Isso continua não sendo um editorial (sobre a Paralisação na Unesp Bauru)

7 de maio de 2013
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Julia Gottschalk e Keytyane Medeiros
Muita coisa mudou nesses anos, colaboradores entraram, colaboradores se foram, assim como as gestões mudaram, acompanhando o fluxo do cenário cultural e social de Bauru. Uma mudança grande foi o Blog ter se tornado um projeto de extensão da UNESP. Controvérsias? Brigas? Discussões? Tudo cabe, tudo coube. O importante é ressaltar que essa mudança em momento algum teve o objetivo de tornar o projeto “quadrado”, nos moldes universitários ou até mesmo deixá-lo exclusivo a faculdade.

O e-Colab está sim na UNESP,mas estamos aqui para mudar, para trazer o colaborativo para a academia, para mostrar que algo tão simples pode ser muito inovador. Estamos aqui para mudar o quadro, para apoiar os alunos, para apoiar Bauru! Por isso na data de hoje, 07/05/2013, estamos apoiando a paralisação da Unesp. Somos um projeto de extensão, mas acima de tudo somos um grupo colaborativo, um grupo de estudantes, um grupo que luta e lutará sempre pelos nossos ideais e direitos de todos.

Como forma de mostrar nosso apoio e força às causas reivindicadas, estamos boicotando o III Fórum de Extensão Universitária do Câmpus de Bauru‏. Como já dissemos o e-Colab entrou sim na UNESP, mas não para se tornar mais um. Entramos para apoiar e mudar a cena.


POR QUE PARAR?

PIMESP
Anunciado em 20 de dezembro, o Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista (PIMESP) foi desenvolvido pelo governo de São Paulo em conjunto com uma comissão que envolve os três reitores das universidades estaduais paulistas - USP, Unicamp e Unesp. O programa visa fomentar a inserção de estudantes de escolas públicas no ensino superior estadual, englobando negros, indígenas e jovens de baixa renda. Até 2016, pretende-se gradualmente que cada curso garanta a presença de 50% de cotistas, válido para a USP, Unesp, Unicamp, Fatecs e as Faculdades de Medicina de Marília e Rio Preto.

O aluno formado em escolas públicas pode se inscrever para o programa e, caso seja aprovado, passa a participar do Instituto Comunitário de Ensino Superior (ICES), também conhecido como “college”. De modo geral, o college pretende diminuir as discrepâncias do ensino de base, oferecendo uma formação complementar e niveladora à esse grupo. No entanto, a forma pela qual o PIMESP planeja incluir os estudantes é controversa, uma vez que o college será um curso semi-presencial e terá duração de 2 anos. Se, após este período, o aluno obtiver aproveitamento igual ou superior à 70% do curso ele poderá ingressar na universidade que preferir. Caso contrário, este estudante receberá um diploma de “Tecnólogo em Cidadania e Empreendedorismo”.
As críticas feitas a esse programa se pautam na inexistência de um plano de reforma do ensino de base ou fornecimento de amplas oportunidades aos grupos, que já não tem acesso ao ensino superior público, em um sistema de cotas mais abrangente e melhor estabelecido. Com a adoção do college, mais uma barreira seria imposta aos estudantes. Primeiramente, sua entrada depende de uma aprovação, mesmo que este estudante tenha sido formado à partir de um sistema educacional precário. Se o aluno não for aceito, ele é excluído do programa. Fora isso, se após dois anos de estudos o integrante do college não obtiver a média esperada, ele receberá um diploma que não tem uma função clara e específica.

Em sessão realizada na Assembléia Legislativa de São Paulo, no dia 13 de março, Julio Cesar Durigan, reitor da Unesp, manifestou-se à favor do plano: "A Unesp tem interesse em fazer a inclusão. (...) Iremos fazer isso nos próximos três anos. Essa é uma decisão da nossa universidade". A decisão do reitor, vista de forma arbitrária, também foi alvo de críticas uma vez que não foi aberto espaço para o debate entre a comunidade acadêmica. Mesmo com as posições contrárias dos movimentos sociais, parlamentares e representantes de diretórios estudantis, foi aprovado o sistema de metas de inclusão social nos vestibulares, porém, o sistema PIMESP que utiliza os colleges (ICES) ainda está em pauta para as próximas reuniãos do Conselho Universitário.

Bolsas PROEX
Os alunos a favor da paralisação tiveram como um dos principais pontos de discussão a situação das bolsas PROEX na UNESP. Além do atraso dos pagamentos, a quantidade de alunos contemplados com a bolsa diminuiu devido à redução de verba repassada aos projetos de extensão. Como resultado do atraso o tempo de recebimento de bolsa de extensão foi reduzido, passando de dez para nove meses, daqui para frente.

 Moradia Estudantil
A moradia é uma reivindicação dos estudantes que já dura 23 anos. Somente no ano passado, a instrução da obra foi iniciada. E a instalação da moradia é alvo de críticas desde seu início. Ela estará localizada à 2km do Campus, já distante do centro urbano, e o caminho entre os dois locais é mal iluminado e ermo. Para o estudante que optar pelo transporte público, são oferecidos poucos horários de ônibus. Também há que se considerar o elevado gasto econômico do transporte coletivo na cidade, o que leva à conclusão que a moradia como a proposta é incoerente já que o critério de escolha dos moradores é baseado em fatores socioeconômicos.

 Restaurante Universitário (RU)
 O RU da Unesp Bauru, assim como a Moradia Estudantil, também é uma reclamação antiga. Mesmo sendo o maior campus da universidade, abrangendo 6 mil alunos, somente em 2013 o restaurante desta unidade será inaugurado. No entanto, após entrar em funcionamento, servirá apenas 400 refeições diárias, número quinze vezes menor do que a demanda dos estudantes do campus de Bauru. Além disso, oferecerá somente almoços, sendo assim, os estudantes do período noturno não serão contemplados


Por que parar no dia 07?
No dia 07 de maio, a Unesp de Bauru realizará o III Fórum de Extensão Universitária. O evento engloba as três faculdades do campus (FC, FEB e FAAC) e pretende debater sobre as diretrizes da extensão universitária na Unesp. Para isso, conta com a presença da Pró-Reitora de Extensão Universitária, Mariângela Spotti Fugita. Acredita-se que, aliando a vinda da responsável pela extensão junto com a paralisação, sua repercussão será maior.


Outros campi em greve ou que vão paralisar
O campus de Ourinhos foi o primeiro a aderir à greve, em seguida Marília e Assis, sendo que Araraquara está com indicativo de greve. O foco principal é mostrar como os campi se posicionam diante do PIMESP, e as reivindicações secundárias são praticamente as mesmas: moradia estudantil, bolsas PROEX, melhorias no Restaurante Universitário. Além de Bauru a paralisação deve acontecer também em Presidente Prudente e Jaboticabal.

O que é proposto para acontecer no dia 07
Para o dia da paralisação, foram criadas comissões de estudantes responsáveis pela programação e divulgação. No dia 7, haverá discussões políticas, atividades culturais, intervenções e exibições artísticas. A idéia é, além de paralisar, promover o debate e ocupar o campus.

Página Oficial: http://paralisabauru.tumblr.com/
Paralisa Bauru no Face: http://on.fb.me/13spXcw

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