Interior tem voz no rap

6 de março de 2013
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Por Bruno Sisdelli e Mirela Dias

É impossível falar de cenário musical independente em Bauru sem mencionar o rap. O hip hop figura como um dos movimentos culturais mais ativos e articulados da cidade, o que faz dela um campo propício para o surgimento de rappers. Nos últimos anos, artistas como Coruja BC1, Dom Black, D'Bronx e Thigor MC – só para citar alguns nomes – vêm conquistando espaço e respeito no meio da música bauruense.

Sem acesso a grandes recursos para promover e dar suporte à sua arte, essas pessoas dependem em grande parte delas mesmas e da ajuda mútua para conquistar esse espaço. Vivem a batalha incessante do autoinvestimento, vão às ruas pessoalmente para vender seus discos e encontram na internet uma ferramenta fácil e eficiente de divulgação. Além disso, contam com a participação de um aliado importante na luta pela valorização do movimento: a ONG Acesso Hip Hop.



Reconhecida como Ponto de Cultura pelo governo federal desde 2011, a ONG tem o objetivo de promover a inclusão social por meio do hip hop. Isso acontece principalmente através de iniciativas que procuram dar a artistas locais a oportunidade de expressar sua criatividade. Além de realizar eventos como a Semana Municipal de Hip Hop, que acaba servindo para dar visibilidade à produção artística do movimento local, o Acesso fornece espaço para ensaios, ajuda com gravações e dispõe de um estúdio audiovisual para a produção de videoclipes. “Bauru vem num momento muito bom”, afirma Renato Moreira, coordenador do Ponto de Cultura. “A gente criou um espaço dentro da cidade que permite que os artistas consigam caminhar de forma independente”.

“Vale a pena ser artista independente”

O grande protagonista do atual contexto do rap bauruense é Coruja BC1. Prestes a completar 19 anos de idade, o garoto realizou conquistas invejáveis ao longo do último ano, a partir de quando lançou o disco de estreia Até surdo ouviu. O clipe da música Não posso murmurar ultrapassou as 70.000 visualizações no YouTube. Hoje o rapper tem 1800 fãs no Facebook e 40.500 seguidores no Twitter. O público comparece em massa aos seus shows, pede por canções favoritas e grita em coro os refrões. E o reconhecimento também vem de fora, e com peso: recentemente, Emicida usou o Twitter para compartilhar o clipe de Não posso murmurar e elogiar o artista do interior.

Independente mas nunca sozinho, Coruja reconhece a importância da participação de outras pessoas em sua carreira para ter chegado até aqui. “No começo era tudo eu. Agora tenho pessoas por mim”. A pequena equipe de fiéis escudeiros conta com responsáveis por técnica de som, videomaking, comunicação e produção – quem cuida da última área é Renato Moreira, que agenda os shows e funciona como uma espécie de líder do grupo. “Facilitou para mim essa parada de cada um ter uma função dentro da equipe”, afirma Coruja.

O rapper comenta a batalha de ser independente e ter que se preocupar em investir na própria carreira: “Tudo o que a gente conquista, a renda, é a gente mesmo que investe para a gente mesmo ter retorno”. Esses investimentos incluem a compra de CDs para gravação, confecção de camisetas, a correria para vender discos e agendar shows e daí por diante.

Mas todo o esforço e todo o suor compensam para Coruja BC1, que deixa clara a satisfação com os resultados que vem obtendo. “Vale a pena ser artista independente, levar a música sincera”, diz. “Eu fico feliz por tudo o que a gente está construindo humildemente e por onde a nossa música conseguiu chegar”.

Confira também a cobertura da etapa local do Festival Grito Rock Bauru!




O CurtaBauru e o e-Colab são parceiros do Grito Rock Bauru 2013 e estão fazendo a cobertura integrada dos eventos.

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