Texto por Vítor Peruch
Fotos por Marcelo Cabala
Fotos por Marcelo Cabala
Quando Aran chegou em Bauru, com ele veio também a proposta do grupo artístico, autônomo e autoral Autoboneco, que nesses 20 anos vem lutando para estimular a produção e a difusão cultural na cidade, através de oficinas, fanzines, mostra de filmes, festivais e apresentações de música.
A loja “Extinção” surgiu em novembro de 2003, e vende raridades que podem agradar facilmente qualquer um que goste de música, como por exemplo, um vinil cor azul bebê, do Dire Straits, Brothers In Arms que eu só não levei pois não tinha um real no bolso, e outros milhares de discos.

O filme do sábado, dia 16 de março era “Conexões Desconexas” de Werner Penzel e Nicolas Humbert, considerado pela bem-conceituada revista francesa Cahiers du Cinema, em 2000, entre os 100 mais importantes documentários já realizados, e conta com o músico Fred Frith se encontrando com músicos de vertentes diferentes e compondo músicas de diversas maneiras diferentes, utilizando os instrumentos e as ferramentas mais variadas. O filme foi anunciado na página do Facebook do Cine Extinção como “INVENÇÃO PESSOAL, FREE JAZZ, FREE CINEMA & OS VANGUARDISTAS POSSÍVEIS SENSIBILIZADOS”, mas eu realmente não esperava encontrar um filme que fizesse enxergar o artista por um prisma bem diferente do que é passado pelo filme.
Como um documentário de música, obviamente, a importância que devemos dar ao som durante o filme é enorme, porém em “Conexões Desconexas”, a presença de ruídos diferentes, entram em congruência com os excelentes instrumentistas que estão no filme. O barulho de um despertador, de um violino, de uma goteira, de um sax ou então da movimentada guitarra de Fred dão ao filme uma mística incrível, que aumenta ainda mais com o barulho também do ventilador da sala do Cine Extinção.
Fred Frith em um momento do filme fala a outro amigo músico sobre o que ele pretende com sua arte, com seu trabalho, e comenta algo como “Eu não espero que minha música mude o mundo, quando era jovem poderia até pensar assim, e por isso não sou um pessimista, porém, hoje o que busco é atingir pessoas, indivíduos. Se uma pessoa após o meu concerto vem até mim e me elogia, diz que se comoveu com o que assistiu e que aquilo mudou e tocou ela de alguma forma, eu já me sinto realizado, e isso acontece muitas vezes”, apesar de não transcrever a frase de maneira integral, acredito que seja algo bem próximo a isso, me recordo pois no momento em que o multimusicista disse isso, acredito que eu tenha conseguido entender um pouco, mas bem pouco da essência não só do filme e de Fred Frith, mas também do Cine Extincão, do local, da loja, de Aran, das oito pessoas que estavam ali, e principalmente do grupo Autoboneco que luta para difundir a cultura e que às vezes consegue tocar pessoas com seus eventos, como aconteceu naquele sábado.
O Cine Extinção ocorre aos sábados, às 19:30, na loja Extincão, localizada na R. Cussy Jr, 8-17.
Contato: facebook.com/extinção
facebook.com/autoboneco
autoboneco.org
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