UMA RAIZ MUSICAL E SUAS RAMIFICAÇÕES
Fotos por Bruno Christophalo
Texto por Jessica Mobílio
SALVE, SALVE BAURU!
Com o cumprimento simples, o domingo recebia uma dose enérgica de música, a reciprocidade da banda versus a platéia, o jogo do lá e cá. Tribos diferentes encontram se para ouvir a banda Legalê que abriria o show do tão esperado Criolo. Mas nada de estereótipos, porque a mistura de estilos da Legalê somada às letras carregadas de Criolo deixa qualquer classificação à parte. Público tão heterogêneo, dos pés pelados ao tênis hype.
Com o cumprimento simples, o domingo recebia uma dose enérgica de música, a reciprocidade da banda versus a platéia, o jogo do lá e cá. Tribos diferentes encontram se para ouvir a banda Legalê que abriria o show do tão esperado Criolo. Mas nada de estereótipos, porque a mistura de estilos da Legalê somada às letras carregadas de Criolo deixa qualquer classificação à parte. Público tão heterogêneo, dos pés pelados ao tênis hype.
São oito da noite e sobe ao palco o reggae, o
ska, o funk mais o rock. A Legalê inicia o show e percebe-se fãs marcados. Ouvia-se a cada canção, alguém que cantasse junto. A platéia começou tímida e
espalhada, mas realmente aqueceu o que seria a noite das rodas de break dance e até faixa com a frase “Rap é compromisso”.
Ritmo acelerado e picos de energia que se quebravam em viradas. Presença de palco que sintetizava a razão pela
qual a banda estava ali. Com as letras autorais, “Me
diga tudo”, “Skala da Praia”, “Buca” foram os pontos altos do show. Sem mesmo mencionar os covers embutidos na apresentação, como disse o vocal, Vinícius Costa, "Vamos de Paralamas agora" ou "Não há dinheiro que pague...".
E pra quem não conhecia o som, facilmente aderiu. Afinal, porque a mescla de estilos (quase sempre) agrada, e ainda melhor quando a banda expressa isso.
E agora, com o agradecimento simples "Valeu Bauru", terminava a primeira virada do domingo.
Quase nove e meia da noite, "Cri-o-lo, cri-ooo-lo".
E pra quem não conhecia o som, facilmente aderiu. Afinal, porque a mescla de estilos (quase sempre) agrada, e ainda melhor quando a banda expressa isso.
E agora, com o agradecimento simples "Valeu Bauru", terminava a primeira virada do domingo.
Quase nove e meia da noite, "Cri-o-lo, cri-ooo-lo".
CRIOLO: O MÉRITO DE UNIR UNIVERSOS DISTINTOS
por Renan Simão
Na real, o grande mérito do Criolo (e do Emicida também) é
modificar a estética do rap nacional sem deixar o legado de Racionais MCs e
outros clássicos para trás. Essa mudança gera um fenômeno visto na Antiga Dolce
no domingo, e que acontece aonde quer que o Criolo vá: todos vão ao show dele,
desde o cara que mora nas quebradas da cidade até o cara de camisa flanela e
cabelo liso... Ambos não param de cantar durante o show.
Apesar de não
entender a realidade do rap nacional, o boyzinho reproduz o discurso e,
querendo ou não, se infiltra dentro desse universo que ele não conhece (e nunca
vai entender). Só entende quem é de lá, eu não sou.
Lá,
não tem sucrilhos, isso não existe. É pão com manteiga e café de ontem para
começar o dia. Tem padaria que não vende pão. Os cachorros “passa” e é “pex
pex”... a rua é a casa do cara. Jogo do bixo come solto. As criançada tão de HK
e “são só por Deus, viu”. Um mundão aonde “as criança” chora e a mãe não vê. (As
aspas são contravenção, o que importa é dizer o que deve ser dito e gíria não deve ser
explicada. Aliás, gíria não,
dialeto).
Talvez por influência de Daniel Ganjaman, produtor do disco e literal regente do show, Criolo sai (de leve) do formato rima-batida e vai caminhar pelo reggae, afrobeat, samba e o brega. E varia o discurso também. Ele é a crença amor na clichê (clichê?) “Não Existe Amor em SP”. Beat dançante em Mariô e Bogotá (Fela e Mulato, didático, mas obrigatório). Sambinha de quintal na forte linha de frente de que quem tá lá, “não pode amarelá”. E brega com “Freguês da Meia Noite” que seria um Cauby Peixoto no boteco falando de “furta-cor” e “doce”. (Os medalhões podem ser brega e o doido do Grajaú, não?).
Fotos de Bruno Christophalo e Renan Simão
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