Paralisação: a quebra do silêncio estudantil no campus de Bauru

9 de maio de 2013
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Texto por Tamiris Volcean
Fotos de Keytyane  Medeiros e Paula Rentes



Nesta terça-feira (07/05), o bosque do campus da Unesp transbordou criatividade, música de qualidade e, principalmente, diálogo estudantil.
O campus de Bauru pôs em prática a paralisação e, de acordo com a decisão tomada em assembléia pela maioria, a aula da terça-feira não foi ministrada por professores.
Com um megafone em mãos, alunos dispostos a fazer a paralisação atingir os cursos de todas as faculdades reverberavam: “Hoje a aula é no bosque.”.
Mas aula não é coisa de sala de aula?

Não, existem conteúdos que extrapolam as paredes da sala e precisam ser discutidos pelo coletivo. A aula ministrada de alunos para alunos no bosque deixou de lado todo o individualismo representado pelas carteiras, as quais delimitam o espaço de cada um, e uniu amantes de números e letras para a tomada de decisões importantes para o futuro da educação pública nessa instituição estadual de São Paulo.
Alternados com atrações culturais, os grupos de discussões foram pautados por reivindicações acerca da moradia estudantil, do restaurante universitário inativo e da diminuição das bolsas de apoio acadêmico e de extensão. As causas mais detalhadas da paralisação podem ser consultadas na matéria postada anteriormente, intitulada “Isso continua não sendo um editorial (sobre a Paralisação)”.


As oficinas possuíam o objetivo de atrair os alunos para o campus, mesmo com a ausência de aulas e, dessa forma, incentivá-los a comparecer aos grupos de discussões.
A tarde começou com um sarau político que, segundo os organizadores, foi realizado com a intenção de fomentar a consciência política dentro e fora da universidade. O sarau foi seguido da apresentação musical da banda Raulzitos, oficina de malabares, ministrada pelo aluno Arley Cardoso, oficina de Stencil do recém-formado Tom Pina e, para fechar o período de atividades culturais, o bosque foi palco para o som da Banda Tupamaru.

A disposição para formular e ministrar as oficinas foi recompensada pela participação dos alunos no principal grupo de discussões, que teve início às 21h, o qual girou em torno do Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público (PIMESP).  Após a apresentação do tema da discussão, pretendia-se realizar uma Assembléia Geral dos Estudantes no Bosque, na qual seriam debatidos os direcionamentos e encaminhamentos de ações para dentro e fora da Unesp em um momento pós-paralisação. Entretanto, devido à falta de tempo, a assembléia foi remarcada para segunda-feira (13/05), às 18h.

Durante a convocação dos estudantes pelo campus, notou-se que a paralisação não era bem vista por alguns estudantes. Quando os participantes do movimento, portando instrumentos da bateria e megafone, reivindicaram na porta de uma das salas de aula da FEB (Faculdade de Engenharia de Bauru), alguns alunos demonstraram-se insatisfeitos. Após a aula ter sido finalmente suspensa, uma das aulas declarou: “Isso não é democracia, eu gostaria de assistir aula.”. Algumas salas do curso de Design também não aderiram à paralisação durante a tarde.

Apesar das atividades do dia contarem com um número médio de 250 alunos, é visível a falta de interesse de uma grande parcela de estudantes por assuntos político-sociais relacionados à universidade. E essa parcela pode ser a principal responsável pelo silêncio criado em torno das exigências de melhorias dos direitos estudantis básicos, como alimentação e moradia. Não só isso, toda a burocracia da Universidade também pode ser um impecilho para melhoras práticas em nossos cursos e campus.
Vale ressaltar que movimentos e eventos como esse oferecem oportunidades de debates entre alunos de diferentes cursos e com ideologias semelhantes, mas nunca idênticas. A troca de argumentos exercitada no bosque, além de inflamar o espírito do movimento estudantil, fornece bases para que um discurso político e educacional seja estruturado e, dessa forma, torne-se organizado na fala do unespiano, conteúdo praticamente inexistente nas salas de aulas.

Dê voz à vontade da categoria estudantil.

Compareça à assembléia na SEGUNDA-FEIRA (13/05), às 18h.

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