Texto por Tamiris Volcean
Fotos de Keytyane Medeiros e Paula Rentes
Nesta terça-feira (07/05), o
bosque do campus da Unesp transbordou
criatividade, música de qualidade e, principalmente, diálogo estudantil.
O campus de Bauru pôs em prática
a paralisação e, de acordo com a decisão tomada em assembléia pela maioria, a aula
da terça-feira não foi ministrada por professores.
Com um megafone em mãos, alunos
dispostos a fazer a paralisação atingir os cursos de todas as faculdades reverberavam:
“Hoje a aula é no bosque.”.
Mas aula não é coisa de sala de
aula?
Não, existem conteúdos que
extrapolam as paredes da sala e precisam ser discutidos pelo coletivo. A aula
ministrada de alunos para alunos no bosque deixou de lado todo o individualismo
representado pelas carteiras, as quais delimitam o espaço de cada um, e uniu
amantes de números e letras para a tomada de decisões importantes para o futuro
da educação pública nessa instituição estadual de São Paulo.
Alternados com atrações
culturais, os grupos de discussões foram pautados por reivindicações acerca da
moradia estudantil, do restaurante universitário inativo e da diminuição das
bolsas de apoio acadêmico e de extensão. As causas mais detalhadas da
paralisação podem ser consultadas na matéria postada anteriormente, intitulada “Isso
continua não sendo um editorial (sobre a Paralisação)”.
As oficinas possuíam o objetivo de
atrair os alunos para o campus, mesmo
com a ausência de aulas e, dessa forma, incentivá-los a comparecer aos grupos
de discussões.
A tarde começou com um sarau político
que, segundo os organizadores, foi realizado com a intenção de fomentar a
consciência política dentro e fora da universidade. O sarau foi seguido da apresentação
musical da banda Raulzitos, oficina de malabares, ministrada pelo aluno Arley
Cardoso, oficina de Stencil do recém-formado Tom Pina e, para fechar o período
de atividades culturais, o bosque foi palco para o som da Banda Tupamaru.
A disposição para formular e
ministrar as oficinas foi recompensada pela participação dos alunos no
principal grupo de discussões, que teve início às 21h, o qual girou em torno do Programa de Inclusão com
Mérito no Ensino Superior Público (PIMESP). Após a apresentação do tema da discussão, pretendia-se
realizar uma Assembléia Geral dos Estudantes no Bosque, na qual seriam
debatidos os direcionamentos e encaminhamentos de ações para dentro e fora da
Unesp em um momento pós-paralisação. Entretanto, devido à falta de tempo, a
assembléia foi remarcada para segunda-feira (13/05), às 18h.
Durante a convocação dos estudantes pelo campus, notou-se que
a paralisação não era bem vista por alguns estudantes. Quando os participantes
do movimento, portando instrumentos da bateria e megafone, reivindicaram na
porta de uma das salas de aula da FEB (Faculdade de Engenharia de Bauru),
alguns alunos demonstraram-se insatisfeitos. Após a aula ter sido finalmente suspensa, uma das aulas
declarou: “Isso não é democracia, eu gostaria de assistir aula.”. Algumas salas do curso de Design também não aderiram à paralisação durante a tarde.
Apesar das atividades do dia contarem com um número médio de 250 alunos, é visível a falta de interesse de uma grande parcela de
estudantes por assuntos político-sociais relacionados à universidade. E essa
parcela pode ser a principal responsável pelo silêncio criado em torno das exigências
de melhorias dos direitos estudantis básicos, como alimentação e moradia. Não só isso, toda a burocracia da Universidade também pode ser um impecilho para melhoras práticas em nossos cursos e campus.
Vale ressaltar que movimentos e eventos como esse oferecem
oportunidades de debates entre alunos de diferentes cursos e com
ideologias semelhantes, mas nunca idênticas. A troca de argumentos exercitada
no bosque, além de inflamar o espírito do movimento estudantil, fornece bases
para que um discurso político e educacional seja estruturado e, dessa forma,
torne-se organizado na fala do unespiano, conteúdo praticamente inexistente nas
salas de aulas.
Dê voz à vontade da categoria estudantil.
Compareça à assembléia na
SEGUNDA-FEIRA (13/05), às 18h.
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