Eram vestidos que mudavam de cor toda vez que os mesmos olhos o encontravam de novo. Luzes confundindo olhos. Era gente batendo o pé, tentando acertar o ritmo e gente fazendo batuques imaginários – grandes batuques, aliás. Gente se esforçando pra perder a voz depois de cada música. “Música boa, gente boa, tudo de bom!”, definiu bem alguém que estava lá.
Madrugada a fora, a Duque é de ninguém. Tomada por lojas, postos de gasolina e muito movimento, nessa hora ela é esquecida. Deixada à mercê da escuridão, a vastidão de uma avenida infinita. Fervendo de jovens estranhos do lado de fora e de estranhos conhecidos do lado de dentro do Jack, em mais dessas noites fora do eixo.
E aquela discotecagem pra dar uma aquecida e depois pra continuar no pique de festa? Árido Groove. Um coletivo de quatro pessoas que às vezes recebe uma mãozinha participativa dos amigos na discotecagem. Léo, Lelão, Slot e Segal estão desde 2007 se reunindo e se revezando pra tocar um som e fazer a galera curtir um agito.
Cada um mais envolvido nos seus gostos, num tipo de som, algo mais puxado pra isso, praquilo ou pra um eletrônico, como o Léo que tava representando o Árido Groove na Nona Noite Fora do Eixo na companhia do Segal. Mas o que vem reinando mesmo hoje por aqui é a música brasileira. “Como a gente é um grupo de 4, às vezes 5, pessoas dá pra fazer uma discotecagem da hora. Eu e o Segal curtimos mais um som brazuca comtemporâneo, o Lelão um brazuca mais antigo, mais samba. E juntos a gente vai pesquisando, tocando e criando a nossa identidade pro Árido Groove”, vai me falando o Léo quase sem desgrudar os olhos do equipamento, encaixando músicas, mexendo nos botões e voltando o olhar aos poucos pra conversa entre uma música e outra. É o Léo das antigas da Tijuca, aquela do taco na sala, o escrito “Tijuca” no vidro da frente da casa em branco e quintal mais que conhecido e lotado do pedaço. Velha Tijuca que passou do Morro à Barra, mas que não abandonou as festas, ainda faz o som delas acontecer.
“Começamos a fazer discotecagem em repúblicas, mas agora com o Fora do Eixo é mais uma galera que a gente consegue trocar idéia, fazer a festa junto”. E de boas e bombásticas festas, ouvi dizer, que a Velha Guarda da Tijuca sabe bem o que é.
A macacada que entrou primeiro enlouquecendo todo mundo só deixou espaço pra um cover, “Jorge Maravilha”. Também, depois da turnê por Minas, eles estão acelerados, tocando com mais vontade do que eu jamais ouvi eles tocarem. E como foi a turnê? “Demais. Mais ainda não terminou. Hoje ainda é turnê”, me diz animado o baterista deles, Eduardo ‘Cambota’ Porto um pouco antes de entrar pra tocar. E o que aguarda esses meninos no palco a seguir é uma platéia sedenta por Pé de Macaco.
Separados pelas férias, por essa turnê, faz um tempo já que não vemos – acho que não é exagero dizer – a melhor das nossas bandas universitárias tocando.
Lançamento do EP. As músicas levam todo mundo lá pra frente do palco, eles implantam uma vontade de querer se envolver. Todo mundo quer chegar mais perto. Todo mundo quer rever a Pé de Macaco.
E a última música parece que uniu o espírito do grupo sem eles mesmos perceberem, os quatro integrantes, o baixista arrasador de gaita Lucas ‘Pudim’ Martini, Arthur ‘Brisa’ Rômio numa camiseta vermelha e com um chapéu doando toda sua atenção à guitarra, Felipe ‘Sagüi’ Maia com um sorriso de satisfação no rosto e Cambota, meia sombra lhe cobrindo a face. Os quatro de olhos fechados compenetrados na música, em plena sintonia.
Depois disso, claro que deixaram um gostinho de “quero mais” pelo ar no Jack.
E o Marco Nalesso & Big Bang Band tinha músicas com letras no seu EP, mas preferiu mostrar todo o seu talento e repertório instrumental. O som era meio tudo, não dava pra definir ao certo o que era, senão uma mistura contagiante que ia levando todo mundo no balanço de cordas e no bater dos instrumentos. Eram tantas musicalidades se aflorando que atacou a todos.
Dava pra perceber que eles, vindos de São Paulo, estavam se sentindo em casa e conseguiram se entrosar com quem estava lá ouvindo. A conexão banda-público rendeu, Marco Nalesso & Big Bang Band não deixou o palco tão cedo.
Não, não deixaram mesmo. Agora eles querem a Pé de Macaco lá em cima com eles. E a festa continua. Tantos músicos assim, tocando com tanta energia, é coisa bonita de se ver e coisa boa de se ouvir. Não importa que horas sejam, ninguém quer ir embora agora. É sempre cedo pro que se flui dessa maneira.
“Massa fera” e outros elogios lotaram a noite e foram sendo colecionados. Não vi ninguém que parecia nem se quer mais ou menos insatisfeito com a programação. Sinceramente, não sei se eles podiam ter curtido mais a noite, foi arrebatadora em todos os seus momentos.
Discotecagem neles, Árido Groove, que ainda tem noite pela frente!
Muito loco Laís!!
ResponderExcluirCaptou e transmitiu o espírito festivo da Noite ;)
Que venha a próxima.
Sensacional o Texto Laís.
ResponderExcluirFoi bem isso mesmo que rolo ontem.
Noite foda, texto foda e a cobertura da e-colab fluindo cada vez melhor.
Parabéns a todos: Enxames E-colabs, bandas, público.
Foda!
A noite de ontem foi demais, gente.
ResponderExcluirValeu aí. E parabéns a todos que fizeram isso acontecer.
Flaaaannnn!
ResponderExcluirD+ seu texto! Ta de parabéns!
Minhas partes preferidas:
"Fervendo de jovens estranhos do lado de fora e de estranhos conhecidos do lado de dentro do Jack, em mais dessas noites fora do eixo."
"O som era meio tudo, não dava pra definir ao certo o que era, senão uma mistura contagiante que ia levando todo mundo no balanço de cordas e no bater dos instrumentos."
Bjo ;)
Henrique Tobias
ótimo texto, posso dizer que captou muito bem o que a gente sentia ali em cima do palco.
ResponderExcluirEsse segunda passada por bauru foi pra confirmar que realmente nos sentimos em casa.
Parabéns Enxame, Fora do Eixo, e a todos que colaboram pra esse trampo incrível.