Rap, Samba e Reggae

2 de julho de 2012
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Por Keytyane Medeiros 

Talvez o título de um CD nunca tenha combinado tanto com o conteúdo das gravações quanto “Poético, etílico e ritmado” da banda Casa di Caboclo. Classificado grosso modo como hip-hop, o som dos paulistanos tem muito de samba de raiz e reggae brasuca. A banda, comandada pelo Mc Crespo, é composta também por Osmar Sorriso (sambista), DJ Rodrigo, Neto Oliveira (bateria), Danilo Viana (baixo), João Nepomuceno (guitarra) e Saulo Martins (teclado). 


Foto por João Bolan


Existente desde meados de 2005, Mc Crespo nos garante, no entanto, que o grupo já passou por inúmeras formações até chegar à harmônica composição atual. Nos conta ainda que a miscelânea de estilos musicais não foi uma escolha premeditada, mas o resultado da coesão das preferências musicais dos integrantes do Casa di Caboclo

MC Crespo. Foto por Jess Penido.
Filho de compositor consagrado pela escola da Mocidade Alegre, Mc Crespo não nega a forte influência que recebeu, “praticamente nasci e vivi em quadra de escola de samba”. Apesar disso, o primeiro CD da banda leva um tom mais grave, músicas como “Respeito” e “Se lembra” têm marcações rítmicas típicas do hip hop brasileiro, nas quais a presença do samba é mais sutil. Para o estudante de Engenharia Civil da USP, Steffano Steves, o uso de outros instrumentos pouco comuns ao rap como o piano na música “Tempo” deixa as canções mais bonitas e representa a “tentativa de trazer outras pessoas para ouvir esse estilo de música, já que muita gente ainda tem preconceito”. 

Uma das mais belas canções do novo álbum ,“Dona do Barraco”, conta a história de um jovem apaixonado, mas que não tem coragem de se declarar, por isso afirma logo de início “Quando eu tiver com a minha cuca cheia de cachaça...Te arranco dessa roda te ganho na raça. Te levo pra ser dona do meu barracão”. Estes versos deixam evidente a proximidade das novas canções com o romantismo do samba de raiz. No entanto, ao contrário do que se poderia esperar, a mistura das letras sentimentais com as melodias animadas do reggae brasuca deu ao trabalho de Mc Crespo uma cara jovem, animada e cativante. 

O vocalista nos conta ainda que a diversidade de temas é importante para contemplar os diferentes estados de espírito que o ser humano passa ao longo dos dias. Por esta razão, “é preciso estimular a crítica, mas também estar disposto a descrever as coisas positivas.”. De fato, crítica social não falta a este álbum do Casa di Caboblo. Canções como “O Pagador de Promessas” estimulam esse senso dos ouvintes, pois alertam que, apesar de lutar pela realização de nossos sonhos, não podemos esquecer de que devemos combater a corrupção dos colarinhos brancos, com força e paciência. 

Com um som que não é rap, mas também não é samba, o nome da banda está intimamente ligado à mistura de estilos musicais que influenciaram o grupo, que vão desde clássicos como Nelson Cavaquinho até o grupo contemporâneo Public Enemy. O nome em si, foi escolhido por fazer referência a uma das principais obras de Wilson Simonal, “Nem Vem Que Não Tem.”. 

Carregado de charme e suingue musical o novo CD dos meninos do Casa di Caboclo, traz beleza e suavidade até mesmo no título escolhido, “Poético, Etílico e Ritmado”. Mc Crespo explica, “Ritmo e Poesia são os princípios do rap e é no bar onde o samba acontece. A cultura do bar é riquíssima. Não merece ser marginalizada.”. 

Dentre os planos futuros da banda, está uma turnê de shows a ser realizada em parceira com a Casa Fora do Eixo. Nos dias 3 e 7 de julho a banda deve ser apresentar na capital do Estado, nas casas de show, Clash Club e Tapas Club Augusta, respectivamente. Resta agora torcer para que a nova turnê chegue também a Bauru.

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