B-boys, breaking e o rap consciente

12 de junho de 2011
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Por Jessica Mobílio e Lígia Ferreira
Fotos: Lígia Ferreira


Pare e pense se há algum gênero musical que misture e agregue ao mesmo tempo música, poesia, dança e pintura. Encontrou? Sim? Não? Pois bem, se você pensou em Hip Hop acredito que tenha sido um dos poucos que acertaram; confessamos que até nós (Jéssica e Lígia) não saberíamos responder tal pergunta até ontem.

O gênero Hip Hop é uma cultura que agrega quatro pilares essenciais: o rap, o Dj, o breaking e o grafite, por isso consegue agregar música, poesia, dança e pintura. Mas a fusão de todos esses elementos só faz sentido aliados ao contexto social. É ele que dá sentido à performance do artista.


Segundo Festival Canja, 11 de junho de 2011. Vitória Régia. Um dia de Hip Hop. Duas E-colabs. Uma cobertura.


Quase quatro e meia da tarde, as pessoas esperavam por uma apresentação de rap, mas logo se hipnotizaram com os b.boys, aqueles que acompanhavam uma batida marcada e faziam movimentos corporais em uma contagem de um, dois e três e até quatro. É isso mesmo, o tempo passava e a passagem de som continuava, mas ninguém parecia ligar pra isso. Só os b.boys conseguiam atrair os olhares mais incertos. Até que um grupo de jovens, longe do palco, colocou as mochilas no chão e começou a fazer uns passos. De repente, já não se sabia pra onde olhar. Esse parecia ser o ponto alto da tarde. De certo, o DJ colaborou, João Flávio Lima que também é discotecário na UNESP FM fez sua parte. Misturou o Black Music com o pop e algumas letras brasileiras, tudo isso levou os tímidos a se mexerem contra o frio. 



Sem intimidade com o estilo? Pura verdade, mas não podemos negar que a parte criativa é diferenciada. Desde as letras rimadas, a proposta musical e a parte estética. Cada estilo tem a sua característica e o “style” que vimos ontem demarcavam bem o que é o hip hop. Chegava a hora dos primeiros rappers contaram suas histórias pelo microfone. As pessoas se aproximaram. Letras que falavam do cotidiano, da família e dos “brothers”. Tudo que rimasse e levantasse o público. 


Qual era o significado daquelas letras? Conversamos com o rapper Delter LP sobre o tema gospel dentro do hip hop: “Só pregamos o que Deus fez na nossa vida que é libertação, restauração e cura, sem falar de uma religião”. Outro grupo que surpreendeu ‘e não estava na programação’, foi o Raciocínio: “Ver uma coisa que está errada e cantar sobre isso, muito rapper tradicional faz, a gente fala da solução. Dá outro sentido ao rap”.

Outra curiosidade: Como é feita a gravação do material e quem escolhe aquela base musical do rap? “Produzimos uns instrumentais em estúdio ou compramos a base já pronta em Curitiba e São Paulo, assim a gente acaba divulgando o nosso trabalho. Isso acontece porque os produtores querem saber onde foi parar o som que eles fizeram”, termina o Raciocínio. 


Ao dar conta do tempo, das pessoas cantado as letras, e outras alheias observando o break, muitos profissionais passaram pelo palco. E nós? Aproveitamos o momento para conhecer o oficineiro que ensinou o breaking para os jovens que se aglomeraram perto do palco: “Disputo campeonatos com o break e tiro dinheiro do meu próprio bolso. As pessoas acham que é coisa de malandro, mas não conhecem o trabalho”, fala Luís, vulgo Major.


Apresentaram-se: Thygor Tyller que convidou seus amigos pra dividir o palco; Mc Dentão e os Bandidos em Harmonia. Algo inusitado aconteceu às nove da noite, as luzes do palco se apagaram e o Tyller terminou o show na escuridão. Peça da aparelhagem de som queimou e não havia condições de continuar. Tudo se apagou, o som parou e a noite havia chegado ao seu fim? Umas das atrações mais esperadas, Slim Rimografia se apresenta hoje, no último dia do Festival Canja. 


Fora de cena, do outro lado da rua acontecia o grafite, que também fazia parte da programação do Festival. A grafitagem ficou com o Comic5 Crew e o LG. O Canja Verde ficou com a reciclagem de lixo comum e eletrônico. Só algo a dizer, o sábado foi dos “b-boys” e até aconteceu uma intervenção de malabares na oficina de breaking. Essa mistura de gêneros musicais e artísticos só tem no Canja.





  1. só corrigindo, não é Breakdance e sim Breaking ou BBoying :)

    ficou legal a matéria.

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  2. Parabéns a tod@s os Breakers! E também a redação e a produção do E-CoLab - pela ideia forte, em sintonizar pessoas para atuar no tempo real, dentro do tempo de estar junto e fazer coisas junto. Isso é muito! Muitos dos Breakers hoje estão tb lutando para que a ideia de competição não retire o fundamento maior do Breaking - estar junto, pela dança, a diversão! Colaboraram! Valeu! Poeta Xandu

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