

Era pro show ter acontecido no sábado, mas por problemas técnicos foi transferido pro domingão. E pensando bem foi melhor. A galera tava muito mais sedenta, muito mais animada, muito mais no clima. A galera definitivamente estava muito mais.

Era muita gente na mesma vibe, no mesmo ritmo, no mesmo sentido, no mesmo balanço. Mãos pra cima, corpos embalados pelo ritmo e até quem não se simpatiza muito pelo rap, se deixou conquistar e passou a apreciar a arte. (A prova de que eles nos ganharam? Nós Eu realmente estamos escutando o cd deles pra escrever a matéria e estamos aproveitando como se fosse o show de ontem).

Slim é um dos nomes mais lembrados quando se fala em Rap Freestyle no Brasil, e no Canja ele provou pra Bauru o por que disso. Junto com o Thiago Beats fizeram um show surpreendente pela musicalidade, pelo pancadão nas caixas acústicas, pelo suingue, pela improvisação, pelo flow, pela ideia positiva. Tenho certeza que não é só a gente que ainda está cantando “Faço o bem e me sinto bem”.

Eles levantaram o público que há pouco gritava loucamente pelo Emicida e que naquele momento, tenho certeza que até se esqueceram do que ainda estava por vir e o que havia passado. Era aquele momento que importava. No palco, criaram batidas ao vivo. Slim ainda arriscou um beatbox, mas deixou claro que essa onda ele não surfa tão bem. Essa onda é dominada perfeitamente pelo seu parceiro, Thiago Beats; E como é dominada. Ele fez mágica no beatbox com músicas do rei do pop, Michael Jackson, e até da Britney Spears. O que mais vi ao meu redor nesse momento foram expressões impressionadas, queixos caídos, pessoas inconformadas dizendo “Como ele consegue fazer isso? Como ele consegue criar uma percussão vocal e mais mesmo tempo cantar? É...Thiago Beats é o cara”.  A sincronia, a integração e a harmonia entre os dois parceiros são determinantes pro som diferenciado, leve, dançante, romântico, positivo e contagiante que fazem.

No final do show ainda tentei trocar uma ideia com eles, mas eles saíram correndo pra rodoviária; Estavam atrasadíssimos. Mas pelo twitter o Slim mandou uma mensagem:

 “Valeu #Bauru vocês são foda, energia cabulosa e muito amor pela cultura Hip Hop. É o Rap cada dia mais vivo!”

Slim e Thiago Beats, Bauru que agradece a energia!


Celebração da quebrada
Texto e fotos por Bruno Chistophalo


Logo no domingo à tarde, quando estava chegando no Vitória Régia para o Festival, vi uns moleques andando de skate perto do parque, alegres e cantando versos de Triunfo, do Emicida. Abri um sorriso no rosto e tive a certeza de que o show da noite seria sensacional. E foi.


Após uma pequena demora para o início do show devido ao acumulo de atrasos durante o dia todo, era em torno das dez da noite quando “Da Ponte Pra Cá”, dos Racionais MC’s começou a ecoar nas caixas de som do Festival Canja 2011 vindo das pickups de DJ Nyack, para o delírio de quem estava esperando o rapper paulistano há algum tempo.

Em seguida uma marcha militar começa a soar e Leandro Roque de Oliveira, o Emicida entra em cena, abrindo a apresentação com “Rinha (Já ouviu falar?)”, enquanto seu parceiro Nyack pedia para o público levantar suas mãos para o alto, sendo prontamente atendido na saudação de boas vindas para seu parceiro.

Com um flow que não parava nunca, Emicida disparava como uma metralhadora de rimas. Num dos pontos altos do show, pediu para o público levantar objetos e improvisou versos com eles. “Se você é sangue-bom levante suas mãos para o alto!” cantava junto com DJ Nyack, que deixou as pickups de lado por um momento para se juntar ao MC nessa música.

“Já que o rei não vai virar humilde, eu vou fazer o humilde virar rei”, canta um dos versos de Triunfo. E assim foi a apresentação de Emicida, uma celebração à cultura da rua, aos “maloqueiros”, à “quebrada”. E mesmo para quem não é desse meio era possível sentir a energia vinda da multidão e catalisada pelo rap que unia todos em uma só vibe. “A rua é nóiz”.

Infelizmente o show de Emicida teve que ser encurtado devido ao horário de entrega do Parque, cancelando o show da banda Seychelles, que tocaria em seguida.

Mas quando o último beat tocou, quando o último verso foi cantado e o “boa noite”, o agradecimento e a despedida foram ditos, Leandro Roque de Oliveira já tinha cumprido sua missão há tempos. Fez com que todos voltassem para casa mudados de alguma forma e, com certeza, com alegria estampada no rosto, como aquele sorriso que este que vos escreve já tinha dado mais cedo e que agora se repetia, com uma maior intensidade.

Obrigado, Emicida.

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