Tigre Dente de Sabre
Por Laís Semis
No dia em que o Timbre Coletivo completa um ano acontece o último dia do primeiro Grito Rock Rio Preto. Depois de uma tarde de programação intensa no SESC, com mesa sobre cinema, apresentação da Tropa Trupe, M.u.t.e., Huey, Sub Loco e o Fator Acochativo, Bnegão e Seletores de Frequência, a noite começou com as nossas já conhecidas Aeromoças e Tenistas Russas, de São Carlos. E seguiu madrugada a fora com um impulso mais eletrônico.
Há cerca de 12 mil anos, na América do Sul e do Norte existiam mamíferos com caninos de 20 centímetros, conhecidos como Tigres Dente de Sabre. Extintos. Mas não. Essa banda de Bragança Paulista, como é fácil notar, é bem peculiar.
É pela entrada da Cervejaria Riopretana que o baterista começa tocando um trompete até o palco. Maquiados, lápis pretos exuberantes. É como se eles tivessem juntado uma porção de coisas inusitadas. Imagine um Cure, de joelhos rasgados, com alguns mega dreads dançando por baixo dos cachos oitentistas enquanto empunha um baixo. Um baterista de olhos egípcios, com uma faixa vermelha amarrada na cabeça e um peitoral falsamente arranhado por tigre enorme. É, pelo visual, não dá pra imaginar o tipo de som que eles fazem. Uma dupla i-na-cre-di-tá-vel.
Ao fundo, o universo projetado. Com uma estranha e interminavelmente enérgica presença de palco é difícil desconcentrar os olhos deles. Na falta de um frontman, o baterista ilumina-se, dá seu próprio show; toca de pé, leva os pés até a altura dos pratos, faz muitas caras, comunica-se intensamente com o público enquanto toca. É um grande teatro.
A platéia se deixou eletrocutar. Então, ele deixa a bateria e se torna de volta ao trompete e como serpentes encantadas, a platéia se curva. É um terremoto, a galera grita, a bateria ameaça desmontar, tudo treme. Treme. O baixo vai parar na platéia. E quando o show termina, a casa continua lotada, e os impulsos eletrônicos, continuam pulsando.
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