Os olhares estão mudando
Por Luana Rodriguez
Foto por Jessica Mobílio
Foto por Jessica Mobílio
-Vai lá no Jack?
- Ah, sei lá, é instrumental, né?
Existe um certo de tipo de preconceito quando se fala em música instrumental. Não é todo mundo que curte. E a noite de ontem do Jack foi um prato cheio quem gosta desse gênero musical.
No palco, o quarteto “Assopro” se apresentava. Um baixo, uma bateria e duas guitarras (uma delas com as cordas arrebentadas) tocavam um tipo de rock progressivo meio psicodélico.
E pouco a pouco o Jack foi enchendo, a galera foi se aproximando do palco e o som preenchendo o ambiente... O público parecia gostar.
“Quem ouviu, por favor, não se incomode em ouvir de novo” disse um dos meninos da banda antes de tocar “Cambarás”, talvez uma das melhores músicas do grupo. “Essa música é foda”, nas palavras de uma amiga minha.
“O ‘baguio’ é meio tenebroso, se vocês não entenderem é porque vocês tem uma mente muito pequeninha”, disse o guitarrista antes da banda tocar “Baby Beef” uma das músicas mais provocativas dos meninos. E, talvez por isso, nesse momento tenha me ocorrido um pensamento. Lembrei do filme “O Artista”, aquele que ganhou o Oscar esse ano, e me ocorreu que, resguardada as devidas proporções, e sem querer comparar uma coisa a outra, eles tem algo de parecido. Se um filme em branco e preto, e mudo, pode ser bonito, por que uma banda sem vocalista não pode ser boa?
Sabe aquela sensação de que música instrumental é tudo igual? Então, não teve. Exceto pelo baixista e pelo guitarrista e até eram meio parecidos (fisicamente). E foi assim que, música por música, os meninos conquistaram o público do Jack. Quando o show acabou ficou a expectativa de que muito mais ainda estava por vir...
Oitava Partida (na Cidade)
Por Laís Semis
Foto por Lígia Ferreira
Esse é o 5º show da turnê do disco Kadmirra que eu prestigio. E é incrível como cada vez que eu vejo as Aeromoças e Tenistas Russas tocando tenho a certeza de que eles estão ainda melhores do que da última vez que os vi.
Sem mesmo precisar se permitir, é uma música que te suga para dentro dela. Pra sua própria dimensão. Ventilavam músicas pelas caixas de som transcendendo alucinadamente pelo ar. Deste lado, seduzidos pelo saxofone, condenados à eterna hipinose de uma junção encantadora. Do outro, eles, completamente tomados por Kadmirra.
Como pode um sax ser tão íntimo?
E não há nada a fazer, senão se entregar.
E falando em outras dimensões, olha quem decidiu ressurgir por essas bandas: dos confins de um mundo paralelo, o nosso caro João Paloso. E quanto tempo que não nos encontramos? Agora, ele só aparece em noites especiais.
Essa é a primeira edição do projeto InstruMentalize, noites de música instrumental farão mais amigos agora. Casa cheia. Derretendo entre luzes coloridas a piscar e narizes de palhaço que dançavam com bboys, fazendo um show a parte, todos muito juntos do palco.
Num visual cada vez mais oitentista do baterista combinando com o clima, as luzes coloridas em círculos e o ambiente esfumaçado, compondo o visual: a pitadinha de tenista na testa e pulsos, enquanto os mullets voam.
Nessa noite, mais do que nunca, somos todos serpentes encantadas pela beleza instrumental das ATRs. E não adianta dar esse play aí. Não há nada, nada como estar ao vivo diante desse som.
Bang-Bang instrumental
Por Luís Morais
Foto por Jessica Mobílio
Foto por Jessica Mobílio
Fechando o primeiro InstruMentalize, uma banda da casa. Os bauruenses do Vilão do Groove entram em palco já eram praticamente 3 horas da manhã, e ainda continua um público legal no Jack Music Pub. Que é recompensado pela “carona” no Rock Blues do trio.
O show começa e se abre uma roda na frente para uns arriscados passes de dança. O começo com distorções um pouco psicodélicas até bate bem com o clima deixado pelo Aeromoças. Aos poucos o Vilão do Groove ia se impondo. Mas não pense algo sobre a banda apenas pelo nome. Groove era o que não faltava.
O virtuosismo do power trio era evidente. A guitarra de Horne com bons riffs, a batera de Rodrigues dando uma rítmica imponente – e sem aquelas “fritadas” comuns de bateristas – e o maior destaque era as linhas de baixo de Ribeiro, mesclando várias escalas com slaps. Tanto virtuosismo que em certas horas era exagerado.
Horne, na metade do show, explica um pouco do show instrumental da Vilão do Groove: “nossas músicas contam história somente pela sonoridade, não precisa de palavras”. E o público reagia de acordo, dançando e sentindo as melodias, algumas bastante familiares.
E em meio a homenagem a Chico Anysio e uma certa crítica ao que estou fazendo nesse momento - “para fazer crítica musica precisa aguçar os ouvidos” - a primeira noite do InstruMentalize ia se encerrando pouco mais de 4 horas da manhã. O saldo foi muito mais que positivo. Shows instrumentais não costumam agradar o público em geral, e o Vilão do Groove foi mantendo um povo até o final de seu show. Ao som do rock blues original do Faroeste Paulista.
Fotos Lígia Ferreira e Jessica Mobílio
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