Por Laura Luz
Cine Ouro Verde apresenta o humor inocente dos trapalhões às crianças do bairro
Depois de muito tentar consegui uma forma de ir parar naquele bairro. Eu já sabia sobre o Projeto Cine Ouro Verde pelos e-mails do grupo do e-colab, mas por nenhum minuto eu parei para pensar o quanto ele era importante para aquela região da cidade e muito menos o quão dispendioso e intenso era para quem dele participava.
Resumindo toda a história, foi muito difícil conseguir um jeito de chegar até lá. Passei por caminhos que eu nem sabia da existência e até então, eu só encarava Ouro Verde como um ônibus que me tirava da Unesp.
Resumindo toda a história, foi muito difícil
Chegando no Ouro Verde 100% Arte vi um espaço de muito bom gosto, com muitas cores e até um banheiro com uma porta ilustrada com desenhos do Romero Britto. Mesmo antes de entrar risadinhas puras de criança já soavam por ali e todo o aborrecimento que tive para percorrer aquele longo e complicado trajeto foi se esvaindo.
Aquela seria mais uma atração do Canja, mas o público era completamente diferente. Não se viam jovens com roupas diferentes, rindo alto e curtindo alguma intervenção teatral ou de música. Eram crianças pequenas, muito a vontade por sinal. Passavam a impressão de se sentirem em casa e de já terem dominado aquele território aconchegante com uma grande tela de cinema na frente.
Os e-colabers estavam bem à vontade também. Cheguei com a Marjory, o Léo e o Tadeu conversando com as crianças e com algumas delas nos colos, e logo o Artur entrou no “palco” guiado por gritos daqueles pequenos. “Circo, circo, circo!”
Artur fez a sua performance teatral com malabares bem próximo ao público. Uma menininha perguntou pra mim: “Tia, ele tá fazendo mágica?”, e com a minha resposta afirmativa a sua atenção só aumentou e seus olhos arregalados viram a bola de vidro ir e voltar, de um lado pro outro.
Já seria suficiente, mas a atração da noite era o filme, que já é de praxe acontecer graças a parceria do Ouro Verde 100% Arte com o Enxame Coletivo, que se encarrega de passar filmes na comunidade desde novembro de 2010.
“Os saltimbancos e os Trapalhões” foi o escolhido do dia e só ajudou a completar o clima circense que já emanava. As crianças inquietas começaram o filme dando risada enquanto aproveitavam para tirar fotos com a minha câmera, depois guiadas pelo cheiro da pipoca se dispersaram de vez e em reboliço esperaram pelo mimo.
O filme da década de 80 é daqueles com um humor inocente que todos conhecem dos Trapalhões, trazendo uma aura saudosista e infante. Foi bom relembrar Didi, Dedé, Mussum e Zacarias naquela noite e satisfatório vê-los apresentados àquelas crianças.
No fim do filme nos despedimos dos pequenos e eu conversei muito com os responsáveis por aquele lugar. Tiveram de mim muito respeito e me senti muito feliz por ter conhecido um ambiente tão do bem como aquele. Prometi pra mim mesma que voltaria lá. Acho que da segunda vez o caminho pode ser mais fácil e com certeza compensador.
Foto: Laura Luz
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