O clima puro do circo no espetáculo Parô...a palhaçada do grupo Os Profiçççionais no Teatro da FOB/USP
por Laura Luz
Ainda estava cedo para entrar no clima do Canja, ainda mais pra mim que não tinha ido nos eventos de quarta por pura falta de tempo. O frio também era um empecilho, foi difícil andar pelas ruas congelantes de Bauru naquela noite. Chegando no Teatro da FOB (Faculdade de Odontologia de Bauru) da USP me deparei com um espaço maravilhoso, um teatro aconchegante e elegante, com algumas poucas pessoas. Cumprimentei os mais chegados e me sentei com um vazio de pouca expectativa que o frio me deixara.
Logo, com pouco atraso, o Artur do Enxame Coletivo, mais familiarizado impossível com o tema, apresentou a atração, uma música circense tocou e pela mesma porta que eu havia entrado dois palhaços entraram fazendo cara de perdidos e mexendo em todos que viam pela frente. Enfim, eu descobri porque essa era mais uma atração do Canja. Nada mais nostálgico e encantador palhaços, pelo menos pra mim.
Comecei o espetáculo “Parô... A palhaçada” rindo e terminei com o mesmo sorriso no rosto. A novidade naqueles dois era que além de palhaços, Ching Ling e Tiba faziam acrobacias com o mesmo tom de chacota, mas com muita seriedade artística.
“Os Profiçççionais” de Ribeirão Preto não mudaram em nada o perfil tradicional de um palhaço e as mesmas palhaçadas que me faziam rir nos circos itinerantes que iam na minha cidade me fizeram rir naquela noite: um palhaço sempre mais bobo que o outro ensina o que é “certo”, trocadilhos apenas vocabulares nas palavras, mal entendidos entre os dois repetidos insistentemente, muita pureza nas piadas, interatividade e as roupas rasgadas e pomposas ao mesmo tempo.
Eles chamaram quatro pessoas ao palco, depois de passar o chapéu ou sensor- como eles chamavam- nas poucas cabeças presentes, e sem hesitar os quatro se soltaram cada um a sua vez servindo de cobaias artísticas dos atores de Ribeirão Preto.
Em uma simulação de assalto feita pelos dois uma moça de riso frouxo na platéia quase perdeu o fôlego de tanto rir, imaginei o quanto esse mundo é importante para tantas pessoas tanto nas lembranças de um outro tempo, quanto no significado de se viver da arte pela arte sem pretensões maiores que essa.
Fotos: Laura Luz
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