Tomboy: Para repensar conceitos

6 de abril de 2012
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Cineclube Unesp Bauru - "Tomboy".
Terça-feira, 3 de abril.
18h, auditório da Biblioteca.

Por Tamires Trindade

Engenhosa em sua maneira de tratar do tema, a diretora francesa Céline Sciamma, atinge em Tomboy um desenvolver plenamente peculiar. Laura, uma menina de dez anos que mudou-se para um novo bairro, não tem nada de convencional. Possui um jeito próprio de se vestir e o faz por que se sente bem. Ao se apresentar a vizinhança do bairro, quase que por acidente, decide fingir ser um garoto e vai a fundo na questão, se empenhando para manter a farsa com muito jogo de cintura para encarar os pequenos obstáculos causados por situações corriqueiras.



O filme, lançado em uma época que a homossexualidade é presente, mais do que nunca, em mesas de discussão, se supera o modo de mostrar o assunto, fazendo que o espectador repense seus conceitos sobre sexualidade. Deixando de lado estereótipos e alardes e partindo para uma face mais singela, sincera e natural.

Nota-se ainda uma interessante tentativa de mostrar que este conflito pode acontecer sem causa aparente de sentimento de raiva, falta de atenção ou problemas familiares, ao incluir a trama em meio a uma família aparentemente perfeita, onde os pais e os filhos se relacionam muito bem a ponto de deixar que as filhas se divirtam como bem entenderem, impondo apenas os limites necessários. Como nota-se no modo de se vestir de Laure, em que a mãe não implica nem estranha, mostrando uma aceitação ao gostos da filha mais velha. Trazendo um ar de normalidade, ensina que é um processo passar por questões entre “o que eu sou” e “o que eu quero ser” mesmo que uns passem por mais dificuldade que outros.

Aberta a discussão após o filme, muitos pontos de vista foram mostrados. Como a proximidade de Laure com seu pai, mais que sua mãe, a cumplicidade entre ela e sua irmã, que aceita a decisão da irmã de se passar por garoto com facilidade e ainda leva como brincadeira e o desfecho contundente, tanto para os personagens quanto para os espectadores, ao qual o filme leva, pois mesmo que haja uma suposta solução para o “problema” no qual o filme se desenrola, fica um leque de possibilidades do que acontecerá a partir dali.

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