Aquela velha boemia

16 de abril de 2012
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Por Luana Rodriguez

Ah, aquela mesa de bar onde amigos se encontram. Aquele reduto de boemia e idéias geniais. O reduto do samba, d'Os Boêmios de Adoniran.

E é assim que as coisas acontecem. Nos bairros mais tradicionais de Sampa, João, Joca, Mato Grosso vivem numa “ Saudosa Maloca” e saúdam o mais popular dos ritmos brasileiros, o Samba. Formam um grupo de música, são convidados a tocar um “Samba pro Arnesto”, e entre olhares e flechas que parecem uma brincadeira de “Tiro ao Álvaro”, se apaixonam pela “Minha Nega”, pegam um “Trem das onze”, com destino a Jaçanã e sofrem com a perda da doce “Iracema”.



Ok. Pode não ser bem assim que as coisas acontecem. Pode não ser essa a ordem corretas das músicas e pode até não ser esse o enredo da história. Mas a verdade é que transformar a cultura popular de Adoniran em uma peça teatral e trazer a tona a sensibilidade do mais paulista dos sambistas é genial.

E não há na platéia uma única pessoa que não saiba cantar pelo menos um verso de uma das músicas do “sambista do povo”. Nem que seja um único verso de qualquer uma das mais conhecidas como “não posso ficar nem mais um minuto com você”, “saudosa maloca, maloca querida” ou “de tanto levar flechada do seu olhar, meu peito até, parece sabe o que? (...)”

A peça, que na verdade conta a história de João, que trinta anos depois volta à Rua Aurora a procura de seu velho amigo, e acaba encontrando o turco Jacó apresenta digreções digressões ao fazer com que João reviva a história de sua vida através das conversas com o velho, e pão duro, turco.

E é no fluxo de idéias e versos que você pensa o quão bacana se dá a mistura do popular e do elitista. Do samba com o teatro. E pensa também o quão contraditório é transformar o popular em elitista. Encarecer (R$) a cultura. Pena que no Brasil o acesso à arte, às vezes não é fácil...

Mas, ah, se fica alguma coisa disso tudo é aquele reduto de boemia. Aquela mesa de bar com os amigos.

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